Sentimental escrita por Cami


Capítulo 2
Teto branco do hospital


Notas iniciais do capítulo

E ai? Curiosos para saber o que aconteceu?
Espero que gostem.



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Pov. Percy

 

Acordei deitado no volante, minha testa sangrava e meu corpo inteiro doía. Olhei para o lado, mas não havia ninguém, e um buraco no parabrisa fez meu sangue gelar. Saí do carro o mais rápido que pude, tentando ignorar a dor.

Annabeth jazia inerte no chão a uns 100 metros do carro, de olhos fechados e uma poça de sangue embaixo dela. Peguei meu celular e liguei para a ambulância, o desespero tomava conta de mim, tinha medo de encostá-la e piorar as coisas. Então apenas peguei sua mão delicadamente e pedi para não me deixar. Ela era a única que me entedia, se eu perde-la não saberia o que fazer além de nunca me perdoar por não prestar atenção no trânsito. Havia batido em alguma coisa, olhei para trás e vi que era uma árvore, a minha sorte era que estava de cinto, diferente de Annie. Sua respiração ficava cada vez mais fraca, e o sangue que escorria de sua cabeça e membros só aumentava.

Os paramédicos chegaram dez minutos depois, me tiraram de lá e prestaram os primeiros socorros em nós dois, e nos colocaram na ambulância. Fazia milhões de perguntas as quais eles não sabiam responder, apenas pediram para eu manter a calma que tudo iria ficar bem.

Lágrimas corriam de meus olhos enquanto via minha melhor amiga ser levada para a sala de cirurgia, tive que ligar para nossos pais que vieram correndo, me colocaram em um quarto para descançar e depois um policial veio perguntar o que houve. Respondi suas perguntas do melhor modo possível e ele logo foi embora, dizendo que sentia muito.

—Como você pode ser tão irresponsável? - minha mãe me perguntava. O pai de Annie apenas olhava o nada com os olhos vermelhos. Não disse nada desde que chegou.

—Desculpa - era a única coisa que eu conseguia dizer.

O médico chegou e todos o olhava esperando notícias.

—Desinchamos o cérebro dela, e estancamos o sangramento. Ela quebrou duas costelas e o braço esquerdo. Deve ficar bem, mas entrou em estado de coma. Não sabemos quando e se vai acordar. Só resta esperar, eu sinto muito - ele disse gentilmente e se retirou.

—É tudo sua culpa, seu moleque de merda. Se prestasse mais atenção isso nunca teria acontecido - o pai dela nunca havia falado assim comigo, mas eu não podia culpá-lo.

—Não fale assim com meu filho! Sei que está triste, mas não tem direito de falar isso! - minha mãe me defendeu.

Ele olhava para ela com desgosto e apenas saiu, indo ver Annie. Eu não conseguia pensar direito, apenas queria que ela ficasse bem. Se eu pudesse trocar de lugar com ela faria na hora, não é justo que ela tenha se arrebentado toda e eu só com alguns roxos e o pulso torcido. Virei de lado e fingi dormir, precisava ficar sozinho.

 

Pov. Annabeth

 

Não conseguia abrir os olhos, parecia que estava acordada e dormindo ao mesmo tempo, mas não estava com medo apesar de meu corpo doer um pouco. Ouvia barulhos de máquinas como em programas de medicina, e então ouvi a porta abrir e a voz do meu pai inundou meus ouvidos.

—Minha filha - ele disse com a voz trêmula - por favor, não me deixe. Seja forte e volte para nós, não posso perder mais ninguém - senti uma pressão em minha mão direita, mas mesmo tentando minhas pálpebras simplesmente não abriam.

Antes que eu percebesse adormeci, e sonhei com um acidente de carro.

Acordei com o barulho de uma cadeira sendo arrastada no quarto, ainda não conseguia me mover ou abrir os olhos.

Reconheci o toque sendo do meu melhor amigo. Queria perguntar o que havia acontecido, mas nada. Queria abraça-lo e ver se estava bem.

—Annie, você está me escutando? Preciso de você, já faz três semanas que está aqui. Sei que vamos consertar seja lá o que for. Não vou desistir de ti, a vida é muito sem graça sem sua presença, nada mais tem graça. Só quero te ver bem. Por favor acorde.

Mas do que nunca tentei acordar, meu corpo não me obedecia, me senti prisioneira dentro de mim, não demorou para o cansaço voltar, apesar de não ter movido um músculo. Logo voltei a sonhar, uma cena infinita de um carro batendo na árvore e eu voando pelo parabrisa.

 

Pov. Percy

 

Annie fazia falta, meu mundo havia perdido o rumo. Não me via sorrindo ou pensando em mais nada. Sentia a dor de ter perdido uma parte de mim. Era para eu estar naquela cama imóvel, não ela. Era tudo minha culpa. A visitava todos os dias, intercalava com seu pai, que não ficou muito feliz, mas pelo menos a fazia companhia enquanto ele trabalhava.

Parei de ir para a faculdade, e minha mãe me fazia ir em a um psicologo com medo de eu estar depressivo, e eu passava a consulta inteira quieto, enquanto ele me observava.

Entrei em seu quarto, Annie estava ligada a vários fios, e uma maquina a mantinha respirando. Peguei uma cadeira e sentei ao seu lado pegando sua mão pálida e a olhei, seus cabelos louros estavam sem vida, daria tudo para ver seus divertidos e tempestuosos olhos cinzas de novo.

Todos os dias lhe contava de meu dia ou lembrava de velhas histórias de quando éramos menores.

Essa rotina continuou por pelo menos mais três meses.

Pov. Annabeth

 

Sentia o corpo pesado, mas aquele dia parecia diferente. Meus sentidos pareciam apurados e conseguia ouvir com mais claresa. Sentia a presença de alguém do meu lado. Estava quieto, mas o som da respiração regular e calma, me diziam que estava dormindo.

Devagar consegui abrir meus olhos, apesar de muito pesados, o teto branco invadiu minha visão, olhei para o lado e vi aquelas maquinas me monitorando. Em uma cadeira ao lado da cama estava Percy, dormindo e segurando minha mão, tentei apertá-la, o melhor que consegui foi uma pequena força, mas o suficiente para acordá-lo.

Olhou para mim e abriu o maior sorriso que já vi.

—Annie?


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Notas finais do capítulo

Parece que as cartas de Dalila queriam dizer alguma coisa, será que só isso ou tem mais? É ler para saber ;)
Reviews?
Espero que tenham gostado, vejo vocês no próximo capítulo.



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