Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 22
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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August – POV

Era início de tarde quando estávamos nos aproximando do local onde deixamos meu – amado – jipe. Bastava virar apenas uma esquina e pronto.

O silêncio imperava entre nós. Desde que saímos daquele apartamento nós não falamos mais nada. Eu estava estressado com Gael. Ele ficava me desafiando, falando que eu não estava sendo um bom líder. Estou usando todo o meu treinamento militar para canalizar minha raiva. Mas eu já estava no meu limite. Mais um comentário que fosse eu o daria um soco muito bem merecido.

— Ele ainda está ali! – Sarah comentou alto com a voz animada. Eu desviei meu olhar para frente e vi que meu jipe continuava no mesmo lugar. E o melhor, os zumbis do dia retrasado não estavam mais lá. Andei a passos rápidos até ele. Mas acabei parando bem em frente aos arames. Eu não poderia escalá-lo. Era feito de algum material extremamente afiado, e até um simples toque poderia me causar um corte profundo.

— Como vamos pular essa grade? – Lauren perguntou se aproximando de mim, arrumando a mochila sobre as costas.

Desviei meu olhar para todo o ambiente. Analisando. E foi que eu percebi. Os arames tinham, pelos meus cálculos, 25cm de distância um do outro. Eu deitei no chão e passei raspando pelo arame.

Lauren seguiu meus movimentos, e por ela ter uma estrutura magra ela passou sem problemas. O próximo foi Gael, ele, assim como eu, passou raspando.

— Vem, meu amor. – falei para Sarah que parecia apreensiva. E infelizmente, eu entendia o por quê. Sarah tem um busto bem avantajado e para ela seria um problema passar. Mas ela resolveu tentar. Com muito sacrifício ela conseguiu.

Pulei sobre o capô do jipe e entrei pelo teto solar. Abri as portas. Lauren e Sarah entraram pelo banco de trás (já que o lado direito do jipe estava encostado na grade, não daria para entrar no banco do passageiro).

— O que está esperando? – Lancei um olhar fulminante para Gael, que ainda estava do lado de fora.

— Seria melhor eu dirigir! – o quê? Ele realmente falou isso?

— O quê? – protestei indignado.

— Eu conheço o caminho até o centro, seria melhor eu estar no volante do que ficar te guiando com palavras. – Gael tinha um tom arrogante na voz, mas eu já havia percebido que isso era próprio dele. E eu detestava concordar, mas ele tinha toda a razão.

Pulei para o banco do passageiro e ele se sentou no do motorista. A chave já estava no contato, ele girou uma... duas... três... O motor começou a roncar alto.

Levou alguns minutos até Gael conseguir tomar o controle do jipe, de acordo com ele "não estava acostumado com esse tipo de carro", e eu tinha uma razoável ideia de que tipo de carro ele pilotava.

Estávamos passando por uma grande rua, e pelo que observamos, o caminho estava infestado de zumbis. O motor alto do jipe nos impedia de andar sem chamarmos a atenção.

— Passa por cima! – Lauren gritou. Gael soltou um grande sorriso e pisou no acelerador com toda a força, passando literalmente por cima. A rua tinha uma leve inclinação e assim que chegamos nela o jipe passou, literalmente, voando sobre os zumbis. Quando as rodas tocaram o chão todos nós quicamos, pela minha altura e de Gael, ambos batemos com a cabeça no teto.

Mas infelizmente a grande manobra não foi suficiente, o caminho ainda estava infestado deles.

Sem avisar, eu pulei para trás e subi pelo teto solar até a metralhadora acoplada. Não pensei duas vezes e comecei a atirar.

Estávamos nos aproximando de um cruzamento, havia poucos zumbis no caminho, poderíamos passar maior...

POW!

Um grande estrondo foi ouvido. Eu olhei imediatamente para o céu e vi que o céu azul ficou totalmente branco por alguns segundos.

— Mas que merda foi essa?

O carro estava se aproximando do cruzamento, mas ele continuava seguindo linha reta. Que merda aconteceu com Gael? Desse jeito nós vamos bater!

Gael – POV

Eu havia acabado de escutar um barulho alto. Parecia uma explosão. Mas eu não tinha tempo para pensar nisso. Foquei meu olhar no caminho, troquei a marcha e girei o volante. Mas... O que houve? O carro não virou?

Pisei no freio. Nada.

Que porra é essa?

— Gael, nós vamos bater! – Sarah gritou. – Vira o carro!

— Os freios não funcionam! Nem o volante! – também gritei. Estava
totalmente desesperado.

— Pulem! – Lauren gritou abrindo a porta e pulando para fora. Vi que Sarah copiou a tática da loura e também pulou. Eu não pensei duas vezes e fiz o mesmo.

Rolei na extensa rua, machucando levemente meu braço e perna. Voltei minha atenção ao jipe, ele simplesmente chocou de encontro a uma parede, destruindo o capô. Olhei ao redor e vi que August também tinha pulado e estava alguns metros de distância de mim.

— Estão todos bem? – perguntei alto.

— Estamos! – todos responderam. August levantou bruscamente do chão e veio em minha direção.

— Que merda você pensa que estava fazendo? – ele me empurrou me causando um certo desequilíbrio. – Você não sabe dirigir? Tinha que ter virado o carro!

— Eu não tenho culpa se essa merda de carro não obedecia! Os freios não funcionaram, nem a porra do volante funcionava!

— Não vem culpando meu carro pela sua incompetência! – August desferiu um soco com toda força na minha bochecha. Eu não pensei e revidei na mesma hora. Logo já estávamos nos atracando. Infelizmente August era mais forte que eu, e estava bem mais protegido.

— Amor, para! Ele realmente não teve culpa! – Sarah se aproximou de August, o puxando de mim. – Estávamos dentro do carro, nós vimos que nada realmente funcionou.

August fez uma cara de espanto. Seu rosto, agora levemente roxeado me encarou severamente. Ele gesticulou com os lábios um pedido de desculpas. Eu o ignorei.

— Mas o que teria feito o carro parar de funcionar dessa maneira? – August comentou alto.

— Deve ter sido um H.A.N.E. – Lauren comentou se dirigindo até o carro destruído. Nós a seguimos.

— Uma o quê? – indaguei alto.

— Uma bomba nuclear detonada em grande altitude. – ela se aproximou do jipe e tentou abrir a porta. A puxando com força.

— O que você pensa que está fazendo? – perguntei intrigado, levantando uma sobrancelha.

— Precisamos pegar as armas e as mochilas. Vamos seguir a pé. – ela se explicou. Eu me aproximei do carro e puxei com toda a força, abrindo de vez a porta amassada.

— Mas o que essa bomba tem a ver com o carro parar de funcionar do nada?

— A H.A.N.E., também conhecida como P.E.M. é uma bomba que estoura na atmosfera, causando um pulso eletromagnético, inutilizando todo e qualquer aparelho eletrônico. – confesso que não havia compreendido muito bem. Mas eu entendi que nada eletrônico funcionaria.

— Espera. – Sarah apareceu para ajudar a pegar as mochilas. – Isso quer dizer que nenhum carro funciona?

— Todos os carros de injeção eletrônica sim. Talvez algum modelo antigo esteja intacto, mas não posso ter certeza.

— E como você sabe de tudo isso? – perguntei cruzando os braços.

— Sou agente da CIA, conhecimento de ogivas nucleares faz parte do treinamento básico. – Lauren me respondeu cortante, e eu senti uma extrema vergonha. Como se eu fosse um mero moleque que não soubesse uma tabuada.

— Então, para onde vamos? – August se pronunciou ajustando a mochila nas costas.

— Vamos achar algum lugar para nos abrigarmos. Já era perigoso andar na rua com as luzes dos postes, agora sem luz nenhuma, não podemos arriscar. – Lauren também ajeitou uma mochila sobre as costas, e colocando a M21 e a lança em ambas as mãos. – Se eu ainda me lembro ao oeste daqui tem um mercado, poderíamos passar lá e pegar velas e fósforos. Vamos precisar.

Todos assentimos com a cabeça e começamos a seguir pelo caminho oposto ao traçado.

~~~

Noah – POV

Eu estava nos portões da universidade acompanhando Bella e seus amigos até o carro que eu tinha achado para eles. Eram um 4x4 que pertencia a algum professor desta universidade. Não era tão espaçoso quanto a humvee que eles chegaram, mas teria que dar.

— Então vocês já vão? – perguntei me dirigindo a Alan.

— Vamos! Bella... trix, precisa encontrar a família logo. – ele falou desviando o olhar de mim para minha irmãzinha.

— Alan, desculpe como eu agi com você. Minha irmã nunca se mostrou interessada por alguém antes, e eu como irmão me senti trocado por ela ter achado outra pessoa para gostar. – ajustei o colete a prova de balas e a arma. Evitando de encará-lo.

— A família é importante pra ela, você jamais seria trocado. – eu esbocei um sorriso. Alan era uma ótima pessoa, talvez só precise de um grande empurrão para chegar mais em minha irmã, mas isso só vai ter que vim dele.

Um barulho alto se foi ouvido. Era um toque de celular. Observei todos os garotos e vi Melody deixando sua mochila cair e remexendo dentro dela. Ela retirou de lá um aparelho celular.

— Alô? – ela atendeu afobada. Todos encaravam ela, como se surpresos por ela ter um celular. – He-Heero? – Melody começou a chorar. Grossas lágrimas desciam pelo rosto dela. – Meu Deus... – ela tampava o rosto como se estivesse tentando conter os soluços. – Onde você está? Me fale! – ela gritou alto.

POW!

Todos nos sobressaltamos com a grande explosão. Olhei para o céu e o vi que por alguns segundos ele ficou totalmente branco.

— Alô? Heero? Alô! – Melody gritava com seu celular, parece que a ligação tinha caído.

— Desde quando você tem um celular? – Miller gritou se aproximando de Melody. – Isso teria resolvido muitos problemas!

— Não é hora de discutir isso! - Ana se intrometeu. – O que houve, Melody?

— Era meu irmão. – a voz de Melody tinha um tom choroso. Que achei estranho. Ela parecia bastante durona, era difícil vê-la frágil dessa maneira.

— A ligação caiu? – Nicole perguntou.

— Não. O celular que parou de funcionar. – Melody respondeu mexendo nele. Seus olhos se arregalaram com alguma coisa. Ela olhou para todos nós. – Ana, Miller e Nicole, olhem a mira de suas armas, estão funcionando?

Todos fizeram uma cara de incógnita, mas acabaram obedecendo.

— Não. – Todos responderam.

— Merda! Teremos de mudar nossos planos!

— Como assim? O que você quer dizer com isso? – perguntei me aproximando dela.

— ELES ESTÃO CHEGANDO! – um grito foi ouvido atrás de nós. Um dos soldados que deveria estar fazendo vigília na barreira de concreto aparecia correndo.

— O que houve? – gritei para ele, segurando seus ombros fazendo-o me encarar.

— Um dos ônibus que traziam mais sobreviventes bateu na empilhadeira! – ele gritava assustado. Meus olhos me arregalaram ao ouvir essa informação. – Mas a empilhadeira estava abrindo caminho para que o ônibus entrasse, e a barreira estava aberta! Sem o motor dela funcionando não tinha como fechar! Eu vim aqui correndo para avisa...

O soldado se interrompeu ao ver minha expressão. Eu havia parado de prestar atenção nele depois que vi o que aproximava de nós. Uma horda enorme de zumbis estava se aproximando.

— Todos para dentro! E fechem os portões! – gritei correndo junto dos demais para dentro da faculdade.

Melissa – POV

Eu não compreendia o que estava acontecendo. Mas assim que vi aqueles monstros se aproximando comecei a correr desesperada para dentro da faculdade junto com os outros.

Vários soldados começaram a se aproximar e fecharam o grande portão da faculdade, logo, todos os monstros estavam no portão, tentando entrar.

— O que aconteceu? Por que não entramos no carro e saímos daqui quando deu tempo? – Alan perguntou, totalmente confuso.

— O carro não está mais funcionando! – Melody falou, todos a encaramos assustada.

— Mas por quê? – Bellatrix perguntou alto.

— Aquela luz, meu pai me contou sobre aquilo. É uma bomba nuclear P.E.M. – Melody começou. – pra resumo é uma bomba que desativa todo aparelho eletrônico, celulares, carros, computadores. Acredito que até a usina geradora tenha sido afetada. Exceto se tiverem tomado medidas anti-p.e.m., mas duvido muito.

— Tem como consertar? – Noah perguntou.

— Se trocar os componentes queimados, os carros podem voltar a funcionar. – Melody falou ajustando a arma sobre os ombros.

Um barulho ensurdecedor começou a ser ouvido. Os monstros estavam se debatendo com toda a força no portão, fazendo com que vários pedaços de sangue e gordura caíssem sobre as rodas, fazendo-o as deslizarem.

— O portão não vai durar muito tempo! Vocês saiam pelo fundos! Seria perigoso demais continuarem! – Noah gritou.

— Não Noah! Eu não posso te deixar pra trás! Vamos ficar e lutar com vocês! – Bellatrix foi até o irmão e começou a gritar com ele.

— Bella, aqui temos soldados treinados para momentos de crise! E também temos que cuidar das pessoas que estão aqui! Você precisa ir e cuidar de mamãe e Faith! – Noah gritava para Bellatrix, demonstrando sua autoridade.

Ela se recolheu de ombros e o abraçou. Mas infelizmente o abraço não durou muito tempo. O barulho do portão caindo nos assustou. Logo tiros foram ouvidos. Todos os soldados atiraram em direção aos zumbis, tentando conter a entrada deles.

— Vão! – Noah gritou.

Começamos a correr em disparada para os fundos da universidade, onde tinha um outro portão grande. Todos nós escalamos por ele e estávamos numa área afastada da Bela Cintra.

— Então... É isso? – Ana falou repentinamente. – Vamos deixar aquelas pessoas para morrer?

— Não pense dessa maneira. –
comentei me aproximando de Ana e colocando a mão em seu ombro. – Tem todo um exército para defender os civis que estão dentro da faculdade. Eles tem mais chances de sobreviver do que nós. – lhe lancei um sorriso.

— Muito animador de sua parte falar que não temos chances de viver. – Miller falou irônico. Eu não havia pensado nas palavras antes de dizer, e ele estava certo.

Abaixei a cabeça lentamente, mas Ana tocou em meu ombro, tentando me animar da mesma forma que eu fiz com ela.

— Como vamos seguir agora? – Nicole perguntou chamando nossa atenção. – Por que sem um carro estamos perdidos.

— Tem uma loja de bicicletas há algumas quadras daqui, podemos passar lá e pegar uma para cada um. – Bellatrix falou apontando para uma região. – E seria bom também pegarmos lanternas!

— Esqueça as lanternas! – Melody falou colocando as mãos na cintura. – Todo tipo de equipamento movido a pilha também foi inutilizado.

Todos nos entreolhamos com temor. Já era tarde, mais algumas horas e iria escurecer. E não poderíamos ficar vagando no escuro.

— Vamos até essa loja de bicicletas! E se acharmos velas poderemos ficar por lá está noite, e assim que o sol raiar nós vamos até sua casa, Bellatrix. – Melody falou andando na dianteira pelo caminho onde Bellatrix havia acabado de apontar.

Sem escolha nós acabamos a seguindo. Infelizmente tínhamos que entender que o mundo onde vivíamos mudou completamente. E agora sem energia, tudo ficaria pior.

Esse, para mim, era o verdadeiro início do "fim".


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Notas finais do capítulo

Finalmente a bomba acabou explodindo! Demorou muito, eu sei, mas eu já havia imaginado que ela explodiria no momento em que os grupos estivessem finalmente completos.

Aos que querem que eles se encontrem logo, isso vai demorar um pouquinho. Existem coisas que precisam acontecer com eles separados.