Humans escrita por Arya


Capítulo 11
X - Antes da festa.


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, esse cap é um presente para a Letty-chan, pq ela sobreviveu ao trote da facul com um ovo quebrado dentro das calças, uma pizza (molho de tomate, farinha e ovo) no cabelo e com gosto de alho na boca. #palmas

Vão existir três caps seguidos sobre a festa do Gendão, q vai fazer 18tão (?): Esse e mais dois. Os nomes dos outros caps são "Beber, cair e levantar" ou "Katia Cachaça" (que se passa durante a festa e ainda não decidi o nome, pois é) e "A ressaca de consequências" (que se passa depois da festa).

Aqui tem uma amostra linda para vcs de que essa festa só terá polêmica e vai ter povo jogando verdade na cara dos outros mesmo e... Enfim, vai ter barraco. #apanhahard

Bem... Esse cap ficou maior que o esperado. Ele é meio que contando o que rolou com a Lori, falando sobre mais algumas coisas, ceninhas aleatórias e uma conversa fofa com dois dos viados albinos da fic (#apanha). E esse é o meu último cap nas férias. #bad

Enfim... Boa leitura. >.

OBS:. As frases do cap serão aleatórias OU do personagem que está narrando o cap. Caso esse perso é um dos que tiveram a sua apresentação, vai ser uma frase aleatória que eu ache q combine com o cap. Se não (como no caso desse), vai ser a frase tema do perso. É isso.



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“Às vezes nossas maiores decisões são aquelas que não fazem o menor sentido.” 
— How I Met Your Mother.

***

NAGUMO

Ao terminar a educação física, ele sorriu e foi até o outro lado da quadra, parando ao lado da mesma que o ofereceu a água da garrafa dela. O menino sorriu e bebeu um pouco, depois a devolvendo.

— Isso foi bem cansativo. — disse o ruivo, e a menina sussurrou um “Imagino”. — Depois da aula, fará alguma coisa?

— Tenho coisas para fazer do clube de música. — disse Lori, jogando o rabo de cavalo para o lado sem querer. —Estava pensando em fazer algo?

— Sim. — disse Nagumo mordendo o lábio. — Você disse que nunca foi naquela casa de jogos que tem na esquina da minha casa, então imaginei que poderíamos. Seria legal, não?

— Claro, mas... — ela fez bico. — Na próxima reencarnação, juro que não vou me comprometer com nenhum grupo.

Nagumo riu e concordou. Logo eles escutaram duas garotas cantando “I Will always love you” enquanto chegavam mais perto, e eles olharam para o lado, vendo as gêmeas Park uma do lado da outra, que logo pararam de cantar.

— Vocês fazem um belo casal. — disse a de cabelos rosa, Yang Mi. — Quando vão se assumir como um, no caso?

— Nós... — Nagumo foi interrompido.

— Não temos esse tipo de relacionamento. Digo, temos, mas... É nada sério.  — disse Lorelai sorrindo.

O ruivo cerrou o punho, logo relaxando a mão. Não entendia exatamente o motivo de Lori nunca aceitar o fato de que eles poderiam ser mais do que são, sendo que ele nem sabe o que são exatamente, já que não são namorados, pois ambos fazem coisas de namorados, como: Eles se beijam, se abraçam, sentem ciúmes, cuidam um do outro, conversam bastante, saem juntos muitas vezes, além de outras coisas.

Talvez Lori não estivesse pronta para namorar seriamente, mas não queria o afastar dizendo aquelas palavras. Era o que ele pensava e não comentava nada, já que quando mais ele tentava falar daquilo, mas ela se afastava ou trocava de assunto.

— Entendo. — disse Kim. — Deveriam ter. Fariam um casal adorável. Meio meloso, mas adorável.

— No caso eles já são. — disse Yang Mi rindo.

— Lorelai.

Nagumo se virou e viu Dimitri ao lado de Kat, Yasmin e Zakuro. Mas a voz não veio de nenhum deles, e sim da professora de educação física, que não estava com uma cara nada boa, assim como os outros quatro. Nagumo ficou levemente preocupado e, pelo o olhar de Lorelai, a garota também ficou.

— Podemos falar com você, as sós? — perguntou e Lorelai afirmou.

— Depois eu te falo. — sussurrou, andando até a mesma, que colocou uma das mãos em seus ombros, e então eles começaram a andar para fora da quadra.

— O que será que está acontecendo? — perguntou Kim, cruzando os braços. — Não parece ser algo bom.

***

LORELAI

— O que? Eu? — perguntou apontando para si mesma, arqueando a sobrancelha. — Eu nem consigo mexer em um estilete, só tenho porque queria me vingar do meu irmão por ter pegado a minha caneta e nunca ter devolvido.

— Você tem se cortado, Lori. — disse Dimitri e a garota negou. — Então me explica como vocês têm um gato e o Victor não sabe da existência dele.

Dimitri Morozov Holmes, qual é o seu problema?

Lorelai ia abrir a boca para falar alguma coisa quando sentiu alguém chegar por trás, interrompendo-a enquanto dizia:

— É que ele fica escondido no quintal, em uma área que o Victor nem chega perto, pois é onde ela pinta alguns quadros. — ela olhou para trás, vendo Someoka. — Eu o achei na rua e quis o adotar para ver se o meu medo de gatos passa, mas acho que a melhor solução não seria passa vinte e quatro horas com o gato de uma vez, eu surtaria. Então a Lorelai o deixa escondido em casa, o alimenta e brinca com ele, e eu fico lá por uma hora e depois vou para casa. Quando eu quero ficar mais tempo passo até da hora, e aos poucos vamos aumentar o horário, até um dia em que eu decidir o levar lá para casa.

Ok, isso não era uma mentira. Esse gato realmente existia, Someoka realmente ia a casa de ela ver o gato, mas escondido para Victor não descobrir. Não que o garoto fosse fazer algo com o animal, mas ia acabar querendo mexer nele e bem... O Salazar não pode.

— O gato, enquanto brincava com o braço dela, começou a morder e a arranhar. Coisa de gato, obviamente. — disse Someoka, mentindo. — Eu até vi.

— Ok, e o machucado? — perguntou Kat, cruzando os braços.

— Ah... Isso... — Someoka fez uma breve cara de pânico e Lori acabou mordendo o lábio. Se o de cabelo rosa não sabia o que falar, imagine ela. — Eu e ela tentamos fumar ontem.

Isso também era verdade.

— Eu fiquei brincando com o fogo na palma da minha mão, e ela foi tentar fazer no braço e deu nessa queimadura sem querer. — disse Someoka.

Na realidade, ela fez de propósito e fingiu que foi sem querer. De qualquer modo, não era o momento que a mesma deveria falar aquilo.

— Fumando? — perguntou Yasmin, cruzando os braços. — Vocês estão muito amigos, para o meu gosto. E isso é muito suspeito. Tinha alguém com vocês?

— Prometemos a ele que não iríamos contar. — Lorelai disse.

— Fudou? — perguntou Dimitri.

— Suzuno. — disse Someoka rapidamente. Lorelai o repreendeu com os olhos. — Ele vai entender. Você não pode ser acusada por algo que não fez.

A professora gritou o de cabelos brancos, que foi até a mesma com uma cara de confusão e deixando um Nagumo aflito e com cara de quem estava suspeitando de que essa confusão não era nada legal. E bem... Não era.

— Olá.

— Você estava fumando com eles ontem à noite? — perguntou a professora e o garoto arregalou os olhos, olhando os dois com reprovação.

— Sim. — disse. — Por quê? Eu disse para vocês não contarem.

— Acham que a Lorelai está se cortando e que, ontem, ela se queimou de propósito. — disse Someoka e o albino caiu na risada.

— Ontem ela foi imitar o Someoka, mas usou o braço ao invés da palma da mão. — disse Suzuno. — E Lorelai? Ela não consegue nem cortar uma folha de papel, imagina a si mesma.

Dimitri olhava Lorelai com certa desconfiança, mas ela apenas manteve a postura de quem estava falando a verdade.

— A única evidência que restou foi a principal. — disse a professora, erguendo o estilete. Suzuno cruzou os braços e Someoka mordeu o canto do lábio.

— Oh, isso eu me responsabilizo. — disse Suzuno.— Eu peguei o estilete dela hoje, no intervalo, para abrir o sangue falso que o povo do clube de cinema estava precisando. E, como estava faltando pouco tempo para o intervalo acabar, e eu coloquei desse jeito todo sujo mesmo e aproveitei para dar um susto nela, também.

Ele estava mentindo.

— Alguém para confirmar?

— Foi uma pessoa do clube de teatro que estava comigo abrindo os sacos, o Haru. — disse confiante.

— Vou conferir. — a professora pediu licença e foi andando ao povo do terceiro ano que tinha chegado atrasado devido a professora de química tê-los os prendido após perder a hora.

 Dimitri foi até Lorelai, a puxando para ficar longe dos outros.

— Você está mentindo?

— Não! — exclamou. O loiro cruzou os braços e a olhou. — Você sabe que eu não sei mentir, e você acha que o Suzuno mentiria para me proteger se eu estivesse me cortando? Ou o Someoka?

Dimitri pensou um pouco e negou, respirando fundo. Ele descruzou os braços e a puxou para um abraço, fazendo carinho na cabeça dela.

— Não sei. — disse. — Eu vou escolher acreditar em você hoje, mas se você estiver fazendo isso e está se acobertando... Preciso que você pare ok? Eu sei que a sua vida não é mil maravilhas e, mesmo que você tenha muitos amigos, muita gente não gosta de você e a tratam extremamente mal, mas você tem a mim, ao Nagumo, a Yasmin, Zakuro... Ah, muita gente. Não quero falar o nome de todos.

Lorelai sorriu e retribuiu o abraço, fazendo carinho nas costas dele com as mãos. Sentiu-se um monstro por estar mentindo ao seu melhor amigo, mas... Não se arrependia.

— Eu sei.

Assim que a professora voltou, ela entregou o estilete a Lorelai e respirou fundo.

— Haru confirmou que o Suzuno pegou estilete para abrir os sacos de sangue falso. — disse a mesma. — Bem, a confusão está resolvida. E... Boa sorte com o gato.

 Someoka riu e afirmou, dizendo que faria de tudo para superar esse medo do pequeno “Bolinha”. Sim, o nome do gato era “bolinha”, e era pelo o mesmo ser todo pequeno e muito peludo. A professora deu as costas, e as meninas foram até ela, enquanto os outros dois meninos ficaram sozinhos em um canto conversando.

— Desculpa ter achado aquilo. — disse Yasmin.

— Sim, ficamos muito preocupadas. Mas a maior culpa foi do Dimitri, que começou a duvidar primeiro. — brincou Zakuro, cruzando os braços.

— Bem, eu cheguei de cabeça e me assustei. — falou a loira. — Mas que bom que tudo é mentira, certo?

— Certo. — sorriu Lorelai.

Ela olhou Someoka e Suzuno, pedindo licença e indo até os dois. Cruzou os braços.

— Não faça mais isso. — disse Someoka, enquanto os três começavam a andar juntos. — Eu não vi o gato te machucando, e o Suzuno não pegou o seu estilete, e sim o do Genda. Mas deixa isso de lado e não faça, nunca mais, isso.

Ela afirmou e Suzuno bagunçou o cabelo dela, dizendo para a mesma ir falar com o Nagumo, pois ele já estava ficando preocupado pelo o monte de pessoa que estava ao redor dela enquanto conversava com a professora.

***

KIRINO

— Cara, o que foi aquilo? — perguntou Kirino ao Jake ao seu lado, que ainda estava com uma cara de poucos amigos. Perto deles também estava Claudine. — Você e Niko não se dão. Estavam no mesmo time, mas pareciam estar em times opostos.

— Eu não sei o que aconteceu comigo para errar a bola e bater na cara dele.

— Eu sei o que aconteceu... — disse Claudine se metendo no meio dos dois. — Raiva dele com o Pavel. E agora que a sua melhor amiga começou a desenvolver levemente um crush por ele... Está com mais raiva ainda.

— A parte da Kat eu só vou ficar irritado se ele fizer bosta com ela. — disse Jake. — A do Pavel...

— A minha o que? — perguntou um albino invocando do lado de Kirino, o que o fez dar um agudo de deixar qualquer um surdo. — Ai, meu ouvido.

— Nossos ouvidos. — disse Claudine e Jake passando a mão na orelha.

— Como você faz isso? Chega de fininho? — perguntou Kirino, ainda com a voz fina, mas logo tossiu e falou com a voz normal: — Enfim...

— Vocês que são desatentos. — disse sorrindo. — Mas... Eu escutei o meu nome, então gostaria de saber o quão bem estavam falando de mim.

— Convencido. — disse Claudine. — Porque acha que não falaríamos mal de você?

— Intuição russa. — sorriu.

— Ah... O Jake estava falando quais apresentações ele estava ansioso para ver do clube de música. — mentiu Kirino e Pav fez uma cara de confusão enorme.

— Sim. Você é um bom cantor. — ele disse. — Parece, pelo menos.

— Ah... Normalmente você não é de falar de música, então isso é meio estranho, mas... Obrigado!  — sorriu e ele mexeu no short, logo tirando um papel com um telefone. — Claudine, o meu pai disse para lhe entregar o número dele, já que você pediu. Está tudo bem? Digo... Nem todo dia meu pai da o seu número para uma amiga da minha irmã.

— Ah... É que a minha prima está achando que esta grávida, então queria o número do seu pai por causa disso. — Pavel piscou os olhos inocentemente. Podia ver Claudine suando frio, mas Kirino ignorou.  — Ele é um bom médico e eu confio nele.

— Oh... Ok! O estranho é que ele me deu o papel, e não para a Irene. E bem, todos sabem que a Irene é mais amiga de você do que vice-versa. — falou Pav. —Mas a Irene não é de fazer boas ações, apenas quando quer, então da para entender o motivo do mesmo não ter entregado a ela.

— Entendo. — disse Pavel. — Ah, é... Poderia avisar a Rin que eu já estou terminando as partituras de “Only Hope”? Eu provavelmente vou terminar hoje a tarde, por isso não vou a reunião do clube de música.

— Claro.

Ele sorriu e Tenma o chamou, e então o garoto sorriu e acenou, saindo. Jake parecia voltar a respirar e olhou os dois.

— Nunca mais falo o nome com “P”. — disse Jake. — Ele sempre aparece quando estou falando dele. Deve ser a praga que a Kat lançou por eu ter rido das piadas das meninas sobre ela e Niko.

O loiro se remexeu como se tivesse sentido um calafrio e logo Kat o chamou em um canto junto a Zakuro, deixando Claudine e Kirino sozinhos. Eles se entreolharam, sorriram, mas logo Claudine entrou no vestiário feminino e, obviamente, Kirino foi andando até o masculino.

Quando levantou a cabeça, seus olhos bateram com uma albina parada na frente do banheiro masculino, junto a Kim que parecia horrorizada com o que via. O rosado apertou o passo sem ao menos perceber para ver o que estava acontecendo, chegando ao lado de Irene e olhando a porta, no qual tinha uma folha de caderno escrita:

“Irene pode usar esse aqui também, já que ela não tem um definido.”

— Essa pessoa que fez isso é idiota. — disse Kim, como se tivesse consolando a albina. — Você é uma garota, você…

Kirino olhou a porta do banheiro feminino, que tinha a mesma coisa e, ao lado, duas garotas rindo da cara da mesma. Ele olhou Irene, que estava com um olhar normal para aquilo e parecia estar escutando o que a coreana dizia.

— Terminou? — perguntou Irene e a garota afirmou, engolindo em seco. Irene olhou Kirino. — Não vai entrar?

— Irene, isso é errado. — falou Kirino. — Não aja como se não machucasse o seu coração.

— Não da para machucar o que não existe, Ranmaru. — falou juntando o cabelo para fazer um rabo de cavalo. — Posso lhe chamar assim, não? É um nome feio, mas “Kirino” me incomoda.

— Oh... — Kirino ficou surpreso com o que ela disse. — Pode. 

— Já estão nesse nível? Que rápidos. — brincou Kim e Irene deu uma encarada nela, que apenas sussurrou um “Hisako” e se afastou.

Irene terminou o cabelo e foi andando até as outras duas em passos ritmados e calmos, que pararam de rir na hora. Pareciam ter medo da Morozova... No caso, quem não tem medo da Morozova?

 — Obrigada pela a placa. Estava me perguntando se as pessoas aceitariam se eu usasse o banheiro masculino.

— Oi? — perguntou a garota.

— Eu prefiro o banheiro masculino. O das garotas é nojento e, bem… Eu sou alérgica a invejosas, não posso dividir banheiros com elas. — disse chegando mais perto da garota, que se encostou à parede. — Bom banho.

Ela saiu andando e passou direto por Kim e Kirino, entrando no banheiro masculino. O rosado olhou a garota e, por fim, seguiu Irene para dentro do masculino, vendo muitos garotos travar. Por sorte, ninguém ainda estava pelado.

Olhou em volta, perguntando onde estava Dimitri mentalmente, mas logo revirou os olhos e se colocou na frente da mesma. Irene provavelmente arqueou a sobrancelha, como sempre fazia quando se perguntava mentalmente “O que diabos esse cover da Yuno está fazendo?”.

— Todos os garotos vão entrar nas cabines de banho, fechar as portas e, depois, saírem com cuecas e ir rapidamente para a área de se vestir. Ninguém vai tentar a espionar. — ordenou e todos se entreolharam. — ENTENDIDO? — aumentou o tom de voz como se tivesse gritando, assustando até ele mesmo. Todos afirmaram e começaram a entrar nas cabines, fechando as portas.

Ele olhou Irene, que o olhou.

— Não precisava soltar seu Hitler interior. — brincou brevemente.

— Hitler é para os fracos, os fortes soltam o Dimitri. — disse Kirino e Irene negou com a cabeça. — O que? Dimitri faria o mesmo. — ela negou novamente.

— Dimitri iria retirar todos da área do banho e, quando eu tivesse terminado, ia os mandar tomar banho assim que eu me arrumasse. — disse a mesma e o rosado fez uma cara de pensativo, ameaçando fazer. — Não faça isso. Já é meio exagerado.

O rosado riu e afirmou. Ela pegou uma toalha no armário que tinha no canto e foi para uma das cabines longe. Irene soltou o cabelo e o olhou, entrando na mesma e mexendo os lábios como se tivesse falando algo para o mesmo em mudo, logo fechando a porta. Kirino sorriu, cruzou os braços e pegou uma toalha no armário, andando até uma cabine longe da de Irene.

Adivinha quem não é bom em leitura labial?

Isso mesmo, Kirino Ranmaru.

***

MAYUMI

Ela respirou fundo, exausta da educação física e indo direto para casa. Pelo menos tinha tomado um banho gelado e confortável, e depois assistido Irene saindo do banheiro masculino e sambando na cara das meninas que tentaram a por para baixo.

Queria que Claudine não tivesse saído as pressas e ter visto aquilo.

A de olhos claros ia, junto a Minamisawa e a mãe, para o consultório de Ygor resolver todo esse “bafafá” da gravidez. Tinha várias opções para considerar, mas era melhor pensar bastante ou, se não, poderia se arrepender depois.

Mayumi gostaria de ter ido acompanhar a melhor amiga, mas a mãe dela achou melhor apenas os três comparecerem, mesmo que a garota fosse muito importante. De qualquer modo, Claudine disse que iria ficar bem e que, quando terminasse tudo, iria ligar para ela.

Ela pegou um dos fones de ouvidos que tinha pendurados em seu pescoço e colocou, mesmo que não estivesse escutando nada. Logo, sentiu uma aproximação perto da mesma.

— Oh, Mayu. — disse uma voz contente. Ela olhou para trás, vendo Hikaru que logo a alcançou. — Escutando o que?

— O som do nada. — disse e Hikaru ficou confuso, como se perguntasse que música era essa. Mas logo parou e riu, entendendo a piada.

— Eu gostaria de lhe dar parabéns. — disse sorrindo e Mayumi o olhou confuso. — Conseguiu um dos dois papéis femininos principais para o teatro.

A morena travou.

— Oi? — perguntou. — Como assim? Desde quando os resultados saíram?

— Ainda não colocaram no mural, mas eu vi na mão do Victor quando ele estava conversando com a Yuki na hora da saída. Você pegou o papel de... — ele parou um pouco para pensar. — Alison Reynolds.

— O QUE? — gritou Mayumi dando um pulo, tirando os fones e chamando a atenção. — Era o papel que eu queria. Eu adorei a Alison, ela é tão...

— Estranha. — disse Hikaru. — Aquela sua amiga, Sayori, pegou o papel de Claire.

A garota parou e fez uma breve careta. Aquilo não era algo legal...

— O que foi?

— Claire é o par do John Bender. Provavelmente ela vai aprontar alguma nos ensaios... — ela suspirou. — Que eu não esteja por perto quando a treta começar.

Hikaru riu.

— Haru pegou o papel do atleta e um garoto estranho pegou o outro.

Mayumi arregalou os olhos, falando um “Wow”. Tinha se esquecido do Andrew, o atleta.  Ela coçou a cabeça e botou as mãos nas bochechas levemente avermelhadas ao pensar na cena do beijo no final.

— Mayumi.

— Oh, desculpa. É... Eu estou com medo agora. Vou ter que beijar o Haru? Eu nem me toquei disso, e olha que vi aquele filme milhares de vezes.

Hikaru parou, cruzando os braços.

— Por acaso... Você gosta dele daquele jeito? — perguntou.

Mayumi sentiu algo vindo de dentro e ela fez cara de nojo, negando.

— O que? — perguntou. — Eu não gosto dele “daquele jeito”. — disse o imitando e fazendo aspas com o dedo.

— Então porque está preocupada de beijá-lo? É apenas um... Ok, eu entendi. — ele disse refletindo um pouco. — É apenas um beijo, e esse é o problema.

Ela afirmou e Hikaru pensou um pouco, logo sorrindo.

— Bem... — ele pensou um pouco. — Vai para a festa do Genda?

A morena afirmou, passando a mão no pescoço. Ela não estava com tanta vontade de ir, já que provavelmente vai ter muita gente, música alta e bebida, e isso a deixava um tanto desconfortável. Mas... Claudine queria ir e ela precisava de alguém para ajudar a enrolar os outros, caso perguntem o motivo dela não beber, sem ser o Minamisawa e ela mesma.

— Eu não vou. Optei em ir à casa do Tenma fazer maratona de filmes de terror com o Shinsuke, Tsurugi e o Pavel.  — disse Hikaru e ela sussurrou um “entendo”. — Se você estiver entediada de uma festa de 18 anos, a casa do Tenma é duas casas a esquerda da de Genda. Fomos ano passado, então você deve se lembrar.

Ela sorriu e afirmou, e então continuaram a andar em silêncio enquanto iam juntos para as suas respectivas casas, que eram na mesma direção.

***

JAKE

— Jake, poderia chamar o Pavel? — perguntou Irene com um olhar travesso no rosto que Nagumo também possuía. No entanto o dele era bem mais cômico, já que ele também estava sorrindo e mexendo as sobrancelhas, como se dissesse: “Arrasa”.

— Eu só vim aqui entregar o rádio, Irene. Estou cansado, quero ir para casa. — disse Jake apontando para o rádio no qual Morgana obrigou a Katherine a trazer... E sobrou para Jake White, que foi ameaçado de morte pela a loira.

— Não tem cansaço quando se trata de boy magia! — exclamou Zakuro estalando os dedos e Irene levantou a mão para a mesma bater, que assim o fez.  — Vamos... Olha que dia lindo para ver o Pavel fazendo anotações nas partituras. Ele fica fofinho quando está com aquele óculos.

Ele olhou Nikolai trocando as cordas da guitarra.

— Porque ele... — Irene, que passava ao lado dele, pisou em seu pé com as pontas, enquanto estava de sapatilha. O loiro prendeu a respiração para não gritar e ela sorriu.

— Eu mandei você ir, não? — ela disse e o mesmo afirmou. Zakuro, que via aquela cena de primeira mão, fez sinal de “cruz” na mão com certa cara de medo. — Então vá.

Ele afirmou e ela saiu, indo até outra garota e ajudando com alguma coisa. Jake olhou Zakuro, soltando o ar pela a boca e respirando fortemente.

— Os Morozov vão me matar algum dia. — disse e a mesma afirmou. — Pavel, daqui a pouco, está descobrindo.

— Ótimo, menos uma história de um casal meloso que acha que tem um amor não correspondido. — ela cruzou os braços. — Já temos Kiriene e futuramente vamos ter YasDimi e NiKat, então se você puder diminuir logo a carga horária de nós, cupidos... Agradeço.

Jake revirou os olhos e saiu do ginásio, indo para dentro da escola para procurar o albino antes que Irene pisasse com aquela sapatilha e na ponta dos pés em outros lugares.  Ele olhava dentro das salas, do refeitório e até dentro das salas dos professores, mesmo que fosse o último lugar que o menino iria entrar.

Colocou a mão no bolso da calça, verificando com pouca atenção as salas. Logo se lembrou do dia que contou de Henry para o Morozov, o que o fez parar no meio do corredor e sussurrar um “Jesus deve estar me testando” enquanto mexia no cabelo. O menino não era de dizer aquilo para ninguém, mas então chegou o Morozov... E ele não entende o motivo de contar para o albino até hoje.

Amor não era algo que poderia ser cogitado como um motivo, para início de conversa.  Talvez ele, estranhamente, confiasse no russo.

Ele olhou pela a janela da porta da sala de música e saiu, logo voltando ao reparar que tinha alguém no piano.  

“Porque não previ isso antes? Era tão óbvio.”

Jake analisou o mesmo antes de entrar, vendo que o mesmo estava com o casaco do uniforme da escola no chão junto a uma bolsa enorme, como se fosse uma mala, e assim o mesmo estava com a blusa branca da escola. Ele usava óculos de armação preta para tocar e escrever algo nas partituras, o que o fez sorrir levemente porque, como Zakuro tinha dito: Ele ficava fofo com aqueles óculos.

Ele respirou fundo e abriu a porta da sala, escutando a melodia do piano por um tempo até o albino parar ao perceber a presença dele, o que o fez parar na hora por conta do susto de ter alguém ali com o mesmo tanto que, antes de parar, ele provavelmente tinha errado uma nota.

Jake fechou a porta atrás de si e foi até Pav, que deu um breve sorriso e o olhou, ajeitando os óculos. Jake se apoiou no piano.

— Olá! — disse imitando o modo que o Pav falava entusiasmado toda vez que via alguém chegando perto dele para conversar.

— Ei, esse é o meu “Olá!”. O seu é mais... “Olá”.  — ele falou imitando Jake como se tivesse desanimado, fazendo Jake rir daquilo e o albino sorrir com a risada do mesmo. — O que o trás aqui?

— Estão o chamando no ginásio. Perguntaram se você já está acabando as partituras ou se elas já estão prontas. — disse a Pav com as mãos no bolso da calça. O mesmo fez um “Ah” e olhou a partitura, mordendo o lábio após analisar um pouco e ajeitar uma nota musical que Jake não fazia ideia do que era.

— Falta mais um pouquinho. — disse ao mesmo. — Pede para eles esperarem uns vinte minutos e já desço.

O loiro foi até o lado do mesmo e olhou com curiosidade o nome da música, mas o albino tampou antes que ele visse.

— Não vai ganhar spoiler do festival. — disse fingindo uma cara ameaçadora que chegava a ser extremamente fofa.

— Eu nem vou à área de música, Pavel. — disse Jake. — Sou alérgico a esse tipo de coisa.

O albino fez bico e retirou a mão.

— Porque quer saber, então? — Pav resmungou baixinho, fazendo algo na borda do piano como se tivesse alargando os dedos. Jake fez uma breve careta por imaginar que aquilo provavelmente é doloroso.

— Eu sou curioso. — falou. — Rolling in the Deep? Não é aquela música daquela mulher... Adele?

— Sim. — disse Pav sorrindo. — Olha, isso é uma evolução. Pelo menos sabe quem é Adele.

— Infelizmente eu acho que escutei essa música. - disse como se tivesse decepcionado. – Acho as músicas dela meio chatas.

Pavel o olhou incrédulo, como se ele tivesse dito algo imperdoável.

— Nós realmente somos muito diferentes.  — disse. — Admito que não gosto tanto dessa música, mas você já escutou Someone Like You? Ou... O que eu to falando? Você não gosta de qualquer tipo de música.

O loiro afirmou e riu, se sentando ao lado dele no piano e olhando para a partitura. Com o dedo indicador, passou ele com força por todas as teclas e fazendo um som engraçado, o que o fez rir e olhar o Morozov, que sorriu brevemente.

— Eu admito que isso é legal, mas... Não faça isso. — disse. — Estraga o piano. Tem que ser com suavidade. — falou fazendo gestos como se indicasse suavidade. Jake ficou confuso na hora, fazendo Pavel rir e pegar uma de suas mãos, levando-a ao piano.

E então o mesmo o fez tocar de leve a nota da ponta.

— Eu vi isso brevemente em High School Musical antes de trocar de canal. O controle caiu no chão e eu estava procurando a pilha que tinha saído, por isso que estava vendo aquela coisa. —  disse Jake fazendo bico e deixando a sua mão ali apenas pelo o fato do garoto estar se divertindo o mostrando como fazer aquilo. Ele só queria fazer aquilo uma vez, e não ser ensinado a como fazer.

— Isso é maltrato a um… — Pavel virou o rosto para o olhar e ambos acabaram ficando muito próximos.

Jake pensou em se afastar umas três vezes, mas não queria realmente fazer aquilo, enquanto o albino estava petrificado no mesmo lugar o olhando através dos óculos que ele usava após tirar a lente de contato. O loiro pensou um pouco no que a de cabelo roxo disse e tentou arriscar, levando a outra mão que não estava no piano ao rosto do mesmo, fazendo carinho em sua bochecha e se aproximou fechando os olhos lentamente. O albino, pelo o que parecia enquanto fechava os olhos, também fazia o mesmo que ele.

E então alguém abriu a porta e o albino recuou e isso fez o loiro voltar e virar o rosto, encarando a janela da sala de música. Pavel soltou a sua mão e Jake retirou-a do piano, passando-a na nuca. Ele podia sentir que estava começando a suar frio, o que o fez soltar um “Wow”.

— Desculpa, não queria ter atrapalhar o que... Estava rolando.  — Aquela voz...

Katherine Bell vai ser retirada, em breve, da história. Desculpe audiência, mas ninguém segura os instintos assassinos que bateram em Jake White naquele momento que, com certeza, não eram de Jesus e nem do Capeta.

— Não estava acontecendo nada. —  disse o loiro segurando a leve revolta que bateu nele, se levantando e pegando suas coisas. - Eu vou avisar que, em vinte minutos, você vai até eles. — disse sem olhar na cara do albino.

— Isso. - disse o albino e Jake saiu correndo da sala, sem falar nada.

Ele olhou para frente, olhando mortalmente a Kat que deu um sorriso de nervoso enquanto era puxada silenciosamente e discretamente para fora da sala de música. Eles fecharam a porta, andaram calmamente um do lado do outro até virada que tinha do longo corredor e Jake olhou a mesma:

— Você tem demência, por acaso?  

***

ALLEN

Finalmente o dia da festa tinha chegado.

E adivinha quem decidiu ficar doente logo no dia da festa? Se você levantou a mão e disse “Tachimukai”, está completamente correto.

 Allen também brigou com o moreno. Por ciúmes, raiva e que o garoto não aguentava mais sair com meninas apenas para esconder o relacionamento. Aquele sábado foi uma grande dor de cabeça só de pensar no tanto que discutiu com o menino sobre o relacionamento deles.

No final das contas, teve que pegar carona com Yuri Morozov de última hora, pois ele morava meio longe de Kidou e Tachimukai disse que o pai dele os levava. Foi para o ponto de ônibus mais próximo da sua casa, só para Yuri não precisar parar com o carro bem na frente da mansão na qual mora, e logo o garoto chegou com seu carro preto.

Ele entrou, fechou a porta do carro e o cumprimentou com um “oi” frio. O albino mais velho ajeitou o espelho do carro e começou a dirigir.

— O que foi? — perguntou o mesmo. — Pode falar, sou um bom ouvinte.

Ele pensou um pouco e deu de ombros, pensando no que iria dar de errado se desabafasse com o Yuri. O garoto não era de fazer mal a ninguém se você não fizesse mal a ele ou a um dos seus irmãos e, além disso, o mesmo era bem confiável. Precisava desabafar com alguém, mesmo que essa pessoa fosse o Yuri.

— Eu odeio quando tenho que desabafar. — suspirou cruzando os braços.

— Faz que nem eu: Não desabafa. — disse Yuri parando no sinal e colocando o cinto, por ter se esquecido de colocar.

— Tem algum efeito colateral?

— Sim. — ele disse tirando o sorriso do rosto. — Ficar bonito.

Allen arqueou a sobrancelha.

— Desde que eu parei de desabafar com as pessoas, isto é, desde que eu tinha oito anos, eu fiquei bem mais bonito do que já era. — disse e o albino deu uma breve risada. — Você está precisando desse efeito colateral.

— Ah, falou o gostosão. — brincou e ambos riram.

Quando ambos pararam, Allen não sabia como começar a falar, então esperava alguma pergunta vinda do russo. Mas, a única coisa que veio de Yuri foi apenas uma respirada funda e uma pergunta que, com certeza, não era a que ele queria.

— Você acha que eu seria um bom genro? — Yuri olhava a estrada, mesmo prestando atenção no albino.

— Acho que sim. — disse Allen pensando um pouco. — É o aluno mais inteligente da escola, você tem faculdades diferentes disputando você desde que tinha seus quinze anos, é bonito tanto por dentro quanto por fora... Mesmo que, de vez em quando, seus sentimentos podem ser comparados com os da sua irmã.

— Que sentimentos ela tem? — perguntou Yuri brincando.

— Exatamente. — disse Allen apontando ao mesmo e logo olhando o caminho que percorriam. — Eu iria gostar que alguém assim fosse namorado da minha filha.

— E do seu filho? — perguntou Yuri e Allen fez que sim com a cabeça. — Ah... Gostaria que os velhos pensassem isso.

— Velhos... Os pais do seu namorado? — perguntou e Yuri confirmou. — Eles descobriram?

— Não, mas... Eles suspeitam que ele seja porque, até agora, ele não trouxe nenhuma namorada. — falou. — O que não é um motivo, mas eles suspeitam.

— Sim. — ele fez bico. — Seu namorado não quer se revelar. Isso não incomoda?

— Óbvio que incomoda. Eu sinto inveja de que, bem em breve, meu irmão provavelmente deve começar a namorar o Jake e eles vão ser um casal livre e feliz. — disse Yuri. — Enquanto eu... Vou continuar preso nessa coisa de não poder andar de mãos dadas com ele. Mas, é divertido e, graças a esse segredo, eu passo por momentos maravilhosos que você nem sabe.

O mais novo engoliu em seco.

— Eu acho que estou fazendo bosta. — disse. — Digo, eu... Tem como ser gay temporariamente?

Yuri caiu na gargalhada e depois o olhou, logo freando o carro com rapidez ao ver que o sinal fechou. Ele olhou o mesmo.

— Olha... Fala isso em uma boate gay e veja quantos segundos demora a alguém acertar a sua cara com um soco, então me fala. — disse brincando, voltando a andar com o carro.  — Claro que não tem como alguém ser “gay temporariamente”, já que não é uma opção ser gay ou não. Não tem como você virar gay e nem deixar de ser.

— Eu acordei pensando nisso hoje.

Yuri fez uma cara de nojo que fez Allen segurar o riso, mas logo o mesmo respirou fundo.

— Você sempre teve certeza que era gay?

— Bem, eu sabia que preferia pornô gay ao pornô “tradicional”, e quando beijei uma garota que estava usando um vestido que era quase uma segunda pele, eu não me senti nada atraído por ela. Mas aí quando eu beijei um garoto sem camisa... — ele deixou no ar e Allen coçou a nuca. — Admito que, antes de me declarar gay, eu experimentei de tudo, e sempre dava no mesmo: Eu preferia mil vezes que um garoto me beijasse do que uma garota. Simplesmente... Não entendia o que os meus amigos viam na Scarlett Johasson ou nas modelos da Play Boy.

Allen mordeu os lábios.

— Eu também não me sinto atraído por garotas, mas... Não sei, é que Tachimukai parece ser o único garoto que me interessa. — disse baixinho, passando a mão na cabeça.

— Oh, sério? — perguntou Yuri.  — Que romântico. Continue assim, tive uma lista incontável de ficantes, crushs e namorados até chegar ao meu atual.

Allen revirou os olhos. Yuri parecia sempre querer quebrar o clima tenso e sério com piadas ou comentários bobos.

— Ok, ok. — ele pigarreou. — Você já ficou com outro homem?

— Não. Antes de me relacionar com o Tachimukai, eu apenas sei que não curtia garotas. — disse Allen.

— Então hetero e bi você não é.  — disse Yuri, virando a esquina e fazendo Allen encostar-se à porta do carro levemente. — Você é gay. Ou assexuado, mas você gosta de transar com o Tachimukai, imagino.

O albino o olhou e concordou, sussurrando baixinho “você não sabe como”.

— É normal ficar confuso. — falou. — Mas não trate uma orientação sexual como uma opção. Ninguém escolhe ser gay, bi, pan, assexuado ou hetero.

Allen afirmou com a cabeça.

— Já se sentiu atraído por outro homem? — perguntou aleatoriamente. — Não que isso tenha alguma diferença, mas... Apenas por perguntar mesmo, porque estou me sentindo um globo de discoteca depois de falar sobre o meu histórico antes do meu namorado atual.

O albino olhou para Yuri por um segundo, quando a luz bateu na janela. E, infelizmente, aquele foi um dos momentos clichês de qualquer seriado, anime ou novela, que o principal se sente levemente atraído por quem está sendo tocado pelo os raios de sol.

— Talvez. — disse. — E eu briguei com o Tachimukai por causa disso e por causa daquilo de ficar escondendo.

— Tente conversar com ele na festa. — sugeriu Yuri. — Explique que ficou confuso e que, se essa for à preocupação dele, ficar confuso não diminui o que você sente por ele.

— Ele não vai para a festa.

— Ok... — Yuri respirou fundo. — Então converse com ele na escola.

— Ele vai ficar me evitando e eu odeio ficar atrás de gente assim.

— Que tal mandar mensagens ou ligar?

— Ele pode rejeitar a ligação e me ignorar. — ele falou e Yuri revirou os olhos.

— Então manda o Tachimukai se fuder e arranja outro macho, caralho. — disse Yuri e Allen o olhou. — O que foi? Vocês são mais complicados que o meu namorado. E a minha paciência para conselheiro de gays acabou.

Ele respirou fundo e Yuri parou numa casa que, com certeza, não era a de Genda. Ele viu Hasuike, Sakuma e Midorikawa entrarem no banco de trás, cumprimentando o mesmo e o Allen, no qual ficaram bem surpresos em ver.

— Oh... Olá. — disse Midorikawa surpreso em ver Allen. — Agora entendi porque você demorou a chegar rápido.

— Sim, eu tive que o buscar de última hora e acabei pegando um engarrafamento. Tachimukai não vai. — disse Yuri olhando-se no espelho do carro, ajeitando o cabelo.

— Que bom que não foi por outra coisa, se não teríamos que descobrir qual banco eles usaram.  — brincou Sakuma.

— Allen me lembra do Pavel na aparência. Eu vou transar com ele como? Achando que eu sou um Lannister por ser albino e estar praticando incesto. — disse Yuri e os outros quatro riram da piada.

— Você não faz o meu tipo. — disse Allen.

Yuri o olhou, depois olhou para baixo e deu uma risada breve.

— Claro que não. — disse em sarcasmo.

Allen pensou um pouco e arregalou os olhos, olhando para baixo e vendo um volume nas suas calças, provavelmente de quando ocorreu aquela cena do sol batendo na janela. Ele pigarreou e retirou o casaco, o jogando em seu colo para disfarçar e olhando os outros, vendo que nenhum deles tinha reparado.

— Ok, ok! — Yuri falou meu risonho. — Quem aqui vai ficar bêbado até cair para compensar o amigo aqui que não vai beber, pois está dirigindo?

Allen passou a mão na nuca e negou.

— Aposto que Genda vai ficar. — disse Hasuike. — Quanto a mim... Acho que não. Se bem que eu me empolgo, então...

— Meu plano é não ficar, sendo honesto.  — disse Midorikawa e o de tampa olho concordou com ele.

Yuri revirou os olhos e Allen pode notar que ele olhou alguém pelo o retrovisor do carro.

— Existem planos que são difíceis de serem executados, sabia?

***

YURI

Como sempre, Yuri Morozov tinha razão.

A partir do momento que Genda entrou na festa, gritou “Vamos festejar” e todos começaram a ser servidos, o Morozov sabia que não existiria uma alma penada, além de Irene, Dimitri e Victor, que iria ficar sóbria. Irene não bebia por não gostar, enquanto Victor e Dimitri estavam dirigindo assim como ele.

Ok, Minamisawa só bebeu um copo e ficou na coca-cola, enquanto Claudine estava no canto dela com Mayumi, que ele também suspeitava que não fosse beber por... Ah, é da Ito Mayumi que estamos falando, ela tem cara de que não bebe. 

O que ele não gostou foi quando Kat entregou uma lata de cerveja para Nikolai. Disse ao mesmo para não exagerar ao se lembrar do seu irmão falando que o amigo tinha um fraco enorme por bebidas e ele espera que o garoto tenha obedecido, mesmo que ele não estivesse por perto para saber o que está rolando.

Ele estava sentado em um sofá que tinha no local perto da piscina que estavam, onde tinha uma área somente para churrasco e, é claro, uma piscina enorme perto. Yuri olhou Dimitri ao seu lado, com uma Yasmin abraçada em seu ombro dizendo o quão bonito ele era, o que fazia o loiro ficar levemente irritado e envergonhado por algumas coisas que ela dizia.

— Posso filmar? — sussurrou a Victor ao seu lado, e logo notou que ele já estava filmando.  — Traiçoeiro. Aprendeu com a “mozão”?

— Sim, aprendi com a... Yuuki. — disse o mesmo e Yuri riu. Yuuki tirava fotos espontâneas dele sem o mesmo reparar durante o início do namoro, e agora acabou que as fotos foram substituídas por vídeos espontâneos e fofos. — “Mozão” é bem bosta de se falar.

— Eu sei, apenas queria ver se você falava.

— Óbvio que não. — ele disse secamente, continuando a filmar.

Na frente deles, estavam algumas pessoas jogando o clássico “passatempo” de qualquer tipo de festa: Verdade ou desafio. Ele também podia ver, de longe, Hasuike e Lorelai na beira da piscina conversando, e então Nagumo se sentou do outro lado de Lori.

Só ele que via um triangulo amoroso ali? Provavelmente sim.

Foi então que sua atenção saiu do grandioso “aleatório” e se focou em apenas uma coisa: A garrafa parando de Fudou para Kidou. Aquilo o fez morder a língua e segurar o grito de dor.

Arredondando as coisas, Fudou tinha bebido bastante e Kidou... MUITO. Além disso, o de moicano tinha bebido, mas ficava bem longe de Dimitri, o que era bom. Afinal, ninguém aqui quer que ocorra um homicídio, não é?

Porque ele estava se preocupando com isso? Pois bem... Ele previu o que estava por vir na hora que Fudou olhou o resultado e deu seu sorriso de canto como se tivesse tido uma ideia genial.

— Verdade ou Desafio, Presidente Perfeito? —perguntou. O garoto de óculos era presidente de classe e presidente do conselho estudantil, além de ser considerado o aluno perfeito.

— Desafio. — respondeu Kidou.

 — Que tal... Beijar alguém? Duvido que você não seja mais BV, então vamos retirar isso de você agora. — falou Fudou, olhando Yuri com uma cara de demônio. — Beijar o Yuri.

Ele pode escutar o barulho da câmera de Victor encerrando o vídeo.

— Vai beijar um Casanova que, agora, está em hiatus por tempo indeterminado por estar namorando alguém anônimo. — disse o mesmo sorrindo. — Ninguém nunca reclamou do beijo dele.

Kidou o olhou e concordou com a cabeça, se levantando e indo na direção dele calmamente, deixando seu copo no chão.

— Tem certeza, Kidou? — perguntou se levantando. — Olha, eu sei que beijo bem, mas... Não gostaria de perder o BV com alguém que você goste?

— Vamos logo!— disse Genda, já mais para lá do que para cá.

Kidou parou em sua frente e ambos riram de leve daquilo, mas logo se beijaram no meio de uma multidão gritando “Beija”, que logo começaram a aplaudir. O russo colocou a mão na cintura do japonês, trocando a cabeça de lado e aprofundando o beijo, logo colocando a língua.

— EU VI UMA LÍNGUA? — gritou Genda, parando provavelmente para beber um gole de cerveja. — Se eu fosse o anônimo, estaria morrendo de ciúmes.

Kidou parou o beijo, se virando para o amigo segurando as duas mãos de Yuri que estavam em sua cintura. O albino tentou tampar a boca do mesmo, mas como dito antes: Kidou estava segurando suas mãos.

— Eu sou o anônimo. — disse e todos pararam de falar, os olhando. Ele pode escutar um Dimitri dizendo “Oi?” baixinho atrás dele. — Não preciso ter ciúmes de mim mesmo.


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Notas finais do capítulo

tumblr da fic: http://weare-just-humans.tumblr.com/
Sim gente... Kidou é o boy do Yuri. E essas cenas da Mayumi, Lori, Jake e Kirino são importantes, ok? Fiquem de olho pq na do Jake, por exemplo, tem um elementinho que vai ajudar numa coisinha no futuro. -q
Até a próxima bebês. ♥
XOXO



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