All My Love Is For You escrita por Cris Oliver


Capítulo 1
Nothing Left To Lose (Capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Dedicada, novamente, à Barbara Pereira, minha eterna Mobi,
Você sempre vai ser a melhor amiga que eu tive



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Lee Seung Hyun estava inquieto enquanto observava o grande saguão do aeroporto em busca de certo alguém. Seus pais estavam carrancudos ao seu lado esperando o chamado do vôo que os livraria da vergonha da família.

— Pai... – o moreno começou a falar, mas foi bruscamente interrompido pelo pai.

— Você não tem mais o direito de me chamar assim, não depois do que você fez. – Lee Yeon Jin esbravejou tentando controlar-se ao máximo. – Como você ousa envergonhar a família desse jeito?

— Yeon Jin, acalme-se, estamos em lugar público. – Lee Ga In tentou acalmar o ex-marido que já se encontrava vermelho.

— Você deveria ficar calada, Ga In. Graças a você esse bastardo nunca levou a surra que merecia pra virar homem de verdade. – o homem gritou atraindo a atenção de algumas pessoas e fazendo a mulher ficar furiosa.

— Você acha que uma surra resolveria tudo? Você é um bruto, Lee Yeon Jin Não deveria ser pai de um menino tão especial quanto o meu Seung Hyun. – Ga In virou-se para o filho e sorriu docemente, ouvindo o ex-marido bufar a suas costas.

— Passageiros com destino a Austrália, por favor, embarquem no portão três. – a voz nasal da aeromoça assustou Seung Hyun.

— Finalmente. – Yeon Ji sorriu vitorioso, puxando a pesada mala do filho e indo em direção ao terminal.

— Vamos? – Ga In sorriu novamente, esticando a mão para o moreno que olhou o grande saguão uma ultima vez antes de sorrir tristemente para a mãe e aceitar sua mão.

   Mãe e filho caminharam como um casal de namorados, de mãos dadas, em silencio até o portão de embarque onde Yeon Jin largou a mala do filho e foi embora sem se despedir. Ga In suspirou frustrada ao ver a atitude do homem que um dia amou, mas voltou ao sorrir ao ver a cara triste do filho.

— Seung Hyun, não fique assim. – ela acariciou o rosto do filho. – Eu não estou te mandando pra Austrália por vergonha. Eu sou orgulhosa de poder te chamar de filho, não importa a sua orientação sexual.

Seung Hyun finalmente libertou as lagrimas que vinha guardando desde aquela manhã e, chorando como criança pequena, se jogou nos braços de sua mãe.

— Acalme-se meu amor, vai dar tudo certo. – Ga In repetia enquanto abraçava seu filho.

— Última chamada do vôo com destino a Austrália, embarque no portão três. — o chamado fez mãe e filho se soltarem.

— Eu prometo que você vai ser mais feliz lá.

— Mas eu não quero ir. – Seung Hyun choramingou com a voz rouca.

— E se a mamãe prometer que tem uma surpresa lá, você vai? – Ga In perguntou, apelando para o lado infantil que ela sabia que ainda existia no filho, mesmo que ele já tivesse vinte e nove anos.

Enxugando o rosto, o moreno acenou afirmativamente e a mulher sorriu.

— Cuide-se, meu panda. – e colocando-se na ponta dos pés, Ga In deu um beijo no rosto choroso do filho, que sorriu tristemente e encaminhou-se até a atendente com a passagem na mão.

  Virou-se mais uma vez e acenou para a mãe antes de atravessar a porta que mudaria a sua vida.

  Depois de evitar duas aeromoças mais atiradas, Seung Hyun finalmente viu-se sentado em sua poltrona na primeira classe. Por um lado, estava finalmente livre dos surtos de seu pai que insistia em querer comandar sua vida, mesmo que ele já fosse adulto e vivesse sozinho, mas por outro, estava longe de Choi Seung Hyun, o motivo de toda aquela briga. Suspirou cansado e permitiu-se relaxar na poltrona, fechando os olhos e relembrando como tudo chegou ao ponto em que estava.

 

Flashback~

 

Onze anos atrás...

 

  Não seria um primeiro dia de aula normal se Seung Hyun não estivesse atrasado. Seu primeiro dia de aula na faculdade e ele perdeu a hora graças a bebedeira e o corpo quente da garota desconhecida que o prendeu até mais tarde na cama.  E, para piorar sua situação, estava perdido.

— Inferno, por que isso tem que ser tão grande? – ele praguejou, ouvindo sua voz ecoar pelo corredor.

— Posso ajudar?

O tom de voz grosso e rouco assustou o moreno atrasado, que se virou para encontrar seu dono. Alto, magro, com roupas refinadas demais para um simples aluno e cabelo loiro. Branco prateado foi o que Seung Hyun constatou assim que o estranho se aproximou.

— Qual é o seu curso?  - a voz e a proximidade fizeram o moreno ficar estranhamente nervoso.

— Direito. – sua voz saiu rouca e ele engoliu em seco.

— Eu também vou pra lá, vamos juntos...? – o loiro sorriu.

— Lee. – Seung Hyun se curvou brevemente. – Lee Seung Hyun.

— Choi Seung Hyun. – ele também se curvou.

— Temos o mesmo nome. – O Seung Hyun moreno comentou animado como uma criança, fazendo o outro Seung Hyun sorrir antes de começar a andar.

— Então, pra evitar confusões deveríamos ter apelidos. – ele olhou para o moreno ao se lado que mordia o lábio nervosamente.

— Claro... – Seung Hyun começou a responder, mas foi interrompido por um grito no final do corredor.

— Teacher! – uma morena alta e cheia de curvas vinha rebolando pelo corredor. – O senhor está atrasado, Seung Hyun.

— Desculpe-me, Ha-Ra. Eu acabei esbarrando no meu amigo, Seung Hyun e esqueci-me da aula. – o loiro sorria simpático para a garota a sua frente enquanto Seung Hyun sentia-se estranhamente emocionado e eufórico.

— Seung Hyun? – ela finalmente pareceu perceber a presença do outro ali. – Olá, Seung Hyun. O senhor também é professor ou é mais um tentando conquistar o coração do nosso querido professor Choi aqui?

Seung Hyun sentiu-se envergonhado e irritado ao mesmo tempo. Não sabia o que responder a morena sorridente a sua frente. Talvez por isso que o Seung Hyun loiro resolveu tomar as rédeas da situação.

— Park Ha Ra, ele é só um aluno e você está assustando o pobre rapaz. Vamos para a sala de aula, certo? – o loiro sorriu envergonhadamente para o moreno com o rosto avermelhado a sua frente antes de começar a andar rebocando Ha-Ra junto de si.

— Espera professor. – a Ha-Ra soltou-se do loiro e foi até Seung Hyun, que ainda estava parado no meio do corredor. – Você é de qual curso, baby?

— Direito. – o professor respondeu por ele, recebendo um olhar estranho da morena. – O que foi? Eu perguntei.

— Então vamos, baby. Eu vou te arrumar aquele gato ali. – a morena sussurrou, piscando e rindo para o moreno que a olhava assustado.

Seung Hyun não encontrou sua voz para responder a garota, por isso, saiu sendo arrastado pelo braço enquanto a menina rebolava até chegar perto do professor novamente.

— Vamos logo casal maravilha. – ela sorriu, enlaçando seus braços aos dos dois Seung Hyun.

— Quer dizer que você não é gay? – Park Ha Ra gritou no meio do refeitório, horas mais tarde depois de ter conhecido Seung Hyun.

— Por que você não faz uma placa e coloca isso na porta da faculdade? É melhor do que gritar. – o moreno reclamou.

Estava mal humorado desde o fim da aula de ciência política, matéria que Seung Hyun lecionava. Ele só não sabia o motivo de seu mal humor, afinal, a não ser as provocações de Ha-Ra, nada demais acontecera durante a aula.

— Mas tava rolando uma química entre vocês. Parecia até aquele momento em que a mocinha e o mocinho se conhecem nos dramas. – ela mordeu seu bolinho.

— Você é romântica demais, senhorita Park Ha-Ra. Não estava acontecendo nada. Nós só nos conhecemos e estávamos conversando. – Seung Hyun balançou os ombros e voltou a comer.

— Eu não sou romântica, eu enxergo as coisas Seung Hyun. E é a primeira vez que eu vejo o Seung Hyun com aquele brilho no olhar desde o Ji Yong.

— Seung Hyun? Desde quando você fala dele tão informalmente? – o moreno sentiu-se irritado.

— Somos amigos de tempos. – Ha-Ra sorriu abertamente enquanto olhava o rosto de Seung Hyun passar de irritação para curiosidade. – Viu? Você até sente ciúme. Você se sentiu atraído por ele. Assuma Seung Hyun!

— O que ele tem que assumir? – a voz rouca de Seung Hyun assustou Ha-Ra e fez o mal humor do moreno sumir, o que não passou despercebido para a garota.

— Que ele parece um panda. Olha as olheiras, olha esse jeito lerdo como se tivesse preguiça de viver. Ele não parece um panda, Hyun? – ela piscou para o Seung Hyun vermelho e sorriu para o professor, que a essa altura já estava sentado na mesa junto aos dois.

— Sim. Lembra um daqueles ursos que você tem no seu quarto. – Seung Hyun riu, colocando o copo de plástico fumegante em cima da mesa.

— Deixa eu adivinhar: você foi até uma Starbucks só pra comprar esse café? – Ha-Ra apontou para o copo e o professor riu balançando os ombros.

Seung Hyun ainda pensou em sair silenciosamente da mesa e deixar os dois à sós, mas não pode concluir seu plano ao sentir a morena segurando sua perna por debaixo da mesa.

— Então Hyun-Panda, você tem namorada ou namorado? – ela sorriu, ainda sem soltar a perna do moreno que olhava confuso pra ela.

— Não. – a resposta pareceu atrair a atenção de Seung Hyun que até aquele momento estava distraído observando algum ponto distante.

— Então você está livre, leve e solto? – a morena inclinou-se na direção do moreno.

— Sim, senhorita. – o moreno também se inclinou, sentindo-se muito mais estranho por estar fazendo aquilo na frente de Seung Hyun.

— Então o Hyun vai amar isso. – ela voltou a sua posição normal e riu ao ver a expressão de Seung Hyun, que olhava os dois mortalmente. – Não é, Hyun? Por que você não o convida pra sair?

—  Park Ha-Ra! – o loiro estava claramente envergonhado, assim como Seung Hyun que olhava a cena sentindo seu rosto esquentar. – Não me provoque, certo?

— Sim, Senhor! – ela sorriu e amassou a embalagem vazia de seu bolinho já comido. – Mas vocês ainda vão namorar, vão morar junto e quando quiserem um filho, eu vou dar um pra vocês.

— Você prevê o futuro agora? – Seung Hyun perguntou debochado.

— Só o de vocês. – ela piscou para os dois e saiu rebolando.

— Ela não é muito normal, não é? – Seung Hyun perguntou envergonhadamente.

— Acostume-se, ela pode ser bem pior. – o loiro respondeu e tomou um gole de seu café.

— Espero que não seja comigo por perto. – o moreno sorriu sentindo-se menos nervoso.

— Só vai ser se eu estiver também. – o professor respondeu, agora encarando seu aluno.

— Por que ela faria isso? – Seung Hyun sorriu, fingindo-se de desentendido.

— Porque ela acha que eu estou afim de você. – suspirou antes de tomar outro gole.

— E você está?

— Você fugiria se eu falasse a verdade?

— Talvez sim.

— Então pense o que quiser. – Seung Hyun sorriu, terminando seu café e se levantando da mesa.

 Porém, ao passar ao lado de Seung Hyun, foi parado pelo mesmo, que agarrou o braço do professor e o encarou.

— Talvez não.

— Então venha até a minha casa e eu respondo a sua pergunta. – o loiro sorriu e piscou para o moreno que soltou seu braço, sentindo-se estranhamente excitado.

Dez anos atrás...

 

— Lee Seung Hyun! – os gritos de Ha-Ra o fizeram parar de andar e olhar pra trás.

  A morena, agora com mechas loiras, vinha correndo em sua direção desesperadamente. Parou na frente do mais velho e curvou-se enquanto tentava recobrar o fôlego.

— O que você fez com o Hyun? Ele parecia destruído na aula hoje. E eu não estou dizendo no bom sentindo.

Ela finalmente olhou o rosto do amigo e constatou que ele também não estava bem.

— Baby, vocês brigaram? O que aconteceu?

— Não aconteceu nada, só brigamos. E terminamos. – Seung Hyun sorriu tristemente balançando os ombros.

— Seung Hyun, o que você aconteceu? – Ha-Ra perguntou rudemente.

— Ele queria que eu o levasse lá em casa e acabasse com essa farsa de que você é a minha namorada. – ele balançou os ombros novamente e começou a andar.

— E por que você não fez isso, Panda? – a morena o acompanhou.

— Meus pais acabaram se separar, eu estou vivendo com o meu pai. Você acha que ele aceitaria isso facilmente?

— Isso? O seu relacionamento com o Hyun?

— É, você acha que ele aceitaria ter um filho... Diferente?

— Diferente? – a morena repetiu ofendida – Você não é diferente, você só é gay! – ela gritou a ultima palavra e o moreno tampou-lhe a boca.

— Não...

— Você tem vergonha de ser gay, Seung Hyun?

— Não...

— Então você tem vergonha do Hyun?

— Não...

— Então por que você não aceita isso? Por que você não apresentou o Hyun pro seu pai?

— Porque o meu pai não me aceitaria como gay. Ele acha que filho dele tem que ser homem, casar com uma mulher e ter filhos.

— Seu pai é um preconceituoso filho da...

— Park Ha Ra! – censurou Seung Hyun.

— Mas é verdade. Eu acho que você deveria morar sozinho.

— Depois da faculdade, eu vou fazer isso. – Seung Hyun respondeu sorrindo para a menor.

— E vai morar com o Hyun? – Ha-Ra sorriu animada.

— Talvez. Se a gente voltar. – o moreno suspirou tristemente.

— Não por isso. – a morena sorriu, puxando o celular do bolso e levando-o ao ouvido. – Ouviu tudo, Hyun?

  Seung Hyun se assustou com a atitude da amiga e falsa namorada, mas logo sorriu, afinal, depois de um ano já estava acostumado com os planos loucos da mesma, já que fora ela quem tivera a brilhante idéia de se fingir de namorada dele para que ele pudesse se encontrar com Seung Hyun sempre que desejasse.

— Ok. – ela virou-se para o moreno sorrindo e estendendo o telefone. – É o seu verdadeiro namorado, ele quer falar com você.

  Sorrindo, Seung Hyun levou o telefone a orelha.

— Seung Hyun?

— Eu te amo. – a voz rouca que mexia com o coração do jovem Seung Hyun disse, fazendo-o sorrir.

— Eu também te amo. Desculpe-me por ontem. – ele sussurrou envergonhado, desviando do olhar curioso de Ha-Ra.

— Você falou sério quando disse que queria morar comigo? – o moreno conseguia enxergar o sorriso no rosto do loiro.

— Sim, Senhor!.  – Seung Hyun riu.

— Lee Seung Hyun, você me chamou de senhor? – o professor perguntou num tom sombrio e malicioso.

— Sim, Senhor! – provocou o estudante.

— Venha até o estacionamento em dez minutos que eu vou te mostrar o senhor. – prometeu maliciosamente desligando o telefone logo a seguir.

 Seung Hyun entregou o celular apressadamente para Ha-Ra que sorriu maliciosamente ao ver a pressa do falso namorado.

— Louco pra dar, né?

— Park Ha Ra! – repreendeu o mais velho.

— O que foi, Panda? É verdade. – ela balançou os ombros.

— Não vou discutir contigo, não agora. – Seung Hyun respondeu dando as costas para a menina e seguindo o caminho para o estacionamento.

— A gente discute mais tarde, na cama querido! – ela gritou e ouviu a risada do moreno.

Doze minutos mais tarde, Seung Hyun chegou ofegante ao estacionamento, tentando recuperar o fôlego e xingando-se mentalmente procurou o caro carro de seu namorado. Encontrou Seung Hyun encostado no mesmo, olhando-o maliciosamente.

Postou-se na frente dele com um sorriso nos lábios.

— Desculpe o atraso.

— Desculpa por ontem.

 Sorriram um pro outro e em um piscar de olhos, o professor puxou Seung Hyun de encontro ao seu corpo pela cintura. Beijou-lhe calma e apaixonadamente, explorando cada canto da pequena boca do namorado. Apertou mais o pequeno corpo contra o seu, sentindo sua ereção esfregar-se contra a do outro.

— Você tem tempo agora? – o professor perguntou ofegante, enquanto descia os lábios pelo rosto até o pescoço de Seung Hyun.

O moreno por sua vez, não encontrou sua voz e só acenou afirmativamente, sentindo seu corpo ser empurrado para dentro do carro logo a seguir.

Seis anos atrás...

— Por que eu estou aqui mesmo? – Lee Yeon Jin perguntou entediado e sem paciência.

— Eu preciso contar algo pra você e pra mamãe, os dois juntos ao mesmo tempo. Tenha paciência, pai. – Seung Hyun respondeu nervoso e envergonhado, olhando a porta de casa pela milésima vez desde que chegara.

Ele finalmente decidira assumir seu relacionamento com Seung Hyun para seus pais, principalmente depois que a decisão de ter um filho resultou em uma gravidez de Ha-Ra, por inseminação artificial. Por esse motivo que agora ele, Seung Hyun, Ha-Ra e Yeon Jin estavam sentados na casa em que Seung Hyun vivia secretamente com o professor, esperando Ga In.

 O moreno prendeu a respiração ao ouvir a campainha. Era hora da verdade, sua mãe finalmente chegara. Levantou-se e foi até a porta onde encontrou a mulher sorridente.

— Meu Panda! Desculpe-me o atraso, tive que trabalhar até mais tarde. – ela colocou-se na ponta dos pés e deu um beijo na bochecha do filho, entrando na casa logo a seguir.

— Tudo bem, mãe. – sorriu nervoso, fechando a porta e indo atrás da mãe.

— Boa noite, Yeon Jin. – ela disse em tom rígido, logo mudando ao ver Seung Hyun e Ha-Ra – Olá, crianças. O que aconteceu de tão importante que você chamou a todos nós aqui?

  Seung Hyun respirou fundo e olhou na direção do loiro que já o encarava sorrindo amavelmente.

— Há alguns anos atrás, assim que eu entrei na faculdade eu descobri que sou... Diferente.  – respirou fundo mais uma vez e encarando namorado voltou a falar. – Eu percebi que sou gay.

 Yeon Jin encarava o filho com raiva.  As narinas dilatadas, a respiração ofegante e o rosto vermelho já o entregavam. Ga In encarava o filho com um misto de surpresa e confusão

— O que você acabou de dizer? – a voz grave do pai fez Seung Hyun recuar – Filho meu não é e nunca será um doente desse tipo. Tire essa loucura da cabeça, bastardo. Você tem uma namorada, como ousa envergonhá-la na frente dos sogros?

— Na verdade, - Ha-Ra levantou-se e foi até Seung Hyun, segurando sua mão e apertando-a de leve. – Nós nunca fomos namorados.

— Eu estava sendo enganado o tempo todo? – Yeon Jin estava transtornado.

  Levantou-se do sofá e começou a andar em círculos.

— Como você ousa fazer isso comigo depois de tudo que eu sofri pra te criar, seu bastardo? Como você ousa desonrar a sua família desse jeito? Eu deveria te matar.

Em um movimento rápido demais para se acompanhar, ele avançou na direção de Seung Hyun e foi impedido por Ga In, que se movendo mais rápido, postou-se entre pai e filho.

— Não ouse machucar o meu filho. – seu tom era sério e ameaçador.

— Só pode ser seu filho mesmo pra ter nascido desse jeito. – ele bufou e deu as costas para a ex-mulher, voltando a andar em círculos.

— Meu filho é perfeito, só você não vê isso com esse seu jeito bruto de sempre. – Ga In cuspiu as palavras, relaxando ao sentir o filho segurar sua mão.

Yeon Jin virou-se para a mulher, encarando-a se possível, com mais raiva.

— A culpa não é minha dele ser doente desse jeito, a culpa é sua.

— A opção sexual dele não é uma doença. O seu preconceito é doença. Seu idiota, bastardo, por que você não pode aceitar ele do jeito que ele é? Você deveria...

 O discurso da mãe de Seung Hyun foi interrompido quando Yeon Jin avançou em sua direção, com o braço levantado, preparado para acertá-la, quando Seung Hyun segurou seu braço.

— O senhor não deveria bater em uma dama.

O tom ameaçador pareceu fazer a fúria do pai de Seung Hyun aumentar. Ele puxou rudemente seu braço e caminhou até a porta com passos pesados.

— Quando você voltar a ser um membro sensato da família Lee, fale comigo. – e saiu.

 Assim que Yeon Jin saiu, todos pareceram voltar a respirar. Seung Hyun largou a mão de Ha-Ra e de sua mãe e caiu pesadamente no sofá com Seung Hyun ao seu lado, abraçando-o pelos ombros.

— Perdão, mãe. Eu não fiz isso por querer. Eu... só me apaixonei. – o moreno começou a falar, encarando os pés da mãe que permanecia em pé observando o casal sentado à sua frente.

— Perdão pelo quê, meu Panda? – Ga In sorriu e jogou-se no colo do filho, que finalmente a olhou – Eu acho isso normal. E lindo. Você é meu filho, sangue do meu sangue, você saiu de mim e eu vou te aceitar do jeito que você quiser ser. Pode ser com um homem, com uma mulher, até com um cachorro se você quiser. – ela sorriu docemente acariciando o rosto do filho. – Todas as formas de amor são aceitas, se te fazem feliz.

— Mamãe... – o moreno suspirou, abraçando a mãe.

— É... Tão... Fofo! – Ha-Ra disse entre soluços enquanto chorava copiosamente ao ver mãe e filho naquela cena.

Sorrindo, Seung Hyun levantou-se e andou até a mãe de seu filho, abraçando-a.

— Agora me conta, quem é o seu namorado? – perguntou curiosa e sorridente, quebrando o abraço com o filho.

— Esse seria eu, senhora Lee. – o loiro respondeu, ainda abraçando a morena que chorava em seus braços.

— Meu Deus! Que menino bonito você conquistou meu filho! – Ga In apertou as bochechas do filho. – E quanto tempo vocês estão juntos?

— Cinco anos e três meses, mãe. – respondeu o moreno.

— E quais são as suas intenções com o meu doce filho, senhor Choi? – ela levantou-se do colo do filho e caminhou até o professor.

— Casar, ser feliz com ele e o nosso filho. – Seung Hyun respondeu sorridente.

— Filho? Vocês estão grávidos? – a mulher olhava os dois surpresa.

— Eu estou grávida, na verdade. – respondeu Ha-Ra enxugando as lágrimas e se separando do loiro.

— Eu vou ser avó! – Ga In gritou - Eu quero um abraço, agora!

  Rindo, os quatro se abraçaram e logo se separaram. Ha-Ra voltou a chorar e dessa vez foi consolada pela futura vovó, já que os braços do Seung Hyun loiro estavam em volta de Seung Hyun moreno agora.

— Vai dar tudo certo. – o loiro sussurrou.

— Com você junto comigo, eu sei que vai.

  Sorrindo um para o outro, os dois se beijaram sendo observados pelas duas mulheres atentas.

Um ano atrás...

   Seung Hyun se jogou no sofá bufando, afrouxando a gravata e passando a mão nervosamente pelos cabelos. Passara o dia à procura de um emprego, mas em nenhum foi aceito. Faltavam-lhe qualificações, já que não pode terminar a faculdade depois do escândalo que aconteceu ao ser noticiado o relacionamento entre ele e seu professor.

Suspirou cansando pensando em tudo o que acontecera depois daquilo. Primeiro, Seung Hyun perdera o emprego, depois ele fora expulso da faculdade e por ultimo, Ha-Ra fora embora da Coréia fugindo do pai furioso do moreno que, ao saber da gravidez, ameaçou a menina e prometeu-lhe desaparecer com a criança caso ela nascesse perto dele, fazendo assim que os pais da pequena menina nunca a conhecessem.

 O moreno despertou de seus pensamentos ao ouvir a porta se abrir. Por ela, um Seung Hyun cansado, de cabelos bagunçados e estranhas olheiras passara. Jogou-se no sofá ao lado do companheiro recostando-se de olhos fechados.

— Dia difícil? – Seung Hyun ousou perguntar.

  Desde que fora demitido da faculdade, o loiro jamais conseguira emprego fixo novamente. Tinha pequenos empregos, mas constantemente era demitido e obrigado a procurar outro.

— Fui demitido. De novo. – ele respirou fundo e encarou Seung Hyun. – Eu não agüento mais isso. O seu pai nem é o prefeito e parece que toda a cidade sabe que eu sou homossexual e acaba me demitindo.

— Uma hora isso vai parar. – o moreno suspirou.

— Não vai parar, Lee Seung Hyun. – o loiro explodiu, levantando-se e o mais novo se assustou.

 Em quase onze anos de relacionamento o professor jamais o chamara pelo nome completo.

— O seu pai tem nos atormentado por quase seis anos. Primeiro nos denunciou a faculdade mesmo sabendo que eu iria renunciar ao meu cargo. Depois aquele bastardo fez a Ha-Ra ser obrigada a desaparecer e levar a nossa filha pra longe se não ele faria algo com ela. E agora só temos contas e sem dinheiro pra viver, então me diz, Lee Seung Hyun quando você acha que vai parar? Quando a sua mãe parar de nos ajudar? - o Seung Hyun loiro esbravejou e parou olhando para o companheiro que só o observava, encolhido no sofá.

— O que você quer dizer? – foi a única coisa que Seung Hyun conseguiu falar.

— Que eu estou indo embora. Assim ele para de te atormentar. – passou a mão nervosamente pelos cabelos e foi até o quarto.

 Seung Hyun ainda estupefato caminhou até o quarto e observou seu namorado, agora ex, jogar suas roupas na mala.

— E todas as nossas promessas? E aquela história de “estamos juntos até o fim”? – o moreno segurava suas lagrimas.

— Chegamos ao ponto em que as promessas são quebradas. Não podemos continuar juntos, você não percebe? – a voz do loiro estava mais grossa do que o normal enquanto ele andava furiosamente pelo quarto sem encarar o outro.

— Então esse é o nosso fim?

  Os olhos marejados de Seung Hyun acompanharam os últimos passos do mais velho pelo quarto, antes que o mesmo se voltasse para o garoto choroso a sua frente.

— Esse é o nosso fim.

Dito isso, passou pelo moreno, mas parou antes mesmo de dar um passo.

— Encontre uma boa mulher pra você e orgulhe seu pai. Nos encontramos do modo certo na outra vida, Lee Seung Hyun. – e foi embora.

 Seung Hyun esperou ouvir a porta da frente bater antes de deixar as lágrimas rolarem. Encolheu-se na porta do quarto chorando copiosamente enquanto implorava incoerentemente pela volta de seu amor.

Fim do flashback~

  Seung Hyun respirou fundo para conter as lágrimas que ainda teimavam em cair todas as vezes que se lembrava do que acontecera. Depois que foi abandonado por Seung Hyun, passou meses em depressão até que sua mãe, triste por ver o filho daquele jeito, tentou ajudá-lo novamente.

Por muita insistência do pai, tentou seguir sua vida. Tentou sair com uma garota apresentada por seu pai para um encontro arranjado, mas acabou estragando tudo e mais uma vez enfureceu o velho senhor Lee.

 Por fim, sua mãe intervira e após meses de conversa, resolveu que o melhor seria mandá-lo para a Austrália, aonde terminaria sua faculdade, arrumaria um bom emprego e poderia seguir sua vida com quem quisesse, sem a interferência de seu pai.

Fechou os olhos e permitiu-se relaxar observando o céu da pequena janela do avião.

Com o rosto amassado e os olhos inchados, Seung Hyun caminhou pelo saguão do aeroporto da Austrália. Sentia-se cansado, mas extremamente aliviado. Longe da Coréia, longe de seu pai, longe de Seung Hyun.

Suspirou cansado, passando os olhos pelo amplo e luminoso lugar, então viu. Uma coreana de cabelos pretos segurando uma placa escrita seu nome em hangeul. Coçou os olhos e começou a seguir em direção à estranha conhecida.

— Você é a minha surpresa, Park Ha-Ra? – ele perguntou quando chegou perto da garota que sorria animadamente.

Em resposta, ela acenou negativamente e deu um passo para o lado, revelando uma criança. Pequena como uma criança deveria ser, com longos cabelos castanhos, olhos puxados, roupas coloridas e um rosto estranhamente familiar. Ela olhava desconfiadamente para o homem à sua frente, que a olhava assustado e surpreso.

Deu alguns passos até Ha-Ra, que abaixou até estarem na mesma altura. Sussurrou algo em seu ouvido e recebeu um aceno afirmativo como resposta. Logo, um sorriso infantil e familiar espalhou-se por seu rosto.

— Papai! – ela gritou correndo e se jogando nos braços do Seung Hyun surpreso e sorridente.

 O abraço de pai e filha foi longo e molhado por lágrimas de ambos, que emocionados, só sabiam chorar. Ha-Ra em seu canto chorava enquanto observava a cena a sua frente.

— Papai, cadê o outro papai? – a morena menos perguntou depois que finalmente se soltaram.

  Seung Hyun, que estava abaixado na altura da filha e quase sentado no chão, surpreendeu-se com a pergunta e olhou curioso para Ha-Ra.

— O que foi? Eu não iria mentir pra ela. Afinal, Joo Yeon é tão filha de vocês quanto é minha. – ela balançou os ombros.

O moreno voltou seus olhos para a pequena a sua frente.

— Joo Yeon?

— Lee Joo Yeon! O Lee e o Yeon são do papai Panda e Joo do do papai Hyun. – a pequena Joo Yeon respondeu sorrindo.

— E quantos anos você tem, Yeon? – ele sorriu encarando o rosto da filha.

— Vou fazer sete anos daqui a dois dias!

— Então quer dizer que eu cheguei a tempo pro seu aniversário? – Seung Hyun perguntou surpreso se levantando e pegando a menina no colo.

— Sim! Vai poder comemorar esse ano comigo. – ela respondeu sorridente enquanto os três caminhavam para fora aeroporto como uma família tradicional.

— E ele nunca mais deu noticia? – Ha-Ra perguntou naquela noite, depois de colocarem Joo Yeon para dormir.

 Seung Hyun acenou negativamente depois de contar tudo o que acontecera desde que partira.

— Mas e você? Como chegou à Austrália? – ele tomou um pouco de seu chá encarando a amiga.

— Sua mãe. Ela me mandou pra cá depois que a Yeon nasceu. – ela respondeu sorrindo.

— A Yeon nasceu na Coréia? – Seung Hyun perguntou surpreso.

— Sim, ela não te contou? – o moreno negou. – Ela disse que mandaria você e o Seung Hyun pra cá quando fosse necessário.

Seung Hyun exalou fortemente tentando conter as lágrimas. Não queria chorar.

— Ainda dói? – Ha-Ra perguntou depois de observar o amigo por alguns segundos em silencio.

— Mais do que qualquer outra coisa que eu já senti na vida. – ele respondeu com a voz embargada.

— Então chore, Seung Hyun. – ela levantou-se e caminhou até o moreno, abraçando-o. – Eu estou aqui agora.

Então Seung Hyun permitiu-se chorar e colocar pra fora tudo o que guardara durante meses.

Dois dias depois...

A pequena casa de Ha-Ra estava completamente colorida. Estava repleta de papeis, balões e panos coloridos, do jeito que Joo Yeon gostava, como ela mesmo falara pro pai. A menina parecia radiante enquanto corria pela casa, perguntando –em inglês e coreano-, quem precisava de ajuda.

— Ha-Ra, o que você tomou quando estava grávida? A minha filha parece um mini furacão! – Seung Hyun choramingou ao ver a filha correr pela casa mesmo depois de cair várias vezes.

— Certeza que quer saber? – ela perguntou sorrindo maliciosamente

Seung Hyun revirou os olhos e Elena, uma das amigas australianas da morena, riu apoiando-se nele, que sorriu educadamente, afinal, já estava começando a se acostumar às investidas das amigas de Ha-Ra.

A campainha tocou e o moreno viu a ali a sua chance de fugir. Deu uma rápida piscadela para Ha-Ra e levantou-se num pulo.

— Eu atendo!

— Eu atendo, eu atendo, eu atendo! – ouviu Joo Yeon gritar enquanto corria em direção a porta.

Como era previsto, pai e filho acabaram batendo-se e caindo no chão rindo.

— Por que você corre tanto, Yeon? – ele choramingou, levantando-se do chão e pegando a filha no colo.

— E por que você anda tão devagar, papai Panda? – ela perguntou seria, mas logo começou a rir.

Mesmo sem motivos, os dois começaram a rir e o moreno abriu a porta.

   A pessoa ali parada, segurando um grande embrulho cor de rosa sorriu ao ver a cena, porém, o sorriso de Seung Hyun desaparecera. Estava surpreso por ver Choi Seung Hyun, ali parado com um sorriso no rosto.

— Aqui é a casa da Lee Joo Yeon? – o loiro perguntou com sua habitual voz grossa, em coreano, sorrindo para os dois.

— Eu sou a Yeon! Quem é você, senhor? – a pequena morena respondeu também em coreano, surpreendendo o loiro.

— Eu sou o Choi Seung Hyun, boa tarde senhorita Lee. – ele curvou-se rapidamente.

Joo Yeon parou de sorrir por um momento e olhou curiosa para o homem a sua frente antes de virar-se para seu pai.

— Papai, esse Seung Hyun é o meu outro pai? – ela entortou a cabeça ligeiramente.

  Seung Hyun, que estava nervoso demais para conseguir responder, só acenou afirmativamente.

— Papai! – ela gritou e se jogou nos braços do homem a sua frente, que não teve outra escolha a não ser jogar o que estava segurando no chão e segurando a menina.

— Como você sabe que eu sou o seu pai? – o loiro perguntou encarando a menina.

— Porque ela é inteligente e precisa saber das coisas. – Seung Hyun respondeu pela menina, que só balançava a cabeça afirmativamente.

— Pai. – ela puxou a gola da camisa de Seung Hyun e atraiu sua atenção. – Por que você não veio junto com o papai Panda?

— Papai Panda? – o professor soltou uma gargalhada e virou-se para Seung Hyun – Isso é coisa da Ha-Ra, não é?

O moreno, por sua vez, só acenou o que fez o loiro rir mais uma vez.

— Eu vim depois porque eu tinha que resolver algumas coisas. – Seung Hyun respondeu a filha.

— Seung Hyun! – eles olharam em direção à voz e encontraram Ha-Ra encarando-os com as mãos na cintura. – Você está atrasado!

— Peço desculpas, senhora. – o loiro respondeu rindo.

— Vou te mostrar a senhora quando eu...

— Park Ha Ra! – gritaram juntos os dois Seung Hyun.

— O que foi? Eu só ia dizer quando eu me casar. Homens são tão confusos, não é Yeon? – ela fez bico e acenou afirmativamente várias vezes, fazendo Joo Yeon, que estava deitada no ombro de Seung Hyun, rir.

— Eles não são só homens, omma. Eles são papais. Meus papais. – a menina respondeu e piscou para os três, antes de pular do colo do outro pai e sair correndo pela casa.

— Ela sempre corre assim? – Seung Hyun choramingou, contendo-se para não gritar “cuidado”.

— Sempre. – choramingou Seung Hyun e Ha-Ra riu.

— Bem, acho que agora vocês têm que se resolver não é? – ela perguntou, empurrando o moreno para fora da casa. – Vão até o parque e conversem, mas estejam de volta antes das sete ok? Ok.

Ela puxou as malas de Seung Hyun e fechou a porta na cara dos dois que evitavam se encarar.

— Nós não precisamos ir tão longe, se você quiser. – Seung Hyun começou timidamente. – Podemos só sentar aqui e conversar.

— Tudo bem. – o loiro sorriu e sentou-se no primeiro degrau da escada, sendo seguido logo após pelo moreno.

 Os dois ficaram em silencio, encarando os carros estacionados na rua. Nenhum dos dois tinha coragem de começar a falar.  Seung Hyun suspirou auditivamente.

— O que nós faremos agora? – Choi Seung Hyun perguntou de repente assustando o outro.

— O que você quer fazer? – o moreno perguntou encarando o antigo companheiro.

— Acho que pedir pra recomeçar seria demais, não é? – ele se virou para o moreno, que nada respondeu, só o encarava. – Então, eu só queria poder te pedir pra ter uma relação com ela. Claramente ela é sua filha, ela é a cara da sua mãe. Então eu não vou te obrigar a se separar dela, como eu sei que você não faria comigo. Só queria ter algum tempo com ela.

— E comigo?

— Eu não sei o que fazer pra te reconquistar, Seung Hyun. Nunca tive um relacionamento aonde eu pedia pra voltar.

 - Não me compare ao Ji Yong!

— Não estou comparando, você é melhor do que ele, Seung Hyun. – ele respirou fundo - Eu sou um fraco, um nada perto de você. Por isso não me acho no direito de pedir pra voltar, pra recomeçar. Eu errei naquele dia, eu percebi isso assim que saí por aquela porta. Mas eu não podia voltar. Eu não queria ver seu pai me destruir e te fazer mal junto comigo. Eu precisava te deixar ir. – ele terminou de falar e abaixou a cabeça.

— Então você pode me deixar voltar? – a pergunta de Seung Hyun surpreendeu o loiro que logo se virou para olhá-lo.

— O que?

— É isso o que você ouviu, Seung Hyun. Eu não quero e nunca quis me separar de você, eu quero que fiquemos juntos. Eu passei por isso tudo, vivi tudo, porque eu sei que o significado e força do seu, do nosso amor, é mais forte que o meu pai. – o moreno sorriu. - Eu te amo, Hyun-a. Eu sempre te amei e sempre vou te amar. Nessa vida, na outra e em todas que vierem. Você é o meu destino.

 Seung Hyun sorriu antes de abraçar e atacar os lábios do mais novo. Beijaram-se intensamente, transmitindo tudo o que sentiram no último ano. Saudade, amor, perdão, tudo fluida naquele beijo.

— É... Tão...  FOFO! – Elena, Ha-Ra e Joo Yeon, que estavam paradas na porta, falaram ao mesmo tempo enquanto olhavam a cena a sua frente.

Os dois separaram-se rindo e olhando as três mulheres que choravam. O moreno abriu os braços e sua filha correu até eles, abraçando os dois pais.

— Quer dizer que agora vamos viver os três juntos? – ela perguntou enxugando as lágrimas.

— Sim. – o loiro respondeu sorrindo.

— Eba! Agora eu tenho dois pais. Ouviu, mãe? – olharam pra trás e viram Ha-Ra fazer bico.

— Deus, eu vou sofrer. – ela bufou.

— Não vai não, porque eu cheguei! – a voz de Ga In assustou a todos, que viraram rapidamente para vê-la, com as malas aos pés, parada na calçada observando a cena.

— Vovó! – Joo Yeon gritou correndo até a morena parada na calçada.

— CUIDADO! –gritaram os três pais ao mesmo tempo, logo depois rindo.

   Seung Hyun sorriu para a foto mais uma vez. A festa de aniversário de Joo Yeon já havia começado. A menina feliz e orgulhosa fazia questão de apresentar a todos os seus dois pais. E os dois sorriam vendo aquela cena.

— E no final deu tudo certo. – sussurrou Seung Hyun quando os dois ficaram sozinhos na cozinha.

— No final isso é tudo o que eu queria. – o moreno sorriu e os dois encostaram seus lábios leve e rapidamente.

— Promete que nunca mais vai me deixar ir embora?

— Não. Se você quiser ir, eu vou deixar.

— Por quê? – o loiro perguntou assustado.

— Por que mesmo longe, o seu coração sempre vai estar próximo.

— E se eu começar a amar outra pessoa?

— Eu não vou ligar. – o moreno balançou os ombros.

— Por quê?

— Porque todo o meu amor é seu. E isso basta.

Os dois Seung Hyun sorriram um pro outro antes de se beijarem mais uma vez.

FIM


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Notas finais do capítulo

Quando eu pensei em reescrever essa história, a ideia original era trazê-la pro Brasil. Entretanto, ao ler mais uma vez, eu vi que deixá-la na Coreia era uma boa escolha. No Brasil existe preconceito? Sim. Mas na Coreia do Sul existe muitíssimo mais e eu não queria perder esse toque que fez essa história entrar pra lista de preferidos de muitas pessoas quando foi postada pela primeira vez. Ela foi escrita já faz uns três anos, como presente de dias das crianças pra uma boa amiga. No início, era uma coisa bobinha, que só a gente tinha, mas depois eu achei bom e quis mostrar pro mundo. Primeiro, ela foi uma fanfic Topri e agora ela ganha personagens originais. Eu fiquei muito feliz em escrever essa história naquela época e fiquei muito feliz em revisar e reescrevê-la hoje. Espero, sinceramente, que você tenha sido feliz lendo.
E peço desculpas pelo textão. Essa história tem um valor sentimental enorme pra mim e o fato de postá-la de novo me causa um turbilhão de emoções. Mesmo assim, obrigado por ler essa nota imensa até o fim.


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Obrigada por ter lido ;)



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