A Ruiva escrita por TheRedheadUnsub


Capítulo 15
15




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Tem dias que eu fico pensando porque escolhi ser um agente federal, ao invés de qualquer outra coisa. Há dias que eu fico muito cansado. Tudo o que quero é um banho e umas boas horas de sono.
Abro a porta do apartamento. Mas... O que? A sala de estar está totalmente modificada. Onde estava a estante de livros está o rack com a televisão, o sofá na frente. A parede ostenta três quadros abstratos, a estante está entre o rack e a televisão. Há revistas em cima da mesa de centro e o ambiente foi arrumado de tal forma que agora há uma mesa de jantar com duas cadeiras e um arranjo de flores no centro.
- Leah? - Vejo-a na cozinha distraída, mexendo com uma colher o conteúdo de uma panela e cantarolando. - Leah? - chamo-a mais alto. Ela tampa a panela, ajusta a intensidade do fogo e se vira. Ao me ver, sorri. Está esmeramente maquiada. Os cortes no rosto dela estão bem disfarçados. Seus cabelos estão presos em um coque, e consigo ver um lápis colocado no meio deles.
- Spencer. Você chegou. - Ela vem na minha direção e me abraça. Como sempre, fico meio sem saber o que fazer, de modo que a abraço de volta levemente, com um braço só. Ela se desgruda de mim e me olha. Acho meio engraçado, pois ela é baixa, ou eu sou alto demais, porque ela tem que levantar a cabeça um pouquinho para falar comigo. - Não quero que você estrague tudo, então sem pôr os pés na cozinha. - Ela me gira na direção do quarto e me empurra gentilmente. Espera.. estragar o quê?
- O que eu iria estragar? ´- Pergunto me virando de volta, ficando de frente para ela.
- Duh, bobinho! - Ela afaga meus cabelos - Se eu te disser, vai deixar de ser surpresa.
Analiso-a. Ela usa uma camisa branca e um short. Está de pés descalços, as pernas ainda com umas marcas roxas. Espera... Ela está usando uma das minhas camisas.
- A propósito, minhas roupas ficam bem em você. - Digo. Ela dá uma risadinha.
- Obrigada. - Ela me vira na direção do quarto novamente. - E agora apenas siga minhas instruçoes, doutor. Tome um banho quente e demorado, coloque uma roupa confortável... Faça tudo calmamente, tá? - Ela me guia para dentro do quarto. - Vê se facilita as coisas para mim, ok? - Ela sussurra, roçando os lábios levemente em minha orelha. Ela me empurra levemente e volta para a cozinha.
A exemplo da sala de estar, o quarto também tem alterações, porém mais sutis. Um ursinho rosa claro em cima da cama. Um outro quadro e um espelho fixados na parede. Gosto do espelho. Coloco-me na frente dele e passo a mão nos cabelos. Afrouxo a gravata, tiro-a e a jogo em cima da cama. Tiro os sapatos, as meias, calço chinelos e vou para o banheiro. Termino de me despir e entro no box. Ligo o chuveiro e deixo a água morna escorrer e me molhar. Meus pensamentos estão a mil. Toda essa situação é atípica. As mudanças na casa, Leah usando minha roupa despretensiosamente, a tal surpresa, que parece que é alguma comida. Comparando com clichês, parece que somos um casal. Mas é impossível. Ela está a somente três semanas aqui...
Lavo meu cabelo e meu corpo demoradamente, levando mais que o tempo normal quase o dobro. Paro-me embaixo do chuveiro e deixo a água escorrer por mais uns dez minutos. Saio quando percebo que estou com os dedos enrugados. Seco-me com a toalha e visto o roupão.
- Leah, vou me vestir no quarto. Não entra, tá? - Aviso-a e entro no quarto. Fecho a porta e vou até o closet. Abro a primeira porta de correr, distraído e uma coleção de roupas de mulher, dobradas e separadas por cor e tipo me encara de volta, onde normalmente estavam as malas e os cobertores. Ela pegou parte do closet para si. Eu realmente não esperava que isso estivesse acontecendo, que ela iria se ambientar aqui.
Abro outra porta, pego a primeira muda de roupa que vejo pela frente, camisa, calça jeans, uma cueca, e me visto. Coloco uma gravata azul, mais por hábito do que por necessidade. Seco meus cabelos parcamente com a toalha, e os deixo do mesmo jeito de sempre, uma bagunça arrumada. Sento-me na cama e encaro o ursinho rosa. Meus pensamentos estão a mil ainda. Deve ter se passado uma hora. Já deve ter dado tempo de Leah ter preparado o que quer que seja.
A mesa de jantar ostenta dois jogos americanos, um de frente para o outro. Taças de vinho, três travessas com alimentos fumegantes, um cooler com uma garrafa dentro. Leah coloca algo na geladeira. Nota a minha presença, fecha a geladeira e caminha na minha direção.
- Timing perfeito. Acabei de arrumar a mesa. Vem, vamos comer.
Nos sentamos à mesa. Ela preparou lasanha, arroz e salada de batata. Os pratos estão lindamente decorados, com uma perícia quase gourmet.
- Uau... - é tudo o que consigo dizer. Estou realmente surpreso.
- Você gostou? - ela pergunta.
- Está lindo, Leah. Mas... porque tudo isso?
- Primeiro, a comida, Spencer. Prova. - Os olhos dela estão cheios de expectativa. Sirvo um pouco de cada coisa no meu prato. Ela se serve também. Comemos. E... Deus! a comida dela é ótima! - Gostou? - Ela me pergunta.
- Adorei. Realmente. Obrigado. - Digo, e dou mais uma garfada.
- Sabe, eu quero apenas retribuir. Você tem sido tão cuidadoso comigo durante todo esse tempo que eu não iria me sentir realmente feliz se não te retribuísse de algum jeito.
Leah abre o vinho, nos serve. Continuamos a refeição conversando sobre muitas coisas. Ela me pergunta coisas sobre a BAU, e eu a respondo. Falamos sobre livros, música, decoração, serial killers, comida. Ela traz a sobremesa, taças com doce de bombons. Lavamos a louça e ficamos sentados na sala, conversando e tomando mais vinho. Rimos muito, até brincamos de pega-pega pela casa. Terminamos jogados na cama, um do lado do outro, nos encarando e rindo descontroladamente, de algo que nem eu sei. De repente, lembro que já passou da meia noite e que precisamos dormir. Levanto-me da cama e sinto uma mão me puxando de volta.
- Spencer. Espera. -Diz Leah. Sento-me na cama ao lado dela, e ela se senta também. - Tem uma coisa que você ainda não me contou.
- O quê?
- Tem umas coisas meio confusas na minha cabeça, do dia do resgate. Eu sei que tudo o que estava acontecendo ao meu redor o meu cérebro processou pela metade, na maioria só escutei os sons, e via uma claridade maluca. Eu gosto de saber dos detalhes. Como você estava junto, deve saber.
- Fala. Qual é a sua dúvida? - Digo.
- Quando eu te vi pela primeira vez, eu achei que você era um anjo. Que eu tinha morrido e você iria me mostrar o paraíso ou o quer que seja. Eu devo ter falado alguma besteira, tenho certeza. O que eu disse?
- Você me elogiou. Disse que o meu cabelo era bonito, e levantou levemente a mão. Sua voz estava arrastada e fraca, e eu te disse pra não se esforçar para falar. Apesar disso, perguntou se você estava morta. Você não disse besteira, embora eu não concorde com a parte da beleza.
- Ah... para com isso. - Ela se aproxima de mim e toca meu rosto. - Nossa Dr. Reid! - Ela ri e acaricia minha bochecha. - Quem diria... QI de 187, memória eidética, capacidade de ler 20.000 palavras por minuto, 3 PHDs... E com toda essa inteligência, você ainda não é capaz de se olhar no espelho e ver a verdade. Você não faz ideia de como é bonito. - Ela tira o cabelo da minha testa, acaricia minha bochecha novamente, passa o polegar nos meus lábios lentamente. Toda essa lentidão faz com que eu me arrepie. É uma sensação estranha, nova, porém boa. Ela me admira como se eu fosse um troféu. Mas... Ela está bêbada, imaginando coisas. Eu também não estou tão sóbrio assim. Tenho medo que isso chegue longe demais.
Ela chega mais perto, e me beija. Ela solta sua respiração, eu faço o mesmo. Tenho que mandar meu corpo reagir. Toco o ombro dela, e correspondo ao beijo.
- Você gosta disso? - Ela pergunta, com a boca colada na minha, e dá uma risada.
- Sim. Não. Ah!, não sei. - Ela me beija de novo. - Você está aqui comigo, você é uma vitima de sequestro, eu nunca tive - De novo, dessa vez puxando meus cabelos - intenção de me relacionar desse jeito com você. - Mas até - de novo - que não é uma ideia ruim.
- Cala a boca, Dr. Reid. - Ela fala e ri. Sobe no meu colo e me beija intensamente. Seguro-a pela cintura e devolvo o beijo com a mesma intensidade. Ela desabotoa a camisa dela, e faz o mesmo com a minha. Vamos nos livrando de cada peça de roupa devagar, e a cada uma, meu pensamento racional vai indo pro ralo. Quando terminamos de nos despir, beijo cada hematoma do corpo dela. Fazemos sexo demoradamente, com toda a calma do mundo, meio anestesiados, meio bêbados, meio elétricos. Uma mistura de adrenalina, dopamina e álcool. Quando terminamos, ela não me diz nada. Somente se deita no meu peito, o beija e dorme. Respira devagar, sorrindo. Beijo a testa dela e dormimos assim, os dois juntos, na mesma cama, sem nenhum pedaço de tecido nos separando.


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