Você já deve ter visto na sinopse que minha vida não é uma das mais normais que alguém poderia ter, ou talvez seja até normal demais, bem, todos nós temos um pouco de loucura dentro de si não é mesmo? E se eu dizer que a minha é um pouco acima do comum? Calma, também não vamos me internar, logo você entenderá que tipo de loucura tenho.

Para conhecer um louco é necessário descobrir que tipos de loucos andam com ele, tenho muita história para trás que vai deixa-los surpresos, mais vamos começar com o presente, ou melhor, vamos começar com o ano onde tudo pode acontecer.

Os Loucos da minha classe:

Minha sala sempre foi a mais bagunçada do colégio? Correto, confesso que adoro o fato de minha sala sempre ter essa “fama”, e nesse ano, tudo está mais irado que o normal, aqui irei descrever um pouco sobre os doidinhos que estudam comigo, alguns são meus amigos, outros apenas colegas de classe, porém conheço o bastante de cada um deles para poder descreve-los.

Jackie (A Bipolar)

Bom, ela é uma das minhas melhores amigas, não éramos muito próximas mais nos aproximamos, sinto que já há conheço há muitos anos, sabe aqueles pensamentos malucos que você tem e acha que ninguém consegue te entender? Pois bem, eu encontrei essa maluca e vi o quanto era bom ter alguém pra você compartilhar suas coisas, nós somos muito iguais, as mesmas músicas, mesmas opiniões, mesmos defeitos, mesmas qualidades, enfim, Jackie é uma pessoa incrível.

Renata (A Exibida)

A considerei uma das minhas melhores amigas por muito tempo, hoje não considero mais, a acho muito fútil, não sei se ela mudou para pior com o tempo ou se sempre foi assim e eu não percebia, aquele tipo de garota taxada como a “gostosa” que faz de tudo para chamar atenção.

Leandro (O Inconveniente)

Era meu amigo quando eu tinha uns 5 anos, foi embora da cidade e voltou ano passado, no começo eu nem desconfiava que ele era o meu amigo de infância, descobri tempos depois, gosto do jeito maluco que ele tem, Leandro é meio perdido e muito inconveniente, mais sei que ele tem um coração bom, viramos amigos novamente.

Paloma (A certinha)

Nerd e lerda, essas palavras definem essa garota, se somos amigas? Somos, gosto muito dela, é muito divertida fora do colégio, mais dentro da escola é bastante comportada e odeia baderna, tem o coração bom e as vezes é ingênua e não percebe a maldade de certas pessoas.

Deise e Michele (As Patricinhas)

Vivem passando maquiagem durante as aulas e dando gritinhos chatos, porém, não são aquele tipo de patricinhas que humilham as pessoas sabem? São divertidas e meio confusas as vezes, as duas brigam e fazem as pazes o tempo todo, também são muito infantis.

Iago (O Play boy)

Exibido, arrogante e prepotente, adora ser o centro das atenções, as garotas todas babam por ele, nunca entendi o porquê disso, ele é apenas um metido magrelo, Iago adora diminuir e humilhas as pessoas, porém, a amizade de pouco tempo que tenho com ele me mostrou muita coisa, eu observo bem as pessoas, e sei que apesar de toda essa aparência de metido ele é apenas um menino carente e incompreendido.

Júlio (O perturbador)

Vive implicando com eu e minhas amigas, se intromete em tudo e até inventa fuxicos sobre a gente, é inteligente e sincero, somos amigos e gosto de conversar com ele apesar das intrigas.

Zaqueu (O Curioso)

Sonha em ser um cientista, tem a mania de ser curioso com tudo, sabe aqueles nerds de filme? Zaqueu se encaixa perfeitamente, ele tem um jeito carinhoso e é muito verdadeiro, o admiro muito, somos amigos.

Marisa (A Irônica)

Vive calada e não conversa com quase ninguém, exceto com o nosso grupo de amigos, ela é muito divertida, é educada, amiga, fofa e irônica, sempre usa suas ironias para implicar comigo, gosto muito dela.

Renan (O Palhaço)

Estudamos juntos, mais o conheço desde quando eu usava fraldas devido a amizade entre nossas famílias, sempre o odiei mais que tudo no mundo, porém, estranhamente viramos amigos, ele é muito divertido, impossível não rir estando perto dele, aparenta ser desleixado e durão, mais sei o quanto ele é sentimental e emotivo.

Yasmin (A Mandona)

Já pegou quase todos os meninos do colégio, se acha perfeita e por isso quer mandar em todos, eu a odiava demais, porém, até que esse ano a presença dela está sendo suportada por mim, não somos amigas, mais temos uma boa convivência, apesar dela me irritar as vezes.

 Helena (A Ignorante)

Já tinha convivido com ela uma vez, porém ela foi embora da cidade e agora voltou, é extremamente arrogante com todos, menos com certas pessoas, possuí namorado e parece não respeita-lo.

Eduardo (O Marrento)

É maluco e desastrado, arrogante algumas vezes, porém é humilde e sincero, não há falsidade nele, quem ver pensa que ele é durão e sem sentimentos, é isso que ele quer aparentar ser, mais no fundo é extremamente fofo, só não consegue expressar os próprios sentimentos.

Os outros:

Rosimeire – quieta e tímida.

Gilda – simpática e comportada.

Ângela – irritada e grossa fora da escola.

Fernando – engraçado e comportado.

Mercedes – ignorante e adora arranjar confusão.

Armando – quieto e meio distante dos demais.

Lucas – piadista e as vezes te coloca em situações constrangedoras.

Luiza – maluca e atirada.

Gabi – louca e criativa.

José – sorridente e calado.

Helen – tímida e comportada, nem noto a presença dela as vezes.

Kelly – falta muito e quando aparece é comportada.

Miguel – preconceituoso e arrogante.

Amanda – simpática, mais não pise no calo dessa garota.

Joana – muito prestativa e maluquinha.

Tainá – divertida e comportada durante as aulas.

Bruno – sem amigos e mal encarado.

Natan – fofo e romântico.

E eu? Bom eu sou a Mayra, a louca, exagerada, direta, sincera, bipolar, indecisa, curiosa, ignorante, preguiçosa, extravagante, divertida, romântica, comilona, barraqueira, desastrada e intensa, para entender como me tornei assim e acompanhar toda essa história maluca vamos viajar no tempo primeiro...

(Ano de 2006)

Era meu aniversário de cinco anos, e como toda criança ali presente eu estava animada, vestia uma das roupas das personagens que eu mais gostava, meu cabelo estava amarrado com duas tranças em cada lado.

— Mãe? Eu posso abrir os presentes? – perguntei na frente de todos, ela balançou a cabeça que não, resmunguei e sai irritada da sala.

— Mayra? Parabéns. – falou Carol uma das minhas amigas metidas. – quem é aquela menina toda mal vestida?

— Sei não, nem conheço. – respondi, era uma das convidadas da mamãe.

Carol pediu que eu fosse expulsar a tal garotinha, e eu a humilhei na frente de todo mundo, a garotinha foi embora chorando da minha festa, me afastei de Carol e fui ao encontro de Laura e Michele.

— Vamos brincar do pega-pega? – perguntou Laura com um sorriso, sorri para ela e concordei com a cabeça.

— Eu vou chamar o Leandro, o Márcio e o César! – falou Michele correndo que nem uma louca atrás dos garotos.

Márcio e Leandro apareceram rapidamente, Leandro era o irmão de Michele, fomos vizinhos uma vez, mais desde que mudei de rua virei vizinha de Márcio, ele era um pouco mais velho que eu, Michele começou a correr atrás de nós, me escondi atrás de uma árvore já cansada, meu peso não aguentava muito, sim, eu era gorda.

— A Mayra tá aqui oh. – gritou um garotinho sapeca, só em escutar a sua voz eu já sabia de quem se tratava.

— César? Fica calado. – supliquei baixinho o encarando com ódio.

— Tá bom, cuidado. – gritou César e logo atirou em mim com uma arma de brinquedo, ardi de dor, aquela coisa doía pra caramba.

— Ah seu besta. – falei avançado e puxando aqueles cabelos loiros que ele tinha, sai irritada depois de brigar com ele e fui para a sala.

Logo chegou a hora dos parabéns e depois tive que tirar várias fotos, até que eu gostava, fazia caras e bocas, despedi de meus “amigos” e logo me recolhi para dormir como qualquer criança normal.

Antes abri todos os meus presentes, nunca fui de escolher que presente ganhar, por mim qualquer presente já era maravilhoso, minhas amigas metidas nem tinha se quer demorado um pouco no meu aniversário, os que mais demoraram foi: Laura, Márcio, Michele, Leandro e César, Laura e César eram irmãos, assim como Leandro e Michele.

César era detestável, era birrento e muito mal educado, eu odiava ele, apesar de aprontar junto com ele algumas vezes.

(Ano de 2009)

Havia mudado de casa, para um bairro bastante afastado, eu estava afastada das minhas amigas patricinhas, e isso de alguma forma me deixava um pouco solitária, mais logo essa solidão ocupou espaço, meus pais adotaram uma irmã para mim o nome dela era: Fanny.

— Vamos logo, vocês estão atrasadas. – gritou meu pai, ele metia medo nas pessoas, menos em mim, na verdade meu pai era muito bondoso.

— Vem baleia, não quero me atrasar por sua culpa. – gritou Fanny como sempre me ofendendo, ela nunca me chamava pelo meu nome.

— Tô indo. – respondi apenas, colocando a mochila nas costas.

No caminho, eu me perguntava para aonde eu estava indo, se era para uma escola ou para uma selva? Entrei rapidamente no colégio, estava atrasada como sempre, entrei na sala apressada e acabei tropeçando.

— Desculpa professora. – falei me contendo, sorte que não tinha caído.

— Ainda bem que ela não caiu, se não teria quebrado o chão. – falou Bianca com desprezo arrancando risadas dos demais.

— Já pensou no barulho que ia fazer? Booom! – comentou Beatriz a irmã gêmea de Bianca rindo junto com ela.

Eu nada comentei, apenas sentei na minha cadeira tentando segurar as lágrimas que insistiam em querer descer, eu não aguentava mais, era assim dia após dia, as piadinhas desnecessárias de sempre.

Sempre fui humilhada por essas garotas desde comecei a estudar, Bianca, Beatriz, Selma e Karen, as quatro patricinhas mais insuportáveis do mundo, e os meninos então? Esses me zoavam ainda mais.

— Mayra? Tem como você pagar meu lanche hoje amiga? – perguntou Selma me olhando com um sorriso falso.

Assenti com a cabeça, o pior de tudo, era que eu não conseguia parar de atender aos caprichos delas, que sempre faziam chacota de mim e depois vinham como se nada tivesse acontecido, e eu era burra e aceitava que fizessem tudo isso comigo, eu era uma fraca.

— Baleia! Baleia! Baleia! Baleia! – ouvi toda a sala gritar, estavam sendo comandados por Selma e Bianca, como elas podiam fazer isso?

Sai correndo daquela sala feito um furacão, eles saíram para fora me seguindo até o jardim eu só conseguia chorar feito uma tonta.

(Ano de 2010)

Aquele ano era péssimo como todos os outros, ainda bem que tinha Isadora minha amiga, com ela eu podia contar, ela era educada, linda e muito popular, o tipo de garota perfeitinha para todos.

— Está na hora de escolher os pares, você não está ansiosa? – perguntou Laura animada eu concordei animada também.

Laura e eu estudávamos no mesmo colégio, aliás, praticamente todos da minha pequena cidade estudávamos no mesmo colégio, Laura é mais nova que eu, naquele dia haveria a escolha de pares para uma dança que teria na escola, eu estava bastante animada.

— E você César? Não está animado? – perguntou Laura encarando o irmão que acabará de chegar.

— Eu nem vou dançar, isso é coisa pra menina. – falou César fazendo uma cara de nojo, eu e Laura rimos do garoto.

A diretora escolhia os pares de acordo com o tamanho, eu fui escolhida para dançar com Lucas, até que eu tinha gostado do meu par, caminhei até ele enquanto todo mundos nós observava.

— Eu não quero dançar com ela. – gritou Lucas com um certo desprezo.

— Mais porque não? – perguntou a diretora Silvia estranhando a atitude dele, eu até já sabia o motivo.

— Porque ela é gorda!— ele respondeu fazendo todos caírem na risada, senti lágrimas rolarem dos meus olhos e saí correndo dali.

— Mayra querida, espere! – gritava a diretora Silvia enquanto eu corria sem dar atenção a ela.

Naquele momento eu só queria ficar sozinha e esquecer o que tinha acabado de ouvir, imagina uma criança com apenas nove anos sendo humilhada por todos daquela maneira? O pior é que a culpa foi minha, já era de se esperar que ninguém quisesse dançar comigo.

— Ei não chora não. – falou Zaqueu um dos garotinhos que estudava comigo, ele era um dos populares.

— Saí daqui. – falei como um sussurro eu não queria ver ninguém.

— Olha... se você quiser eu danço com você. – falou esticando a mão para mim e sorrindo. – vamos?

Neguei com a cabeça e expliquei que não tinha o menor animo para dançar depois de tudo, além do mais ele era o par da Isadora e minha amiga queria muito dançar com ele, saí dali me sentindo um pouco melhor, nunca imaginei que Zaqueu fosse capaz de fazer tal ato.

(Ano de 2012)

Posso dizer que naquele ano eu mudei quem eu era, deixei de ser a boba que todos criticavam, nem eu mesma entendo como tudo aconteceu, Isadora havia ido embora e eu não tinha mais amigas.

— Mayra? Se pesou hoje? – perguntou Bianca com uma das suas piadinhas toscas de sempre.

Nada respondi, passei por elas rápida e me sentei na minha carteira atrás de Marisa, engatamos uma conversa animada até que somos interrompidas pelas vozes chatas de Selma e Bianca.

— Goste do seu penteado Mayra. – elogiou Selma e eu sorri agradecida.

— É está bastante bonita hoje, e então você mandou bem na prova de matemática? – perguntou Bianca e eu assenti.

Logo Selma, Bianca, Beatriz e eu engatamos um papo legal, eu estava até começando a achar que elas podiam ser legais, até uma certa amizade eu imaginei que podia acontecer.

— Mayra? Mostra como é sua barriga pra a gente? Vivemos te xingando mais talvez você nem seja tão gorda assim. – pediu Bianca sorrindo.

— Não, eu não gosto de mostrar. – falei com um pouco de receio.

— Mostra por favor, é rapidinho. – pediu Selma com curiosidade.

— Já disse que não gosto. – falei para Selma tentando sai de perto delas.

— Mostra isso agora. – gritou Beatriz junto com as outras tentando levantar a minha blusa na frente dos outros.

Eu tinha vergonha, ninguém podia ver a minha barriga enorme a mostra, tentei me afastar delas e consegui, Bianca ficou gritando.

— Tem esse barrigão e não quer mostrar né? Aberração. – falou com desprezo e ódio fazendo a sala inteira rir.

Sentei na minha cadeira e senti lágrimas querendo descer dos meus olhos, abaixei a cabeça e tentei segurar as lágrimas, eu iria chorar pela milésima vez na frente deles? Não eu não podia.

Foi quando várias lembranças de tudo brotaram na minha cabeça, todas as humilhações, todas as lágrimas, todas as vezes que eles riram de mim sem se importar com meus sentimentos, então, eu senti uma raiva tomar conta de mim, uma raiva que nem eu imaginava sentir.

Com a minha família e com a Diana eu era tão divertida e maluquinha, mais ali naquela escola eu me sentia pressa, me sentia humilhada, e eu não queria mais me sentir assim.

— Marisa? Qual é a próxima aula? – perguntei alta levantando a cabeça e sorrindo para Marisa, todos me olharam.

Diferente das outras vezes, eu não havia chorado, estava apenas me fazendo de indiferente, eu havia conseguido pela primeira vez.