Knee Socks escrita por Stormborn


Capítulo 1
In a small world on an exceptionally rainy Tuesday


Notas iniciais do capítulo

Tentei deixar tudo bem leve e fofinho (bem diferente da realidade) porque AU!ItaSaku é adorável demais. ♥
Boa leitura.



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Haruno Sakura, dezesseis anos, era uma garota extremamente inteligente e estudiosa. Ela era sempre a aluna com as maiores médias da turma em quase todas as matérias – Educação Física, infelizmente, manchava seu boletim de verde – e graças a tamanha dedicação havia conseguido uma das cobiçadas vagas de estágio na melhor faculdade de sua cidade.

Sakura acabara de começar seu segundo ano no ensino médio e antecipava a experiência fora do colégio com fulgor. Seria uma chatice estudar uma linguagem de programação nova e totalmente desconhecida a ela, mas a rosada aguentaria só para poder conhecer melhor o ambiente do ensino superior que logo ingressaria. Ela queria expandir seu campo de visão.

Por esse mesmo motivo ela ingressara num curso de programação, afinal. Tudo se tratava de uma questão de aprimorar seus conhecimentos e perspectivas, mesmo que ela quisesse seguir um rumo totalmente diferente pelo resto da vida – medicina ou biologia, Sakura ainda não decidira ao certo.

Ali estava ela, então, parada em frente a grande escadaria que a levaria a entrada do Núcleo de Computação – onde ela passaria a manhã de todas as suas terças-feiras –, meias pretas acima dos joelhos, uma blusa qualquer e uma saia plissada que lhe dava um ar escolar quase caricato num lugar como aquele.

Mas Sakura não abriria mão de nenhuma de suas peças preferidas.

Seus brilhantes olhos verdes esquadrinharam o local – uma integração bela de monumento, homem e natureza – para logo depois se concentrarem nas pessoas que iam e vinham e que peculiarmente se destacavam em meio ao cenário.

O colegial era cheio das mesmas pessoas que formavam uma massa uniforme, mas ali, na faculdade, Sakura sentiu-se única e destacada como todos os outros.

[...]

A rosada finalmente conciliou a excitação em seu coração e adentrou o prédio.

Ela recebeu olhares curiosos durante o trajeto da porta à recepção e da recepção para a sala onde teria de assistir a uma pequena palestra de boas-vindas juntamente com o resto dos selecionados para o programa. Onde quer que ela fosse, seu cabelo pintado de rosa e seu estilo Tumblr girl chamavam atenção.

Não que depois de tanto tempo ela ainda ligasse para isso.

Sakura colocava orgulhosamente seu crachá na blusa quando colidiu em cheio com um corpo parado no meio do caminho que ela não dava atenção. A força do impacto não fora o suficiente para leva-la ao chão, mas não falhara em tirar o senso de orientação e equilíbrio da garota.

— Ai! — Ela deixara escapar, dando um passo para trás.

— Ei, desculpa. — Uma garota, julgando pelo timbre de sua voz, virou-se e colocou uma mão estabilizadora em seu braço esquerdo. — Você tá legal?

Sakura balançou a cabeça afirmativamente.

— Que bom. Foi mal mesmo, viu? — Ela realmente soava arrependida.

A rosada piscou repetidas vezes.

— Me desculpe você, eu que não prestei atenção no caminh-

— Deixa disso. — A estranha cessou o contato e gesticulou despreocupadamente com a mão. — Meu nome é TenTen. E o seu?

Sakura tomou nota da garota pela primeira vez e sorriu, carismática. A garota prendia seus cabelos de cor chocolate em dois coques adoráveis e se vestia de um jeito despojado que lhe caia bem. E era mais alta que ela, ou talvez era apenas o salto de lhe seu coturno lhe dando uma vantagem.

A Haruno teve a impressão de que as duas seriam boas amigas.

— Sou Sakura. — E esticou uma mão para TenTen.

[...]

Sakura logo descobriu que ela e TenTen estudariam juntas e não pôde deixar de se sentir grata por já ter um conhecido da turma. A sua mais nova colega estava começando o terceiro ano e aceitara o estágio pela oportunidade apenas.

As duas iam conversando e descobrindo afinidades. A faladeira não se interrompeu nem mesmo quando elas estraram na sala destinada, se acomodaram e viram o início do que seria uma “interminável palestra chata”, TenTen fizera questão de reforçar, arrancando um riso frouxo de Sakura.

— Olha só para esse cara, ele tá me entediando mais que a morte. — Ela sussurrara num devido momento, só para ser repreendida pela companheira.

— Shiu, fica quieta. — Mas Sakura não podia esconder a graça que sentia.

A morena endireitou-se na confortável cadeira e espichou o corpo, vagando o cômodo com o olhar concentrado. A rosada perguntou-lhe o que ela estava fazendo, tentando fazer com que ela voltasse a se sentar direito. TenTen sorriu.

— Só estou vendo se não vamos estudar com nenhum gatinho, mas — Ela suspirou e se aprumou ao lado da nova amiga. — aparentemente não.

Sakura não fez menção de conferir a afirmação, apenas sorriu e voltou a olhar para o professor palestrante, dando graças a deus por ele não estar prestando atenção nas últimas fileiras – justamente onde as duas meninas estavam.  

— Se bem que um deles tem um cabelo maravilhoso.

[...]

As três primeiras terças de sua estadia na faculdade se tornaram lembranças apagadas perto das que se sucederiam.

Ela passara as semanas prestando atenção nas explicações do professor Hatake Kakashi – eram bem interessantes e conseguiram fazê-la desenvolver certa ansiedade por aprender mais sobre a linguagem que iriam utilizar – e colocando em prática seus ensinamentos, conversando levemente com TenTen no meio tempo e ajudando a garota quando ela se perdia.

Nada de muito interessante havia acontecido também.

A turma de dez estagiários contava também com a participação de alunos da graduação da faculdade e Sakura ainda não conseguia entender muito bem se aquela era uma matéria optativa da grade curricular ou se eles estavam ali meramente por capricho.

De qualquer jeito, não fazia diferença para ela estar na presença de pessoas mais velhas.

[...]

Até que chegou a terça-feira que bagunçaria a sua vida.

Sakura olhava fixamente para o computador a sua frente, os dedos digitando um código que ela parecia finalmente ter concluído para fazer o trabalho finalmente funcionar. Ela revisou linha por linha, ao terminar, soltando um suspiro frustrado ao detectar um ou dois erros de sintaxe.

Sua companheira de bancada riu.

— Não desista, Sakura, você vai conseguir.

A rosada olhou para TenTen e fez uma careta. O trabalho da garota era tão mais fácil! Por que ela tinha de ter chamado atenção do professor com seu raciocínio rápido— nas palavras de Kakashi – e ficado logo com a parte mais complicada da estrutura? Ela nem sabia ainda o que estava fazendo, google tendo feito a maior parte de seu código.

A morena ignorou sua amiga e continuou a digitar levemente em sua própria máquina.

Sakura estava pronta para voltar a encarar o Python quando um movimento lhe chamou a atenção. Todas as bancadas ficavam viradas e enfileiradas na direção do quadro branco e por consequência tinham ampla visão da porta e de quem entrava e saía.

Ela já havia se acostumado com a porta sendo escancarada o tempo todo e nem se sentia mais compelida a olhar para a fonte de barulho quando isso acontecia. Mas não fora o som que a chamara, entretanto.

Fora sua presença.

[...]

Ele batera levemente na porta e entrara, dirigindo-se respeitosamente ao professor antes de tomar um lugar em uma das bancadas vagas a esquerda de Sakura.

Ela o observara por toda a trajetória com uma intensidade que poderia ter lhe furado o crânio.

Sakura sabia o que estava acontecendo. Ela já tinha lido sobre isso nos livros, visto nos filmes e escutado sua melhor amiga Ino falar sem parar sobre a experiência. Ela acabara de encontrar seu crush. E ele era devastador.

O rapaz era simplesmente bonito demais para existir e respirar o mesmo ar que ela.

E tinha uma presença formidável.

Atraente.

Quase como uma força gravitacional.

Sakura se sentiu uma mariposa sendo consumida pelo fogo que tanto a inebriara e fizera chegar perto numa armadilha mortal.

Deus, ela nem mesmo conseguia pensar de forma coerente.

[...]

Sakura tinha ciência de que estava encarando abertamente o rapaz, os olhos levemente arregalados.

Ela então recobrou um pouco da decência e virou a cabeça rapidamente para o lado de TenTen. A morena sentiu a intensidade do olhar de Sakura e a questionou com um gesto de cabeça, não fazendo ideia de que bicho havia mordido a rosada.

Sakura apoiou o cotovelo esquerdo na mesa para logo após sustentar a cabeça com a mão, tampando totalmente a visão com o seu corpo – apenas uma medida de segurança para caso o novo aluno olhasse curiosamente na direção das garotas. Os olhos verdes brilhavam e as bochechas se tingiam de um vermelho adorável quando ela sussurrou para a amiga:

— Atrás de mim.

TenTen, sempre discreta quanto um elefante, olhou por cima do ombro de Sakura e soltou uma exclamação de surpresa, um sorriso frouxo dançando em seus lábios quando ela voltou a fitar a amiga.

— Ele é super gato e está super olhando pra cá.

A Haruno só percebeu tarde demais que olhara para trás, na direção dele, quando se viu encarando dois pares de olhos pretos como uma noite fria de fevereiro.

[...]

TenTen começara a rir ao seu lado, mas Sakura só conseguia prestar atenção no moreno desconhecido.

Ela pensou em como sua analogia fora errada; que seus olhos eram pretos como qualquer coisa preta, mas frios jamais. Ou pelo menos não naquele momento. Uma sombra de divertimento dançava por suas írises que só fez intensificar seu rubor.

Ele tinha percebido a situação e estava se divertindo.

Ele até mesmo sustentava uma imitação de sorriso de canto.

Ela só queria que um meteoro caísse bem em cima de sua cabeça.

[...]

Quando sua linguagem corporal começou a indicar que ele iria se levantar, Sakura sabia que tinha chegado ao seu fim.

Ela praguejou mentalmente e se endireitou na cadeira, olhando fixamente para a frente, esperando cegamente que ele passasse reto e não se dirigisse a sua pobre pessoa.

Sakura não era uma garota de sorte, entretanto.

— Olá. Você poderia me dizer o que o Kakashi-sensei passou de tarefa?

Algo em seu interior se liquefez.

Sakura mordeu o lábio inferior, tentando não se deixar levar pelo efeito de sua voz melodiosa e simplesmente maravilhosa. E não havia outro adjetivo que não fosse o mais exagerado deles para descrever o que ouvira.

Foi TenTen quem respondeu, no fim.

— Ele pediu pra gente entrar na plataforma e seguir uma série de passos que ele deixou especificado na página principal. Depois deu umas tarefas individuais, mas como a Sakura aqui — E apontou para a companheira. — está tendo alguma dificuldade com a dela, vocês poderiam trabalhar juntos.

A Haruno olhou incrédula para a garota, desejando estrangular seu pescoço fino com as próprias mãos.

Ela mal podia acreditar que havia sido dada de comer para os tubarões daquele jeito.

Ela odiava TenTen, estava decidido.

[...]

O desconhecido deixou escapar o que parecia ser sua versão de uma risada.

Ele então se desculpou e foi falar com o professor.

Sakura usou esse tempo para respirar aliviada e metralhar sua amiga com os olhos enquanto essa ria e balançava a cabeça de um lado para o outro.

— Deus! Você estava patética, sabia disso?

— Uhum.

Sakura sabia e nem por isso gostava que TenTen fizesse o favor de cutucar a ferida.

Ela observou o rapaz tirando algum tipo de dúvida com Kakashi e resolveu que, é, ela precisava se acalmar e agir de forma coerente e concisa.

Sim, ela faria isso mesmo.

Quando ele passou pela bancada das garotas em seu caminho para sentar-se a sua própria, parou por alguns instantes e falou quando as duas o fitaram.

— Parece que eu também tenho trabalho, mas posso ajudar se precisar.

Ele olhou Sakura de um modo curioso.

— E eu me chamo Itachi. Sakura, né?

Ela não conseguiu ser coerente e concisa pelo resto da manhã.

[...]

Sakura não podia negar que o primeiro dia de interações dos dois havia sido horrível. Certamente não configurava um de seus melhores momentos.

As coisas melhoraram nas semanas que seguiram a entrada de Itachi na turma.

Ela ainda se sentia do mesmo jeito sobre ele – deus, era patético, mas ela só sabia falar sobre Itachi para suas amigas e até mesmo para Twitter— e talvez nem dez anos de convivência mudassem isso.

Mas Sakura já conseguia ser discreta depois de algumas terças.

Ela não mais ficava o encarando de olhos arregalados e boca aberta parecendo um peixe fora d’água. Conseguia sustentar uma conversa quando ele iniciava ou até mesmo não relutava mais em iniciar uma ela mesmo.

TenTen se sentia orgulhosa pelo progresso de sua amiga, mas não deixava de tirar sarro de sua cara sempre que possível.

Sakura começou a se perguntar o que se passava na cabeça do moreno.

[...]

Era uma terça-feira chuvosa quando ela o sentiu a observando pela primeira vez.

Sakura, esquecendo o computador, olhou em sua direção por reflexo e o pegou em flagra.

Itachi sorrira.

Sakura quem quebrou o contato visual por vergonha.

[...]

O golpe final ao seu pobre coração veio na terça seguinte.

Ela estava atrasada – seu ônibus convenientemente quebrara no meio do caminho – e subia as escadas internas do prédio apressadamente, não se incomodando com o fato de trajar salto.

Sakura finalmente chegou ao andar do laboratório em que trabalhava.

Uchiha Itachi estava recostado na parede do comprido corredor, uma caneca em uma mão e o celular na outra. Ele lhe desejou bom dia e voltou a se concentrar no que fazia ao smartphone.

E teria sido uma interação normal. Em um dia normal.

Se ele não estivesse usando uma blusa em que se lia Arctic Monkeys.

Sakura parou no meio do caminho e encarou embasbacada para a peça de roupa e depois para o rosto de Itachi – que abandonara completamente o celular e só prestava atenção na garota a sua frente. Do rosto divertido de Itachi para a blusa. E de novo.

Deus só podia estar de sacanagem com a cara dela.

[...]

Uchiha Itachi era de se tirar o fôlego com sua estatura alta e dominante em relação a estrutura frágil de Sakura, cabelo preto comprido e bem cuidado que colocava o dela no chinelo, seus olhos sempre convidativos e boca que sempre lhe dirigia um sorriso.

Mas Uchiha Itachi vestindo uma camisa de sua banda preferida era simplesmente mais do que ela podia aguentar para continuar chamando o que sentia de crush e não de paixão.

[...]

Um dia ela estava terminando – ou pelo menos ela achava isso – de fazer outro pedaço de código mas parecia que não conseguia sair do mesmo lugar. Sempre acabava errando em alguma parte e invalidando todo o resto, o que estava fazendo pouco para manter Sakura paciente.

Numa última tentativa desesperada antes de ter de apelar para o professor, Sakura olhou para onde sabia que Itachi estava sentado e viu que ele já a encarava. Ela engoliu o orgulho e a vergonha e sussurrou um pedido de ajuda. O rapaz sorriu e foi ao seu encontro.

TenTen apenas sorria.

Sakura explicou a situação para Itachi, aponto com uma unha bem feita onde tudo estava dando errado e esperou que ele falasse alguma coisa. Ao invés disso, ele se pôs atrás da garota e se inclinou sobre ela, mão direita cobrindo a sua sob o mouse e a esquerda apoiada no ombro de Sakura.

Sua boca estava perigosamente perto de sua orelha quando ele passou a lhe dar instruções e sugestões.

Sakura mal conseguia respirar.

[...]

Uma terça-feita antes de um recesso que teria na universidade, ele elogiou suas roupas.

Sakura agradeceu, meio tímida.

Itachi colocou uma mecha rosa de cabelo atrás de seu cabelo e sorriu em aprovação.

Ele então a convidou para tomar alguma coisa no Starbucks porque ela tinha cara de quem adorava o lugar.

Ela preferia o California Coffee mas isso era irrelevante.

[...]

Toda vez que ele não aparecia na aula Sakura sentia vontade de ir embora.

Eles se falavam pelas redes sociais, mas nada se comparava a presença dele.

Itachi ficara um mês sem comparecer por problemas familiares.

Quando ele voltou a entrar pela porta e a agraciar sua vista com tamanha beleza, Sakura segurou o ar de forma tão audível que até Kakashi sorriu comedidamente por baixo daquela máscara hospitalar horrorosa.

[...]

Haruno Sakura sabia que ela e Itachi não podia acontecer – e todos os dias tentava convencer TenTen de que estava bem com isso –, não enquanto ela fosse menor de idade e estudante do ensino médio.

Ele não precisou falar.

Ela não precisava ouvir.

Então ela não aproveitaria o resto de suas terças-feiras com ele se perdendo em devaneios e em fantasias de “e se”.

Sakura aproveitaria trocando olhares divertidos com ele, bilhetes em código, discutindo sobre bandas indie e qual afinal era a melhor de todas – embora os dois compartilhassem da mesma opinião, Arctic Monkeys— enquanto TenTen não conseguiria parar de rir dos dois.

Ouvindo pequenos comentários de como cabelo rosa só parecia ficar bem nela.

Sentindo seu olhar em suas meias até o joelho.

Entrelaçando os mindinhos em uma promessa silenciosa por debaixo da bancada quando ele ia lhe tirar alguma dúvida.

[...]

Em sua última terça, Uchiha Itachi lhe beijou na bochecha pela primeira.              


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Notas finais do capítulo

Se querem saber da história original, eu passei um ano estagiando na UFRJ e babando em um dos graduandos que fazia a matéria junto comigo. Obviamente nunca rolou nada entre a gente mas tudo que tá nessa fanfic de uma forma ou de outra rolou só que sem o romance e o exagero e talvez na minha cabeça, iwejfiowejfiowejfw.
Enfim, achei que o clima encaixaria com o ship. :p



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