Depois da caça a bandeira ter acabado, Rick, Ash e Kim saiam juntos da sala de treinamento. Os três comemoravam a vitória, porém com Asheley Stark e Kim Barton no mesmo local, é impossível não haver brigas:

     — Claro que o plano funcionou, fui eu que bolei! — falava Ash, se parabenizando.

     — Além de metida é mentirosa! — rosnou Kim — Foi o Rick que bolou o plano. Você no máximo deu uns palpites!

    — Quem é a mentirosa aqui? Eu bolei o plano! Foi o seu irmão que só deu uns palpites!

    — Incrível o quanto você...

    — Já chega vocês duas! ― exclamou Rick ― Kim, eu sei perfeitamente que o plano foi bolado metade por mim e metade por Ash, você não precisa me defender e... — Rick estava prestes a terminar a bronca em Ash quando Kim o interrompeu:

    — E você briga comigo?! Foi ela que começou! Droga Henrique, porque você tem de pegar no meu pé!?

    — Kim, eu ia....

    — Ah, esquece maninho. — Kim saiu andando raivosamente pelos corredores da escola. A Rockstar estava tão irritada que não notou estar indo na direção a um distraído Harry até já ter se chocado contra ele.

   — Uou, calma ai apressadinha. — disse Harry segurando em um dos braços de Kim para que ambos tivessem o equilibrio necessário para que não caissem no chão.  

   — Você não olha por onde anda?

   — Ei, foi você que esbarou em mim.

   — Eu, ahn, quer dizer... — Kim soltou um longo suspiro — Foi mal, é que eu estou...

   — Muito, muito irritada?

   — É, tipo isso.

   — Posso saber o que houve?

   Kim analisou o garoto e por fim resolveu contar a ele:

   — É o meu irmão bobão defendendo a Asheley Stark.

   — Seu irmão... Ah! O Henrique Rogers! Mas espera um pouco ai, os Starks e os Rogers não têm um tipo de rixa?

    — Eles têm, só que o Rick não perde a oportunidade de implicar comigo.

    — Sei, famílias podem ser bem complicados. Já vi que vocês não se dão muito bem...

    — Pelo contrário, eu sou louca por aquele tonto. É que as vezes age como se pudesse mandar em mim, mesmo eu sendo a mais velha. Mas acho que eu já estou tagarelando demais sobre minha família para alguém que eu nem perguntei o nome.

   — Sou Harry Murdock. E você é Kim Romanoff.

   — Espera ai, você já sabia o meu nome. — Kim sorriu.

   — Todo mundo sabe o seu nome. — Harry retribuiu o sorriso. — Agora, é melhor eu ir. Até mais Kim Romanoff.

    — Até, Harry Murdock.

   *** 

    Depois de um banho, Harry resolveu ir ao refeitório, onde estava sentado com Miguel matando tempo antes que a próxima aula começasse. A conversa dos dois corria normalmente até que uma movimentação causada por alguns professores que haviam acabado de entrar no refeitório tomou a atenção dos garotos.

    — Oh meu deus! — exclamou uma professora idosa, sendo acompanhada por Hank Pym — Quem escolheu as cores desse refeitório?! Definitivamente alguém que não entendia nada de decoração! Preciso falar com Coulson para mudar isso urgentemente!

     — Ah não. — murmurou Miguel, encolhendo-se na cadeira e recebendo um olhar de estranheza vindo de Harry.

     — Janet querida, — disse Pym — não acho que a essa altura de para redecorar o refeitório.

     — Mas isso é um crime contra a decoração! — exclamou Janet, retrucando o marido. Janet Van Dyne Pym, a esposa de Hank Pym que havia ficado presa num tamanho microscópio e foi salva a pouco tempo por sua filha Hope e seu genro Scott.

     A tentativa de ser discreto de Miguel não adiantou nem um pouco, pois não demorou mais que alguns instantes para Janet o perceber ali.     

     — Miguel, meu netinho querido!

     — Vó? O que a senhora faz aqui? ― disse Miguel quase em pânico, sabendo do mico que estava prestes a pagar.

     — Senhora o caramba! Você tá me chamando de velha, Miguel Pym Lang?

     — Não senho... Quer dizer, não vó! Só quero saber porque você está aqui.

     — Horas, eu vou ser professora aqui. Mas você sabia disso, querido.

     ― É... Acho que eu tinha esquecido. Mas o que exatamente você vai fazer aqui?

  ― Bem... Ainda estamos resolvendo isso.

  ―  Então você está aqui sem ter o que fazer? ― Miguel não tinha a intenção de ser grosso mas mesmo assim recebeu um olhar fuzilante de seu avô

   ― Eu garanto que nós vamos arrumar alguma coisa para ela fazer. ― a intenção de seu avô de dizer “Cala a boca, garoto!” era clara.

   ―  Mas isso não importa agora. — disse Janet mudando o assunto. ― Como foi seu primeiro dia, querido? Se divertiu? Fez amiguinhos novos?

   ― Vó! ― exclamou Miguel. Harry, que só observava tudo, não teve como conter um riso.

   ― E você, é amigo do Miguel?

   ―  Muito prazer, ahn... Professora Janet. Sou Harry Murdock, amigo do Miguel.

  ― Prazer querido, é tão bom que o Miguel tenha feito um amiguinho.

  ― Na verdade a gente já se conheci...

   ― Vó, ― disse Miguel interrompendo Harry ―  você já viu as tortas que estão servindo? São deliciosas!

   ― Parece bom, meu querido ― disse Janet apertando as bochechas do neto ― eu vou lá ver

   Assim que seus avôs se afastaram, o Lang apoiou o rosto na mesa e exclamou:

  ― Ah não! Me diz, por favor, que ninguém viu isso...

  ― Ah não, ninguém, só o refeitório inteiro. Mas... não foi tão ruim. Seus avôs são legais Miguel!

 ― São sim, os melhores avôs do mundo. Mas, sabe como é, eu tenho uma reputação a zelar. E minha vó tem essa mania de falar as coisas no diminutivo.  

  ― Amiguinho. ― provocou ele, e Miguel lhe mostrou a língua ― e que reputação? Só se for reputação de palhaço.

   ― Ah, nem todo mundo pode ter reputação de lobo solitário misterioso igual a você, Murdock. ― disse ele sorrindo para o amigo.

   ***

    Enquanto os integrantes da Avengers Academy passavam um primeiro dia de aula despreocupado — ou pelo menos com o máximo de preocupação que um adolescente tem em sua vida — um grupo de figuras sombrias se reunia num galpão abandonado bem longe dali. No meio do galpão havia um telão, onde as imagens da caça a bandeira acontecida há algumas horas era assistida por eles.

    ― Por qual razão estamos vendo isso? ― rosnou um deles ― E só um treino estupido! Poderíamos estar atacando agora, enquanto estão despreparados!

    ― Você se engana se acha que seria prudente ataca-los agora. Nós poderíamos feri-los se fizéssemos isso, mas não destruilos!

    — Quando vamos agir?

     — Muito em breve, meus irmãos! Muito em breve... — Um sorriso cruel preencheu o rosto da nefasta figura. ― Logos eles serão destruídos!

    As gargalhadas das figuras que saudavam o que foi dito antes preencheram o galpão, para que logo o silêncio reinasse novamente.