Natureza Sombria escrita por N Caroll


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem bem...
O que posso dizer?
Acho que nada...

Como nossa Elisa que é a principal, seria mais fácil ela mesma descrever a história...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688656/chapter/1

Eu queria poder juntar cada pedaço que me sobrou e encaixá-los novamente em minha cabeça, era horrível a sensação de estar quebrada. E sim, eu digo financeiramente. 

Depois de um longo dia na Farmen Green, um lugar onde você pode tomar uma bela bebida para acalmar os ânimos, percebi que estava sem um tostão! Claro, quando há agentes federais te pondo pressão sobre a quantia que eu devia, é lógico que você vai dar tudo aquilo que você tem! Estou quebrada...

Esse dia poderia ao menos acabar, não é? 

Respirei fundo ao olhar para o céu cheio de nuvens, sempre foi cheio de nuvens, nunca vai deixar de ter nuvens... Oh, monotonia. Nem há aqueles objetos estranhos que eu havia visto no meu sonho, mas o que era aquilo? Era duro feito cimento, mas eu sentia que poderia comer aquilo que estava pendurada nelas, era vermelha e brilhante, tinha outra do seu lado grande também, mas era verde. Queria dormir mais uma vez para poder sonhar com aquilo, mesmo não sabendo o que deve ser, queria mesmo ter aquilo comigo, não sei, eu não entendo aquilo, parecia ter vida. O que era meio cômico já que aqui a única vida que existe somos nós, humanos...

Eu não me apresentei ainda, não é?

Meu nome é Elisa Monique, sou de uma cidade chamada "Filadélfia", moro ao Norte do Vale dos Ossos - nome que eu dei de tantos ossos que há naquele lugar, lendas dizem que existia um Rio ali, mas o que é um "rio"? 

Enfim, tenho 21 anos e vivo nessa sociedade avançada em que não precisam de coisas como "aquilo" que eu sonhei para viver. Já vi nos livros de história, apesar de não saber como seria uma ou outro tipo, mas sei que são chamadas de "Árvores". Achei interessante aquilo. Pensando bem, acho que vou dar um pulinho na biblioteca municipal, vai que tenha mais livros como aquele, apesar de que o livro que li era da minha tataravó que foi passado de geração a geração, escondido das autoridades. Por quê, você pergunta? 

Bem, o Vice-Rei não gosta desse tipo de coisas, ele implantou uma lei há menos de dois anos que: "Se alguém falar o nome árvore, será mandado para o Submundo!"

"Submundo" é um lugar que ninguém deseja ir... Menos eu. Seria interessante ir para lá, pois soube que é debaixo da terra, uma caverna escura e obscura onde lá é posto as pessoas que disseram e desejavam plantar árvores, parece que isso atrapalha nossa sociedade e destrói o avanço da civilização, mas já não é o suficiente?

Sabe, sou curiosa com tudo e com todas as coisas, ás vezes perco o bom senso e deixo minha curiosidade tomar conta. Minha Bisavó sempre dizia: "A curiosidade matou o gato Lis...". Bibi doida, gatos deixaram de existir depois da última guerra que teve em 2021. E, de acordo com meus cálculos, estamos em 2416.

Não existem mais árvores ou qualquer animal que seja, mas queria poder vê-los, poderia querer tocar em cada ser que existia. Nem que pra isso tivesse que ser transportada para o Submundo pra poder encontrar.

— Acho bom eu voltar para o Green's, vai ver eles precisam de mim lá... - falei para o céu nublado, os arranha-céus estavam quase arranhando os céus mesmo, as ruas e avenidas se entrelaçavam tristes como se não estivessem contentes com aquilo, a terra seca e morta era a base dos meus pés naquele momento, parece que perceberam que usar cimento para que não nasça "árvores" já não é necessário, porque a terra está morta e "sem nutrientes" como meu pai um dia disse. 

Fui andando em sintonia com a música que eu ouvia na Green's era cheia de energia e alegria tocada pelo saxofone, o que mais tinha no Green's era Jazz e quem tocava no Sax era o próprio filho do dono que gostava de se exibir: Malcolm. Rapaz metido, as mulheres iam só pra vê-lo enquanto isso, eu cuidava dos maridos das mulheres que estavam sendo paqueradas.

Não me entendam mal. Eu apenas acalmava os homens com uma bebida diversificada e "da casa", eles amavam a bebida e pediam mais. Quando eu cheguei, Malcolm começou a tocar uma música diferente e estava tocando tão triste, mas tão bonito que eu realmente pensei que o cara tem motivo pra si achar. Uma pessoa diferente estava aparecendo ali, era uma mulher que deveria ter o dobro da minha idade. Seus cabelos rubros estavam em um coque alto enquanto o seu vestido branco cheio de pedras falsas preenchiam-no dando ar de elegância nela, apesar de ter o dobro da minha idade, eu via os rapazes parando pra vê-la, parecia ser alguém famosa já que atraiu muitos clientes.

— Monique! - ouvi a voz do chefe e arregalei os olhos quando vi seu rosto passando de branco pra vermelho. Parecia que iria explodir de raiva, mas eu corri para trás do balcão e comecei a preparar as bebidas com álcool que ele havia pedido antes. Eu passei a mão na minha cabeça esfregando assim que terminei as bebidas, então a mulher começou a mudar o tom e todos os homens vibraram, vi que tinha algumas mulheres lá também, mas pareciam apenas querer as bebidas.

Fui levar o drink para uma das moças e elas simplesmente conversaram comigo:

— Nossa! Você parece jovem! - falou uma delas. - Quantos anos você tem?

— 21. - respondi com um sorriso, eu soube que há 400 anos atrás, nossos antepassados consideravam 18 como uma criança, atualmente esse "pensamento" mudou, agora, a partir dos 26 anos é considerado um adulto. Nossa sociedade mudou muito! 

— Uau! E pode trabalhar com essa idade aqui? - perguntou outra.

— Sim, mas é por uns motivos pessoais... - respondi tentando ao máximo sorrir.

— Entendemos. Essa cantora sempre vêm aqui?

— Não. Eu trabalho há algum tempo aqui e nunca havia visto ela, pelo menos não no meu turno...

— Entendi. Ei, você não quer beber conosco?

— Fláv! Ela tá no seu horário de trabalho! - falou a loira.

— Oh, verdade... - respondeu triste. - Você parece legal, sai conosco um dia desses!

— Claro... - respondi. Na verdade, todo mundo diz isso e pede pra que eu saia com elas por causa da cor do meu cabelo, ele é naturalmente laranja. Sim, ele é laranja e curto, meus olhos são azuis insanos, porque dizem que é "louca" a mistura de cores e sou branca como uma parede. Sou magra como uma vara, o que me salva? Eu tenho 1,68 não sou baixa e nem alta, to na média, isso me salvou bastante já que venho de uma família de gigantes.

Eu uso um visual básico então, o que chama atenção é o cabelo mesmo. O básico seria: jeans rasgado, blusa branca (pro trabalho) e uma blusa de manga-longa de ombro-caído (pro dia-a-dia - já que aqui na Filadélfia o que mais tem agora é o frio). E botas. Eu amo botas. Minha paixão são botas pretas.

O trabalho terminou mais tarde do que deveria, fiquei aguardando atenta ao momento em que o chefe ia me dispensar. E quando ele me dispensou, foi um alívio.

A minha sorte é que agora ele me devia a grana que havia me prometido.

— Tsc. - murmurou ele reclamando sobre dar o dinheiro, velho pão-duro. - Me dê seu cartão de acesso.

Entreguei ansiosa pra ver quanto eu deveria ter ganhado. Ele me devolveu e eu sorri contente quando analisei no meu cartão holográfico a quantidade.

— *1500 frenesis.

— Só?! - falei resmungando, encarei ele de cara fechada. Aquele velho era realmente um pão-duro. 

— O quê? - falou erguendo uma sobrancelha, apesar de ser pão-duro era ainda assustador. - Achou mesmo que uma vagabunda como você ia mesmo ganhar F$ 3000?

— Olha o linguajar seu diabo velho. - respondi grossa e rude, mas não estava mais suportando ser chamada de vagabunda sendo que essa velho nem sabe da minha história!

— O quê?! - ele me pegou pelo pescoço e havia esquecido como ele era gigante perto de alguém como eu. Ele soprou o cigarro em que fumava na minha cara, esse velho barrigudo quer me matar?! - Sua delinquente! Vou te ensinar a ter bons modos!

Eu comecei a ficar sem ar até que consegui chutar a barriga dele, que era dura feito aço de tanta bebida que tinha ali. E pra ajudar, o bar estava vazio, nenhuma alma viva naquele lugar pra me ajudar.

— Socorro! - consegui dizer. 

— Ninguém vai te ajudar sua esquisita! -  respondeu apertando ainda mais minha garganta, mais um pouco ele vai quebrar meu pescoço. - Gente de sua raça me dão nojo!

— O que está fazendo Sr. Ruan? - De repente ele olha pra cima e me larga. Eu caio no chão como se todo o ar que eu queria tivesse voltado com tudo para os meus pulmões, eu fiquei ali caída por um tempo sem ver a cara da pessoa que havia me salvo naquele momento da morte. 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

interessante, não?
Bem bem...
Quem será essa pessoa, esse salvador de Lis? E gente, a palavra vagabunda vai também como "morador de rua" o sentido feio que o chefe diabólico de Elisa disse. Não entendam como outra coisa u.u

*Pra vocês entenderem:
Frenesi é a moeda do povo que é posta diretamente no cartão-de-acesso, que é uma espécie de documento oficial da cidade, a moeda varia com a cidade, mas a que prevalece é essa.
Pra entenderem também o valor.

Calcule 1500 dividido por 8,3 é esse o que nossa coitada Lis ganha.

Valor: R$ 180,72 - não dá pra nada.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Natureza Sombria" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.