Marinette estava atrasada para o encontro com Adrien. Correu para dentro do parque e o avistou sentado em um banco. Ele estava com roupas diferentes da sua usual, usava um moletom preto com detalhes verdes e com o capuz cobrindo seu rosto. Provavelmente estava se escondendo de alguma fã.

— O-oi. - disse Marinette ao se aproximar. O garoto levantou e deu um abraço apertado nela.

— Achei que não viria, mas como sei que você se atrasa às vezes, resolvi esperar. - Marinette riu meio nervosa.

— Desculpe, é que isso já virou hábito. - comemorou internamente por ter dito uma frase coesa e sem gaguejar. Adrien soltou uma risada maravilhosa que deixou a menina nas nuvens.

— A propósito, você está linda. - Marinette corou e agradeceu meio sem jeito. Ela usava uma calça bordô, sapatilhas pretas, blusa branca, uma boina da mesma cor das calças e o cabelo estava solto. - Bom, vamos tomar um sorvete. - o modelo passou seu braço pelos ombros dela e a puxou para si.

A azulada podia ter um ataque cardíaco ali mesmo. Adrien Agreste estava andando pelo parque, praticamente abraçado nela.

Depois que pegaram seus sorvetes, sentaram em um banco e começaram a conversar. Até que o assunto parou em Ladybug e Chat Noir.

— O que acha do Chat Noir? - perguntou Adrien como quem não quer nada.

— A-ah... - Marinette corou só de pensar nos beijos que havia trocado com o herói - E-ele é legal... q-quer dizer. Ele é meio orgulhoso e impulsivo, mas também é corajoso e forte. - o menino sorriu - E o que você acha da Ladybug? - a pergunta havia pego Adrien de surpresa.

— L-Ladybug, bom ér... ela é incrível, bondosa e esperta. Paris está segura nas mãos dos dois. - disse o modelo.

— Com certeza.

Depois de um tempo, eles se despediram pois Adrien teria uma sessão de fotos. Marinette correu para casa e fez seu dever de história que Adrien havia dito que a ajudaria, mas se desculpou por ter compromisso.

Assim que a noite chegou, Marinette ouviu algumas batidas em sua janela. Chat Noir.

— Deixe-me entrar, princesa.

— Irei te deixar entrar, apenas com uma condição. - disse a menina.

— Qual seria?

— Explicar o porquê de tudo isso.

— Como assim? - o gato fez uma cara confusa.

— P-porque me b-beijou?

— Tudo bem, deixe-me entrar que eu explico. - Marinette abriu a janela e assim que Chat entrou, se aproximou lentamente. – Posso? – questionou e ela assentiu, então ele grudou seus lábios nos dela.

Depois de pararem para respirar, Chat avançou. Os lábios dele estavam a centímetros dos dela e ela o parou.

— V-você d-disse que ia explicar. - falou Marinette.

— Desculpe, mas não sou bom com palavras. - Chat Noir voltou a beijá-la, dessa vez mais devagar.

Marinette estava em uma explosão de confusão por dentro. Queria que ele parasse de beijá-la, mas ao mesmo tempo desejava que ele não o fizesse. Mesmo já tendo dezesseis anos, toda essa aproximação era nova pra ela.

Chat Noir desceu seus lábios até o pescoço dela, depositando algumas mordidas leves, enquanto Marinette se segurava para que nenhum som constrangedor saísse de sua boca. A menina remexeu-se um pouco e sem querer esbarrou no seu livro de história que estava nos pés da cama. Quando o livro caiu no chão, o estrondo fez os dois se separarem.

— Marinette, está tudo bem? - era sua mãe gritando lá de baixo.

— S-sim, eu só d-derrubei meu livro. - falou, enquanto Chat a encarava com um sorriso travesso.

— Ok. Boa noite filha. - seus pais disseram juntos a última parte.

— B-boa noite. - Marinette disse rezando para que não tivessem ouvido nada - Viu o que você fez? - sussurrou para o gato.

— Eu? Foi você quem derrubou o livro. Se não soubesse o quanto você me quer, diria que chutou ele de propósito. - disse ele encostando seus lábios nos dela.

— Chat, n-não podemos... - falou enquanto o gato distribuía beijos em seu rosto.

— Shh... eu gosto, você gosta... é claro que podemos, princesa.

— Por favor, pare. - disse ela - E-eu gosto de outra pessoa. - Chat Noir parou subitamente.

— Você está namorando? - perguntou tomando uma expressão inquieta.

— N-não, mas...

— Então? Você não quer que eu te beije?

— Q-Quero, mas... Não é tão simples. - Chat Noir parou e observou a expressão de Marinette. Ela parecia estar confusa e insegura. Talvez devesse dar um tempo para ela.

— Acho, melhor eu ir.  - disse ele levantando da cama e indo até a janela.

— Chat! - chamou Marinette e quando ele olhou para ela, percebeu um detalhe no seu quarto. Haviam fotos suas grudadas na parede. Ou melhor, fotos suas como Adrien. O gato andou até a parede e observou as fotos. - I-isso não é n-nada. - disse Marinette tentando pegar as fotos, mas ele colocou-se na frente dela.

— Você é fã dele?

— Mais ou menos. - falou sem graça. Por um momento passou pela cabeça dele que ela estava admirando as criações de Gabriel Agreste ao colocar as fotos na parede. Mas depois pensou que talvez fosse outra criação do estilista que ela admirava, e não estava falando de peças de roupas.

— Esse é o garoto que você gosta? - Marinette arregalou os olhos e permaneceu imóvel. - Marinette? - o garoto chamou a atenção da azulada, que assentiu constrangida. Por um momento ele sorriu, mas logo seu sorriso se desfez. Ela gostava do Adrien. Sua outra personalidade, seu lado que menos apreciava, seu eu mais deprimente.

— Olha, eu sei que parece idiotice minha, mas... - antes que Marinette falasse mais alguma coisa, ele a agarrou pela cintura e a beijou delicadamente.

— Eu preciso ir.

— Eu. Estou. Muito. Encrencada. - falou pausadamente.

*

— Adrien, isso que você está fazendo não é certo.

— Como assim, Plagg? - disse o loiro se jogando em sua cama.

— Você está brincando com essa garota. - disse o kwami devorando seu queijo - De dia se aproxima dela como Adrien e à noite visita ela como Chat. Talvez você esteja deixando ela confusa.

— Você acha? - o menino sentou-se na cama.

— Claro. E tem mais, você fica dando em cima da Ladybug e trocando beijos com Marinette. Não pode continuar fazendo isso.

— Tem razão, Plagg. Mas eu não consigo desistir de my lady. - falou escorando a cabeça nas mãos.

— Então desista da Marinette. - ficou pensativo por alguns segundos.

— E-eu não posso. - Adrien levantou da cama e foi até a janela, encarando a noite - Sou apaixonado pela Ladybug, e isso não vai mudar. Quando estou com Marinette tenho a mesma sensação de paixão que tenho quando estou com my lady. Mas a diferença, é que Marinette é mais real. - Plagg pousou no ombro do amigo enquanto o escutava atentamente - Eu posso tocá-la, posso abraçá-la e posso beijá-la. - disse ele e em seguida suspirou.

— Ah, o amor é tão complicado. - disse o kwami - Porque não se apaixona por um camembert? É muito mais fácil.