Empty Chairs at Empty Tables escrita por prongs


Capítulo 1
U: there's a grief that can't be spoken


Notas iniciais do capítulo

uma pequena lembrança do quanto remus lupin sofreu sozinho durante a vida...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/688325/chapter/1

Remus estava no norte do Reino Unido, em uma missão da Ordem da Fênix, quando sua vida inteira virou do avesso.

Em um minuto, tudo estava bem. No outro, um patrono lhe contava uma notícia que parecia estar dilacerando seu coração da pior forma possível.

“Remus… James e Lily.”

Não. Ah, não, por Merlin, não.

“Eles foram assassinados por Voldemort… A criança sobreviveu. Sinto muito, Remus.”

Tudo parecia girar rápido demais ao seu redor. James, que primeiro lhe acolhera, que tivera a ideia de três crianças se tornarem animagos ilegalmente para ajudar um menino lobisomem que eles haviam conhecido no ano anterior… James Potter estava morto e parecia que algo no mundo estava fora de ordem, como se a órbita dos planetas tivesse mudado de repente.

E Lily, que, como ele costumava pensar, conseguia ver a beleza nos outros até mesmo quando eles não conseguiam enxergar em si mesmos. Lily, que não lhe julgava, que lhe tinha como um verdadeiro amigo, que o ajudava nas piores horas. O mundo nunca mais presenciaria a gentileza absurda e as habilidades mágicas incríveis de Lily Evans, pois ela estava morta.

E em menos de vinte e quatro horas, outro patrono.

“Sirius Black assassinou Peter Pettigrew.”

Por quê?

Ah, não. Sirius era o fiel do segredo. Peter teria confrontado ele?...

“Ele está em Azkaban; É um traidor da Ordem e, também, de James e Lily. De novo, sinto muito.”

E o animal se dissipou em fumaça. Sentia muito? Quem era aquela pessoa para dizer que sentia muito?

Nada no mundo fazia sentido. Três de seus melhores amigos estavam mortos e o outro havia sido o assassino deles e estava em Azkaban… Nada no mundo estava no lugar. Tudo estava caindo aos pedaços, desmoronando rápido demais. Tudo acontecera rápido demais.

Quando as pessoas passavam por ele, apenas lhe dirigiam olhares tristes — o luto era grande demais para ser posto em palavras, a dor nunca ia embora, nunca diminuía. Era constante e eterna, não importava quantos dias passassem.

Seus amigos significavam ainda mais para ele do que para todas as outras pessoas que as haviam perdido, porque ele tinha, há muito tempo, aceitado o fato de que a maioria das pessoas iria tratá-lo como intocável, quando James, Sirius, Peter e Lily o aceitaram e o trataram como família. Eles eram sua família. Sem eles, ele não tinha mais ninguém.

Levou alguns anos até que ele tivesse coragem de ir até o túmulo de James e Lily. Estava chovendo e ele lia e relia a frase gravada no túmulo. Não conseguia visualizar os corpos sem vida deles, bem ali… Talvez fosse melhor daquele jeito. Ele não conseguiu falar nada, então apenas foi embora, sentindo aquele vazio que parecia se estender por toda parte agora.

Então, doze anos depois, Dumbledore pediu que ele fosse professor. Relutante, Remus aceitou, esperançoso com a ideia de ter a poção de wolfsbane sempre disponível, mas não imaginou que retornar ao castelo seria tão doloroso quanto realmente foi. Já no trem, ao encarar Harry, parecia que o buraco, que não parara de doer em nenhum minuto nos últimos anos, se aprofundara. As feições de James e, ah Deus, os olhos de Lily.

A primeira semana do castelo fora a mais difícil. A cada corredor que ele dobrava, memórias inundavam sua mente e pareciam afogá-lo, deixando-o com o peito pesado e sem ar. Era como se ele visse rostos fantasmas nas janelas e sombras fantasmas sobre o chão. Ele passava pelas mesas e pelos corredores e quase conseguia ouvir as risadas altas de James e Sirius, acompanhadas da mais discreta de Peter. Ele estava lá, mas seus amigos não, e tudo parecia estar vazio.

E então, em uma noite, examinando o antigo mapa do maroto que ele fizera com os amigos, algo que lhe trazia mais dor ainda, algo pareceu mudar dentro de si. Não era como se o vazio tivesse aumentado ou diminuído, apenas mudado. Nomes conhecidos andando para um lugar conhecido. Indo até a Casa dos Gritos, sua mente trabalhava rápido demais e o vazio parecia ter desaparecido… mas ele ainda conseguia senti-lo.

Ao ver Sirius, tão diferente, tão destruído pela prisão, seu coração pesou, mas ao entender, finalmente, depois de doze longos e solitários anos, o que havia realmente acontecido, um pedaço do vazio pareceu ir embora, dando espaço para o reconforto de ter seu melhor amigo de volta, apesar da descoberta dolorosa sobre Peter.

Descobrira que Pettigrew não estava morto, mas, no fim, o sentimento era o mesmo.

Voltar a conviver com Sirius pelos próximos dois anos pareceu expulsar o vazio, ou pelo menos uma parte dele. Mas era como se um pedaço de Remus tivesse retornado para si junto com seu amigo. Ele não podia sentir-se mais grato. Até a noite no Ministério, onde o vazio voltou e, dessa vez, com mais força. Ver o corpo de Sirius atravessar aquele véu fez com que a dor se espalhasse não apenas em seu peito, mas em seu corpo inteiro.

Ele tivera um pouco de sua felicidade devolvida apenas para vê-la sendo arrancada de si logo em seguida.

Ele não tinha certeza se aguentaria voltar à casa de Sirius depois daquilo, mas não tinha outra opção, afinal. Nos últimos dois anos, ele vira Sirius sentado naquelas cadeiras, nos sofás, sonhando que, finalmente, Harry pudesse ter uma vida feliz e em paz. Que a morte de Lily e James teria sido a pena. Ele sonhava com o amanhã, mas o amanhã nunca veio para ele.

Com o passar do tempo e, agora, com Tonks e o recém-nascido Teddy, o seu peito não incomodava muito, mas continuava lá, a todo minuto, lembrando-o de tudo o que ele perdera. E então veio a última batalha. Lá estava ele em Hogwarts novamente, dessa vez tendo a certeza que todos os seus amigos tinham ido embora… Tudo o que restava, para ele, naquele lugar, eram cadeiras vazias em mesas vazias onde seus amigos nunca mais se encontrariam. De cima do castelo, olhando para baixo, pelos lugares onde ele andara tantas vezes com seus amigos, ele não pôde evitar com que um murmúrio inaudível escapasse de seus lábios ressecados.

— Ah, meus amigos… Meus amigos, me perdoem por estar vivo enquanto vocês estão mortos.

Remus encontrou seu fim nas mãos de Antonin Dolohov. Meses de inatividade, utilizando principalmente feitiços de ocultação e proteção, tinham enferrujado suas capacidades de duelo e ele estava muito lento quando se viu a frente do comensal, que passara meses a fio matando e torturando pessoas, ele quase conseguia sentir o que viria…

Nos seus últimos segundos, ele sentia que o vazio estava indo embora. Ele sabia que sua morte, assim como a de James, Lily e Sirius, significaria algo importante. E ele sabia que finalmente estaria junto aos seus amigos. No último instante, ele vira um clarão e, depois disso, havia sido mais rápido e mais fácil do que cair no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...e como ele merecia, mais do que tudo, ser mais feliz. :(