Uma bela coincidência escrita por irritabiliz0u


Capítulo 32
31 - Ele




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—Onde está ela? Cadê a Catherine? – Vivian entra desesperada na minha casa sem bater, sem avisar, com Christian furioso atrás.

—Eu já fiz um B.O., seja quem for que a tenha pego sabia quem era a Catherine. Houve uma morte porque o cara queria mostrar que não estava de brincadeira, eles estavam armados... E-eu tentei impedir que a levassem eu juro Vivian. – Lágrimas ainda descem sem controle pelo meu rosto mas eu me controlo o suficiente para ninguém notar meu desespero. Já faz 24 horas que a levaram e a polícia ainda não fez nada. Estranhamente Vivian está quieta, algo que é anormal.

—Você sabe de alguma coisa? – Tento manter o controle na minha voz, apesar de não haver nada além de insegurança e medo.

—Talvez eu saiba, mas é totalmente impossível de acontecer. Quer dizer, faz tantos anos.

—Vivian, não tenho família além de Alyssa e só tenho a Catherine. O que você sabe? – Ela está pasma, isso é nítido. Vivian se senta no sofá quieta e isso chama mais atenção de Christian.

—Ele está morto, é totalmente impossível amor. – Christian se pronuncia abaixando mais a raiva.

—Eu sei, mas agora é minha melhor amiga que está com eles e eu tenho que fazer de tudo para salva-la. – Ela olha pra mim e eu não entendo nada do que dizem. – Pai de Catherine era um jogador de bar viciado, ás vezes ia até cassinos escondido. Sei disso porque já o vi em um em uma noite. Eu não faço ideia de quem seja que a pegou, mas no dia que fui atacada, meses atrás, o cara estava procurando por Catherine e como eu não quis falar, bom, ele me esfaqueou. – Vivian põe a mão sobre a barriga, onde provavelmente tem uma grande cicatriz.

—Quer dizer que então um desses cara que o pai dela jogava veio descontar nela? O velho só pode ter morrido devendo dinheiro, não teria trabalho de procura-la no Brasil se não fosse alto o valor.

—A questão, Rafael, é: Quem está com ela? E quanto que querem? – Christian respira fundo e eu consigo ver a dor dos dois amigos em não saber onde ela está, sinto a mesma dor, se não maior, de não saber onde ela está e não poder fazer nada.

—Eu ia pedi-la em casamento. – Pego a caixinha no bolso e dou na mão de Vivian. – Será que ela aceitaria? – Desce algumas lagrimas dos olhos de Vivian e a mesma sorri.

—Ela ia aceitar sim, Catherine ama muito você. Até demais. Faria qualquer coisa pra te proteger.

Passamos alguns minutos em silencio, cada um respeitando o espaço e dor do doutro, simplesmente não tem como isso continuar. Preciso saber onde ela está. Estou indo me pronunciar quando o telefone de casa toca.

—Deve ser eles. Atende.

Atendo o telefone inseguro até ouvir uma voz grossa demais.

—Nada de policia. Levem quarenta mil até o Iguatemi hoje a noite, 19:00, na frente do local.

—Quero ouvir a voz da Catherine. Coloca ela na linha, tenho que saber se está viva. – o cara bufa e consigo ouvir passos molhados até chegar nela.

—Rafa? Amor não dá o dinheiro pra eles! É uma armadilha. Por favor vem me buscar, está sangrando muito.

—VOCÊ MACHUCOU ELA SEU DESGRAÇADO? – Não consigo me controlar aqui do outro lado.

—É UM PRÉDIO VELHO, OS CANOS DE AGUA ESTÃO QUEBRADO. NÃO É TÃO LONGE DA... – só deu pra ouvir depois uma mão contra um rosto e mandando calar a boca, Catherine chorando e dizendo que não vai entregar nada.

O que eu faço agora?

Ela

—Entende, eu não sei de que dinheiro você está dizendo. – Insisto fraca para o cara que permanece querendo me torturar.

—Sabe sim, ele está me devendo quarenta mil, o Robert nunca foi boa pinta...

—ELE ESTÁ MORTO OK? MORREU EM UM ACIDENTE DE CARRO JUNTO COM MINHA MÃE, EU FUI A ÚNICA QUE SOBREVIVEU. POR CAUSA DAS CONTAS DO HOSPITAL DO MEU IRMÃO QUE TINHA DOENÇA TERMINAL TIVE QUE GASTAR TUDO QUE ME SOBRARA. – Esbravejo pra ver se o cara corpulento entende o que realmente aconteceu.

—Então você gastou o meu dinheiro é garota? – Ele passa levemente a faca na outra coxa até realmente apertar e agora os dois lados estarem gravemente machucados. Nenhum homem irá querer me olhar por causa das cicatrizes que isso vai deixar. Rafael vai sentir repulsa, nojo disso e não vai mais me tocar. Vou voltar a ser aquela garota de quando minha família morreu porque com certeza parte de mim já se foi.

—É A POLICIA FEDERAL, SOLTE A ARMA E COLOQUE AS MÃOS AONDE EU POSSA VER. – Antes do borrão se tornar escuridão sinto a lamina da faca no meu pescoço.

—Se chegarem mais perto ela morre, se atirarem ela morre junto. Porra garota, como eles chegaram aqui. – Consigo só sorrir diante do que está acontecendo. Foram eles, meus pais me protegeram do que esse grandalhão podia fazer comigo.

Horas depois...

—Vivian? – Toco sua mão branquinha na minha cama e ela desperta com o rosto vermelho.

—Que bom que acordou amiga, senti muito medo de perder você. – Sorrio fraco.

—Ainda não, sinto muito. – Rio fraco e ela um pouco mais forte.

—Cath... tenho que te dar uma notícia.

—Cadê o Rafa?  - Me agito um pouco mais do que com certeza é permitido.

—Catherine me ouve. – Sua voz embarga e dou minha total atenção para ela franzindo a testa. – Você perdeu o bebê. – Olho para minha barriga coberta pelos lençóis de hospital e a roupa desse local que eu odeio. Eu... Eu estava grávida. Começo a chorar sem controle sem aceitar o que aconteceu.

—Eu... eu ia ter... um mini Rafael ou uma mini Catherine. Eu matei meu bebê... Matei meu filho... – Abraço Vivian aos choros e depois nos acalmamos para ela me explicar a história, mesmo eu não conseguindo me concentrar.

—Cadê... Cadê o Rafael?

—Ninguém vê ele desde que disseram que você perdeu o bebê... Ele também ficou sem chão.

—Quanto tempo estou aqui?

—Três dias.

—O bebê... Sabe me dizer quanto tempo ele estava na minha barriga?

—Estava grávida de três semanas. Não sentiu enjoos, tontura ou desejo?

—Enjoo, vomitei o camarão do temaki, senti meu quadril um pouco mais largo. – A dor que sinto no meu peito não para mais de crescer. Eu ia ter um filho, ia ser mãe. Se eu não tivesse sido grossa com o sequestrador talvez ele ainda estaria na minha barriga, Rafael seria futuro pai. Como vim parar aqui? E o dinheiro? Preciso do conforto de Rafael, saber que ele mesmo me apoia, porem no momento é impossível sentir algo por alguém sem pensar no meu filho. Era uma vida, minha responsabilidade. Só consigo chorar e chorar. Sinto um vazio enorme que não dá para ser preenchido.


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Notas finais do capítulo

heey, eu vou continuar aqui pois o livro ainda não está na reta final. Vem muito por aí.



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