Joanne

Joanne amava andar a cavalo. Andar a cavalo fazia com que ela se sentisse viva e que por alguns minutos se esquecesse que era uma bastarda.

Em várias das ocasiões em que andou a cavalo percebeu que seu pai ficava a olhando com um olhar distante. Não apenas ele, mas alguns servos também. Ela achava que era porque eles a achavam parecida com sua tia Lyanna. Segundo algumas conversas que ouviu sua tia também amava andar a cavalo. Seu pai não costumava falar muito de Lyanna ou de Brandon que foi morto pelo rei Louco. Ela costumava falar dos parentes que morreram.

O tempo estava ficando mais frio a cada dia. O inverno parecia está finalmente chegando. Mas isso não impedia que ela andasse a cavalo. O tempo não a incomodava. E seu cavalo parecia achar o mesmo. Era um bom cavalo. Ela o tinha há muitos anos.

Tinham dias em que ela ia cavalgar com seu pai e seus irmãos,  fora dos limites de Winterfell. Ela nunca havia saído sozinha, pois seu pai não permitia. Dizia que perigos podiam se esconder do lado de fora. Pessoas mal intencionadas ou até mesmo os lobos que se aproximavam por causa do inverno. Mas naquele dia resolveu fazer isso. Algo dentro dela pedia para cavalgar maiores distancias. Queria sentir a sensação de liberdade por mais tempo.

Saiu pelo portão do caçador sem que ninguém a notasse. Era um portão menos movimentado que o portão leste, que era o que dava para a Estrada do Rei. Esse portão dava em um campo aberto e logo após na mata dos lobos. As árvores estavam com flocos de neve em suas folhas. Era uma coisa linda de se ver. A garota cavalgou bastante, até começar a ouvir uivos de lobos ao longe, estava tão distraída que não notou que estava muito afastada. Mas o que a convenceu mesmo a voltar foi o fato dos uivos parecem se aproximar... Era melhor não arriscar um possível ataque.

Joanne saiu e em nenhum momento reparou que entre as árvores alguém observava atentamente os seus movimentos e gravou o seu belo rosto para sempre.

Ygi

Ygi havia nascido ruivo o que os selvagens julgavam ser um sinal de que ele era sortudo. E se fosse pensar isso talvez fosse verdade, pois somente o fato de ter conseguido cruzar a Muralha e chegar até as terras dos nortenhos já era muita sorte. Só o fato de ter conseguido fugir das criaturas misteriosas de olhos azuis e de não ter se tornado um deles já podia ser considerado sorte. Muita sorte.

Havia algo misterioso surgindo além da Muralha. Grupos de selvagens estavam tentando fugir dessas coisas também, mas Ygi era esperto, sabia que seria mais fácil passar se fosse sozinho do que em grupo. Ainda mais porque o grupo incluía mamutes e gigantes. Foram dias meio difíceis até chegar, mas ele tinha conseguido passar. Estava temporariamente abrigado na mata dos lobos. Em uma das casas de lenhadores abandonada. No local encontrou um machado e com o auxilio do instrumento tinha lenha o suficiente para se manter aquecido e a floresta fornecia comida abundante, muitos animais e algumas frutas. Era um bom lugar para ficar, pelo menos por um tempo. Não sabia se poderia ficar lá para sempre.

Em uma das suas saídas para caçar percebeu o barulho de patas de cavalo ao longe. Temeu que pudesse ser algum perigo. Se escondeu e ficou em posição de ataque. Apenas observando. Ygi tinha ouvidos de caçador e era muito silencioso também. Ser silencioso era uma qualidade necessária para sobreviver além da muralha. Ficou em silencio e aguardou. Mas para a sua surpresa não eram caçadores, mas sim uma bela jovem. A moça tinha os cabelos negros e a pele clara. Naquele momento Ygi se sentiu verdadeiramente sortudo por ter a visto. Iria a raptar para ele, não naquele dia, mas em um próximo. Tinha a impressão que a veria novamente.