Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 37
Capítulo 37




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Capítulo 37 - Tio Natan revisita seu passado...

- Ufa! Acabei! - exclama Thiago, ao terminar de lavar toda a louça do quiosque em mais um fim de serviço na sexta-feira - Agora, finalmente posso ir para casa

- Bom trabalho, Thiago! - diz tio Natan, que passa por ali, enquanto o rapaz terminava de arrumar a cozinha - Tem mesmo trabalhado muito bem. Merece até um aumento

- Sério? - grita o garoto, alegre.

- Claro - diz o proprietário do quiosque - É uma pena que eu não possa te dar um!

Thiago mostra a frustração na sua cara, mas tio Natan parecia mais tranquilo do que nunca. Não demora muito, e as gêmeas também já estavam prontas para ir embora.

- Estamos indo, tio - diz Mariana - Precisa de mais alguma coisa?

- Não, não - ele diz, coçando a cabeça, com um ar meio abatido - Podem ir...e...podem tirar o dia de folga amanhã

- Por que? Amanhã nem é quarta-feira? - pergunta Thiago.

- Mas não vou abrir o quiosque. Aproveitem para fazer o que quiserem. Amanhã também quero tirar uma folga - ele explica, colocando as mãos no bolso e já preparando a chave para fechar tudo.

- T-Tem certeza, tio? - Mariana pergunta mais uma vez.

- Absoluta - ele responde, enquanto o grupo todo saía do quiosque - Tenham um bom fim de semana

- T-Tá

De volta para casa, os três comentam sobre o ocorrido. Não que tio Natan fosse uma pessoa muito aberta, mas naquele momento ele estava meio triste. Teria acontecido alguma coisa?

- Será? É estranho...não deve ser problema com a família, senão também estaríamos sabendo de alguma coisa - diz Mariana.

- Nem de saúde. Outro dia ele comentou que os exames estavam melhor do que o esperado...e olha que ele fuma - comenta Renata.

- Não sei o que pode ser - diz Mariana

- Talvez

- O que, Thiago? - pressiona Mari - Se você sabe de algo que a gente não saiba, fala logo!

- Calma, calma, não é algo que eu possa ter certeza

- Então? - a loirinha quase esganava o pobre Thiago. Parecia bem preocupada mesmo.

- Só uma hipótese...mas, ele não estaria se sentindo sozinho? - diz o rapaz.

- Sozinho? - repete Renata - Outro dia ele não estava saindo com uma tal de Simone ou seria Cibele?

- Ah, sei...mas ele só ficou com ela por uma semana e meia, não? Depois já terminaram!

- Puxa, ele é rápido com relacionamentos, né? - diz Thiago, tentando melhorar um pouco o clima tenso.

- É verdade...Ele nunca teve muita sorte com mulheres... - comenta Renata.

- A única que ficou mais tempo com ele foi a... - Mari olha para a irmã e as duas parecem ter tido a mesma ideia.

- Isso! Vamos falar com ela! - elas dizem em uníssono. Thiago não entende nada, até o momento em que vê com seus próprios olhos a resposta.

- O que?! - estranha Fabíola, enquanto consultava algumas coisas numa revista de medicina - Vocês querem que eu visite o Natan?

- Sim. Tudo indica que ele deve ter lembrado de você! - diz Renata

- Então... - Thiago entra na conversa, ainda digerindo o que acabara de descobrir - Quer dizer que...a Fabíola e o tio Natan já namoraram?

- A gente nunca te contou, né? - diz Mariana - Mas, sim. Eles namoraram há muito tempo

- Há muito tempo - repete Fabíola, em um tom de deboche - Fala como se eu fosse uma velha. Ele era uns seis anos mais velho do que eu, aquilo nunca ia dar certo

- É o que você diz - comenta Renata - Mas vocês nunca nos contaram o verdadeiro motivo por terem terminado

- Só sabemos que terminaram e...por coincidência...amanhã é o aniversário do término de namoro de vocês

- Ah, é - diz Fabíola, mostrando pouquíssimo interesse - É verdade, né?

- Olha, então a Fabíola já namorou o tio de vocês? - pergunta Raquel, chegando de mansinho na conversa.

- Raquelzinha - diz Thiago, já sentindo o coração batendo mais forte.

- Não pude deixar de ouvir - diz a ruivinha - Talvez ele ainda goste de você, se está tão deprimido ao lembrar do "aniversário de término de namoro"

- Humph! Duvido! - debocha Fabíola, voltando a ler sua revista - Aquele relacionamento acabou para mim

- Então por que não diz isso na cara dele? - provoca Renata - Você sempre diz a mesma coisa, mas nunca parou para conversar com o tio Natan nesses anos todos

- Anos todos? Foi há tanto tempo assim? - pergunta Thiago.

- Três anos - responde Fabíola - Elas falam como se eu tivesse terminado há um século atrás!

- Mas o tio Natan sempre fica meio down nessa época...e esse ano ele até dispensou a gente do trabalho

- Nossa, que gentil - ironiza Fabíola.

- Puxa, Fabíola! Vai lá! Acaba com essa história de uma vez! - exclama Mariana, forçando a amiga a encarar o problema de frente - Eu sei que vocês tem alguma coisa para se acertar! NÃo fosse isso, o tio Natan não pensaria em você tanto assim

- É verdade - diz Renata - Seria bom colocar tudo em pratos limpos de uma vez

- Tsc! Já vi que não vou ter paz enquanto não fazer isso por vocês, não é?

- Não é pela gente, é pelo bem de vocês dois! - diz Mariana, em um tom amigável.

- Que seja. Amanhã eu passo lá - responde a médica, fechando a revista e se levantando. Ela vestia uma calça que revelava bem as curvas, o que Thiago nota na hora - Mas vocês vão comigo

- Quer que a gente vá? - pergunta Mari.

- Claro! Senão, é bem capaz de eu desistir no meio do caminho e gastar meu precioso tempo na taverna do seu Bacamarte. Ainda tenho cerveja VIP graças à aposta que eu ganhei

- Ah, é, o vovô comentou sobre isso - diz Raquel, com um sorriso.

- É bem capaz dela fazer isso mesmo - comenta Mariana, virando os olhos para a irmã que apenas sorri. Mas estava combinado. No dia seguinte, todos iriam para a casa do senhor Natan.

"O que será que aconteceu com esses dois?", imaginava Thiago, que, por sua vez, só saberia a resposta no dia seguinte, quanto Thiago, Mariana, Renata, Raquel e Fabíola seguem para a casa do tio e tocam a campanhia. Dois segundos depois...

 - Não tem ninguém, vambora gente - diz Fabíola, já pegando a chave do carro.

 - Eeeeh! Quer relaxar? O que tem demais em conversar? - diz Mariana, puxando a amiga pela camisa. Fabíola suspira, guarda os óculos escuros que estava usando e aguarda o proprietário do quiosque Twin atender a porta. Pouco tempo depois, eles ouvem o barulho da porta abrindo.

 - Você nunca veio aqui, né, Thiago? - pergunta Renata.

 - Não - ele responde

 - Bem...não se assuste com o que você vai ver

 Tio Natan abre a porta e parecia indiferente à visita das sobrinhas

 - Ah, vocês...achei que tivesse dado um dia de folga para vocês

 - Sim, mas o senhor parecia tão triste, tio - comenta Mariana - Resolvemos fazer uma visitinha

 - Ah - é tudo que ele diz, ainda nÃo reparando na presença de Fabíola - Bem, podem entrar, mas não tem muita coisa e...
 
 Ele finalmenta a vê. A médica cumprimenta com um sorriso educado e Natan praticamente paralisa.

 - F-Fabíola? - ele balbucia, praticamente em transe.

 - O-Oi - ela diz, desconfortável.

 - Uau! - o grito de Thiago interrompe o encontro - Como o senhor consegue morar aqui?

 O cenário da casa de tio Natan não era muito agradável de se ver. Roupas jogadas pelos cantos, latinhas de cerveja e refrigerante, bitucas de cigarro, cama bagunçada, mais roupas jogadas pelos cantos, revistas e jornais espalhados, louça na mesinha da sala, meia em cima da antena da televisão, mais roupas jogadas pelos cantos e embalagens de salgadinho perdidas. Não cheirava muito bem, mas, mesmo assim, ele parecia se encontrar no meio de toda aquela bagunça.

 - Eu disse para não se assustar - comenta Renata

 - Isso está pior do que o quarto que o vovô tinha guardado - comenta Raquel, comentando inocentemente.

 - Agora vocês entendem por que eu não gosto muito de vir para cá - fala Natan, coçando a cabeça - Sou péssimo em cuidar da casa

 - Você não mudou mesmo, não é? - comenta Fabíola.

 - É, eu sei - diz Natan, ainda demonstrando calma - Mas é bom vê-la de novo, Fabíola

 - Ah, tá...olha, isso deve ser desconfortável tanto para mim quanto para você - diz a médica - Só vim porque as meninas insistiram, mas não tenho muito o que falar com você

 Nisso, Natan parece balbuciar alguma coisa, mas suas emoções começam a vir a tona. Ele muda completamente sua postura calma e se joga aos pés da doutora. Parecia desesperado.

 - Por favor, Fabíola! Volte para mim! Eu te amo! Sempre te amei! Você é tudo para mim! - ele implorava.

 - Larga do meu pé, ô! - ela reclama - Você já teve sua chance, mas não dá!

 - Afinal, como vocês se conheceram? - pergunta Raquel, curiosa.

 - Ah, isso - responde Fabíola - Foi há quatro anos atrás

 * Início de flashback.

 Natan cuidava do quiosque, em um dia que as meninas já haviam ido embora, quando Fabíola chega, cansada do trabalho.

 - Desculpe, já estamos fechando - diz o proprietário, mantendo sua calma de sempre.

 - Hã? - ela responde, aparentemente embriagada - Mas...eu só queria uma cervejinha...

 - Mas você já parece ter bebido bastante

 - Só o de sempre - ela responde e logo cai com a cara na mesa

 - Ei, você está bem?

 - Hã? Claro...estou muito bem

 - É que...normalmente pessoas que praticamente desmaiam em cima da mesa costumam estar indispostas

 - Não estou desmaiada...estou ouvindo tudo o que está falando

 - Mas parece estar indisposta, não?

 - Sou médica...posso saber quando estou indisposta ou não
 
 - Ah, então tá. Mas de qualquer forma, já estou fechando - repete Natan, enquanto pegava as chaves para fechar o quiosque de vez

 - Mas nem uma cervejinha? Que raio de quiosque é esse que não abre à noite?

 - Bem, é um quiosque de praia...as pessoas não costumam vir muito à praia durante à noite

 - Sério? Então deve ser mesmo o melhor horário para dar um mergulho, não? - Fabíola se levanta e começa a se despir.

 - O que está fazendo? - diz Natan, agora ficando um pouco mais nervoso. Apesar de não ter muita gente ali, ainda era um local público

 - Relaxa...estou de biquini por baixo. Nunca se sabe quando se pode dar um mergulho, não é? Se bem que eu já tomei banho de mar nua. É uma delícia

 - O que?

 - Huahuahuaha! Brincadeira! - ela ri, achando graça na voz de espanto dele.

 - Mas você está em condições de nadar?

 - Eu já fiz isso antes.

 - Ah, mas....o que? Já nadou bêbada?

 - Quem te falou que estou bêbada?

 - Ah, não? Tenta fazer um quatro?

 - Então tá - Fabíola tira um pedaço de papel e uma caneta do bolso, desenhando o número quatro para Natan - Pronto!

 - Não é isso! Fique de pé e tente cruzar as pernas

 Fabíola faz isso, mas, claro, acaba se desequilibrando um pouco. Natan a segura e ela olha bem nos olhos dele.

 - Puxa

 - Viu? Você está bêbada!

 - Uau! Você tem...olhos bonitos

 - Bem...acho que você é a única bonita por aqui

 Fabíola beija o desprevenido proprietário na boca e, a partir daí, os dois começam um namoro de verdade. Não demora muito para Fabíola descobrir que Natan era tio das duas irmãs que moravam com ela e elas, por sua vez, amaram a notícia. Fabíola era muito amiga das duas. Os dois ficam firmes por um ano, mesmo com a diferença de idade. Só que as crises logo apareceram.

 - Não dá mais - reclama Fabíola - Nosso relacionamento já era!
 
 - Hã? Mas...mas...o que tem de tão ruim? - Natan tentava argumentar.

 - O que tem de tão ruim? - repete Fabíola - Não dá para viver com um cara como você! Eu mal consigo entrar na sua casa!

 - Tudo bem, tá um pouquinho bagunçada, mas...a gente pode dar uma ajeitadinha, não?

 - Jogar o lixo debaixo do tapete não é dar uma arrumadinha, Natan! - ela diz

 - Quem falou que eu jogo o lixo debaixo do tapete?

 Ela levanta o tapete e mostra a borda de pizza que tinha lá dentro

 - Ah! Então foi aí que eu esqueci a borda da pizza..

 - Não dá! Você é bagunceiro demais! Se não mudar vai ficar solteiro para sempre!

 - Mas...você não pode ir embora! Eu...eu...te amo, Fabíola! Você sabe disso, não sabe? Você também já me disse isso

 - Ai, ai...você é uma boa pessoa, é sossegado, mas...não posso arrumar toda a sua bagunça. SOu uma médica ocupada

 - Mas..

 - E você fuma demais

 - Como assim? Você bebe demais e eu não falo nada

 - Ah! Vai me insultar agora? Pois eu vou embora mesmo
 
 - Por favor, não vá! - diz Natan, se jogando aos pés dela - VOcê foi a única pessoa que aguentou ficar comigo por mais de um ano

 - Mas já cheguei no limite

 - Mas...você já passou à noite aqui tantas vezes

 - Ah, mas nessas horas a gente nem liga para o que tem em volta - ela sorri - E eu também devia estar um pouquinho alterada pela bebida

 - Então você só faz sexo bêbada? - estranha Natan

 - Assim eu me solto mais

 - Ah! Não importa! Por favor, não me abandone! - ele ainda estava ali, jogado aos pés dela.

 - Não! Não rola mais! Foi bom enquanto durou, mas...não posso ficar com você, sem te amar como se deve

 - NÃo quer reconsiderar?

 - Não

 - Nem se eu oferecer uma última cervejinha?

 - Hmmm... - ela pensa - Não! E...essa garrafa de whisky é minha! - diz ela, pegando a garrafa que estava jogada em algum canto e caindo fora

 Natan fica arrasado, mas logo supera.

* Fim do flashback

 - Lembro como se fosse ontem - diz Natan - Numa quarta-feira, há três anos atrás...que péssimas lembranças

 - Ah, por isso o senhor odeia quartas, não é? - diz Thiago

 - Pois é

 - Mas só de olhar para esse apartamento vocês já podem ter uma ideia do porque não pude continuar com ele, não é? - comenta Fabíola, encostando em uma mesinha.

 - Mesmo a gente passando tanto tempo juntos? - pergunta Natan, ainda esperançoso.

 - Foi só um ano

 - Mas foi o melhor ano da minha vida!

 - Fabíola! Ele te ama! Não quer dar mais uma chance?

 - Nunca! - ela responde - E vim aqui para deixar isso totalmente claro! Eu não vou voltar atrás!

 - Como pode ser tão má? - Natan ainda insistia - Você não está apaixonada por ninguém no momento, está?

 - Não..se bem que...quase que o Thiago e eu já demos uns pegas

 - QUE?! - todos os presentes estranham

 - Hahuahuah! Brincadeira! - ela se corrige e Thiago fica algum tempo de boca aberta - Mas, sério...a convivência com você foi boa, mas eu não seguiria adiante com você, não. Desculpa

 - Tudo bem, tudo bem, já entendi - diz Natan, tristonho - Vou me isolar aqui...triste...deprimido...sozinho

 - Tadinho - Raquel se compadece.

 - Fabíola! Vai deixar isso assim mesmo? - reclama Mariana.

 - Você fala isso mesmo com essa barata subindo na sua perna?

 - Aaaaaaaah!!! - ela se agarra a Thiago, que faz uma cara de alegria, mas logo se recompõe.

 - Esqueçam! Minha história com o tio de vocês acabou! Ele não vai evoluir muito se não mudar seu estilo de vida!

 - Pois eu vou mudar! - diz tio Natan - Vou me tornar uma pessoa organizada! Vou fazer uma faxina de verdade nessa casa e te reconquistar Fabiola! Você terá o cara mais organizado do mundo!

 - Eu tô de boa, mas...boa sorte na sua mudança!

 - Vou começar hoje mesmo!

 Uma semana depois....

 - Tio Natan! Viemos te visitar! - diz Mariana, chegando com Renata para uma visita e para ver se a casa estava arrumada de novo. Infelizmente, ela estava tão bagunçada quanto antes.

 - Eu tentei....eu juro que tentei - diz o tio, choroso. As gêmeas o abraçam. Bem, certas coisas nunca mudam. E Fabíola...continuava irredutível.


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Notas finais do capítulo

Semana que vem tem mais (escrever uma vez por semana pode ser demorado, mas acho que a história sai com mais qualidade...ou será que é impressão? ')

De qualquer forma, fiquem espertos. Twin Beach pode ainda trazer surpresas boas para o futuro (como mais arcos ao invés da capítulos com uma história só) e não tenham pressa, essa história ainda tem muito pano pra manga (ainda mais agora que estou recebendo mais reviews). Hehehe!



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