Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 27
Capítulo 27




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Capítulo 27 - A Troca

      - Acabei! Finalmente! Acabei! - comemora Mariana, batendo palmas de alegria diante de seu professor orientador - Finalmente terminei o painel do simpósio!

      O professor dá uma última olhada no trabalho e elogia o empenho da garota. Era um homem bigodudo, relativamente alto e de óculos.

      - Muito bem, Mariana - diz ele - Tenho certeza de que você vai se dar muito bem no simpósio da semana que vem

      - Obrigada, professor - ela agradece contente - Deu trabalho, mas deu certo!

      - Eu imagino...podíamos comemorar agora! Vou chamar o pessoal do grupo de trabalho para tomar uma cervejinha - diz o professor

      - Desculpe, professor Farias, eu não bebo
   
      - Ah, nem pela companhia, e... - nisso, o celular do professor toca - Ops, desculpe, minha mulher...oi? Fala...sim, amor...tá bom, tá bom...beijo, tchau

      O professor desliga o celular e suspira

      - Desculpa, não vai dar...vamos deixar para a próxima! -  diz ele - Minha mulher precisa que eu vá para casa...preparar o caldo do Pepito

      - Pepito? Quem é ele?

      - É o nosso cachorro...ele só come à noite quando eu preparo um caldo que só eu sei fazer

      - Puxa, o senhor é bem prendado

      - E não é muito bom contrariar a fera da minha esposa...bem, mas tenho certeza que você vai se sair bem no simpósio. Você se lembra bem do resumo do nosso projeto, não lembra?

      - Sim. Claro

      - Ótimo. Não tem o que dar errado. Eu vou indo. Parabéns pelo bom trabalho, Mariana

      - Obrigada - ela agradece com um sorriso.

      A loirinha chega em casa contente (era uma quarta, ninguém trabalhava no quiosque) e animada. A família estava toda reunida na mesa de jantar.

      - Yeah! - diz Mariana, socando o ar de alegria

      - Nossa, que felicidade - comenta Renata - O que aconteceu?

      - Terminei meu painel do simpósio de iniciação científica que eu vou participar no sábado

      - Simpósio? O que é isso? - pergunta Dona Joana, enquanto colocava a comida na mesa.

      - É uma reunião onde vários estudantes de iniciação científica apresentam o resumo de seus trabalhos. O meu projeto até que é bem complicadinho, viu?

      - Ah, entendi - diz Dona Joana, se sentando.

      - E você? - pergunta seu Joaquim a Thiago, que estava sentado bem perto dele, acompanhado de um belo cascudo no ombro.

      - Ai! O que eu fiz?

      - Por que só a Mariana trabalha e você não faz nada? Vocês não são da mesma sala?

      - Mas faculdade é diferente...a Mariana foi convidada pelo professor por ser a primeira colocada - o garoto se explica.

      - Seu incompetente! - bronqueia seu Joaquim - E ainda por cima tá com o aluguel atrasado

      - Atrasado? Mas eu paguei ontem...

      - Ontem quando?
   
       - Seja como for - diz Fabíola - É uma coisa boa! Vamos abrir uma garrafa de whisky para comemorar!

      - Você iria abrir a garrafa de qualquer jeito, não ia? - pergunta Stephany.

      - Claro que não! Tá me chamando de bêbada?
   
       - Que bom, Mari! - cumprimenta Renata - Então é por isso que você ficava trabalhando no laptop até tão tarde, não é?
   
       - Pois é, mas agora tá pronto! Sábado irei apresentar e...nada pode dar errado! Uhu!

      Mas ela não devia ter falado isso com tanta certeza

     - Ai, ai, ai - gemia Mariana, bem na manhã de sábado
   
     - Ela tá bem? - pergunta Renata

     - Bem, bem ela não está - confirma Fabíola, antes de ir para o trabalho - Mas não é nada de tão grave, pelos sintomas é só uma virose. Mesmo assim é melhor ela ficar em repouso hoje
   
    - Virose? Justo hoje? - a esforçada loirinha se revolta - Como eu vou para o simpósio?

    - Você não vai poder ir - lamenta Fabíola - Sua febre pode aumentar se você se esforçar demais

    - Ah, não - ela lamenta - Depois de tanto trabalho
   
    - Que chato - Thiago também lamenta - Você se esforçou tanto

    - Não, não posso perder esse simpósio...o professor está contando comigo e isso vai ser um trampolim gigante para o meu currículo

    - Mas você está doente, Mari - reafirma Fabíola, que sabia ser séria quando precisava - Não pode se esforçar, já falei

    - Se eu não posso ir, então...então.. - ela olha para Renata e tem uma ideia louca - Re! Renata! Só você pode me ajudar!

    - Ei, peraí, você não tá pensando em..? - pergunta Thiago, de alguma forma entendendo o pensamento de Mariana.

    - A gente já fez isso quando éramos crianças, lembra? - diz Mariana desesperada.

    - Hã? - Renata se assusta - Mas era diferente! A gente fazia isso para enganar a tia da escola...mas isso é bem mais sério

    - Exatamente! É sério! - ela pega na mão da irmã, quase implorando - Isso é muito importante pra mim! Você precisa me substituir! Transforme-se em Mariana pelo menos por hoje!

     - Mas..eu nem sei sobre o que é o seu projeto - Renata tentava escapar dessa encrenca, mas Mariana estava determinada. Mari era muito madura, mas essa era uma questão urgentíssima. Tinha que fazer isso!

     - É fácil! É só ler esse resuminho! Meu trabalho é o desenvolvimento de um novo procedimento para criação de tinta guache

     - Ah, é, você faz engenheira química - comenta Renata

     - Leia esse roteiro sempre que tiver dúvida

     - Olha, eu não garanto muita coisa, não..

     - Pelo menos pega o certificado pra mim...pelo amor, Re! Tô te implorando!

     - Tudo bem, tudo bem, Thiago, você me ajuda, né? Eu não conheço nada por lá

     - Será que isso vai dar certo... - duvida o rapaz

     - Tem que dar certo! - grita Mariana, agarrando o pobre Thiago pelo colarinho - Ai...droga, tô mal mesmo...nem forças pra te bater eu tenho

     - Tá bom, vamos ver no que dá...simbora, Thiago

     Bem, Thiago e Renata (agora como Mariana), chegam ao local do simpósio. Mari deu todas as indicações, localização, como era o painel, tudo. Renata era inteligente e entendeu mais ou menos o projeto da irmã. Thiago tenta ensaiar com ela.

      - Então...e aquela fórmula ali?
   
      - Serve para indicar a quantidade necessário do composto - diz Renata sorrindo

      - Aí, você já pegou o jeito da coisa, Renata

      - Obrigada, mas...agora sou Mariana! - Renata tenta fazer uma pose mais brava, mas Thiago cai na risada.

      - O que foi? Para de rir - diz Renata, também já começando a rir

      - Você não consegue ser tão séria que nem a sua irmã, né?

      - É...acho que não

      - Mariana! Minha querida! Como vão as coisas? - chega professor Farias, o orientador de Mariana
   
       - Ah, oi

      - Esse é orientador dela - diz Thiago, em voz baixa, enquanto o professor olhava o pôster

      - Disse alguma coisa?

      - Não, nada - diz Thiago assustado

      - Já te perguntaram muita coisa? - pergunta o professor
   
      - Não, não, até que não

      - Bem, os fiscais dos trabalhos já estão chegando. Muita calma agora

      Chegam dois professores que estavam avaliando os trabalhos. Renata dá um sorriso.

      - Qual o seu nome? - pergunta um deles

      - Re..quer dizer, Mariana

      - Hmm..do que fala seu trabalho exatamente?

      Renata explica conforme o roteiro de Mariana mandava. Mas a conversa acaba entrando em um detalhe que a garota desconhecia.

      - Então, Mariana - diz o professor orientador - Ali a gente também tinha pensado em usar aquele outro procedimento

      - Outro...procedimento? - pergunta a loirinha. Thiago também começa a gelar

      - É. Você lembra, não lembra?

      - Ah, sim...aquele procedimento - diz Renata, sorrindo amarelo - Claro que lembro! Por que não lembraria? Só se eu não fosse eu, né? Hehehe!

      - Que procedimento seria esse? - pergunta o outro avaliador, curioso.

      - Ah, a Mariana estudou bastante esse procedimento. Pode falar para eles, Mari. Você sabe disso mais do que eu

      - Então...muito bem...hehe - Renata começa, tentando disfarçar com o sorriso mais simpático que podia - Esse procedimento...não é muito diferente do outro
   
       - Não é? Mas eu achava uma ideia totalmente oposta

      - Então...é que depende muito de como você encara a semelhança e a diferença

      Renata ainda tentava enrolar os mestres ali presentes. Nisso, César se aproximava do painel. Thiago o vê chegando.

      - Thiago? O que aconteceu? Aquele não é a...Renata?

      - Shhhh!! - alerta o rapaz - A Mariana ficou doente e pediu para a Renata vir no lugar dela, mas ela está meio enrolada agora

      - Como assim?

      - A conversa engrenou num assunto que a Renata não domina
   
      - Sério? - diz César, preocupado. "Pobre Renata. Preciso ajudá-la de alguma forma..."

      - AH! OLHEM ISSO! - grita César, apontando para um painel qualquer - Deve ser a ideia mais sensacional que já vi na vida!
   
      Todos olham para o rapaz e o dono do painel que fica atordoado.

      - O que foi isso? - pergunta Thiago em voz baixa.

      - Não sei...mas deve distrair os caras por um instante, não acha?

      - O que tem de tão sensacional num trabalho sobre aparelho de rádio à prova d'água? - pergunta o professor

      - Não! Mas isso é extraordinário mesmo!  - diz Renata, aproveitando para mudar de assunto - Aliás, vocês não acham que as pessoas comprariam um mp4 à prova d'água para poder ouvir música durante o banho? É uma ideia genial
   
        - É..olhando por esse lado

        Os professores pensam um pouco, mas logo voltam para o trabalho de Renata

        - Então....onde estávamos?

        - Ah, já tinhamos acabado - diz a loirinha, com um sorriso muito amarelo
   
         - Certo...muito bem. Gostamos bastante de seu projeto

        - Obrigada

        - Muito bem, Mariana - parabeniza o professor - Não poderia ser melhor

        - Imagina

        - Com licença - se desculpa o professor, enquanto seu celular toca de novo - Sim, amor, tem mais caldo na geladeira

         O professor vai embora. Renata encosta na parede, aliviada.
   
         - Renata! Deu certo? - pergunta Thiago

         - Por pouco não me pegam...ainda bem

         - Acho que a parte mais difícil já foi, né? - comenta César

         - Ah, oi, César. Tudo bem?

          O rapaz sorri. Nisso, chega um outro cara, enquanto comia uma coxinha.

         - Ah, legal o seu trabalho - pergunta ele. Dessa vez, era só um aluno comum.

         - Obrigada...ei, vi você comendo coxinha, faço umas coxinhas deliciosas

         - Sério? Ah, leva pra facul algum dia

         - Tudo bem

          E ela faz ainda mais amizades com outros alunos que chegam. Como Renata era simpática, não lembra em nada a Mariana mal-humorada que frequentava as aulas. Parecia outra pessoa.

               - A Mariana tá mais simpática hoje, né? - comenta um

         - Não é? Parece até outra pessoa!

         Thiago e César sentem uma gotinha ao ouvir isso. Na volta para casa, Mariana fica toda contente com o fato de tudo ter dado certo. Na segunda-feira, as aulas voltam normalmente.

         - Nem acredito! Escapei dessa! A Renata não teve problema nenhum? - pergunta Mari

         - Não...imagina! - diz Thiago, com um sorriso amarelo.

         - Aí, Mariana! Quando eu vou experimentar suas coxinhas? - chega um dos alunos, na maior intimidade. A loirinha dá um tapa na cara dele.

         - Vai experimentar coxinha da sua avó, seu folgado! - bronqueia a loirinha - É cada doido que me aparece!

          - Hã? Mas...
   
           - Você sabe...bipolaridade tá na moda hoje em dia, né? - se desculpa Thiago. "Essas duas...são mesmo bem diferentes!", pensa o garoto.


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Notas finais do capítulo

Que história de gêmeas não teria o velho clichê da troca de irmãs? XD

Valeu por ler!



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