Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 19
Capítulo 19




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Capítulo 19 - A vingança nunca é plena...

        - Tio Joaquim...o senhor tem certeza absoluta de que realmente quer fazer isso? - Renata volta a perguntar, com um tom preocupado (mas ainda fofo).
   
        - Se eu ganhar levo toda a rede desse cara! Imagina a grana que eu vou levar nisso! Hehe! - dizia seu Joaquim, já com cifrão nos olhos.

        - Mas se eu ganhar.. - lembra Bacamarte - Eu levo essa casa!

        - Feito! - concorda o velho Joaquim.

        Os dois ex-amigos apertam as mãos, assinam um contrato e selam a aposta. Bacamarte tira o tabuleiro de xadrez que carregava em baixo da blusa e coloca-o na mesa.

        - Vamos começar isso agora!

        - Nem precisa falar duas vezes!
       
        Uma pessoa mais sensível poderia sentir as fáiscas saindo do olhar de cada um. Não eram apenas antigos conhecidos. Pareciam mesmo grandes rivais.

        - Ai, por que eu acho que isso vai dar em encrenca? - comenta Mariana.
   
        - Relaxa...você já jogou xadrez com o meu avô? - pergunta Stephany.
   
        - Bem, não

        - Ele sempre ganha! É um ótimo jogador!

        Mas mal a garota termina de falar isso e ouvimos

        - Xeque-Mate! - grita o tal Bacamarte, com uma voz mega empolgada - Eu venci, velho Joaquim! Dessa vez, eu venci!

        - N-Não é possível...mas aquela jogada, eu..

        - Hahuahuah! Você aceitou essa aposta achando que eu ainda caía nos seus velhos truques, não é? Mas eu passei todos esses anos treinando minhas jogadas! Dia após dia..estudando, jogando, treinando! Tornei minha revanche com você, meu objetivo de vida! Hauhauhauha!!!

        O velho barbudo realmente tinha colocado aquela vingança como obsessão. Todos olham aquilo com a boca aberta. E agora?

        - Tio Joaquim!!! Eu disse para o senhor não aceitar essa bobagem! - grita Mariana, injuriada.

        - Mas...mas...eu sempre fui ótimo nesse jogo! Quer dizer...eu lembrava de todas as suas jogadas e...

        - É. Mas está enferrujado meu velho amigo. Nós sempre fomos bem equilibrados no xadrez, mas eu treinei muito, muito tempo! Agora, finalmente, eu pude te derrotar!

        - Não acredito...perdemos a casa - lamenta Stephany

        - Exatamente. Essa casa agora é minha! Espero que já tenham uma outra pensão para morar! Amanhã mesmo eu venho aqui tomar o que é meu! É bom já ir preparando a papelada para evitar burocracia, meu velho amigo! - diz o velho barbudo, saindo da pensão satisfeito.

        - Q-Que?! Mas, assim, tão de repente - fala Thiago, meio assustado com a situação.
       
        - Tudo bem, Thiago...não discuta. Dívida de jogo é sagrada! - diz Joaquim, em tom triste - Tudo bem...nós sairemos.

        - Mas..

        - Não tem jeito

        "Ele lembrou o meu nome", pensa Thiago, "A coisa foi séria mesmo!"

         Todos pareciam bem assustados e pasmos com o que ocorreu. Perder a própria pensão desse jeito? Como assim?

        - E agora? Para onde a gente vai, vovô? - pergunta Stephany, num momento raro de seriedade, depois de Bacamarte já ter saído.

        - Não tem muito jeito...vamos ter que encarar isso de forma madura!

        - Qual? - pergunta Renata

        - Vamos nos mudar para a casa do seu tio

        - QUE?! - grita Mariana - Na casa do to Natan?! Nem ele mesmo cabe lá!

        - Bom...alguém tem mais alguma ideia? - pergunta Joaquim, vendo que aquela ideia não tinha dado muito certo.

        - Tenho uma sobrinha que mora no centro da cidade - diz dona Joana - Mas a casa dela também não é das maiores

         - Buaauauhuhha!! Droga!!! - chora Stephany - Vamos ter que ir para debaixo da ponte! Por que você apostou sem saber que ele era bom, vovô! Vovô burro, burro, burro!!! - gritava a menina desesperada.

         - Ei, olha o respeito, menina! - bronqueia o avô - Dívida de jogo é sagrada, se vocês não sabem! Perdi, mas perdi com honra!

         - Grande honra...o senhor não precisava ter aceitado para começo de conversa - critica Mariana.

          - Mas vai todo mundo me crucificar agora? - grita o velhinho - A aposta já foi feita...vamos ter que sair. Fazer o que?

         Agora tava todo mundo nervoso mesmo. Como assim perder a pensão inteira num jogo tão besta? E injusto! Se aquele cara queria tanto se vingar, é claro que deve ter treinado por muito tempo! Não tinha mais jeito!

         - Bem...o que a gente faz agora? - suspira Thiago.
       
         - Ele só vai voltar amanhã, não é? Vamos aproveitar nossos últimos momentos nessa casa...pega esses pãezinhos que você tem aí e faz um sanduíche de mortadela pra todo mundo
       
         - Sanduíche de mortadela? Agora?

        - Vocês não tem noção do que está havendo! Seremos expulsos daqui amanhã por uma bobagem! - grita Mariana - Será que ninguém pensa aqui?

        - Bem, mas não tem muito o que fazer mesmo, né? - diz Renata, em tom fofo - E eu tô com fome...um sanduíche de mortadela não cairia mal

        - Ai! Não dá pra conversar com vocês! - senta Mariana, praticamente chorando (mais de raiva do que de tristeza)

        Algum tempo depois, Fabíola chega do trabalho, e, claro, após o happy-hour.

        -  E aí, gente? *ic*(soluço) - ela cumprimenta, claramente embriagada - O que é que rola?

        - Ah, Dra. Fabíola - diz Dona Joana - Você não sabe o que aconteceu?

        - Hã? Espera...espera...é algo bom ou ruim?

        - Tá todo mundo cabisbaixo aqui! - diz Mariana - Infelizmente é ruim

        - Ruim, é? - ela comenta - Nesse caso...

        Ela vai até uma prateleira da sala e pega uma garrafa de vinho. Coloca em cima da mesa e se senta

        - É melhor beber para o efeito da notícia ser menor

        - Como se você não tivesse bêbada o suficiente!! - grita Mariana, jogando um copo de água inteiro na cara da médica.

        - Hã? Mariana? Você tá louca? - pergunta Thiago.
       
        - Não...mas água fria melhora um pouco a bebedeira dela

        - Hã? - ele continua sem entender.

        - Não me pergunte! Só sei que funciona

        Fabíola ainda estava mais pra lá do que pra cá, mas conseguia discernir o que diziam a ela.

        - Tudo bem, tudo bem - diz a médica - Contem com calma o que aconteceu. *ic*

        - Claro...mas antes...PASSA ESSA GARRAFA DE VINHO PRA CÁ! - grita Mariana, tirando a garrafa da frente da médica.

        A turma conta todo o ocorrido e Fabíola ouve tudo com uma calma aparente.

        - Entendi - ela diz, após o fim da história - Eu dou um jeito nisso
   
        - Hã? Como assim..dá um jeito nisso? Você tem algum lugar pra gente morar? - pergunta Mariana, obviamente, a mais preocupada da casa.

        - Não, não. Essa é a minha única casa

        - Então..
       
        - Relaxem. Eu dou um jeito nisso amanhã. Ele disse que vem amanhã pela manhã, não é?

        -  Não sei se é pela manhã - responde Renata

        - Tudo bem. Eu peço para alguém me substituir. Mas eu dou um jeito nisso. Agora deixa eu tomar um banho...estou exausta - diz ela, praticamente tirando a roupa no meio do caminho, para o emudecimento de Thiago.

         - EI! Não tire a roupa no meio da sala! - grita Mariana.
   
         - Ah, é...o Thiago tá aqui...esse safado! - sorri a médica, recolhendo a camisa que acabara de tirar.

         - Ela é louca...vocês acham mesmo que a gente pode confiar nela? - pergunta Mari, claramente desesperada.

         - É claro! Vamos dormir, gente. Boa noite - diz seu Joaquim, com toda a calma do mundo
       
          - É verdade...a Fabíola não iria deixar os amigos na mão - diz Renata, também muito calma.

          "Nossa casa nas mãos de uma bêbada. E só eu vejo que isso é loucura! Onde eu vivo? Onde?", pensava a loirinha, desesperada.
   
           No dia seguinte, José Bacamarte chega logo de manhã com advogados e vários carregadores. Parecia estar disposto a despejar todo mundo de lá.

           - Muito bem, velho Joaquim! Pode ir saindo! Já trouxe tudo o que a gente precisa! Hoje mesmo vou começar a transformar essa casa velha na nva filial do meu restaurante!

           - Ora, mas que barulheira é essa? - pergunta o seu Joaquim - Mas já é você, Bacamarte?

           - Eu mesmo! - grita o barbudo - Espero que você e toda a sua turma já tenha feito as malas

           - Sério, é? Bom...não vamos sair ainda
   
            - Para de brincar comigo, Joaquim! - esbraveja Bacamarte - Você assinou o contrato de aposta! Trouxe até um advogado para confirmar caso você tentasse alguma gracinha!

             - É verdade - diz o advogado - Teremos que prendê-lo se não cumprir sua parte no contrato

             - Mas tenho direito de defesa, não tenho?

             - COmo assim? - pergunta o advogado.

             - Gostaria de uma revanche!

             - Não seja idiota, Joaquim! Você sabe que não pode ganhar de mim! Que história é essa, agora?

             - Mas não vai ser ele que vai jogar! - grita uma voz conhecida.
   
                      - Hã?
   
                      Fabíola aparece, dessa vez, com uma roupa esportiva e com um olhar confiante. O que ela queria?
   
               - Essa é a sua oponente, Bacamarte. Dra. Fabíola Soares! - apresenta Joaquim, com um olhar confiante.
   
               - Ela vai desafiar o Bacamarte? - pergunta Thiago a Mariana.

               - Acho que sim, né?

               - Ela é boa em xadrez?
   
               - Não faço a menor ideia! Só espero que ela esteja sóbria!

               Mas o andar difícil da médica não negava que ela ainda tinha algum efeito do alcool.
   
               - Talvez seja a técnica da enxadrista bêbada, né? - comenta Renata
   
               - Estamos ferrados... - lamenta Mariana.

               - Hahuahuahua! Essa garota debilitada vai ser minha oponente? Ora, Joaquim, você tá mais esclerosado do que eu pensei! E mesmo que eu aceite...o que vocês tem para me oferecer?

               - Huhuhu...aí é que está o meu trunfo! - grita Fabíola.
   
               - Hã?

               - Eu aposto...a mim mesma nesse jogo!

               - O QUE?! - grita Mariana - Você tá louca de vez, Fabíola?

               Mas a médica nem parecia estar ouvindo
       
                - Como assim...você mesma?
       
                - Se você vencer, eu me caso com você ou faço o que você quiser

                Bacamarte fica vermelho. Ganhar uma moça atraente daquelas como esposa seria uma boa coisa. Ainda mais que estava viúvo já há algum tempo. Ah, isso seria bom. O barbudo acaba aceitando.

                 - Whahahuhuha. Tudo bem. Tudo bem. Se quer tanto assim se casar comigo, eu aceito
   
                 - Mas se eu vencer...quero essa casa de volta - diz Fabíola - E...quero crédito vitalício no seu restaurante! Soube que a cerveja de lá é ótima!

                 O barbudo dá risada. Que garota mais estranha!

                 - Hahuahuaha. Muito interessante. Gostei de você, garota. Eu aceito!

                 O advogado prepara outro contrato e os dois começam uma partida. Seria uma partida única. Mas Mariana não estava muito confiante.

                  - A Fabíola casada com esse velho...a gente sem casa...o tio Joaquim louco de vez...acho que eu também vou ficar louca

                  - Acho que seria legal confiarmos na Fabíola, Mariana - diz Thiago.

                  - Hã? Por que?

                  - Bem...vamos saber logo

                  - Xeque-Mate - grita Fabíola, poucos minutos depois.
       
                  - O QUE?! - grita Mariana, mal acreditando no que via

                  - O QUE?!!!!!!!! - grita Bacamarte ainda mais alto.

                  - Suas jogadas são muito previsíveis. Foi fácil te vencer! - diz ela, com um sorriso no rosto.

                  - Mas, mas...eu treinei tanto e...

                  - Bem, não sei se isso influencia, mas fui campeã de xadrez no colegial. Se bem que faz tempo que eu não jogo

                  Thiago também estava pasmo. Aquela médica era mesmo surpreendente.

                   - Aeeh!!!! Viva a Fabíola! Viva! - grita Stephany, abraçando forte a doutora. Ela sorri e mostra a língua para Bacamarte.

                   - Pois é, não foi dessa vez, seu Bacamarte - diz Joaquim - Agora você pega essa sua turma e sai logo daqui!

                   - Isso não vai ficar assim, Joaquim! Eu ainda me vingo de você! Seu...
       
                    Mas Stephany usa um extintor de incêndio que expulsa todo mundo dali

                    - Se acalma um pouco tio da barba ruiva. Vai um ventinho aí? - diz a garota, sorrindo de forma travessa.

                    - Aahh!! Seus malditos! Eu volto...eu sei onde vocês moram!

                    Quem diria. Fabíola era mesmo uma excelente jogadora. Seria ela um gênio?

                    - Muito bem, Fabíola! - parabeniza Thiago - Você é mesmo surpreendente

                    - Obrigada...felizes por conseguir a casa de volta?

            - É claro

            - Fico feliz por vocês...mas também fico muito feliz por mim

                    - Por que? - pergunta Thiago, ainda com alguma inocência.

            - Agora tenho crédito infinito nos restaurantes do Bacamarte. Ah, isso vai ser bom!

            "Eu devia saber", pensa Thiago. E, de fato, Fabíola se torna uma frequentadora assídua do estabelecimento.

            - Chega aí, Bacamarte...traz mais uma garrafa

            - Ela já não tomou dez garrafas, seu Bacamarte? - pergunta um dos atendentes.

            - Atende ela, filho, atende - responde o patrão - Dívida de jogo é sagrada

            Aguarde as próximas confusões


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Notas finais do capítulo

EXTRAS - Ficha dos Personagens

Thiago Correios
Idade: 18
Pele: Morena
Cabelo: Preto
Tipo Sanguíneo: O
Ocupação: Estudante/Garçom
Gosta de: Garotas/Quadrinhos/Filmes/Revistas eróticas
Odeia: Literatura/Planos frustrados
Pontos Fortes: Matemática e Física
Pontos Fracos: Falta de autocontrole/Ingenuidade/Falta de seriedade/Dificuldade em dizer não/Falta de concentração

Mariana Raposo
Idade: 18
Pele: Branca
Cabelo: Loiro
Tipo Sanguíneo: A
Ocupação: Estudante/Garçonete
Gosta de: Cozinhar/Desenhar/Estudar
Odeia: Gente sem iniciativa/Garotos imaturos/Homens cafajestes
Pontos Fortes: Desenho/Estudos(qualquer matéria)/Eficiência
Pontos Fracos: Autoritária/Se irrita fácil

Renata Raposo
Idade: 18
Pele: Branca
Cabelo: Loiro
Tipo Sanguíneo: A
Ocupação: Garçonete
Gosta de: Cozinhar/Limpar a casa/Dançar
Odeia: Estudar
Pontos Fortes: Eficiência/Gentileza/Tranquilidade/Estudos (mesmo não gostando)/Meiguice/Facilidade em perdoar
Pontos Fracos: Excesso de calma



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