Capítulo 17 - Nós realmente queríamos estudar...

    - Que bom você poder vir com a gente, César - diz Mariana, animada com a visita do colega de turma.

    - Bem...a gente realmente precisa estudar para essa prova, não é? - diz o gentil garoto, coçando a cabeça - Nossa primeira prova de Física na Universidade, heim?

    - O problema não é exatamente a parte teórica...mas tem umas coisas no laboratório que estão meio confusas - Thiago também conversava, enquanto Mariana abria o portão.

    - Eu sei...mas acho que de nós três eu sou o que tem mais dificuldade - diz César, meio constrangido.

    - Imagina

    Mariana termina de abrir o portão e pede para César entrar. Ele pede licença e segue pela pensão. Mari cochicha rapidamente com Thiago.

    - Acha mesmo uma boa ideia estudar aqui? - cochicha a loirinha - Não é o lugar mais silencioso do mundo
   
    - Relaxa. Vai ser divertido, não acha?
   
    - É por aqui? - pergunta o visitante.

    - Isso. A gente já abre

    Mariana abre a porta, quando seu Joaquim praticamente ataca o pobre César com um taco de beisebol
   
    - S-Seu Joaquim?! O que o senhor está fazendo? - grita Mariana espantada.

    - Ora, essa. Atacando o bandido. O que mais? Ele não estava ameaçando vocês com uma arma? Eu vi tudo ali da janela!

    - Que bandido, seu Joaquim? Esse é o nosso colega de faculdade, o César! - Thiago tenta ajudar.

    - E você, quem é?

    - O Thiago, seu Joaquim

    - Thiago? Que Thiago?

    - Seu Joaquim...o senhor tomou seus remédios hoje? - pergunta Mari, procurando ser o mais simpática possível.

    - Que remédios?

    - Esses remédios. - chega Dona Joana, com alguns comprimidos - Desculpa viu, meninos? Ele tá bem animado hoje..hehe
   
    - Ah, sim, César...essa é a moça que toma conta da gente...sem ela não seríamos nada. Dona Joana! - apresenta Thiago
   
    - Imagina, menino. Deixa de graça - diz ela, encabulada, dando um tapa no ombro de Thiago. Detalhe que Dona Joana batia bem forte às vezes.

    - E é uma mulher bem forte também - completa Thiago.

    - Bota forte nisso! - complementa seu Joaquim

    - Ah, e esse é o seu Joaquim..o dono da pensão - apresenta Thiago

    - E quem é você, menino? - pergunta seu Joaquim para o Thiago (sim, o Thiago)

    - Bem...ele é um pouco esquecido..hehe

    - Tá certo. Vamos tomar seus remédios, seu Joaquim - diz dona Joana, levando o debilitado dono da pensão dali.

    César a cumprimenta educadamente. O grupo avisa que já almoçou e que iria passar o resto da tarde estudando. Primeiro, eles tentam o quarto de Thiago.

    - Tem certeza de que é uma boa ideia? - pergunta Mariana, já prevendo o que podia acontecer lá.

    - Claro que sim. O que tem de errado no meu quarto?

    O que havia de errado era a bagunça que tudo aquilo estava. Eram meias jogadas para um canto, cuecas de outro, latinhas de refrigerante, pacotes de salgadinho, quadrinhos abertos em cima da cama, toalha em cima da cama e, claro, revistas eróticas em lugares aleatórios.

     - Ai...acho que preciso dar uma limpadinha..hehe

     - Você está quase alcançando o meu tio em nível de bagunça - diz Mariana

    - Bem...pelo menos tem uma mesinha ali, não?

    Mas tinha muita tranqueira em cima da mesinha e, um estudo para três pessoas era praticamente impossível.

    - Esquece...vamos estudar no meu quarto - sugere Mariana

    "No quarto da Mariana?", pensa César, ficando mais corado. "Entrar no quarto de uma garota, assim...é a primeira vez que faço isso". De fato, César não tinha nenhuma prima ou amigas mais chegadas. Seria seu primeiro contato com um quarto feminino. Thiago também não podia falar muito, mas estava animado.

    - Sério? Então vamos lá! - diz o animado rapaz.

    - Calma. Espera um pouco!

    - O que foi, Mari? Não vamos estudar lá?
   
    - Eu queria me trocar primeiro. Não vou ficar o dia inteiro com a roupa da faculdade. Esperem um pouco

    A garota vai para o quarto, enquanto Thiago e César aguardam lá fora.

    - Ei, César...

    - O que foi?

    - Será que dá para espiar? - pergunta Thiago, em voz baixa.

    - O que - César quase grita, mas começa a falar baixo logo em sequência  - Você quer espiar a Mariana trocando de roupa?
   
    - Só uma olhadinha...pelo buraco da fechadura...ela nunca vai saber

    - N-Não...não me sentiria à vontade

    - É só uma espiadinha. Só queria ver como é

    - Não... - o visitante tentava impedir seu animado amigo - ...o que ela vai pensar disso?

    - Eu disse que ela não vai saber. Relaxa

    "Um cara desses...morando com a minha Mariana...ele é perigoso. Muito perigoso", pensa César. Mas, Thiago logo parece ter mudado de ideia.

    - Se bem que...é mancada, não é? Hehehe! Relaxa, eu só tava brincando

    "Você não parecia estar brincando, seu...", pensa César, furioso em sua mente.
   
    - Na verdade - comenta Thiago em voz baixa - Se ela descobrisse eu apanharia muito

    - Se ela descobrisse o que? - pergunta uma voz infantil, surgindo do nada

    - Ah, Stephany! - se assusta Thiago - Você é algum fantasma?

    - Se assustou foi porque estava fazendo alguma coisa errada, né? - diz ela, que segurava o gato da pensão no colo. Foi comentado há muito tempo, mas a Pensão do Joaquim tinha um gato chamado Malhado (sim, ele era malhado) - Não me apresenta, seu amigo?

    - Ah, é...ela é a neta do seu Joaquim...Stephany

    - Prazer - diz a menina, de forma misteriosamente educada.

    - P-Prazer - cumprimenta César - Você é uma garota bem educada

    - Eu sei - diz ela - E se você é amigo do Thiago...ah, já sei estava querendo ver a Mari trocando de roupa junto com ele, não é?

    - Hã? O que? Não, eu.. - diz César se explicando. "Ou talvez ela não seja tão educada assim...", ele pensa.

    - O QUE?! - diz Mariana, que acabara de sair do quarto naquele instante furiosa - Estava me espiando pelo buraco da fechadura, seu tarado?

    - Não, é mentira! Eu não fiz nada!

    - Tá bom. Tá querendo levar o pobre do César para o mal caminho, não é? - dizia Mariana, totalmente nervosa

    César também estava meio desconfortável com a bronca, mas aproveita para dar uma conferida na mudança de visual de Mariana. Agora ela estava de regata, shortinho e havaianas. Além de um cabelo solto que a deixava ainda mais sensual.

     - A gente tem que estudar, Mari...para de me bater

     - Tá bom. Em respeito ao César eu não vou te espancar mais ainda. Tá legal. Podem entrar no meu quarto. Mas nada de gracinhas, viu Thiago?
   
     - Mas o que eu posso fazer?

     - Por via das dúvidas...minhas calcinhas estão muito bem escondidas

     - Que ideia você faz de mim

     "Ainda não acredito que ele mora debaixo do mesmo teto da minha Mariana. Thiago, seu maldito!", pensava César com uma inveja "amigável", mas logo o grupo se acomoda e começa a estudar. Eles estudavam, mas César não conseguia tirar os olhos de Mariana. Admirava o lindo corpo dela e seu jeito firme de lidar com os problemas. Era mesmo eficiente. Por algumas vezes, ela teve que chamar a atenção de César, que estava cada vez mais aéreo por estar bem ali, no quarto da sua amada.

      "Mariana...você é tão linda", pensava o tímido rapaz, "Esse jeito forte e decidido...é você que me completa. Não tem mais ninguém nesse mundo que eu admire mais do que você"

       Apesar de pensar isso, César muda de ideia muito rápido ao ver uma outra conhecida chegar no quarto. Ninguém menos que Renata. Estava descalça, de regata e com uma sainha tão curta quanto a da irmã.

       - Mari...o tio Natan pediu para testar uma receita nova...você me ajuda? - ela pergunta.

       - Renata! Eu tô estudando agora!

       - Mas pelo menos me explica como faz...é aquele pirão que ele queria testar

       - Ah, sei. Tá bom, eu já vou lá

       - Ah, oi, César. É verdade. Você vinha estudar aqui hoje, né? - diz Renata, que entra e o cumprimenta com um beijinho.

       As duas saem por um instante. César ainda estava paralisado. E novos pensamentos surgiram em sua mente.

       "Não...acho que...a Renata é a mulher da minha vida. Aquele sorriso meigo, aquele jeitinho fofo de pedir ajuda...e estava tão linda também...e descalça", pensava César (para ele, o fato de Renata estar descalça a deixava ainda mais sensual). Estava em transe de novo.
   
      - Ei, acorda

      - Hã? O que houve, Thiago?

      - Estava em transe

      - Transe? Eu? Não...impressão sua

      - Não precisa falar. Eu sei como você se sente

      - Sabe?

      - Também fico assim direto. Ver aquelas duas irmãs lindas deixaria qualquer um assim
   
         "Thiago, seu maldito! Como ousa ter as duas com você sob o mesmo teto?", pensa César consigo. Repare que o "César interior" é bem mais safado e expansivo que o exterior.
   
        - Se é assim. Eu posso ajudar vocês! - diz Stephany, surgindo do nada mais uma vez e quase fazendo Thiago pular no colo de César.

        Enquanto isso, na cozinha.
   
       - E então, Mari? - pergunta Renata, antes de Mariana sair para voltar aos estudos

       - E então o que?

       - Estudando com o Thiago no seu quarto...vocês já estão mais íntimos, é?

       - M-Mas..sua doida! Para com isso! Eu me recuso a gostar de um pervertido que nem ele

       - Hahahuaha. Será? Ah, Mari! Confessa que você está bem mais próxima dele, vai

       - Ora...mas é natural...a gente estuda na mesma faculdade, trabalha no mesmo quiosque e mora na mesma casa. O que mais você espera?

       - Espero o que vai acontecer mais cedo ou mais tarde - diz Renatinha, já separando os ingredientes para o tal pirão.

       - Tá bom. Deixa eu ir nessa que eu tenho mais o que fazer do que dar corda pra sua mente poluída. Já te expliquei a receita, né? Entendeu tudo

       - Tudinho
   
        - Beleza. Tô indo nessa

       "Ai, ai,Mari, Mari", pensa Renata enquanto continuava a mexer na cozinha.

       E, no quarto, os meninos ainda conversavam com Stephany.

       - O que?! - perguntava Thiago em voz baixa - V-Vinte pratas por um sutiã da Mariana?

       - Também tenho um da Renata...se levar os dois fica trinta

       - Sua doida! Onde você conseguiu essas coisas?! - perguntava Thiago, totalmente tenso.

       - As duas tem tantas dessas peças que iam até se desfazer de algumas...mas eu achei que pudesse lucrar alguma coisa com elas

       - Ora, sua...eu nunca compraria uma coisa dessas

       "Peças íntimas das gêmeas?", pensava César com o coração batendo a mil, "Ter uma delas...seria o paraíso"

       - Ou será que esse é da Renata e o outro da Mariana? Tanto faz...algumas vezes elas dividiam as peças...para se ter uma ideia do quanto são íntimas

       "Dividiam?", pensa César, quase tendo que esconder seu "ânimo" para não perder a pose de bom moço

       "É tentador", pensa Thiago,  "Mas a Mariana vai me esfolar vivo se me ver com uma dessas..."

        - Não quer dar uma olhadinha...mas só uma olhadinha... - Stephany continuava tentando - Se também estiver interessado, César...eu vendo para quem der o melhor lance

        - N-Não..eu..

        Mas Mariana chega bem na hora que Thiago pega a peça para dar uma "olhadinha". Muito azar, não?

        - O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?! - ela grita - Esse sutiã...ele era meu!! Eu lembro bem dessa marca

        - Espera, Mari...não é o que você está pensando...
   
         - Grrr!!! César! Desculpe por ter que fazer você passar por tanta vergonha! Mas esse cara também só sabe me deixar constrangida! Mas isso acaba assim que eu der umas boas bolachas nele!

         - Stephany...me salva
   
          - Salvar do que? - responde a mocinha - Foi você que quis dar a olhadinha, não foi? Tô indo
   
         Ela cai fora, embora pensando que não dava mais para recuperar o sutiã depois daquela confusão. César ainda estava atônito depois de toda aquela tarde. "Peças íntimas das gêmeas...bem ali...na minha frente", ele pensava

           - Err...Mariana...onde fica o banheiro? - ele pergunta

           - Aqui no corredor mesmo - ela responde, enquanto espancava Thiago.

           Não que estivesse tão necessitado, mas precisava lavar o rosto para se recompor. No meio do caminho, ele encontra Renata, ainda de shortinho e descalça, mas com um pouco de molho caído no decote.

            - Oi, César. A Mari tá no quarto?

            - S-Sim. Está sim - ele responde, timidamente.

            - Preciso perguntar mais uma coisa pra ela...e..nossa...agora que eu vi..caiu um pouco de molho aqui

            Ela limpa o molho com o guardanapo que levava em mãos, mas só essa passagem do pano nos seios foi o suficiente para deixar César mudo.

             - Deixa eu ir lá...até

             - A-Até - ele responde, com as forças que sobravam.
   
                    "Aaahhh...agora eu realmente preciso ir ao banheiro!!! Thiaaaago!!! Nunca vou te perdoar por ter esse lugar só pra você!!!", gritava o "César interior" totalmente revoltado.

             Mais confusões à vista...