Capítulo 14 - Conhecendo a irmã

César andava pela praia calmamente. Assim como Thiago ele não era de Marinário, mas morava com uma tia na região. Ao contrário de nosso heroi, César era de um tipo mais reservado e calmo, mas conseguia ser levado mais à sério. Mesmo assim, também não era um exemplo de maturidade. Era o tipo de pessoa que nunca trabalhou e ainda usufruia do dinheiro dos pais, embora não tanto quanto outros playboyzinhos por aí. Em resumo, era o cara que não trabalha, mas estuda para caramba.

O rapaz andava pela praia, observando tudo com calma, embora observasse as garotas de biquini de forma muito mais discreta do que Thiago faria. Vestia uma camiseta branca de manga curta, bermuda e tênis. Estava apenas caminhando, sem pretensão de entrar na areia ou na água. Era um sábado ensolarado e agradável. César adorava esse clima. Enquanto caminhava tranquilamente, ele vê ao longe a placa do Quiosque Twin.

"Quiosque Twin?", ele se pergunta, "Se não me engano é aqui que a Mariana disse que trabalha". O breve pensamento em Mariana já o faz corar e sentir vontade de entrar no quiosque. Não que estivesse com vontade de comer uma porção de frutos do mar ou tomar uma água de coco, mas simplesmente que teria a chance de se encontrar com Mariana. A loirinha não saía da sua cabeça. A única garota da sala e ele já fez amizade com ela! Precisava começar a agir logo. Ao que parecia, Thiago não tinha muita pretensão de assumir qualquer relacionamento com ela. Ao menos, foi o que percebeu nesses dias de convivência.

É verdade, não chegamos a comentar sobre o resto da semana letiva de nossos amigos. Nada muito extraordinário. Eles começaram as matérias da faculdade (coisas como Cálculo I, Física I e Qúimica. Essas coisas de Engenharia), Mariana ainda se mantinha longe dos outros garotos da sala, mesmo recebendo várias investidas o tempo todo. Enquanto isso, Thiago e César iniciaram uma boa amizade, mas também não se envolveram muito com os outros caras da sala. Parece que os outros eram meio ciumentos, já que eram os únicos com quem Mariana conversava. Mas os três viviam uma boa harmonia.

Ao entrar no quiosque, César vê Thiago sentado na mesa, ainda com o pé engessado. Mas ele já parecia estar acostumado e mal precisava da muleta para andar normalmente. Ele tinha algumas assinaturas no gesso, sendo a melhor de todas uma que Stephany fez ("Vê se não quebra mais a perna quando estiver fugindo do marido da vizinha"). O rapaz estava na mesa, estudando algumas coisas (ainda estava dispensado do serviço até se recuperar). Ele vê César, acena e sorri.

- César! Você por aqui?

- Oi, Thiago. Estava dando uma volta na praia

- É verdade, você também não é daqui, né?

- Sim. Sou do interior, mas já que tenho parentes aqui, achei mais interessante vir pra cá

- Entendo. Mas legal ter visitado nosso quiosque, quer dizer, o quiosque onde eu e a Mari trabalhamos

- É verdade, vocês até trabalham juntos. Que coisa

- Não é? - diz Thiago, inocentemente - Foi uma baita coincidência, não acha?

- Coincidência, é? Quem sabe..

- Morar na mesma casa da Mariana, estudar na mesma faculdade que ela e trabalhar no mesmo lugar. É muita sorte

- S-Sorte, não é?

- Muita mesmo! Ela é uma das minas mais gatas que conheço! - diz ele, com uma voz um pouco mais baixo.

- Realmente é muito bonita... - concorda César, já mais corado e com uma voz ainda mais baixa.

- Fala sério...aqueles peitos, aquela bunda, umas coxas grossas...delícia

- P-Pois é - concorda César timidamente com o comentário. Muito embora o amigo de Thiago reparasse e muito nos atributos da moça, era reservado demais para ficar comentando - E...você parece ter bastante intimidade com ela..

- Intimidade? Ah, esquece

- Hã?

- Eu falo isso, mas sou um zero à esquerda com mulher

- Então...você gosta dela?

- Gostar? Bem, eu...eu acho ela gostosa para caramba, mas não acho que rolaria nada

- N-Não? - pergunta César, esperançoso. Ele já suspeitava que Thiago não tinha um interesse muito sério em Mariana, mas precisava confirmar.

- Acho que não...claro, se ela ficasse animadinha alguma noite e quisesse dar uma passada no meu quarto, não ia reclamar nem um pouco e..

- Não ia reclamar do que? - pergunta Renata, chegando de mansinho na mesa, com um olhar sorridente.

- Hã? Ah, nada, nada não

- Ah, Mariana! Tudo bem? - cumprimenta César, rapidamente.

Renata dá risada.

- Você está me confundindo com a minha irmã - diz ela sorrindo

- Irmã?

- Sim. Mariana é minha irmã gêmea

César se lembra vagamente de Mariana ter comentado sobre ter uma irmã gêmea, mas estava meio distraído quando ela disse isso. Então ela realmente tinha uma irmã? Era idêntica, tão linda quanto Mari. César fica admirando-a por alguns instantes.

- Você deve ser o César, não é? Thiago e Mari comentaram de você

- S-Sim, sou eu mesmo. Muito prazer

- Meu nome é Renata. Prazer - diz a loirinha, sorrindo de maneira simpática

- P-Prazer

César ainda fica um tempo digerindo aquela cena. Então Thiago trabalhava e morava junto com duas gêmeas loiras maravilhosas como elas. Como queria estar no lugar dele...estava com inveja, muita inveja. Mas, além da inveja, também surgiu nele um sentimento estranho. O semblante gentil e meigo de Renata havia atiçado a atenção dele. Se Mariana, com sua beleza e postura determinada o havia interessado, Renata com seu sorriso fofo o interessou com a mesma intensidade.

- Vai pedir alguma coisa? - pergunta Renata

- Um coco

- Coco?

- Água de coco

- Beleza. Eu já trago. Só um instantinho - ela sai, com um sorriso ainda mais simpático. César fica ainda mais encantado e apaixonado.

- Ela..é idêntica à Mariana

- Não é? Mas a Renata é mais sossegadona e um pouco menos chiliquenta

- Quem é chiliquenta?! - reclama Mariana, que estava ali, perto o suficiente para ouvir o último comentário de Thiago.

- Ah, oi Mariana - diz Thiago, meio sem-graça

- Seu folgado! Aproveitando que está engessado para ficar vagabundeando e falando mal dos outros, não é?

- Mas eu não estava falando mal de você, Mari...o que é isso?

- Ah, oi César - diz Mariana, cumprimentando o amigo de Thiago que estava ali, só ouvindo a discussão familiar dos dois. De fato, era mesmo incrível o quanto Mariana e Thiago estavam tão próximos quanto irmãos em tão pouco tempo.

- Oi - cumprimenta o tímido amigo. Ao ver a firme Mariana à sua frente, seu sentimento de paixão por aquela personalidade forte também voltaram. Mariana era tão decidida e tão inflexível. Era como se aquela força o completasse! Também a admirava muito

- Decidiu visitar nosso quiosque? - ela pergunta, com um sorriso não tão meigo quanto o de Renata, mas ainda assim muito lindo.

- Sim. Aproveitei que estava dando uma voltinha na praia

- Pronto. Voltei - chega Renata, já com a água de coco de César.

- Uou. Que rápido

- Amigos da família tem preferência no atendimento - diz ela, sorrindo.

- Obrigado - agradece César

Estavam ali. As gêmeas, juntas, com aquele uniforme que valorizava perfeitamente as curvas de cada uma. De um lado, Mariana representando a força e a ousadia. De outro, Renata representando a pureza e a inocência (bem, ele não sabia que ela não era tão pura assim). Era uma visão maravilhosa, como um sonho. Mas, ao mesmo tempo, César percebe que não conseguia escolher entre uma só. As duas despertaram um sentimento de paixão por ele. Era possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Mas as duas eram praticamente uma só...ou eram duas faces da mesma moeda. Arriscava dizer que estava enamorado pelas duas.

- É, Thiago...só levando o César para o mau caminho, né? - comenta Mariana

- Que mau caminho? - pergunta Thiago - Justo eu, um exemplo de pessoa

- Exemplo? Não siga nenhum conselho desse tarado, César! É perigoso conversar sozinho com ele!

- O que ele vai pensar de mim, Mariana?

- Só estou avisando

De fato, César ainda não tinha conversado a sós com Thiago. Mas queria mais era conversar com as gêmeas. Não conseguia escolher entre uma ou outra. Estava profundamente apaixonado pelas duas.

- Eles são assim mesmo. Não liga - diz Renata, rindo.

- Se dão muito bem, né? - comenta César.

- Nada...eu só tento arrumar as besteiras que ele faz - responde Mariana

- Vai, não fala assim...eu não faço besteira nenhuma

- Claro que não. Imagina - responde Mariana irônica.

- Bom, acho que já está na hora de voltar para lavar prato, não é? Quer ajudar, César?

- Bem, eu

- Thiago! Deixa de ser folgado! Vai pedir para o cliente ajudar?

- Ah, mas ele não é amigo da família?

- Você é muito sem-noção! - bronqueia Mariana

- Que nada...bem, vamos lá

Mas Thiago acaba meio que tropeçando ao levantar e cai no colo de Renata. Por sorte, a moça era rápida o bastante para segurá-lo. Mesmo assim, Thiago acaba demorando um pouco para sair daquela posição.

- Você tá bem, Thiago? - pergunta Renata, com uma voz calma.

- Ah, sim, tô bem, muito bem..hehe

- Bem, é? - diz Mariana, já meio nervosa - Então vai circulando logo e para de tirar casquinha da minha irmã!

- N-Não, não! O que é isso? Eu não tive má intenção nenhuma! - diz Thiago tentando se justificar.

- Hahauha...imagina - diz Renata, rindo inocentemente.

César realmente se admira do quanto eles se davam bem. Estava com inveja, mas também sentia simpatia por Thiago. Aquela conversa fez César perceber que o heroi sentia o que todo homem sentia, mas não parecia apaixonado por nenhuma das duas. Seria interessante pedir ajuda dele?

- Aaaai! Me larga, seu tarado!! - grita uma cliente, que acabou sendo "abraçada" por Thiago, após ele quase tropeçar de novo

- Foi sem querer...desculpe - diz ele, totalmente desconsertado - Renata! Você passou pano molhado no assoalho de novo?

"Talvez...", pensa César, praticamente sentindo a gotinha escorrendo pela cabeça, "Ele não seja a melhor pessoa do mundo para pedir ajuda..."

Mais tarde, César voltava para casa, pelo mesmo caminho. "Renata...Mariana...Renata...Mariana", ele pensava, "As duas...são lindas. E agora? O que eu faço?", pensava o rapaz, em um verdadeiro conflito mental.

É...isso vai render...