Capítulo 113 - Confusões na corrida

  E a corrida valendo dez mil reais de uma marca pouco conhecida (mas aparentemente com muitos fundos) começou! Regras simples: cada dupla corre a três pernas enquanto param em cada estação para tomar uma caneca de cerveja. Thiago estava correndo com Fabíola e totalmente confiante de sua vitória, embora as pessoas que realmente estavam na frente eram as duplas de irmãs: as gêmeas (Mariana e Renata) contras as japinhas (Katia e Kate). Katia e Kate estavam na liderança, com Mariana e Renata logo atrás.

- Nossa...elas são rápidas - comentou Kate.

- Ignore-as - falou Katia - Não vão nos alcançar!

- Olha, é a primeira estação - falou Kate, ao ver o primeiro stand de cervejas do percurso.

- Droga! Elas já estão chegando lá...e já pegaram a cerveja - falou Mariana.

- Relaxa. Estamos em segundo lugar - falou Renata.

- E ficar em segundo é bom? - perguntou Mariana - Esquece quem tá atrás! Temos é que nos preocupar em passar quem tá na frente!

 E de fato tudo era bem rápido. As duplas na liderança estavam bem na frente em comparação às outras. E quando passam para pegar a caneca é mais rápido ainda: a dupla pega uma caneca, um dos membros bebe a cerveja e continua seguindo adiante (lembrando de devolver a caneca para o stand de recolhimento poucos metros à frente do stand que distribuia a bebida. Katia e Kate fizeram isso facilmente.

- Argh! - reclamou Kate.

- O que foi? - perguntou Katia.

- Nada...é que a cerveja não faz muito o meu gosto - respondeu a irmã dela.

- Entendo...aguente firme. Pelos meus cálculos, só precisamos passar por seis dessas estações e uma já foi.

- Seis? - repetiu Kate espantada.

- Sim. Seis. Tem certeza de que tá tudo bem?

- Tá tudo bem, tudo bem, não precisa se preocupar.

 Enquanto isso, Thiago e Fabíola tentavam chegar à liderança.

- Viu só, Thiago? - falou a médica - Eles ficam mais lentos depois que pegam a caneca. E esse não será o nosso problema.

- Consegue beber e correr ao mesmo tempo? - perguntou Thiago.

- Fácil - respondeu Fabíola confiante - Fica só olhando.

 Ela chegou na estação para pegar a caneca, quando o cara de outra dupla também aparece e pega a mesma caneca, ao mesmo tempo.

- Ei, eu cheguei primeiro - reclamou Fabíola.

- Mentira. Eu cheguei um milésimo de segundo depois - retrucou o rapaz.

- Ah, vai querer me enganar agora? - retrucou a médica - Deixa de ser mané.

- Qual é, tiazinha? Vai querer brigar agora?

- Tiazinha? Tá me chamando de velha, é?

- Jovenzinha você não é, né?

- Ora, seu.

- Fabíola - Thiago tentava intervir.

- Agora não, Thiago. Eu não vou ficar ouvindo desaforo de moleque!

- É que...

- Já falei que vou resolver isso primeiro.

- É que tem várias canecas aí...não precisam discutir por uma - falou o rapaz do stand.

- Hmm... e não é que é? - disse Fabíola, encabulada pelo que acabou de acontecer.

- Mas esse não é o maior problema - falou Thiago - O maior problema...é que umas três duplas já passaram na nossa frente!

- Três não, quatro! - falou o rapaz com quem Fabíola estava discutindo pegando a caneca e saindo em disparada.

- Desgraçado. Agora eu que não tô a fim de perder!

- Tudo bem. Eles estarão mais lentos na próxima estação, não estarão? - perguntou Thiago.

- Bem, aquele cara também parece ser bom de copo - reparou a médica - Acho que agora encontrei um oponente à altura, heim?

"Disputa de bêbados? Bem, numa corrida dessas deve ser algo bem comum", pensou Thiago, de alguma forma, agora um pouco mais pessimista quanto aos resultados, afinal, agora eles estavam em  penúltimo lugar. Talvez, por um breve intervalo de tempo, Thiago tenha se esquecido que, se por um lado Fabíola era a pessoa mais forte com bebidas que ele conhecia, por outro ela era meio doidinha. Seja como for, precisariam se esforçar para subir na liderança. Apesar disso, existiam pessoas piores que eles, como os últimos colocados da disputa.

- Será o Benedito? - reclamou Talita - Tropeçamos de novo? A gente não vai ter saído daqui quando a corrida acabar!

- Tem alguma ideia? - retrucou César - Eu nem sei direito como funciona essa corrida pra começo de conversa.

- Tsc. Precisamos ter uma sincronia - falou Talita - Primeiro...tire os tênis e as meias.

- Hã? Por quê?

- É muito desequilibrado eu correr descalça e você de tênis. Não é a toa que estamos tropeçando tanto.

- Tsc. Tá bom - aceitou César. Feito isso, Talita volta a amarrar as pernas dos dois e revela um plano.

- Conte junto comigo.

- Como assim?

- Um, dois, um dois - falou ela - Vamos mantendo o mesmo ritmo.

 De alguma forma, os dois começam a andar de forma mais sincronizada. Pelo que parecia, César pegou o jeito.

- Ei...agora tá melhorando - disse ele sorrindo.

- Ótimo. Se consegue andar, consegue correr.

- Hã?

- Um, dois, um dois. Vambora - e Talita continuou liderando a dupla. Finalmente eles conseguiram algum ritmo. Mas será que eles terão algum resultado? Todos estavam atentos à corrida...bem, quase todos. Enquanto isso, no quiosque do Tio Natan no hotel.

- Nenhum cliente....e nós aqui moscando - reclamou Júlio.

- É. Mas é melhor assim, já que a Renata e o Thiago faltaram hoje - falou tio Natan, também sentado sem fazer nada em uma das cadeiras - Parece que iam fazer alguma coisa na praia e eles até trocaram o pagamento de hoje por isso.

- Praia, é? Queria tanto ver a Renatinha de biquini...

- Tá falando da minha sobrinha, folgado.

- Ops...foi mal.

- Oi, gente - entrou Raquel no quiosque - Também tá muito vazio lá no Katana. Tão a fim de jogar baralho?

 Bem, cada um passa o tempo do jeito que pode...