Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 109
Capítulo 109




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Capítulo 109 -  Cliente especial

 Mais uma tarde de trabalho no Hotel Himura. Bem, se por um lado a dona do hotel era bem mais rigorosa, por outro, o pagamento era maior e o volume de trabalho era menor. As vantagens superavam as desvantagens e Thiago aproveitava o tempo para anotar algumas coisas na mesa do quiosque.

- Tá fazendo o quê, heim? - pergunta Júlio, seu entediado colega de trabalho.

- Anotações - respondeu Thiago - Preciso resumir esses artigos para começar a fazer um relatório de iniciação. Mas vale a pena.

- Iniciação do quê?

- Iniciação científica. Você sabe, quando um aluno ajuda o professor da faculdade na pesquisa.

- Você realmente gosta de trabalhar, heim? - reclamou Júlio - Nunca pensei que trabalhar desse tanto trabalho.

- Não será que por isso que se chama trabalho? - perguntou Thiago, enquanto Júlio abria um bombom para comer e passar o tempo.

- Que seja, mas se isso for me ajudar a conquistar a Renatinha e...falando nisso, cadê ela? - perguntou Júlio, olhando para os lados e não vendo Renata em lugar nenhum.

- Não é ela ali, conversando com um cara? - apontou Thiago para a própria Renata, trocando ideia com um homem aparentemente jovem, mas também aparentemente bem-sucedido.

- Oh, droga, é um cara bonitão e rico

- Como sabe que é rico?

- Por que um rico reconhece outro!

- Mas você não renunciou a vida de rico...

- Mas guardo todas as minhas experiências de vida comigo! Eu sei...reconheço só de olhar. Não posso deixar ele se aproximar da Renatinha!

 E lá foi o agora pobre Júlio intervir na conversa.

- E então? Que horas você sai do trabalho? A gente podia combinar de sair - perguntou o homem.

- Mas eu saio muito cansada do trabalho - disse Renata.

- Ah, mas vai ser divertido. Eu estou na cidade resolvendo uns negócios, não vou ficar muito tempo, gostaria de ter alguém para sair e mostrar os lugares legais.

- Ah, eu nem conheço tanto por aqui...

- Você não disse que nasceu aqui?

- É, mas não saio muito de casa e...

- Algum problema, Renata? - perguntou Júlio.

- Não, não, só estava conversando com nosso cliente.

- Cliente? Oh, não, na verdade eu vim comer no restaurante Himura ali do lado. Mas te achei tão interessante que resolvi parar e...

- Então não é nem cliente? Agora que não saio com você mesmo! - retrucou a garota.

- Você ouviu, não é? Ela não quer nada com você! - disse Júlio, protegendo Renata com um abraço.

- Não precisa me abraçar, Júlio - falou Renata.

 Thiago via a cena de longe.

- Ai, ai, esses dois...

- Não acho que ela combine com ele - falou uma voz conhecida, sentada logo na frente de Thiago.

- S-Stephany! É você?! O que diabos está fazendo aqui?! - gritou Thiago, completamente surpreso com a garota.

- Ué? Aproveitando a piscina, é claro - respondeu a garota, devidamente vestida com um biquini verde - Tá um calor desgraçado!

- Num hotel caro desses? Você é louca! Se a Katia Himura te descobre aqui estamos..

- Se ela descobrir? Mas foi justamente com ela que eu falei antes de vir para cá!

- Como assim?

- Bem, outro dia a Raquel estava tomando banho e o celular dela tocou. Eu vi que era a Katia e resolvi atender. Nós trocamos umas ideias e ela disse que eu estava liberada para usar a piscina do hotel sempre que quisesse. Tudo em nome da amizade!

- Amizade? Desde quando você e a Katia são amigas?

- Bem, desde aquela vez que eu ganhei dela numa luta - falou Stephany - Também acho ela uma fofa!

"E quando eu ganhei dela, ela quis me matar. Desgraçada!", pensou Thiago, de certa forma com medo que sua chefe pudesse até ouvir pensamentos.

- De qualquer forma, quando você vai me trazer uma porção de batatas fritas, heim? - perguntou Stephany, olhando o cardápio.

- Batata frita...e também vai comer aqui?

- Claro. Tô morrendo de fome. Meu almoço não foi dos mais gostosos e quero compensar isso agora.

- Bem, uma porção grande sai por sete reais e...

- Oh, que cabeça a minha, esqueci minha carteira....pode colocar na conta, Thi? - perguntou ela.

- Ha-ha. Aí já é pedir demais - reclamou Thiago - Ou paga, ou não tem batata.

- Seu grosso! Vai recusar atender o pedido de uma amiga só por que não tenho sete míseros reais? Isso é coisa que um cavalheiro faria?

- Se você fosse uma dama eu até pensava no caso...

- Ora, só porque ainda não tenho peitos grandes como a Raquel...e nem uma bunda redondinha como a Mariana...você me despreza! - Stephany falava com uma voz chorosa - Isso é discriminação!

- Fala mais baixo! Desse jeito vão pensar que sou algum tipo de pervertido e...

- E não é? E pensar que você matou toda a minha inocência quando me mostrou aquelas revistas horríveis que tem no armário. Isso estraga a vida de qualquer garota.

- Quieta, quieta, o que vão pensar? - Thiago já era olhado por alguns hóspedes (poucos, mas havia hóspedes), que estranhavam as gritarias da menina - Tá bom, tá bom, eu te pago uma porção de batata-frita, mas vê se para de falar besteira!

- Você é um amor, Thi! Já disse que te amo?

- Falsamente várias vezes.. - respondeu ele.

 Stephany ria. Thiago entregou o pedido para Tio Natan, que também não podia disfarçar a risada.

- Essa Stephany não dá ponto sem nó mesmo, heim? - falou Natan, enquanto preparava algumas batatas para fritar.

- É. A Katia parece gostar dela. Mas e o senhor, heim, tio? Parece estar de bom humor?

- Parece, né? Estou adorando esse novo local. Se soubesse que seria assim não teria enrolado tanto para vender o quiosque da praia.

- É que por aqui não tem tantas garotas quanto na praia - reclamou Thiago.

- Deixa de ser galinha. Você já tem uma namorada...e...droga, você TEM uma namorada! - a alegria de Tio Natan passou para lágrimas de raiva.

- Ei, ei, não vai ficar pensando na Fabíola agora...

- Não estava pensando nela! Mas agora que você lembrou, tsc, e o pior...hoje é quarta-feira. Agora que não sou mais meu próprio chefe, não posso me dar quartas de folga para relembrar meu último dia com a Fabíola. Esse lugar é um pesadelo! Quero ir embora daqui!

- Que mudança drástica de personalidade... - murmurou Thiago. Mesmo assim, tio Natan consegue fritar a porção e Thiago levou imediatamente para a mesa, onde vê Stephany conversando com duas pessoas nada comuns. Não eram...as estilistas do outro dia? Sara Sarina e sua colega Marie. Estavam em roupas casuais. Esperado, afinal estavam a trabalho.

- Quer mesmo comer aqui nessa espelunca, Marie? - perguntou Sara de mau humor (para variar).

- Pode parecer espelunca, mas a comida aqui é maravilhosa. Podem confiar - falou Stephany, toda à vontade.

- Que grracinha de menina - elogiou Marie - Ela é ton fofa...vamoss descansarr aqui um pouco! 

- Ai, vocês são tão lindas e talentosas...meu sonho é ser como vocês quando crescer! - disse Stephany, com a cara mais meiga que conseguia fazer.

- Que linda! Se fosse um pouquinho mais alta poderria serr modelo! - disse a estilista francesa, elogiando Stephany como podia. Thiago só sentia uma gotinha de constrangimento escorrendo por seu rosto.

- Stephany...suas batatas - disse Thiago, tentando ao máximo disfarçar sua presença, mas era meio impossível ao se lembrar do que ocorreu no outro dia.

- Você de novo! - reclamou Sara - Não é só um entregador incompetente, como também trabalha de garçom?

- É que nosso quiosque não tem muitos entregadores - murmurou Thiago.

- Ah, o Thiago é um ótimo funcionário. Sempre competente, além de muito estudioso.

- Oh, é verdade, lembrei que ele cursava Engenharia - comentou Sara.

- Messmo? Enton ele deve ser bem inteligente - disse Marie.

- Não para coisas mais práticas - completou Sara - Por exemplo...o que você sugere que comamos?

- Porção de camarão! É uma delícia! - respondeu Thiago prontamente.

- Camarão? Já comemos camarão no outro dia! Não tem outra coisa?

- É que camarão é a especialidade do nosso chefe - respondeu Thiago, lembrando de todos os quilos e quilos de camarão que o tio Natan mandava comprar na época da praia.

- Sugira outra coisa - falou Sara.

- Que tal...um pouco de lula frita? - sugeriu Stephany.

- Ah, é que...acabou a lula. Estamos providenciando mais essa semana - falou Thiago.

- Lula? Parece bom - falou Marie.

- Ela parece gostar de lula - disse Stephany - Não pode trazer então ensopado de lula?

- Mas eu acabei de falar que não temos lula - respondeu Thiago.

- Vocês não tem nada aqui - reclamou Sara - Poderia trazer então algo relativamente mais leve, sei lá, algum pirão de peixe.

- Oh, sim, pirão de peixe podemos trazer...

- Tem uma versão que acompanha um pouco de lula - falou Stephany.

- Mas já falei que acabou a lula! - gritou Thiago.

- Tá bom, tá bom, não precisa gritar! - reclamou Stephany - Traga só a lula e pronto!

- Ora, sua...

- Ei, ei, não grrite com a garrota, seu malvado! - reclamou Marie - Ela tem sido uma mocinha muito educada desde que chegamos.

- É verdade. Ela é bem gentil e doce, diferente de você que sempre está aprontando alguma coisa com esse seu jeito espalhafatoso - disse Sara - Traga logo o pirão.

- E você, mocinha? Não querr comer mais nada? - perguntou Marie.

- Posso pedir alguma coisa?

- Clarro! - disse a estilista francesa - Você é tão lindinha! Pode pedir qualquerr coisa que eu pago!

- Opa. Isso vai ser bom - disse Stephany, sorrindo de orelha a orelha para Thiago.

 "Como?! Como ela consegue? Como essa peste consegue proteção de todo mundo, heim?", pensou ele, inconformado.

- Está ouvindo, garçom? - disse Sara - Deixe de ficar nos olhando com essa cara de besta e anote logo o pedido da garota?

- Claro - Thiago tentou fazer a cara mais simpática possível, tentando evitar toda a inveja e frustração que estava sentindo - O que vai querer, Stephany?

- Bom...eu já comi bastante batata-frita. Não quero engordar muito, então...

- Então?

- Hmmm...

- Hmmmm?

- Bem...

- Pode falar..hehe - Thiago tentava ao máximo parecer simpático.

- Acho que vou...

 Thiago preparava a caneta.

- Não, não, melhor...vou...

- Sim?

- Isso...não, pensando bem..

- Quer que eu volte outra hora? - perguntou Thiago.

- Não, não, não precisa - falou Stephany - Já sei o que vou querer

- E o que vai ser?

- Traga um pouco de lula assada.

 "Por que ela faz isso?! Por quê?", pensou Thiago. É...eis mais um dia na rotina de trabalho de Thiago...  


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Notas finais do capítulo

Tá legal, foi um capítulo bem dispensável. Mas estou amadurecendo algumas ideias para acelerar essa história.
Até o próximo!



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