Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 106
Capítulo 106




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Capítulo 106 - O Retorno do Ex

    - F-Felipe...é você mesmo? - Mariana voltou a perguntar com uma cara realmente surpresa.

    - Sim. Eu mesmo - respondeu o rapaz, mantendo seu olhar preso aos olhos verdes da garota - E você parece não ter mudado em nada, Mariana.

    - M-Mas...você não tinha se mudado da cidade? O que faz por aqui em Marinário?

    - Ah! Aconteceram muitas coisas - disse Felipe, como uma cara despreocupada. Enquanto os dois conversavam, Talita continuava a distrair Thiago da melhor forma possível.

    - Não quer dançar um pouco? - perguntou ela - Você parece ser bom nisso.

    - Hã? Ah, não, desculpa, talvez depois..agora eu realmente preciso pegar outra cerveja e voltar para onde eu estava - disse Thiago, tentando ser o mais simpático possível.

    - Ah, deixa de ser chato! - Talita continuava a puxá-lo com insistência - Que tipo de veterano é você que não dá a mínima para sua bixete? E eu ainda nem conheço o pessoal da minha turma direito..

    - Oi, Talita. Tudo bem? - disse um rapaz do primeiro ano.

    - Fala, baixinha - cumprimentou outro que também era do ano dela - Vamos combinar de sair e tomar umas outro dia também, heim?
   
    - Não conhece o pessoal da sua turma direito, né? - ironizou Thiago.

    - Ah, só de vista..hehe - sorriu a menina, mas Thiago realmente estava com intenção de voltar para o local que deixou Mariana.

    - Olha, eu agradeço sua disposição, mas eu preciso mesmo voltar. Minha namorada está esperando.

    - Ah, entendo - disse ela.
   
    - Ei, peraí, você não ficou surpresa - reparou Thiago.
   
    - Surpresa?

    - É. Não ficou surpresa quando disse que minha namorada estava esperando.

    - Por que ficaria? Ter uma namorada é mais do que natural na sua idade.
   
    "Mais do que natural na minha idade", pensou Thiago, "Cara! Como é bom ouvir isso! Hahaha! Sim, eu tenho uma namorada..eu tenho vinte anos e tenho uma namorada. Hahaha!"

    - Ei, tá tudo bem com você? - perguntou a baixinha, balançando a mão direita na frente da cara do rapaz. Ele parecia no mundo da lua.

    - Nada, nada. Bem, estou voltando pra lá. Foi um prazer conversar com você.

    - Ei, calma. Eu também vou - disse ela, voltando a segurar no braço de Thiago.

    - Também vai?

    - Quero conhecer sua namorada.

    - Quer mesmo? Bom, eu não sei bem como ela vai reagir, mas...

    - Qual o problema? Sou só sua bixete de faculdade...
   
    - E você também é bixete dela...ela está no terceiro ano também.
   
    - Verdade? Legal! Fiquei com mais vontade de conhecê-la. Onde ela tá? - Talita procurava pela multidão da balada, fingindo não saber onde estava Mariana, até que Thiago aponta e a vê conversando com outro cara.

    - É...é aquela - respondeu ele, com uma voz trêmula por não saber quem era a pessoa que estava com ela.

    - Ah, aquela ali? Bonita.

    - Espere...de novo...você não ficou surpresa.

    - Por que ficaria?

    - Não ficou surpresa por eu namorar uma garota que seja bonita!

    - Ué, e daí? Qual o problema em você namorar uma menina bonita?

    "Sim! É desse tipo de reconhecimento que eu estava falando!", pensou Thiago, entrando em êxtase mais uma vez, mas lembrou-se do detalhe de que ela estava conversando com alguém.

    - E aquele cara? Quem é? - perguntou ele novamente. Ao ver melhor, ele parece ter reconhecido o rosto de algum lugar, mas não se lembrava exatamente de onde, devido a iluminação confusa da festa - Vem, Talita, vamos lá falar com eles.

    - Tá bom - cantarolou a menina, aproximando-se dos dois, com dificuldades em esconder o riso.

    - Mariana? - perguntou Thiago ao se aproximar dela.

    - Ah, Thiago - disse Mariana, embora ouvisse com dificuldade devido ao som alto.

    - Thiago? - perguntou Felipe - Oh, então nos encontramos de novo...

    - Encontraram-se de novo? - estranhou Mariana.

    - De novo? - Thiago também estranhou, até que finalmente se lembrou de onde viu aquele rosto - Ah! Claro! É você! O cara esquisito que estava no luau de despedida da Mari! (*)

    - Hã? Você estava lá? - perguntou Mariana.
   
    - Apenas de passagem. Cheguei a trocar algumas palavras com esse moço, mas não podia ficar muito tempo para conversar com calma.

    - É verdade...você deu a entender que conhecia a Mariana.

    - Claro que conhecia - falou Mari - Esse cara é o Felipe, o meu ex-namorado.

    - Ex-namorado? - repetiu Thiago.

    - Sim - confirmou Felipe - Namorei Mariana há quatro anos atrás.

    - E também é o meu primo - comentou Talita.

    - Você não consegue ficar quieta por muito tempo, não é? - falou Felipe.

    - Ué? Uma hora você teria que falar de mim, né? - respondeu a prima.

    - Primos? - estranhou Thiago  - Por que não disse logo?

    - Ah, não tava reconhecendo o Felipe de longe...preciso trocar essas lentes de contato.

    - Você usa lente de contato? Nem reparei - disse Thiago, mas Mariana não parecia muito satisfeita.

    - E você pode me dizer o que estava fazendo por aí andando com essa garota, Sr. Thiago?

    - Ah, ela é uma bixete desse ano - respondeu o rapaz - Nos conhecemos no dia do trote.

    - Sim, minha prima entrou em engenharia esse ano - falou Felipe - Não se preocupe. Ela é uma moça de família.

    - Assim como você? - perguntou Mariana.

    - É claro - respondeu o ex.

    - Cuidado com ela, Thiago - disse Mariana, sem nenhum remorso.

    - Ei! - desgostou Talita.

    - Mas peraí...até agora não entendi o que você está fazendo aqui, Felipe - perguntou Mariana - Quando voltou para Marinário?
   
    - Não acha que deveríamos conversar num lugar mais tranquilo? - sugeriu o ex da loirinha - Aqui o som está muito alto.
   
    De fato, a letra "ai, se eu pego, ai, se eu te pego" ecoava muito alto. O quarteto concorda em ir embora e conversar em um bar menos agitado. Após um rápido passeio no carro de Felipe, o grupo chega ao local e sentando-se em uma das várias mesas vagas. Talita brincava com os canudinhos da mesa como uma criança. Thiago estava sem entender nada e Mariana não parecia muito satisfeita com o retorno do ex. Afinal, qual era a história daqueles dois?

    - Faz um bom tempo, heim, Mariana? - disse Felipe - Costumávamos tomar sorvete na pracinha do centro e passear pelo shopping da cidade de mãos dadas.
   
    "Acho que ainda não fiz nada disso com ela", pensou Thiago.

    - Naquela época tinhamos tempo para fazer isso - respondeu Mariana com um sorriso irônico - E se dependesse de você, não faríamos outra coisa além disso.

    - Como assim? - estranhou Thiago.

    - Felipe Assuero simplesmente foi o cara mais esquisito e pegajoso que já conheci na vida - respondeu Mariana - Não sei onde estava na cabeça quando aceitei namorar com ele.

    - Ah, sim, quando começamos a namorar...lembro-me como se fosse hoje.
   
    - Não, por favor, não lembre. Eu não quero lembrar! - reclamou Mariana.

    - Tudo começou...
   
    - Oh, por que eu ainda peço? - bufou Mariana, se jogando na mesa.

* Flashback de como Mariana e Felipe se conheceram *

    Tudo começou quatro anos atrás, quando Mariana e Renata estavam sentadas junto à mesinha de uma sorveteria na tarde de uma quarta-feira. Mariana usava camiseta e shortinho, enquanto Renata usava um vestido verde.  As duas esbanjavam toda a juventude de seus dezesseis aninhos.

    - Tenho mesmo que ficar aqui? Tenho um monte de trabalhos para fazer....trabalhos que, aliás, a senhorita também precisa fazer - reclamou Mariana.

    - Quer relaxar? Ainda vai dar tempo de fazer esses trabalhos - explicou Renata - Além disso, é uma oportunidade única de você desencalhar.

    - E quem disse que quero desencalhar? Os namorados que tive até agora foram todos uns idiotas! - retrucou Mariana, cruzando os braços em cima da mesa e deitando a cabeça em cima deles com cara de tédio.

    - É porque você só conheceu caras idiotas - falou Renata - O Caio vai te apresentar um amigo muito gente boa dele hoje.

    - Caio...o seu novo namorado dois anos mais velho?

    - Bem, ainda não oficializamos um namoro, mas estamos caminhando pra isso.

    - Traduzindo, você só tá se pegando com ele.

    - Ai, Mari, que jeito de falar. Olha lá na porta, eles estão chegando. Melhora essa cara e vê se conversa direito com o amigo dele.
   
    De fato, chegava um rapaz de aparência comum juntamente com um outro usando camiseta com uma estampa de sorriso.
   
    - Tá, tá, o que você não me pede sorrindo que eu não faça chorando? - retrucou Mariana.

    - Vai, postura. Oi, Caio, tudo bem? - cumprimentou Renata com um sorriso no rosto, enquanto Mariana apenas age do jeito mais simpático que conseguia - Essa é a minha irmã, Mariana.

    - Olá, tudo bem - o ficante de Renata a cumprimenta - Ah, sim, esse aqui é o meu amigo, Felipe.

    - E aí? Como vai? - cumprimentou ele, aparentemente não muito nervoso.

    - Oi, Felipe - cumprimentou Renata - Sente-se.

    - Tudo bem - Felipe sentou-se ao lado de Renata, mas logo Caio corrige esse erro e o espanta para o lado de Mariana.

    - Relaxa, cara. Não precisa se assustar só porque elas parecem clones uma da outra.

    - Hahaha. Todo mundo diz isso - comentou Renata - Mas eu nem acho que somos muito parecidas.
   
    Felipe olhou para as duas. Olhou bem para as duas.

    - Acho que são bem parecidas.

    - Haha. Você é engraçado - disse Renata - Acho que vai se dar bem com a Mariana.
   
    Felipe se senta ao lado de Mariana, dando risinhos, enquanto ela apenas olhava para o nada. Enquanto isso, Renata e Caio conversam alguma coisa, mas logo a coisa fica mais quente...bem, digamos que Renata e Caio começaram a se empolgar, dando beijos na boca demorados, deixando Felipe ainda mais constrangido.

    - Err...então...diz aí, Felipe, o que você faz da vida? - perguntou ela.

    - Bem, terminei o ensino médio esse ano e estou fazendo uns bicos numas lojinhas por aí.

    - Sério? Não pensa em mudar de emprego?

    - Claro! Estava pensando em fazer algum curso.

    - Sério? Eu também. Aqui em Marinário abriram uma universidade há pouco tempo.

    - Eu sei, mas estava pensando em algo mais técnico. Quero começar a trabalhar logo.

    - Hmmm. Sério? Você parece pensar no futuro.

    - Sim, sim, penso bastante.

     Mariana volta a olhar o lado da irmã que se empolgava ainda mais com os beijos que dava no ficante.

    - Err...quer ir para outro lugar? - perguntou Mariana.

    - Mas assim, do nada?

    - Relaxa, a gente volta aqui. E quando voltarmos é bem capaz de eles ainda estarem assim - falou a loirinha, deixando o dinheiro do sorvete e saindo com o garoto. Passeando e conversando mais com ele, Mariana passou a achar que ele parecia um rapaz sério e, no fim do dia, acabou facilitando o pedido de namoro dele.
   
    - Então...você parece ser uma menina com a cabeça no lugar, Mariana - argumentou Felipe.
   
    - Você acha? Nossa...obrigada.

    - Err...eu queria te conhecer melhor...a gente podia...

    - Podia?

    - Podia...

    - Podia?

    - Err..nam..

    - Namorar. Hmm...é, acho que sim, você também parece ter a cabeça no lugar.

    E assim os dois iniciaram um relacionamento.

* Interrupção do flash back *

    - Ai, ai, o amor é lindo - comentou Talita.

    - Não é? - disse Felipe.

    - Lindo uma pinoia! - retrucou Mariana - E eu descobri isso dois dias depois do nosso terceiro encontro.

* Volta ao flash back *

    - Aaaaaaaaaahhhh!!! Eu não aguento mais! - disse Mariana, quase jogando seu celular pela janela de seu quarto em uma manhã.

    - Que foi, Mari? - perguntou Renata, ainda sonolenta na cama ao lado.

    - O Felipe! Ele me manda mensagens a cada três horas! Fora que ele liga umas três vezes por dia!

    - Felipe? É o...

    - Meu namorado ,Renata.

    - Ah, sim, amigo daquele...daquele...quem mesmo?

    - Caio. Aquele que você ficou três horas beijando aquele dia.

    - Ah, é, lembrei - disse a irmã, esfregando os olhos de sono - Bem, ele parece gostar bastante de você.

    - Mas tudo tem limite! Quando saímos ele só solta a minha mão quando vou ao banheiro e ainda assim ele fica segurando até eu entrar na porta do maldito banheiro!

    - Nossa, isso que é paixão dedicada...

    - E olha que uma vez eu até brinquei dizendo que não lavei as mãos e mesmo assim ele não se importou!

* Interrupção de flashback *

     Thiago e Talita olham para Felipe com uma cara enojada.

    - Ei, eu sabia que ela tava brincando, tá?

    - Teve uma vez que eu fiz isso de verdade - falou Mariana.

    - Hã? - agora todos olham enojados para Mariana.

    - Brincadeira, né? Eu não sou porca! Posso continuar a história?

* Volta ao flashback *

    Chegou um ponto em que o grude de Felipe não estava mais dando para aguentar. Mariana resolve colocar isso em pratos limpos.

    - Escuta, Felipe, eu...eu tenho uma coisa para te dizer.

    - Eu também. Quero te dar uma coisa - disse ele, tirando uma caixinha do bolso.

    - Hã? EI, o que é isso?

    - É algo muito especial....para mostrar o quanto estou levando nosso compromisso a sério.

    - Não, Felipe, espera. Eu preciso te dizer algo antes.

    - É? Pode falar. Sou todo ouvidos.
   
    - Bem, eu..

    Por um instante, ela fica com pena de ver o rapaz tão dedicado, com aquele olhar de cachorro sem dono, mas logo percebe que ele estava segurando bem forte nas mãos dela.

    - Precisa segurar minha mão assim? - reclamou ela.

    - Desculpe. Vou segurar com mais força!

    - Não, não! É isso que eu quero falar! Você é muito grudento! Eu gosto de liberdade, gosto de passar um tempo sozinha..eu...eu também preciso fazer minhas coisas.

    - Mas eu também faço as minhas...e faço tudo pensando em você.

    - Olha, eu agradeço a sua consideração, mas estou me sentindo muito presa. Acho que você precisa de uma menina que goste mais dessas coisas.

    - Então...

    - É. Eu quero terminar.

    - Não diz isso - Felipe começou a lacrimejar.

    - Olha, não faz isso! Tenho certeza que tem várias garotas que adoram o seu jeito.

    - E justo hoje...que eu ia te dar minha tampinha de refrigerante preferida da minha coleção na caixinha - disse ele, abrindo a caixinha que trouxe.

    - Não era uma aliança? - a loira perguntou secamente, perdendo o resto de piedade que ainda tinha.

    - Ei, aliança são caras. Seria o meu próximo passo.

    - Passar bem, Felipe.

    - Espere...Mariana! Mariana!

* Fim do flashback *
   
    - E assim foi um longo relacionamento de dois meses - disse Mariana.

    - Foram ótimos dois meses - disse Felipe - Guardo boas lembranças daquele tempo.

    - Olha, eu fui sincera com você - falou a loirinha - Não queria te magoar, mas do jeito que tava eu ia morrer sufocada com todas as suas mensagens.

    - E eu tenho culpa que nossas operadoras eram as mesmas e dava para aproveitar as promoções? - justificou Felipe.

    - Ah, isso aí é demais, né? Essas operadoras de celular sempre tem umas promoções fantásticas e... - mas Thiago parou ao ver a cara de reprovação de Mariana.

    - Tudo bem. Antes de qualquer coisa, devo dizer que não fiquei chateado. Você queria sua privacidade e depois que terminamos percebi que era melhor estar assim, dedicado às nossas coisas, ao trabalho. Depois disso você sabe. Fui para São Paulo, fiz um curso de Informática e me tornei um técnico autônomo. Daí voltei para Marinário, já que a minha prima ia fazer faculdade aqui e dava para dividir as despesas com ela.

    - E vocês moram juntos?

    - Tenho que tomar conta dessa cabecinha oca. Por isso que vim para essa festa. Sabe-se lá o que ela poderia aprontar?

    - Ai, Felipe, que jeito de falar!

    "Primos...morando juntos?", pensou Thiago.

* Imaginação do Thiago *
   
    - Felipe - disse Talita em voz musical, chegando na sala usando só uma toalha - Sabe do que eu lembrei?

    - Do quê? - respondeu Felipe, na sala, usando um roupão e tomando um drink.

    - De quando a gente brincava de médico quando criança. Lembra?

    - Hehe. Claro que lembro. Quer matar as saudades? - falou ele, com uma expressão canalha.

    - Ai, eu quero.

    - Então...vamos para o quarto que a gente brinca..

* Fim da imaginação do Thiago *
   
    - Uau! - exclamou Thiago.

    - O que foi, Thiago? - perguntou Mariana.

    - Mas...isso não é perigoso?

    - O que tem de perigoso? É mais seguro morar comigo e a meus pais do que em alguma república tosca por aí - falou o rapaz.

    - Ah, então seus pais também moram lá.

    - O tio e a tia são bem legais - falou Talita.

    - Seja como for...foi uma coincidência reencontrá-la aqui e saber que está bem.  Pelo que disse no carro, já está estagiando, com uma carreira promissora em engenharia química. E, naturalmente, tem até um namorado novo - comentou Felipe.
   
    - Ah, sim, pode parecer meio avoado, mas é muito inteligente - disse Mariana, agarrando-se ao braço do namorado - E não é nada grudento.

    - Bem, moramos no mesmo lugar, nem precisa disso - falou Thiago.

    - Thiago...não precisava comentar isso.

    - O quê? Vocês moram juntos?

    - Bem, você sabe que eu moro na pensão de um amigo do meu pai e..bem, ele é um dos novos moradores que estuda na mesma faculdade que eu e...

    - Tá, tá bom, não precisa se explicar - falou Felipe - Afinal, eu não guardo nenhum rancor daqueles dias. Mas já que nos encontramos de novo, poderíamos ser amigos, afinal você estuda na mesmo curso que a minha prima. Vamos nos ver mais vezes.

    - Como amigos? Bem, não leva a mal, mas...é meio esquisito dois ex-namorados serem amigos, não acha?

    - Qual o problema? O seu atual namorado parece ser bem gente fina.

    - Ah, valeu - respondeu Thiago.

    "Na verdade, ele é inocente mesmo. Pode ser um tarado, mas é inocente", pensou Mariana.

    - Acho que já tá tarde, né? Apesar da pensão ser perto daqui - falou Mariana - Mas com certeza a gente se vê de novo. Deixa que eu pago as bebidas.

    - Não, não se preocupe - disse Felipe - Hoje é por minha conta.  Na boa.

    - Se insiste tanto - falou Mariana - Boa noite.
   
    - Boa noite - despediu-se Thiago, de forma gentil.
   
    - Falou, veteranos - despediu-se Talita.
   
    Na volta para casa, Mariana parecia bem silenciosa no ponto de ônibus. Thiago tenta quebrar o silêncio.

    - Ele parece ser gente boa, né? Quer dizer...seu ex-namorado - comentou ele.

    - Bom, ele nunca foi de causar problemas, mas...sei lá.

    - O que foi? Tá preocupada com alguma coisa? Ele mesmo disse que não ficou chateado com o fora que você deu nele anos atrás.

    - Mas mesmo assim...tem alguma coisa nessa história que está esquisita. Ele podia até ser bonzinho, mas tinha uma fissura por mim que não dá pra descrever em palavras. E para alguém assim ele ficou quieto por tempo demais.

    - Ah, deixa de ser paranoica. Ele não pode fazer nada. Eu sou seu namorado agora.

    - Obrigada - os dois se abraçam.

    - Mas..foi bom saber que eu não preciso ser grudento demais.

    - No seu caso é grudento de menos. Algumas mensagens de vez em quando não fazem mal.

    - Mensagens? Mas a gente tá junto quase o dia inteiro!

    Mariana suspirou.

    - Ainda assim, eu prefiro você, Thiago - disse ela, colocando sua mão no ombro dele.
   
    - Ah, obrigado...foi um elogio, não foi?

    Enquanto isso, Felipe e Talita ainda conversavam no bar.

    - Loirinha marrenta, né? - observou Talita - Que moral ela tinha pra te dar um fora por ser grudento se hoje ela mora junto com o namorado. Aposto que toda noite eles devem..

    - Nem termine essa frase! Ou eu esfrego sua boca com sabão!

    - Credo, Felipe! Eu só tava comentando...

    - A Mariana não mudou nada, está linda como sempre e perfeita. Vou mover mundos e fundos para reconquistá-la.

    - Mesmo com o namorado dela?

    - Isso é só um detalhe..que você vai me ajudar.

    - Tá. Eu ajudo. Se é para não jogar na cara que eu como e durmo de graça na sua casa, eu ajudo.

    - Perfeito. Após meses observando a relação dos dois à distância e com essa conversa de agora, já posso começar a ter uma ideia melhor do meu plano. Um plano para tirar Thiago Correios da vida da minha Mariana! Bwahahahahaha!

    - Senhor...não viu a placa? Risadas diabólicas não são permitidas após as dez da noite - disse o atendente do bar apontando para uma placa na parede.

    - Oh, desculpe - disse Felipe constrangido. Talita balança a cabeça negativamente. Parece que nosso casal terá problemas pela frente...




(*) = ver capítulo 94


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