Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Iniciando aqui uma nova fic, galera! Se alguém acompanha meus trabalhos, deve ter lido Dilema Platônico. Bem, aqui a ideia é bem mais descontraída do que em DP. É mais uma comédia romântica, sem muita psicologia. Tem mais confusões e infortúnios na pele do nerd protagonista da vez (sim, meus protagonistas precisam ser nerds) do que pensamentos indecisos (ou melhor, os pensamentos desse Thiago são mais...bom, vou deixar você ler). Valeu!



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Capítulo 01 - Uma nova fase da vida é sempre difícil...e como é!

  O ônibus diminuia sua velocidade e se preparava para entrar em uma modesta rodoviária. O motorista estaciona o veículo e anuncia a chegada ao destino. Sim. Finalmente! Thiago mal podia acreditar naquilo! Após tanta espera ele finalmente iniciaria uma vida independente, longe dos pais.

 - É isso aí! Nem acredito que finalmente estou aqui em Marinário (*)! É agora que minha vida como homem começa de verdade! - comenta o animado rapaz de pele morena, cabelos bagunçados escuros, com um sorriso largo e aberto - Dá para imaginar? Até ontem eu morava em São Paulo com meus pais torrando a minha paciência o tempo todo...mas agora não. Agora é minha chance de mostrar minha independência! Não é?

(*) = Marinário. Cidade fictícia no litoral de São Paulo

  Mas infelizmente o colega de poltrona de Thiago não parecia muito a fim de papo. Aquele senhor por volta dos sessenta e poucos anos apenas concordava com tudo o que o expansivo rapaz contava.

 - Mas é claro que eu não vou viver de favor deles...hehe...já tenho até um trampo combinado por aqui. É. Pensei em tudo. Tá tudo direitinho no esquema. Hehe! - ele continua falando, recebendo apenas um balançar de cabeça de seu ouvinte - Bom. Tô indo nessa. Foi um prazer viajar com o senhor. Até.

  Thiago passa desajeitadamente por cima do senhor, pega sua mochila e se despede mais uma vez dele. Por sua vez, o pobre homem apenas levanta as mãos para o céu agradecendo o fim da viagem. Era isso. Thiago estava prestes a começar uma nova vida!

 "É senhor Thiago Correios! Chegou a hora!", pensa ele, enquanto ainda olhava a seu redor, aproveitando bem cada instante naquele lugar. Thiago havia passado no vestibular para uma faculdade de engenharia naquele local. Muito embora ele não fosse um mal aluno, fazer faculdade em uma outra cidade parecia ser uma experiência que o rapaz estava disposto a passar. Thiago era um bom garoto, mas,às vezes...tudo bem, na maioria das vezes, bem exagerado e animado em excesso. Infelizmente, seu bom humor não era do tipo contagiante, já que acabava mais irritando as pessoas à sua volta do que animando. Ele sequier fazia o mínimo esforço para esconder seu lado infantil. Aliás, bem infantil.

  "Faculdade nova...casa nova...e claro...muitas gatinhas, muitas, muitas mesmo!", ele pensa, mal podendo conter o sorriso e a excitação. Só de pensar naquela praia linda e maravilhosa, com todas aquelas garotas de biquini. Ele fica em transe por um tempo, mas logo se dá conta que precisava telefonar avisando que chegou. Thiago pega o celular do bolso na tentativa de ligar para o dono da pensão onde ficaria hospedado. Ele preferia uma república de estudantes, mas só conseguiu uma pensão. Mas tudo bem. A temporada só está começando.  Ele tinha que ligar para o seu Joaquim, o tal dono da pensão. Enquanto o rapaz discava no teclado do celular, algum garoto mal-intencionado passa discretamente perto dele, tirando a carteira de sua calça.

  - Hã? Ei! Minha carteira! Volta aqui, seu...

  O trombadinha corria. Thiago estava atrás, praticamente derrubando os passageiros que estavam no local. Mesmo assim, o moleque era rápido demais e Thiago não era lá grande coisa em esportes (pode-se dizer que ele era um nerd se passando por descolado...ou algo parecido com isso). Quando Thiago já estava quase desistindo, alguém simplesmente coloca a perna na frente do trombadinha que tropeça e cai. A pessoa pega a carteira e olha para o moleque com uma cara de reprovação e terror. Ele se levanta e sai correndo. Thiago, ainda ofegante, apressa o passo e segue em direção a tal pessoa.

  - Puxa...obrigado e...puxa!

  O duplo puxa era justificado. A garota à frente dele era uma bela loira, olhos verdes, cabelos não muito longos, mas também não muito curtos, corpo bronzeado, vestindo uma camisa branca, óculos escuros, sandalinhas e um shortinho curto. Thiago fica um tempo admirado com a beleza da moça, mais precisamente chutando valores mentais das medidas dela. Só que ela logo faz questão de quebrar o silêncio.

  - Essa carteira é sua?

  - Hã?

  - Perguntei se essa carteira é sua? Ficou surdo? - ela diz, sem sorrir muito.

  - Ah...ah, sim. É sim - diz o atrapalhado garoto, voltando a si - M-Muito obrigado

  - Você não é daqui de Marinário, é?

  - Hã? Não? Como você sabe?

  - É que esses trombadinhas só costumam roubar turistas...o pessoal daqui já tem as manhas de como a coisa funciona

  - Sei...pois é, sou de São Paulo

  - São Paulo?! E deu um vacilo desses? Lá é pior do que aqui!

  - É...acabei vacilando...mas é que eu ainda tô meio atordoado! É minha primeira vez morando fora de casa e

  - Fora de casa? Veio aqui para que? - ela pergunta, dando uma limpadinha de leve na carteira do garoto e entregando para ele

  - Trabalhar e estudar

  - Estudar, é? Pela sua idade...é na Universidade de Marinário, imagino?

  - Isso. Passei em Engenharia Elétrica lá

  - Sei... - ela diz, não muito impressionada com o feito do garoto - Putz, olha a hora, ainda tô cheia de coisas para fazer! Toma mais cuidado aí, viu paulista? Falou!
  A garota sai correndo. Thiago ainda estava meio admirado com a beleza...a ponto de não conseguir tirar os olhos dela, mesmo após ela sair correndo (ou melhor, aí é que ele não consegue mesmo tirar os olhos do traseiro dela). Conforme a loiraça se perde na multidão, Thiago ainda não consegue tirá-la da cabeça
  "Wow! Já comecei meu dia bem! Hehe! Que gata...loiraça...e tinha uma bunda...tsc...e eu nem perguntei o nome dela. Que é isso? Estou fora de forma!", pensa Thiago, mas isso não era lá muito verdade, já que seu desempenho com as meninas também não era nada produtivo. Já mencionei que ele era do tipo irritante? É...isso não o ajudou muito em suas conquistas. A menos é claro que a garota estivesse bêbada o suficiente para ficar com ele, o que já aconteceu...er...duas vezes? Bem, mas quem vive de passado é museu e Thiago estava disposto a começar uma vida nova no litoral! É isso aí!

    Nisso, ele vê um outro garoto correndo (embora esse estivesse mais bem-vestido que o anterior). "Agora é a minha vez de salvar o dia!", pensa o rapaz, colocando o pé na frente do moleque que tropeça e começa a chorar.

    - Vai! Devolve logo o que você roubou!

    - Mããããeee!!! Ele me fez tropeçar!!!! - o molequinho começa a gritar, o que ainda não fez Thiago entender que aquele era um garoto comum que estava brincando por ali. Só quando a mãe do moleque estava chegando no local que Thiago percebe que era hora de sair de fininho.

    - Ops...alarme falso

    Não muito longe dali, num lugar mais sossegado, Thiago faz uma nova tentativa de ligar para o dono da pensão que, dessa vez, ele consegue completar.

    - Alô, seu Joaquim?

    - Alô? - diz seu Joaquim, do outro lado - Quem fala?

    - É o Thiago!

    - Thiago? Que Thiago?

    - O Thiago Correios! Eu aluguei uma vaga na sua pensão, não aluguei?

    - Alugou?

    - Claro que aluguei, seu Joaquim! O senhor não lembra! Falei com o senhor ontem

    - Ontem...ontem...ah, tá! Então é você! Sei, sei...lembrei

    - Isso...Queria saber como faz para chegar até aí?

    - Até aí onde?

    - Até aí na pensão?

    - Depende. Onde você tá?

    - Na rodoviária

    - Fazendo o que na rodoviária?

    - Ligando para o senhor....É que eu acabei de chegar e preciso descobrir um jeito de chegar até aí! Não conheço nada por aqui!

    - Por aí na rodoviária?

    - Por aqui na cidade, seu Joaquim! Não conheço nada aqui!

    - E como você vem para cá sem conhecer nada?

    - Mas é por isso que eu tô ligando para o senhor, seu Joaquim! Para o senhor me explicar como chegar até aí!

    - Até aí onde?

    - Até aí na pensão, seu Joaquim!

    - Fazer o que aqui na pensão?

    "Meu Deus...isso vai demorar...", pensa Thiago, que, por sua vez, procurou manter o máximo de calma. Após uns sete minutos, seu Joaquim parece finalmente ter entendido a história, mas quando ia explicar o endereço para o rapaz, os créditos dele acabam. E agora? O jeito era ligar para o orelhão. "Eu já tinha percebido que o seu Joaquim é um pouquinho gagá...mas não achei que fosse tanto...", pensa Thiago consigo, enquanto acha um orelhão para telefonar para a pensão novamente.

     - Alô, seu Joaquim? - Thiago liga novamente.

     - Alô? Quem é?

     - É o Thiago!

     - Que Thiago?

     "E lá vamos nós de novo...", ele pensa, mas dessa vez seu Joaquim consegui pegar a situação um pouco mais rápido e explicou o caminho para Thiago. Ele tinha que pegar o ônibus e descer na Rua das Pitangueiras. Thiago anota e agradece ao dono da pensão. Beleza. Agora ele só precisava achar o ponto de ônibus...onde era? Bem, não custava nada pedir informação.

      - Err..com licença - ele cutuca um homem que estava de costas por ali, mas não percebeu que ele estava acompanhado.

      - Foi ele, Jorge. Foi ele que derrubou nosso filho - diz a esposa do cara, que, por coincidência, era a mãe do menino que Thiago derrubou sem querer.

      - Ah, foi você? - diz o tal Jorge

      - Ops - diz Thiago, que, por impulso, sai dali correndo mais do que normalmente corria.

      Felizmente, ele conseguiu achar o ponto de ônibus e procurou algum que passasse na Rua das Pitangueiras. Agora estava tudo resolvido. Pediu para o cobrador avisá-lo quando chegasse na tal rua. Quinze minutos depois, lá estava Thiago na tal rua. Só faltava achar a pensão, mas ele rodava, rodava e rodava, mas não achava nada parecido com a casa verde de portão laranja que o seu Joaquim mencionou. E nem nada com a placa Pensão do Joaquim, como Thiago já tinha conhecimento. O pior de tudo é que ele nem almoçado tinha. Seu estômago começa a roncar. Nisso, ele vê, de longe, ao que parecia, a loira que o ajudou há pouco tempo atrás, mas, dessa vez, ela estava usando um vestido branco leve e sandalinhas brancas.

       "Putz...não acredito! É ela! Que sorte! Mas...já está usando uma roupa diferente?", pensa Thiago, mas ele também gostou daquela roupa, ja que era um vestido branco que exaltava bem a comissão de frente dela.

        - Ei..oi... - diz Thiago, meio que sem pensar

        - Hã? Boa tarde...no que posso ajudar? - diz a loirinha, toda educada.

        - Você não lembra de mim?

        - Acho que não...mas eu falo com tanta gente que é bem capaz de eu ter esquecido

        Thiago fica meio chateado por ela ter esquecido um fato tão peculiar como ajudar alguém que foi roubado, mas, mesmo assim, continua na conversa

        - Bem, eu não sei se você mora por aqui, mas...eu estava procurando a Pensão do Joaquim. Você sabe em que número fica?

        - Não acredito!

        - No que?

        - Eu também moro lá! - diz ela, toda sorridente

        - Sério? - diz Thiago, num êxtase de felicidade que não pode conter. "Ela...ela...vai morar na mesma casa que eu? É...é muita felicidade...muita mesmo....Aaah...dar de cara com essa delícia todo dia...Deus é tão bom pra mim!", ele pensa, saindo de si mais uma vez.

        - Tudo bem com você?

        - Tudo..tudo...nossa, você mora lá mesmo?

        - Sim. Mas...se for a mesma Pensão do Joaquim que a gente está falando...ela fica no outro quarteirão...lá na Rua das Laranjeiras

        "Rua das Laranjeiras...ah...Rua das Pirangueiras, Rua das Laranjeiras...seu Joaquim não tá bem mesmo", pensa Thiago consigo.

        - Mas é pertinho daqui. Tô voltando para lá. Precisava comprar umas coisas para fazer a janta, se quiser vir comigo..

        - C-Claro

        - Meu nome é Renata. E o seu?

        - Thiago

        Thiago segue até a pensão acompanhado da mocinha. Ela falava de forma calma e serena. Era estranho, já que anteriormente ela parecia mais ríspida. Mesmo assim, Thiago não chegou a comentar isso...ele só comenta que estava indo morar lá para estudar, trabalhar e tentar uma vida independente longe dos pais. A conversa só foi longa o suficiente para chegarem até a pensão. Agora sim na Rua das Laranjeiras.

         - Pode entrar

         - Obrigado. Ufa. É a segunda vez que você me ajuda hoje...

         - Segunda?

         - É. Não lembra hoje cedo?

         - Hoje? Quando..

         - Ah, você já voltou Renata? - diz uma outra voz. Entra em cena agora a primeira loira que Thiago viu. Estava com outra camisa e descalça, mas vestia o mesmo shortinho. Ela parece ter reconhecido Thiago.

         - Ei, é você

         - Hã? Já se conhecem? - pergunta a segunda loira

         - Sim. Hoje de manhã

         - Ah...vocês são...

         - Sim, gêmeas - diz Renata, com um sorriso amigável - Essa é a minha irmã Mariana

         "Gêmeas", pensa Thiago, sentindo o corpo esquentar de novo, "Eu vou morar debaixo do mesmo teto dessas irmãs gêmeas fantásticas. Meu Senhor...obrigado..muito, muito obrigado!", ele pensa, praticamente com lágrimas de alegria. 


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Notas finais do capítulo

(*) Marinário = cidade fictícia no litoral de São Paulo