"Suicidas não querem se matarem realmente, apenas querem acabar com a dor que há dentro deles."

Foi o que a garota leu em mais uma  página de depressivos. Ler sobre aquilo acalmava um pouco sua alma em prantos, que gritava silenciosamente por ajuda.
Essa era Sakura, uma garota Japonesa de 1,62 de altura, cabelos longos, um corpo magro (mas nunca o bastante) e dona de olhos verdes profundos.
Sakura vivia em seu celular por horas e horas, ajudando pessoas, falando com seus "amigos", tudo para distrair sua mente, por que ela sabia exatamente o que aconteceria se ela ficasse desocupada.
Mas hoje era Quarta-feira, teria faculdade..
Novamente a garota suspirou, se forçando a levantar na cama, estava tudo escuro, ninguém havia levantado, era 5:30 da manhã.
Andando para o banheiro, a garota olhou para o espelho e acendeu a luz.

"Mais um dia, hora de por a máscara e um sorriso no rosto."

Aquele era seu pensamento diário, colocar a máscara, fingir estar feliz, olhar todos e ajudá-los em seus problemas, mas tudo o que queria era ser ouvida.
Seu mundo de conto de fadas havia sido desfeito a muito tempo.

"Seja uma boa filha, tire boas notas, se comporte, sorria, olhe que familia linda.."

Tudo como uma casa de bonecas, mas minha mãe rezava para que ninguém olhasse por detrás da cortina e visse a verdade.
A menina se despia, e então entrava debaixo do chuveiro, quem dera que toda aquela água escorrendo por seu corpo tirasse toda a sua dor..
Os cabelos róseos pingavam gotas de água, a garota cantava uma melodia silenciosa, seu peito doía, não era uma dor física, e sim emocional.

"Nunca vou ser boa o bastante"

E então a garota saiu do banho, enxugando seu corpo magro, seus olhos tinham um brilho opaco, e então ela se forçou a sorrir, se forçou a fingir que estava tudo bem.
E então se trocou, colocando suas roupas íntimas, sua blusa preta e uma calça jeans azul escuro, enrolou seus cabelos em uma toalha, e então saiu do banheiro.
Sua mãe tinha saído de casa, e então ela soltou um suspiro, se sentando na mesa e enchendo sua xícara com um pouco de café.
E então acessou a net.
Nenhuma mensagem...
A garota colocou o celular de lado, bebendo vagarosamente o café. O sono ainda a consumia, não queria ter saído da cama..
Sakura então se forçou a se levantar, voltando ao banheiro e escovando os dentes e penteando seus cabelos.
Soltou um sorriso fraco, por mais que tentasse, não conseguiria parecer bonita.. E então saiu do banheiro, calçando seu velho All's star preto.
Mais um dia na faculdade, claro, ela deveria ser uma boa garota, obedecer sua mãe, se formar na faculdade, ter uma boa vida, arrumar alguém e se casar.. Ter filhos, viver uma vida monótona e então morrer.
Era essa a vida que sua mãe queria que ela vivesse.
A garota se virou e encarou o relógio, estava marcando 6:40 am.
Quanto tempo ela passou refletindo?
Logo a garota se apressou em colocar suas apostilas em sua bolsa preta, sim, aquela era sua cor preferida.
Soltou um suspiro se olhando novamente no espelho.

"Estou horrível"

E então saiu de sua casa, caminhando lentamente até o ponto de ônibus. Porém no meio do caminho a garota se depara com um objeto metálico no chão, e então o pegou, era um celular..

"Será que o universo está conspirando a seu favor afinal das contas?"

Sakura o guardou no bolso de sua calça, e então caminhou até seu destino, o ponto de ônibus.
Estava vazio, e havia pouco movimento pelas ruas naquele momento, então decidiu tentar mexer no celular e tentar achar algum contato que pudesse lhe ajudar a achar o dono do telefone.
Porém ele não ligava, a tela continuava preta..

"Ótimo, um celular quebrado, estava bom demais para ser verdade.."

A menina estava prestes a guardar o celular em seu bolso quando ouviu um pequeno bip.
E Então apareceu algo escrito na tela.

"Ligar?"

E então ela apertou:

"Sim"

O aparelho novamente desligou, e então ela revirou os olhos e o jogou dentro de sua mochila.
Pegando seu verdadeiro celular, ela conectou seus fones de ouvido, colocando para tocar Linkin Park- Castle of glass.
Estava se perdendo na letra da música, aquela música com toda a certeza a descrevia perfeitamente.
Foi quando um biiiiiip soou de sua mochila.

"Esse celular deve ter usado maconha, só pode..."

E então voltou a se concentrar na música. Porém aquele bip começou a ficar mais alto..
e então ela teve de pegar o celular, onde tinha algo escrito em sua tela novamente.

"Ligado com sucesso"

Sakura estava se questionando o que aquilo significava quando o aparelho começou a vibrar sobre sua mão, e então uma luz muito forte a cegou, e ela não enchergou mais nada.
Quando ela sentiu a luz diminuir, viu que estava sentada no chão.

— Isso é....grama? - falava sentindo aquele pequeno mato por entre seus dedos da mão. - Mas o que raios....Será que eu cai do banco? Não...espera...Cadê o banco? Cadê o ponto? Cadê a rua? Cadê o asfalto? Cadê os postes? Onde eu estou?

Tudo o que a garota via era uma grande campina com algumas árvores, o céu estava ainda estava meio escuro, e a lua se despedia, dando lugar ao sol que aos poucos nascia ao lado esquerdo da garota. E então ela fechou seus olhos verdes claros com força, e então os abriu denovo.

Estava tudo igual..

"Que pegadinha é essa? Aquilo é uma carruagem?"

Ela não teve tempo para questionar mais nada, viu um rapaz correr atrás de um cavalo negro em alta velocidade, que estava indo em sua direção.

Conseguiu ouvir o rapaz gritar ao longe:

—Senhorita tenha cuidado!!! Storm pare pela mor da virgem santíssima!!! - falava sendo cortado pela própria respiração ofegante.

Porém Sakura não se moveu, estava confusa, perdida, além de que, não se importava com sua vida, estava cansada dela, se aquela fosse a hora, estava pronta...
A garota fechou os olhos, normalmente dizem que quando está frente a frente com a morte, um flash de sua vida passa diante de seus olhos, porém isso não aconteceu.
 Mas ela esperando pelo o doloroso impacto, porém ele não veio..
O cavalo havia parado a 10 metros de distância da garota, e o rapaz fadigado, vinha correndo, e ao alcançar o cavalo apoiou suas mãos em seus joelhos e se curvou, tentando acalmar sua respiração.
Depois de 10 minutos levantou a cabeça, ele parecia ter 14 anos, mas se vestia como seu tataravô.
usava uma calça longa, uma bota feita com uma espécie de borracha, uma camisa semi-social e um suspensório.
Porém ao ver como Sakura estava vestida corou violentamente.

— Oh senhorita, foi assaltada? Estais bem? - falava meio sem jeito, e Sakura não entendeu o que estava havendo, para ser sincera, ela estava mais perdida que cego em tiroteio.

— Acho que sim, onde estamos? Que dia é hoje? - falava apressadamente, se levantando pegando sua bolsa tentando se localizar, o que não resultou em nada, não reconhecia o lugar.

— Estamos perto da fazendo dos Yamanaka Senhorita, hoje provavelmente é 10 de junho de 1830. - 1830? Ela estava sonhando ou era uma pegadinha?

—  Okay, cadê as câmeras? Onde está a cidade? Você viu aquela luz? -falava entre risos, provavelmente o pessoal estava dando risadas dela vendo tv.

— Câmeras? O que é isso? - o menino falava confuso.

— Onde está a cidade? Você viu a luz? - Sakura começava a ficar aflita.

— A cidade fica um tanto distante daqui Senhorita...E a luz que a Senhorita está se referindo é a luz do sol? Ela provavelmente já vai sair, não se preocupe.. - O garoto continuava corado afinal, o que estava acontecendo? Por que ele está vermelho?

— Por que está vermelho assim garoto? - falava confusa.

— S-suas roupas.. por acaso foi assaltada? Que lástima, não creio que te deixaram em um estado tão deplorável..- Okay, aquilo magoou a garota, ela sabia que não era bonita, mas ouvir aquilo doía muito..

O garoto vendo o que lhe havia causado logo se apressou.

— Não que a senhorita esteja feia, porém suas vestes estão um tanto...Vulgares... - falava corando novamente desviando o olhar das coxas marcadas da morena.

— Vulgares? Onde? Elas são completamente decentes. - falava ofendida, ele a havia chamado de puta?

— Ah senhorita deve ter sofrido muito, eles não lhe cediam roupas descentes correto? Que lástima! Irei te levar agora mesmo, tenho certeza de que o patrão poderá lhe ajudar. - Falava determinado, que garoto estranho, ele falava igual ao tataravô da garota.

— Ta doido? Não vou para a casa de um estranho! - A garota começou a ficar irritada, sua cabeça começava a dar voltas, porém Sakura se recusava a acreditar que aquilo tudo era verdade.

— Senhorita, o patrão pode te ajudar, te levar até algum conhecido e lhe ceder roupas novas, mais adequadas... - A rosada soltou um suspiro, não tinha muito o que se fazer, e então simplesmente fez sinal com a cabeça de sim.

— Ah, pode ser..... - falava desconfiada, provavelmente ele a levaria para uma cabine onde falariam que tudo era uma pegadinha.

Ela então começou a caminhar com o garoto, que permanecia queito durante todo o percurso. Caminharam até o Sol estar quase no meio do céu, e então olhou em seu relógio de pulso, que marcava 8 horas da manhã. Havia perdido as aulas na faculdade, teria que pagar depois pela sua falta, além de ter que pegar toda a matéria do dia.
A garota começou a ficar impaciente. Não existia nenhum transporte naquele lugar? Um metrô? Ônibus?

— A senhorita gostaria de montar em Storm? Parece fadigada... - O garoto parou a encarando com doçura, ele parecia ser um bom garoto.

Sakura subiu no cavalo com a ajuda do menino, e então voltaram a andar, e se amaldiçoou por não ter comido algo mais consistente naquela manhã.
Soltou um suspiro, a garota estava começando a ficar com fome. Porém não tardou até chegar enfrente ao casarão. Os olhos da garota ganharam um brilho que a tempos não via, poderia sentar, tomar um pouco de água, relaxar um pouco e depois voltar para sua casa e explicar para sua mãe do por que ter faltado na escola naquele dia.
Porém ao adentrarem a cada, Sakura não achou nenhuma televisão, nenhuma câmera..Nada. Apenas móveis antigos, do século 19 bem conservados.

"Será que estou em um daqueles desafios?"

A garota foi tirada de seus desvaneios quando ouviu um" já volto" do garoto.

Poucos minutos depois ouviu passos e alguns cochichos..

"Eu a encontrei perto da fazenda dos Yamanaka, estava extremamente confusa patrão, não falava coisa com coisa, e suas vestes estavam deploráveis.."

"Entendo Isaac, obrigado por trazer a jovem dama até aqui, não gosto nem de imaginar o que ocorreria com ela caso ela tivesse sido encontrada por algum homem de baixo nível.."

E pela porta passou um rapaz de cabelos e olhos negros, pele clara, porte alto e levemente forte, com músculos levemente definidos, que mesmo escondidos atrás de grossas camadas de roupas, ainda eram perceptíveis.
Ao vê-lo, o coração de Sakura de uma batida a menos, sentiu um incomodo gostoso em sua estômago, e suas mãos suavam frio.

Ele se vestia como aqueles rapazes de filmes antigos, roupas muito bem feitas, cheias de detalhes e facinantes.
Os olhos do rapaz se incendiaram levemente quando a viu, e com uma voz imponente e levemente rouca disse.

— Muito prazer em conhecê-la senhoria, me chamo Itachi Uchiha..

Se tudo aquilo fosse um sonho, provavelmente a garota não queria mais acordar. Era bom de mais para ser verdade...

"É tudo um sonho Sakura, você está deitada na cama sonhando com isso."

Porém ele corou ao ver as roupas que ela vestia, será que naquele lugar todo mundo corava desse jeito?