A mulher do retrato 2 escrita por Lady Town


Capítulo 6
Capítulo 6




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 Desesperada, Vitória gritou pela ajuda que veio dos empregados. Deitaram cuidadosamente Luíza no sofá e Dr. Botelho foi chamado com urgência. Antes mesmo que ele chegasse, Luíza foi acordando meio confusa e o rosto de Vitória era tudo o que podia ver. Então, a cozinheira lhe deu um copo d'água enquanto Vitória se distanciou um pouco, abanando-a.

— Você está bem? Sente-se bem?

— Eu desmaiei? Meu Deus!

— Sim, mas continue deitada até que o Botelho chegue.

Luíza sentia-se estranha e lhe faltava o ar, mais pelo susto e pela vergonha do que acontecera que pelas causas do desmaio.

— Meu bem, alguma coisa está acontecendo. Só na minha frente é a segunda vez que passa mal assim.- disse Vitória com ar preocupado. 

Botelho demorou cerca de vinte minutos mas conseguiram manter a menina deitada por mais que ela quisesse se levantar. Vitória reportou o acontecido e o médico fez os exames que podia naquele momento.

— Eu posso ficar a sós com Luíza?

— É claro, é claro, Botelho! Vitória desculpou-se e saiu levando os empregados.

— Então, mocinha! Pressão normal, não há sinais de anemia...preciso saber se está escondendo alguma coisa.

— Não...não estou! Minha tia! E minha tia? Eu preciso voltar.

— Luíza, vou precisar que faça alguns exames em Penedo, lá há recursos e é próximo daqui. Mas precisa me contar se há alguma coisa...uma gravidez, por exemplo?

— Não...fique tranquilo! Não estou grávida e disso tenho certeza...talvez a única certeza desde que cheguei aqui...

— Como assim?

— Desde que cheguei tenho me sentido estranha, já relatei isto, uma pressão no peito e agora...antes de a minha vista escurecer eu senti uma coisa...

— Alguma dor?

— Não...nada físico! Eu senti que isso já me aconteceu antes, como uma visão, mas não vi nada, só senti, entente?

— Não muito...- sorriu o médico.

— E daí veio um frio na espinha...

Bom, vou te levar até o hotel e conversaremos com sua tia. Vou passar alguns exames que você deve fazer o quanto antes. É prudente checar se não há um problema maior.

Vitória foi chamada à sala novamente e informada dos procedimentos que a jovem faria. Luíza ainda tomou um chá com biscoitos antes de sair.

— Seria ótimo se fosse fome! -brincou o médico.

Luíza pegou nas mãos de Vitória antes de acompanhá-lo:

— Este almoço vai ter que ficar pra outro dia em que eu não estrague tudo!

— Não fez nada de errado! Eu posso ir mais tarde visitá-la no hotel?

— Claro que sim! Eu posso deixar o carro aqui, não é? Minha tia vai me matar...

— Como assim? Por deixar o carro aqui?

— Por ter vindo sem avisá-la...

— Eu não...por que não? Não entendo...

— Depois eu explico. Preciso voltar. Preciso vê-la! Obrigada novamente por tudo!

Vitória ficou com o coração aflito. Também não sabia explicar o que estava acontecendo. Sentou-se no piano e passou a mão pelas teclas levemente.

 

Já no hotel, Emília ainda com uma forte dor de cabeça foi informada do ocorrido pelo médico, dos exames que Luíza precisava fazer, do repouso-para as duas, aliás! Emília não conseguia acreditar na petulância da sobrinha. Passava na sua frente, mentia para ela. Por quê? O que ela pretendia?

— Eu só estava entediada tia!

— Fosse passear na cidade como você disse! Não, você vai me contar por que foi até a Vitória e até a vinícola sem mim!

— Eu pensei que pudesse ajudar, só isso...

— Ajudar? E tratou de valores também? O que mais você fez?

— Está mais preocupada com a estúpida visita à vinícola que comigo?

Emília estava transtornada. Recompôs-se e recomeçou a conversa.

— É claro que não...claro que não...vem cá, dá um abraço nessa tua tia rabugenta! Amanhã a senhorita vai fazer os exames em Penedo. Se essa enxaqueca me permitir, irei junto. Senão, pagarei o necessário para que o Dr. Botelho a acompanhe.

— A Vitória vem me ver hoje à tarde...

— A Vitória? Está assim íntima? O que ela vem fazer aqui? - a expressão de Emília mudou novamente.

— Já disse...vem me ver, me visitar. Imagino que a você também, já que falei que estava mal.

— Eu não preciso das visitas desta mulher, Luíza! Aliás, é a única coisa que não preciso hoje! Você vai ligar pra ela-e desta vez me obedeça- e dizer que não é necessário, que você vai repousar, como, de fato, Dr. Botelho recomendou.

— Ela foi tão gentil...

— Ela quer fazer a venda das propriedades dela, Luíza. Não seja tola. Vai nos adular o quanto for necessário. 

Luíza ligou do quarto mesmo, sob o olhar da tia, dizendo a Vitória que Emília cuidaria de tudo, agradecendo novamente e dizendo que dormiria a tarde toda, que não viesse à cidade por sua causa.

A jovem passou a tarde no quarto, deitada, mas não conseguia dormir. Queria mesmo que Vitória viesse. Poderia ousar contrariar seu pedido e aparecer de surpresa. Torcia para isso. E pensava que talvez soubesse o que estava se passando. Sentiu medo; abraçava-se ao travesseiro e suspirava. O rosto de Vitória vinha a sua mente o tempo todo.

 


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