A noite havia chegado, Regina não se sentia nem um pouco confortável com aquele tal jantar... Reencontrar suas amigas da juventude iria faze-la lembrar de coisas das quais não estava preparada.

 Outro fator que não lhe agradava era a presença de Robin Locksley, apesar de ter se surpreendido com o fato dele ter filhos, ainda assim não gostava dele, apenas se suportavam pelos seus irmãos...

 Olhava-se no espelho, usava um vestido bege justo, até seus joelhos, um lindo scarpan preto nos pés, lábios vermelhos, deixando nos olhos uma maquiagem mais leve. Por conta do frio, resolveu colocar um casaco de crochê também da cor preta.

 Por fim resolveu descer.

 Todos seus familiares já estavam lá, inclusive alguns de seus amigos. Assim que Regina surgiu Zelena logo foi até ela.

—Vem aqui, tem algumas pessoas ansiosas  para ver você!

Diz Zelena puxando-a pelo braço.

Logo a levou até a sala central.

Antes que Regina pudesse dizer qualquer coisa foi surpreendida por Mary Margaret lhe abraçando.

—MEU DEUS REGINA QUE SAUDADE! QUANTO TEMPO HEIN?!

Exclama Mary animada em rever sua amiga, chamando a atenção de todos.

Regina permanecia imóvel. Mas logo retribuiu o abraço.

 Mary e Regina cresceram juntas, ambas sempre foram melhores amigas, conheceram Tinker, tornaram-se um trio inseparável. Entretanto, repentinamente com seus 19 anos Regina resolveu afastar-se delas, optou por ficar em Nova York e só voltava para a Carolina do Norte no dia de ação de graças.

 Sendo assim, dificilmente se encontravam, a última vez que se viram foi há cerca de 5 anos atrás, Regina e Daniel acabaram por encontrar no supermercado David e Mary que na época estava grávida...

  Por fim Mary solta Regina. David se aproxima:

—Regina? Como vai?

 Ambos se cumprimentam com um beijo nas bochechas.

—Estou bem e vocês?

Pergunta Regina.

—Estamos bem.

Os dois respondem em uníssono. David abraça sua esposa.

 Regina observava os dois, ainda via amor nos olhos deles, questionou-se em seus pensamentos por que o relacionamento destes havia dado certo, e o dela não?

 Logo percebeu alguém lhe segurando pelo braço, ao olhar vislumbrou Tinker.

—Regina tudo bem?

A loira a abraçou.

—Sim, e você como está?

—Eu estou ótima!

Afirmou ela erguendo um copo de champanhe.

—E o Daniel? Onde está?

Mary questionou.

 Tinker engasga, Zelena havia lhe contado sobre o ocorrido, porém não conseguiram avisar Mary.

 Regina suspira ao responder:

—Deve estar comemorando com a mãe do filho dele.

Tomou um gole de sua bebida.

 David e Mary se entreolham, surpresos.

—Oh eu...

Mary começa, mas logo é interrompida com a chegada de Robin.

—DAVID! MARY!

O mesmo exclamou animado.

—ROBIN! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?

Pergunta David.

—Vocês se conhecem?

Questiona Regina.

—Sim, Robin, Valerie e Emma chegaram na cidade logo quando você foi embora.

“Nada é por acaso, o destino nos uni ou nos separa por motivos que nem nós mesmo sabemos.”

                            Leandro Ribeiro

 Foi isso que a vida fez com ambos, o destino por motivos desconhecidos separou Robin e Regina... Apenas alguns dias foram tempo suficiente para fazer com que os dois tivessem seus caminhos interrompidos, e vivessem suas respectivas vidas ,sem nem sequer se encontrarem.

 Entretanto, assim como o destino é capaz de separar, ele também é capaz de aproximar, e era isso que estava fazendo, o destino voltou a interferir dessa vez com o intuito de resgatar dois corações feridos...

—Nossa não sabia que vocês se conheciam.

Comenta Regina.

—Sim, até somos padrinhos do Roland.

Responde Mary.

 De forma irônica Robin diz:

—Que mundo pequeno não é mesmo Dra. Mills?

—Certamente Locksley.

Responde ela, no mesmo tom. Terminando com seu champanhe.

 Robin e David conversavam animados. De longe Regina observava todos entretidos com a festa, sua irmã possuía um sorriso radiante e Killian também.

Logo o mesmo pede a todos um minuto de silêncio.

—Bom, todos aqui sabem que há cerca de dois anos me tornei outro homem...tudo por conta de uma mulher que viu em mim uma personalidade que até eu desconhecia, e claro juntos vimos o amor! Devo tudo isso a você Emma! (A loira se emociona.) –É por isso que aqui nessa noite diante dos nossos amigos e familiares eu peço a mão de Emma para você Robin. Ela já disse que sim, esperamos apenas o seu consentimento.

 Robin foi pego de surpresa, não havia imaginado que a notícia que sua irmã ansiava em lhe dar, era a de que seria pedida em casamento...

 Todos o olhavam com curiosidade, esperavam pela resposta do mesmo.

—Vamos pai diga algo!

Afirmava Valerie, ansiosa.

—Sim, sim vocês têm meu consentimento!

Ele diz erguendo a taça.

 O casal começa a receber alguns cumprimentos, porém são interrompidos por Zelena que interfere:

 -Pessoal só mais um minutinho por favor! Eu e Hades temos uma novidade.

Os convidados a encaram esperando a notícia, Zelena respira fundo pega nas mãos do marido sorrindo abertamente, exclama:

—Eu e Hades vamos ter um bebê! Eu estou grávida!

 Aquela notícia pegou Regina com grande impacto. Sua irmã mais nova seria mãe, teria um filho... A seguir diante da afirmação de sua mãe seus sentimentos conturbados pioram.

Cora intervém.

—Meu deus! Enfim serei avó! Ah estou tão orgulhosa (Exclamou, abraçando-os) –Vocês DOIS nunca me decepcionam.

Completou.

 Regina não pode conter-se, preferiu ir para o jardim, sem cumprimentar seus irmãos.

As palavras de sua mãe se repetiam na sua cabeça: “Vocês dois nunca me decepcionam.”

 Regina não entendia por que Cora a tratava com tanta diferença... amava seus irmãos, mas sabia que se comparassem as carreiras de trabalho de ambos com a sua, ela sairia ganhando. Era o que sua mãe mais lhe cobrava; “Ser uma profissional excelente! Sem erros, sem falhas!”

 Foi o que Cora lhe disse repetidas vezes durante sua juventude.

Toda vez que a mesma tomava uma decisão difícil, sendo gélida na maioria dela, lembrava-se “sem erros, sem falhas. ”

 Tornando-se assim, a “dama de gelo”.

  Regina caminhava pelo jardim,parou diante dos três balanços, recordou-se de sua infância com seus irmãos...

 Achava incrível como o tempo havia passado tão rápido, Zelena seria mãe, Killian se casaria, e ela estava se divorciando...Suspirou, tomou um gole de sua bebida e sentou-se no seu balanço, o movia lentamente.

 Pensava em tudo que viria pela frente... tinha que voltar para a festa, embora não quisesse.

Seus olhos beiravam em lágrimas, uma acabou por escorrer em sua face. Foi surpreendida por uma mão pequena em seu ombro, era Roland.

—A senhora não é muito grande para andar de balanço?

Regina sorriu de imediato. Logo respondeu limpando suas lágrimas.

—Bom digamos que sim, mas sabe, eu adoro balanços!

Ela afirmou cochichando. Roland abre um sorriso largo e logo diz:

—EU TAMBÉM!

Sentou-se no balanço ao lado da mais velha.

—A senhora está triste?

 Roland pergunta, segurando a mão de Regina que fica encantada com a atitude do menino. Depois de ficar um tempo encarando os olhos curiosos e inocentes dele, a mesma responde:

—Problemas de adultos, complicado. Nada que uma criança como você precise se preocupar.

Ela esboça um pequeno sorriso.

—A senhora parece meu papai falando. Os adultos são todos iguais!

—Acredite querido a vida adulta é um tédio!

Afirma Regina sorrindo, apertando firme as mãos de Roland.

—Eu queria crescer logo! Mas, seria um adulto diferente de vocês!

—Hey, não queira isso pequeno você está na melhor fase da sua vida.

—Eu não acho dona Regina, eu não gosto de ser criança.

—Me chame de Regina, e me diga por que você quer tanto crescer? Deve ter alguma justificativa.

—Tem sim Regina (Ele sorri, mas logo o desfaz ao pronunciar as palavras a seguir.) –É que meus amigos sempre zombam de mim, porque eu não tenho uma mamãe, meu pai também não tem uma, e os amigos dele não ficam fazendo piadas e tratando ele com diferença. Por isso, eu quero crescer para ter amigos que não fiquem me destratando pela ausência da minha mãe.

 Regina estremeceu com as palavras do menino, sentiu pena, compaixão, pensou o quão irônica a vida era, ela lutava com todas as forças para ter um filho a quem pudesse depositar amor, e afeto. Ao seu lado, tinha Roland um menino carente que sofria com a ausência de uma mãe. Por fim, ela disse:

—Você não pode pensar assim, tenho certeza de que seus amigos não sabem do que estão falando, não de importância para o que as crianças falam, são apenas crianças. Os adultos compreendem as coisas de maneira mais fácil, porém somos todos iguais, uns chatos! Não perca a sua essência de criança, acredite é a melhor fase de sua vida!  

Esboça seu melhor sorriso. Roland lhe retribui.

 Ambos ficaram ali por um tempo, apenas sentindo a fina brisa do vento. Em seus balanços, Regina associou aquele momento como sendo um balanço da vida. Sim a mesma foi pega de surpresa, em vários fatores.

E agora sentia que sua vida estava como aquele balanço no qual movia-se lentamente, sem pressa... apenas com calma, temendo que se acelerasse as coisas, pudesse acabar machucada.

 -Regina?

—Sim.

—Quero ir no banheiro.

—Vamos entrar então.

 Assim que vislumbra seu irmão entrando Valerie exclama:

—Roland onde você estava? Eu e o pai estávamos te procurando!

—Ele estava comigo.

Responde Regina com um sorriso. A mesma não entendia o porquê de quando estava perto de Valerie, sentia-se doce, carinhosa... Até Robin se aproximar.

—Roland onde você estava? Eu já lhe disse para não sumir sem me avisar...

—Não se preocupe Locksley ele está bem, estava comigo!

—Mesmo assim, ele não devia estar te incomodando.

—Ele não estava de forma alguma, aliás seu filho é adorável!

 A mesma esboçou um sorriso, surpreendendo Robin.

“Nossa que sorriso encantador! Espera, o que estou pensando? Essa mulher é uma arrogante! ”

—Com todo o respeito, acredito que a doutora não deve se meter na criação do meu filho. Ele deve saber o que eu lhe ensino, sou um pai e fico preocupado.

—Ah sim claro, tinha me esquecido que você é o dono da razão não é mesmo? Quer saber, sua mulher devia ser uma santa! Para o seu filho ser assim tão gentil, com certeza ele não herdou isso de você! É um atrevido!

 Regina percebeu a mudança no olhar de Robin que suspira ao responder.

—Você não tem ideia do que está falando! Não me conhece doutora, já eu conheço o seu tipo, calculista, arrogante, fria... deve ser por isso que seu marido lhe trocou por outra!

 Diante de tais palavras Regina calou-se, o encarou por alguns segundos e se retirou.

 Assim que soltou aquelas palavras Robin arrependeu-se, por mais que a mesma houvesse lhe ofendido, ele não devia ter retribuído. Jamais havia sido assim com alguém. Porém, com Regina era diferente, a mesma o fazia sentir-se estranho, algo que ele não havia identificado o que era.

 Regina agitada e furiosa, acabou esbarrando em seu pai.

—Filha o que houve?

—Aquele homem! Não suporto ele!

—Quem?

—Locksley!

—Pois eu o admiro, me afeiçoei aquele rapaz, é preciso possuir coragem e honra para chegar onde ele...

—Eu não acredito que você está defendendo ele! Meu deus! Às vezes acho que não pertenço a essa família!

—Não querida, jamais volte a falar uma coisa dessas! Eu quero dizer que me admiro de vocês não se tornarem amigos, os dois possuem as mesmas opiniões, conceitos... Robin é um homem de caráter! E já sofreu tanto na vida.

—Todos sofremos! Passamos por provações que muitas vezes nos tornam outra pessoa.

—Nossa filha, você fala como se já houvesse sofrido tanto.

 Regina engole seco, por segundos esqueceu que sua família não possuía conhecimento do terrível desafio que a mesma enfrentou.

Por fim, respondeu:

—O que estou passando com Daniel é pouco para você?

Mente.

—É verdade, sinto muito... E sabe o que sua mãe disse lá dentro, não leve em consideração, Cora ama você!

—Nossa que bela forma de demonstrar amor... Enfim, me diga como estão as coisas no escritório?

—Estão bem, você pode não gostar do Robin, mas ele é um profissional excelente! E me ajudou com tudo enquanto você esteve fora...sei que vocês não se suportam, mas acredite dê uma chance a ele, pode parecer um pouco difícil no começo, ele é fechado, e tem seus motivos, o abandono dos pais, deixando a ele a responsabilidade de cuidar de Emma... E quando depois de anos conseguiu construir uma família, sua mulher sofreu um terrível acidente...

 Regina franziu o cenho e logo perguntou: -Acidente?

—Sim, eu não sei como ou por que... só sei que seu carro foi atingido por um caminhão, e a mulher dele está em coma até hoje, suas chances de acordar são mínimas. Sinto pelo menino, Robin me disse que ele possuía um mês quando ela sofreu o acidente.

 Naquele momento Regina entendeu o sofrimento de Roland, por que sofria com a ausência de uma mãe. Teve pouco contato com a sua, nem lembrava-se como ela era.

 Antes que a mesma pudesse dizer algo ela e seu pai foram surpreendidos pela chegada de Killian e Emma.

—Hey Regina onde estava? Já pensávamos que você não havia aprovado o nosso noivado.

Eles falaram rindo.

—Oh não de forma alguma! Deixe eu felicitá-los! PARABÉNS! (Abraça ao casal.)-Fico muito feliz!

Completa.

Logo Zelena aparece.

—E eu não vou ganhar os cumprimentos?

Regina encara a irmã por um tempo, e responde:

—Sim claro que sim! Parabéns Zelena!

As irmãs se abraçam e Zelena diz:

—Regina temos planos para amanhã à noite! Eu Hades, Mary, Tinker e o noivo dela combinamos de sair, relembrar os velhos tempos! Você já está incluída! A propósito mamãe já arrumou um par para você!