Corações Feridos escrita por Tais Oliveira


Capítulo 34
Despedidas de Outono


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ♥ Gostaria de agradecer a todos os comentários que venho recebendo, ainda falta responder alguns, mas já li todos e fico muito grata com tanto carinho. ♥ Obrigada!

Chamada do capítulo:
https://www.youtube.com/watch?v=L2Kj4SchtuM&feature=youtu.be

Boa leitura! ♥



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—Você está grávida Regina!

Esta, fitava a irmã soltando uma gargalhada, logo em seguida.

—Você só pode estar de brincadeira não é Zelena? Eu não posso ter filhos.Você sabe disso.

—Eu não estou brincando Regina, esses exames comprovam o que estou falando.

Os entregou para a irmã, esta já havia adquirido uma expressão de espanto.

—Não, mas não é possível que isso seja verdade, só haviam 5% de chances de uma gestação, quando eu era casada com o Daniel, e...

Parou de falar, quando seus olhos percorreram um dos papéis que confirmavam sua gravidez. Recordou-se das palavras de Belle, meses atrás...

E você acredita em chances mínimas?”

“—É claro que sim Doutora,toda chance mínima pode tornar-se máxima.”

 

  Com os olhos marejados, por instinto acariciou a barriga, com carinho.

—Eu... estou gerando um bebê.

Proferiu aquelas palavras com emoção. Um belo sorriso, resplandeceu em seu rosto.

“Minha mamãe,sabe que eu existo. Ela está feliz, eu sinto.”

—Você precisa fazer mais exames, para descobrir quanto tempo há de gestação.

—A casa do lago.

Regina sussurrou.

—Você e Robin, dormiram juntos na casa do lago?

Cora pergunta.

Zelena intervém:

—Claro mãe! Não me diga que achou que eles foram brincar de casinha...

—Zelena!

Reprendeu sua mãe.

Regina parecia divagar...

 Sua segunda chance no amor, fora satisfatória, lhe concebendo uma benção, um filho. Seu milagre...

—Regina?

Chama Cora.

—Estou com medo.

Confidenciou.

—Por que? (Perguntou sua irmã.) –Eu não estou com idade de ter um bebê, eu já passei por tantas coisas nesses dias, eu tenho problemas, não terminei meu tratamento na Alemanha, e se eu perder o meu bebê?

Questionava atônita.

Cora deposita sua mão sob a da filha.

—Não vai acontecer com seu bebê Regina, tenha fé. Aproveite esse momento que a vida está te proporcionando, você vai ser mãe, novamente.

—Não se preocupe Regina, hoje em dia há tantos recursos para manter uma gravidez, muitas mulheres engravidam depois dos 40, e seus filhos nascem saudáveis. Você está com 38 anos, é nova ainda, tem capacidade suficiente para gerar um bebê, confie em você, na vida!

 As palavras da irmã a comoveram mais ainda, fazendo surgir um sorriso, diante das lágrimas.

Zelena continua: -Eu sou médica, sei do que estou falando, você só precisa descansar, não se estressar. Conheço vários obstetras que podem ajudar.

—Algum deles tem consultório em Washington?

—Como assim? Não entendi... (Após uma pausa, Zelena continua...) –Não me diga que você ainda pretende se mudar? E o Robin? Ele merece saber que será pai.

—Eu não quero que ele se sinta obrigado a ficar comigo por causa do bebê, não vou força-lo a escolher entre a família dele, e eu. Além do mais, você disse que eu preciso descansar, e paz é a única coisa que eu não terei aqui, em Nova York.

—Mas, e a Valerie? Vocês acabaram de descobrir a verdade.

—Vou leva-la comigo.

—E você acha que ela vai aceitar? Digo, sei que vocês estão tentando recomeçar, recuperar o tempo perdido. Mas, a família dela está aqui...

—Você acha a que ela não vai aceitar?

                                                          ***

 

  Robin, bebia seu café da manhã com muito gosto. Estava feliz, pela filha, por Regina. Valerie lhe contou tudo que havia ocorrido na tarde anterior. Todavia, não era só isso que o agradava, sabia que veria Regina, esta buscaria Valerie para almoçar  na sua casa.

—Você está perfumado.

Comentou Marian, adentrando a cozinha.

—O perfume, está na minha camisa.

Mente.

—Humm.

 Minutos depois...

  Todas suas expectativas de ver Regina, foram extraviadas quando atendeu a campainha, vislumbrando Cora.

—Regina, me pediu para vir buscar minha neta.

—Ah, claro! A senhora quer entrar?

Não conseguiu disfarçar seu desgosto.

—Não, vou aguardar aqui fora.

Robin, consente. Logo em seguida, chamou a filha: -Valerie, sua avó está aqui, ela veio buscar você!

 Este, fitou Cora, após alguns segundos, criou coragem e perguntou:

—Como  Regina está?

—Não poderia estar melhor.

                                                           ***

 Regina, estava na cozinha, preparava a sobremesa, torta de maçã. Qual era bem comentada por todos. Anisava pela chegada da filha, não via a hora de abraça-la, depositar seu amor.

 Seus pensamentos foram tomados pela descoberta da noite anterior... Estava grávida, algo que até então achava impossível. Sorriu. De forma repentina, a vida havia lhe presenteado, era mãe. Em dose dupla, não tinha somente Valerie, agora havia um feto se gerando em seu ventre.

—Chegamos!

Foi desperta pelo grito de Cora. Saiu da cozinha apressada.

—Valerie.

Disse, logo abraçaram-se. Regina beijou a testa da filha, ao proferir:

—Estava com saudades.

—Eu também.

Cora observava a cena comovida, percebia a felicidade que irradiava sob a filha, e a neta.

—É melhor eu ir agora.

Disse por fim.

—Você não vai ficar?

Perguntou Regina.

—Não, vocês precisam desse momento.

Respondeu, sorridente.

Despediu-se, e se retirou.

 Regina e Valerie, ficaram se encarando por um tempo. A jovem sentiu-se tímida, diante do olhar desta sobre ela. Estava nervosa, não sabia o que dizer, como agir...

—O que você estava fazendo?

—Nossa sobremesa! Gostaria de me ajudar, sei que gosta de cozinhar.

—Será um prazer!

Já na cozinha, Regina colocava a massa na forma.

—Você gosta de maçãs?

Perguntou para Valerie, esta parecia encantada admirando o cômodo.

—Sim, é a minha fruta favorita!

Regina sorriu, radiante ao responder:

—A minha também.

 Aproveitaram o tempo para se conhecer, haviam tantos detalhes, coisas simples, que eram desconhecidas, para ambas.

—Qual será o nosso almoço?

Questionou Valerie. Regina percebia a animação, na voz e expressão do rosto da jovem.

—Lasanha!

Respondeu no mesmo tom.

—Meu pai elogiou muito.

O sorriso, desapareceu do rosto de Regina.

Percebendo a reação desta, Valerie tenta se redimir.

—Desculpe, eu não devia ter falado dele.

—Tudo bem. (Coloca a mão sob a da filha.) –É natural que isso aconteça, dividimos algo importante agora.

Sorriu.

Valerie, sentia o amor que a mãe exalava em seus olhos. Estes, reluziam felicidade.

 Mais alguns minutos, e o almoço estava pronto. Regina servia uma porção generosa no prato da filha, logo fez o mesmo para si. Juntas, realizavam um sonho. Algo comum, que as duas estavam apreciando com satisfação.

—Gostou?

Regina perguntou curiosa, percebendo que a filha começara a degustar sua refeição.

—É uma delícia! Maravilhosa!

Saboreava com agrado.

Regina sorriu, como resposta.

—Valerie, nós podemos conversar, é algo importante.

—Sim, sobre o que se trata?

Perguntou apreensiva.

—Você lembra do meu trabalho, em Washington?

—Sim.

—Então...eu gostaria que você fosse comigo.

A jovem se engasga, com a bebida que consumia.

—O que?

Nervosa, Regina continua:

—Bom, como você está no período de férias da universidade, eu pensei que pudéssemos passar um tempo por lá, juntas. Eu preciso sair de Nova York, descansar, pensar...

Suspirou.

—Por que? Você não está bem?

—Estou. (Mente.)-É só que... eu achei uma ótima oportunidade para recomeçarmos.

—E nós não podemos recomeçar aqui? Eu achei que você tivesse cancelado essa viagem.

—Bom, eu tinha... quando estava com o seu pai. Mas as coisas mudaram nas últimas semanas, eu já havia mudado de ideia, antes de descobrir a verdade sobre nós...

—Eu não sei se estou preparada para deixá-los. Eles são a minha família.

—Você tem duas vidas agora, uma comigo. E a outra com o seu pai... (Engoliu em seco.) -E a família dele.

Valerie, percebia o rancor na pronuncia da mãe. Compreendia o motivo dela querer se afastar.

—Eu sei, mas é que...

—Eu só te peço dois meses, as suas férias. Vamos fazer uma experiência, se não gostarmos, voltamos. Eu vou ficar onde você quiser, não quero permanecer mais um dia afastada de você, e desculpe se te incomodei com essa proposta. Mas, não custa nada te perguntar, afinal se aceitar isso, estará me ajudando.

Valerie, consente pensativa. Regina, parecia esconder algo.

                                                         ***

  Percebendo a angústia que a filha refletia nos olhos, Robin pergunta...

—Aconteceu alguma coisa?

—Regina, me convidou para ficar com ela em Washington, durante as férias.

 Robin freia a caminhonete bruscamente.

—Eu pensei que ela não fosse mais...

—Ela disse que as coisas mudaram.

Valerie responde, encarando a rua, através da janela.

Após uma pausa, Robin continua:

—Eu acho que você devia ir... Digo, isso fará bem para vocês, merecem esse tempo juntas, se descobrindo uma a outra. Regina, merece ser feliz, e se para contribuir com isso, eu tenha que abrir mão de você por algumas semanas, que assim seja.

—Você ainda fala dela com amor em seus olhos.

Conclui a jovem, analisando as feições do pai.

—Eu ainda não consigo entender por que estão separados. Vocês se amam, e ela só está partindo por sua causa. Eu tenho certeza que se você pedir para ela ficar...

—Eu não posso...

Respondeu com pesar.

                                                       ***

  Regina caminhava pelo Central Park, observava as pessoas ao seu redor... Carregava sua bolsa, escutava o ruído dos seus saltos sob o chão. Não era uma advogada requisitada, uma mulher influente, naquele momento, era apenas uma pessoa como qualquer outra. Em busca de uma decisão.

Cansada, resolveu sentar-se em um dos bancos. Pensava em sua vida... Na sua viagem, estava mesmo disposta a deixar tudo para trás? Seria o correto esconder de Robin sua gravidez? Haviam tantas dúvidas, procurava por respostas, que não conseguia encontrar.

 Recordou-se de Valerie, e sua expressão espantosa, quando lhe fez a proposta de se mudar. Sem dúvidas, a filha se negaria a aceitar. De certa forma, não negava que estava certa, não poderia ser egoísta, separa-la de sua família. Por mais que o seu  relacionamento com Robin, houvesse sido uma fatalidade... Apreciava a relação que este mantinha com a filha,afinal antes de saber a verdade, havia convivido com ambos, sabia o amor que nutriam um pelo outro, algo de uma ternura imensa. Se tratavam como pai, e filha, independente dos laços sanguíneos.

 Todavia, suas incertezas, foram cessadas com a mensagem que recebeu a seguir...

 

“Eu vou com você.”

 

 Acreditou, que fosse um sinal de que estava tomando a atitude certa.

                                                    ***

  Greg, estava escorado em seu carro. Suas mãos envolta da cintura de Valerie, sentia o aroma perfumado que seus perfumes exalavam.

—Sentirei, saudades.

Havia dirigido, para uma colina que havia mais distante da cidade, para que pudessem se despedir, com mais tranquilidade.

 A jovem estava distraída, observando o ambiente ao seu redor. Deduziu que sua vida estava leve, como aquelas folhas secas do outono, até a proposta de sua mãe.

—Eu também, e muita.

Disse por fim.

Greg a virou para si, beijaram-se com paixão. O rompendo somente quando o ar se fez necessário.

—É tão difícil dizer adeus.

—Eu sei, mas não é um adeus, e sim até breve.

—Serão os dois meses mais longos de toda a minha vida.

—Eu não sei se levará todo esse tempo, meu principal objetivo com essa viagem é trazer Regina de volta, mostrar para ela e o meu pai, que eles precisam ficar juntos. Esse tempo separados, mostrara isso a eles.

—Mas e novo trabalho da sua mãe? Como você sabe que eles ainda gostam um do outro?

—Ela pode gostar, mas não será a mesma coisa. Hoje mais cedo, quando falei com ela, estava emocionada por ter que se despedir dos seus funcionários... Eu vejo amor neles, dor que reflete no olhar de cada um quando eu acabo falando do outro. Ainda não consigo acreditar, que o meu pai está com a Marian. Esse é um dos motivos que me fez ir com...a Regina, eu não suporto aquela mulher.

—Por que você não chama ela de mãe?

—Eu não sei, ainda não consigo. É tudo muito novo para mim.

—Regina, iria adorar se você conseguisse, chama-la de mãe. Espero que esse tempo sirva para aproximar ainda mais vocês.

—Eu também. Espero que os meus planos se concretizem.

Respondeu sorridente.

—Mas, agora quero aproveitar o tempo que me resta com você.

Selaram seus lábios. Em um movimento rápido, Valerie se desvencilha dos braços do namorado.

—Venha me pegar!

Afirmou, correndo entre as árvores. Além de sua gargalhada, outro som audível naquele momento, era o de seus pés sob as folhas, que causavam pequenos estalos.

—Duvido você me alcançar!

Completou.

Logo este, correu atrás dela. Para tantos, tudo aquilo não passaria de uma brincadeira sem graça,entretanto, para ambos aquele momento servia para consolidar ainda mais o relacionamento.

Seus olhos, reluziam felicidade, Greg pegou algumas folhas do chão, e começou a joga-las contra Valerie. Logo, esta fez o mesmo.

 Ele acabou escorregando, e se jogou contra o chão sorrindo, porém cansado. Valerie, foi correndo até Greg, se ajoelhou ao seu lado, abraçaram-se.

Fecharam seus olhos, apreciavam aquele momento com desvelo, queriam aproveita-lo o máximo de tempo possível, para estes, o mundo poderia parar naquele momento que não se importariam.

                                                    ***

  Regina terminava de organizar sua última caixa. Observou, a sala a sua volta, encarou a praça que ficava em frente ao escritório, pela última vez.

Seus olhos estavam marejados, não sabia se estava pronta para dizer adeus.

Foi desperta pela pergunta de sua mãe. Havia ficado tão distraída que sequer percebeu a entrada de Cora.

—Você tem certeza que está tomando a decisão certa?

—Sim.

Respondeu, contendo as lágrimas. Ignorando a parte de si que pedia para ela ficar.

—Regina... (Cora deposita a mão nos braços da filha.) –Não faça algo que se arrependa depois... sei que você não quer ir, está fazendo isso por teimosia.

—Não é teimosia mãe, eu preciso me afastar de Robin.

—Ele é o pai do seu bebê! Eu acho que... Robin ainda gosta de você. Na Quarta, quando fui buscar Valerie, ele perguntou por você, como estava.

—Provavelmente por remorso.

—Ele parecia estar preocupado, volto a dizer que ele deve saber a verdade.

—Mãe, eu sei o que estou fazendo.

—Ficarei preocupada com você, longe e grávida. Se acontecer algo, e estiver sozinha.

—Eu não vou estar só, Valerie ficara comigo.

—Tudo bem, eu não vou insistir. O tempo te mostrara a decisão certa a ser tomada.

Disse acariciando o rosto da filha.

Regina, acabou cedendo a emoção e deixou uma lágrima escorrer pela sua face, esta foi limpada pela sua mãe.

—É difícil te deixar partir, ainda mais agora que de certa forma, nós também estamos recomeçando. Mas, eu vou te apoiar, na sua escolha.

—Obrigada.

Foi o que conseguiu dizer em meio a emoção que tomava conta de si. Foram interrompidas por Killian.

—Eu vim buscar a caixa que estava faltando.

Disse, logo percebeu o clima comovente entre sua mãe, e sua irmã.

—Já está tudo pronto, todas as caixas no carro.

Finalizou, o mesmo parecia tão sensibilizado quanto elas.

—Está preparada para passar por aquela porta?

Cora pergunta.

—Por que eu não estaria?

Regina perguntou, limpando suas lágrimas.

Cora gesticulou os ombros, como resposta. Antes de abrir a porta, Regina vislumbrou sua sala, mais uma vez. Após um suspiro, retirou-se.

 Fora surpreendia por todos seus funcionários, que levantaram-se de imediato, com aplausos calorosos. Sequer imaginava, que estes fossem tão gentis com ela. Acreditava que receberia alguns abraços pelo corredor, meia dúzia de pessoas. Não contava com aquela despedida eufórica. Se emocionou.

  A notícia sobre o passado de Regina, havia sido alvo de fofocas na última semana, de certa forma todos começaram a compreender melhor o comportamento da chefe. Perceberam que ela tinha motivos o suficientes para ser gélida ás vezes. Contudo, alguns deles já haviam mudado sua opinião sob ela, desde que esta mostrou-se mais atenciosa, aos poucos, desde a chegada de Robin ao escritório. Outros, mudaram seu conceito sobre ela, com o término de seu relacionamento, com Robin, quando todos achavam que ela se mostraria ainda mais ríspida que antes, esta os permitiu conhecer um lado desconhecido, que habitava naquele coração, sua sensibilidade, humana. Sendo assim, restavam apenas alguns, estes tiveram suas posições contra ela desfeitas, assim que descobriram de sua vida ,por completo.

Belle adentrou, carregando um bolo.

—Eu não sabia que receberia uma festa de despedida...

Concluiu com um sorriso, enquanto limpava discretamente uma lágrima que escorria pela sua face.

 Festejaram, conhecendo diversas facetas da chefe. Alguns, lamentaram não ter percebido o quanto ela era adorável antes, agora entendiam o motivo de tantos elogios cativantes, vindos de Robin...

                                                     ***

  A frigideira que fritava os ovos, continha um barulho devastador. Seu filho saboreava seu café da manhã, mastigava seu pão. No rádio, tudo era como o habitual.

“Bom dia Nova York! Estão todos animados, com o início da nova estação? Estamos na primeira semana de Outono, para muitos uma estçaõ gloriosa, para outros nem tanto...”

 

  Para Robin, qualquer coisa por mais rotineira que fosse, era incomodativa. Parecia escutar tudo com mais intensidade, até mesmo o som do relógio. Todavia, ele sabia que não eram aqueles pequenos detalhes que o incomodavam, e sim o que ele estava prestes a perder naquele dia.

  Seus devaneios, são cessados pela chegada de Valerie, com suas malas na cozinha.

—Pai já está na hora!

—Tudo bem, vamos então.

—Eu posso ir junto?

Roland pergunta.

—Eu não sei se é uma boa ideia filho...

Disse Marian.

—Deixe ele se despedir da irmã, pelo menos.

Relutante, ela acaba cedendo.

  O caminho até a rua de Regina, foi em repleto silêncio. Valerie, percebia o quanto o pai parecia abalado... Quando faltava uma quadra, Robin estacionou.

—É melhor eu deixar você aqui.

Em meio a um suspiro, Valerie consente.

—Tudo bem.

Os três desceram da caminhonete, abraçaram-se. Roland agarrou a irmã pela cintura.

—Vou sentir sua falta Val. Eu amo você.

—Eu também te amo muito, vou ligar todos os dias, para conversarmos!

—Fique bem filha, se cuide. E tome conta de sua mãe. Te amo.

Concluiu beijando a testa da filha, e logo a abraçou mais uma vez.

—Qualquer coisa me ligue, está bem?

—Sim, e vocês também.

 Ambos, não imaginavam o quanto uma despedida podia ser difícil...

—Eu preciso ir agora.

—Está certo, vá! Não deixe sua mãe esperando.

Disse cabisbaixo. Valerie, não teve coragem de encarar o pai, sabia que este possuía os olhos lacrimejados.

 Cuidou a filha se afastar, quando não foi mais possível enxerga-la, encarou o chão por mais alguns segundos, perguntando-se, se havia tomado a decisão certa...

—Vamos voltar para casa, filho.

Disse por fim, retornando a caminhonete. Ao perceber que o filho permanecia no mesmo lugar, voltou.

—Venha Roland.

—Eu quero me despedir da Regina,papai.

—Eu não sei, se devemos...

—Por favorzinho!

Observando o olhar piedoso do menino, concordou, não estava cedendo somente ao desejo de seu filho, e sim ao seu também.  

                                                      ***

    As folhas, caíam sob a calçada, no bairro nobre onde vivia. Sua família toda, estava de prontidão para se despedir. Regina, não pensou como partir, pudesse ser ainda mais doloroso. Já havia sido bastante desgastante, na tarde anterior, ter que deixar seus funcionários.

Naquele momento, abraçava seu irmão.

—Se cuide Regina, não deixe de dar notícias.

—Sim.

Respondeu.

Quando chegou a vez de Zelena, percebeu o quanto esta chorava.

—Você não vai estar aqui no parto de sua sobrinha.

Confidenciou, colocando a mão sob a barriga de 36 semanas de gravidez.

—Vai dar tudo certo, eu tenho certeza. Sua filha vai nascer saudável Zelena!

—Vou sentir saudades!

Disse a ruiva, depositando um abraço duradouro na irmã.

Logo, chegou a vez de Cora. Que enquanto abraçava a filha, depositou a mão em sua barriga, ao sussurrar em seu ouvido:

—Cuide-se de você, e do meu neto.

—Pode deixar.

Fungou. As lágrimas, já se faziam presentes, em seu rosto que estava especialmente alvo naquela manhã.

Seu pai, estava tão emocionado quanto sua irmã.

—Fique bem Regina.

Foi o que conseguiu dizer, enquanto segurava as mãos da filha.

—Valerie, está demorando... Será que ela não vem mais?

Comentou, encarando o relógio apreensiva.

—Aquela serve para você.

Disse Emma, apontando para a jovem que dobrava a esquina. Entretanto, não foi esta que lhe chamou a atenção, seus olhos estagnaram ao vislumbrar a caminhonete de Robin, vindo em sua direção. Esperança, reluziu nos olhos de Regina.

Assim que percebeu a presença de seu pai, Valerie sorriu, por um minuto pensou que ele fosse acabar com tudo aquilo naquele momento.

Logo este estacionou. Guiada pelos seus extintos, Regina se afastou de sua família, em passos lentos caminhou em direção a eles.

 Roland desceu do veículo apressado, correu até Regina, lhe depositando um de seus abraços carinhosos. A mesma, retribuiu o gesto com voracidade. Sentia tanta falta do menino, semanas haviam se passado desde que tinham se encontrado pela última vez.

—Senti saudades Regina!

Afirmou Roland, ainda abraçado nela.

—Eu também.

Esta se abaixou, acariciando o rosto do menino com ternura. O mesmo repete o gesto, com suas mãos pequenas, percorre as feições do rosto dela. A emoção foi inevitável.

Robin aproximou-se, com a mão nos bolsos.

—Desculpe por isso, Regina. Ele queria se despedir.

—Tudo bem, eu não me importo.

Disse levantando-se.

 Assim que seus olhares encontraram-se, Robin pode perceber a decepção que estava escrita no rosto dela. Este, queria ser corajoso o suficiente para lhe contar a verdade...Gostaria de dizer o que sentia, mas não podia.

Já Regina, tinha seu coração acelerado, o qual almejava somente por um pedido. 

 Por impulso, Robin colocou sua mão sob a dela. Para senti-la, aquele toque tão suave, o qual ele tanto apreciava com adoração.

—Eu ainda não tive a oportunidade de dizer, o quanto fiquei feliz em saber que seja você a mãe de Valerie. Ela precisa de alguém como você ao lado dela.

Regina, absorvia as palavras dele com dificuldade. Seus olhos permaneciam estagnados diante de suas mãos que se mantinham entrelaçadas. Seus olhos lacrimejaram, o toque dele lhe causou um calafrio.

“ Meu papai, está aqui. Estou sentindo, um misto de sentimentos, se formando em minha mamãe.”

—Sim.

Ela respondeu.

Quando o encarou, percebeu que ele estava tão emocionado quanto ela.

—Eu vou cuidar bem dela... então, adeus.

Disse, quase inaudível.

Robin consente.

—Adeus.

Contudo, ainda não havia separado sua mão da dela.

Diante da ausência de palavras, Regina desvencilha-se. Fitou seus oceanos azuis, pela última vez.

 Seus rostos carregavam dor em suas feições, lágrimas contidas transbordavam nos seus olhos. Ambos, separados pelo silêncio. Regina seguiu caminho até seu carro, ver a mesma se afastando, fez seu peito arfar em dor. Seu coração ficava vazio, a cada passo de distância.

Seus corpos se despediram, mas suas almas, estas jamais diriam adeus.

 Robin, encarou os filhos que se despediam mais uma vez. Antes de entrar no carro Valerie o afrontou, esta tão desapontada quanto a mãe.

Foi desperto pelo filho correndo até seus braços, o segurou no colo. Abraçava com veemência, na tentativa de acalma-lo. Sentiu-se fraco, por ver sua família sendo separada.

Fechou os olhos, apertando o filho contra si. Deixou as lágrimas percorrerem sua face.

 Roland chorava, com a cabeça apoiada no ombro do pai. Suas mãozinhas, tocavam as costas deste.

 Dentro do carro, Regina observava os dois pelo espelho retrovisor. Também permitiu derramar lágrimas. Ficou os analisando durante um longo período de tempo.

Valerie, percebia o sofrimento que a mãe carregava consigo.

—Você está bem?

—Sim.

Fungou.

Hesitante, ligou o carro. Em uma velocidade lenta, começaram a se deslocar.

   O restante do caminho até o aeroporto, fora feito em silêncio. Desceram do carro com suas malas, Regina encarou mais uma vez o lugar que deixaria para trás, antes de adentrar o aeroporto ao lado da filha.

Enquanto conferiam, seu passaporte, pegou sua carteira. Nesta, continha uma foto que fora tirada no dia em que haviam se divertido no parque de diversões. Suspirou.

  Não demorou muito, e decolaram no avião. Valerie observava a mãe, dormir, achava estranho. Afinal, ainda estavam no período da manhã, lembrou-se que um dos principais motivos de sua desta apelar, fora pedindo por descanso. 

 Mesmo triste, a jovem mantinha as esperanças, de que tudo não passaria de uma despedida de Outono. Algumas horas depois, decolavam em Washington.

                                                     ***

  Aproveitando, o momento em que estava só, Marian ligou para August.

—A advogada foi embora, e levou a bastardinha com ela.

—Ótimo! Quanto tempo elas ficaram longe?

—Dois meses.  

—É o tempo que precisamos! Isso facilita tudo, este é o momento perfeito para darmos continuidade ao nosso plano!

No próximo capítulo...

 

—Robin!

Correu até o irmão que estava sentado no chão, em meio aos cacos de vidro. O único som audível, era seu pranto descomedido. O encarou atônita, as mãos dele sangravam.

 


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Marian sua p***. Despedida difícil, não é mesmo?
Confesso a vocês que foi muito mais difícil do que eu pensava escrever, essa cena. Não imaginava me apegar tanto nessa história... Enfim, o que será que aconteceu com Robin?
Gente agora sim, no próximo capítulo damos início ao fim da fic mesmo... Os últimos acontecimentos mais tensos que serão abordados.
OBS: Desculpem os erros,a fic não pode ser betada hoje. Meu dia foi uma correria também, então não pode ler todo o capítulo,era postar assim, ou esperar até amanhã.
Beijosss ♥