Men are Still Good escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Men are Still Good


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá :)
Primeira Fanfic BatWonder, quase me sinto uma novata de novo! Hahaha
...
Bom, sim, posso dizer que foi meu primeiro OTP e antes de suspirar e sofrer com SasuSaku, eu suspirava e sofria com BatWonder.
Fazer o quê se cresci assistindo as animações da DC???
E recentemente, depois de assistir a Batman v Superman, Zack Snyder reacendeu o meu amor pelo shipp, então, culpem o Zack! XD
...
Essa é só a primeira Fanfic porque, sim, eu tenho planos de escrever outras, afinal, o DCU está só começando e nós podemos e não podemos ver o shipp acontecer no universo cinematográfico (POR FAVORRRRRR ç_ç), mas, só com as primeiras interações entre esses dois, já vimos como eles têm química e potencial para isso.
...
Essa one-shot tem mais foco no Bruce e CONTÉM muitos spoilers de BvS, então leia por sua conta e risco, e também contém algumas insinuações de BatWonder.
O título é o tema do Batman na trilha sonora oficial do filme e eu não poderia desperdiçar uma trilha sonora do FUCKING HANS ZIMMER, NÉ? HAHAHA
Quem quiser se deliciar com ela, eis o link:
https://www.youtube.com/watch?v=ShTw1x2Lsrc
...
Enfim, boa leitura e nos vemos nas notas finais!



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MEN ARE STILL GOOD

Por Deusa Nariko

*

Men are still good. We fight, we kill, we betray one another, but we can rebuild. We can do better. We will. We have to”.

*

O silêncio na batcaverna era absoluto. Mal se ouviam os ruídos dos morcegos no breu ou da água que corria mais abaixo das gigantescas estruturas e da passarela de metal. Mal se ouvia, inclusive, o som de um homem que trabalhava defronte para a tela de um grande computador, comparando informações e confirmando dados recebidos.

Era um homem corpulento, robusto ainda, mesmo que estivesse beirando a meia idade com fios grisalhos misturando-se ao cabelo fino e castanho logo acima das orelhas. Era belo para os padrões, tinha olhos castanhos e cansados e a linha do maxilar era bem definida; um queixo forte, lábios bem desenhados e nariz reto.

Vestia uma camisa branca com as mangas arregaçadas até os cotovelos e algumas casas de botões estavam desabotoadas junto ao pescoço e peito musculosos.

Os dedos deslizavam por um teclado de alta tecnologia enquanto os olhos reviam incansavelmente os mesmos vídeos, as mesmas figuras misteriosas fazerem exibições de poderes inumanos, ou num caso particular, serem apenas torturadas com experimentos científicos não autorizados pelo Governo norte-americano.

Bruce se questionava como a Casa Branca ou até mesmo o FBI e a CIA reagiriam se descobrissem que o Superman não era o único ser superdotado a desfilar por aí, entre os civis. Na realidade, desconfiava de que eles podiam já ter conhecimento disso.

Lex Luthor não podia ter sido o primeiro a reuni-los e chamá-los “Meta-humanos”. Não, certamente ele não havia sido o primeiro e não seria o último também. Ainda que estivesse mofando numa prisão de segurança máxima aguardado julgamento por haver colocado toda a nação em risco, Bruce suspeitava de que o jovem e excêntrico gênio ainda poderia se tornar uma ameaça outra vez.

No fim, Lex havia conseguido o que queria: a morte do Superman.

Mesmo que houvessem se passado algumas semanas, o evento ainda comovia o mundo e era noticiado em todos os canais e em todos os idiomas. O planeta inteiro havia parado para prantear a perda do seu protetor. O mesmo planeta que agora estava vulnerável para ele.

Bruce sacudiu a cabeça de repente e pressionou os dedos nas pálpebras cerradas. Talvez estivesse trabalhando a tempo demais, ponderou. Esfregou as mãos no rosto cansado, mas decidiu que ainda não subiria para o quarto.

Ainda assim, o tom perturbado de Lex ecoava sibilante, à margem, em sua mente. Suas palavras não fariam sentido para qualquer outro, exceto para Bruce que vinha sendo acometido por sonhos atordoantes. Sua intuição lhe dizia que algo estava vindo, profetizado pela loucura do próprio Luthor, e Bruce precisaria de ajuda para detê-lo.

Ele exalou longamente no silêncio profundo que se acomodava na batcaverna e ouviu o ruído de passos nas escadas de metal que conectavam a nova mansão Wayne ao esconderijo do Batman e, pelo intervalo entre as passadas, soube que era Alfred.

Relutante, afastou-se do monitor a tempo de ver o mordomo e mentor despontar na base da escadaria:

— Patrão Bruce? — A voz rouca de Alfred ecoou pelas paredes de rocha e agitou os morcegos que se abrigavam na escuridão.

— Estou aqui — respondeu e não conseguiu esconder o cansaço na sua voz.

Esperou por uma reprimenda dele por estar a tanto tempo sem dormir, no entanto, isso nunca veio.

— Patrão Bruce, o senhor tem uma visita... — ele lhe disse e com certa hesitação acrescentou, desconcertado: — Uma senhorita está aqui para vê-lo.

Bruce franziu o cenho, aturdido. Não havia marcado compromisso com mulher alguma e andara afastado da vida boêmia desde a morte de Clark. Não sabia ao certo se chamaria de “luto”, talvez se tratasse apenas da culpa que sentia por seu julgamento errôneo falando mais alto.

Ele se aproximou das escadarias, pronto para dizer a Alfred que dispensasse a visita quando notou a expressão no rosto do mordomo.

— O que foi? — questionou-o.

— Bem, é que ela pediu para ver o Batman, patrão.

Num estalo, percebeu quem deveria ser e a tensão que se instalara momentaneamente nos seus ombros esvaiu-se em um segundo, deixando-os cair.

— Deve ser Diana — comentou. — Traga-a aqui — recomendou antes de dar meia-volta e retornar ao batcomputador.

Enquanto se virava, ouviu os resmungos de Alfred, ao subir os degraus de volta, sobre como a identidade do Batman não era mais uma incógnita para quase ninguém. Por um breve momento, o silêncio tornou a imperar, deixando a mente caótica de Bruce voltar a trabalhar.

Depois, contados quase trinta segundos, ele tornou a ouvir o som de sapatos nos degraus de metal, com a diferença de que dessa vez, pelos estrondos compassados, seu visitante calçava salto alto e tinha um andar vagaroso e elegante.

— Muito obrigada — ouviu a voz inconfundível de Diana agradecer seu mordomo e um galanteio por parte dele como resposta.

Sabia que mais tarde Alfred o amofinaria com perguntas a respeito da bela senhorita. Ele não se cansava de tentar fazê-lo se acertar com alguma dama. Tinha esperanças ainda de vê-lo abandonar a carreira de vigilante de Gotham e dedicar-se aos negócios e a uma possível família.

De fato, muitas damas haviam passado pelos seus braços durante todos esses anos, algumas recatadas, outras nem tanto. Todas haviam sido paixões passageiras, frutos da urgência do desejo e da carência que era incapaz de suprir.

Mas, Diana Prince era diferente. Diana era...

— Então é aqui que o Morcego de Gotham se entoca quando não está aterrorizando criminosos nos becos?

A nota irônica na voz suave de Diana trouxe um meio sorriso aos lábios de Bruce, que se virou para ela sem fazer questão de escondê-lo. Ela estava deslumbrante, como em todas as ocasiões em que a vira, mesmo em trajes mais casuais como a calça jeans, as botas de cano longo e a jaqueta de couro.

Os cabelos escuros estavam ao redor do rosto fino e do pescoço esguio. Os olhos escuros tão, tão cheios de mistérios — e tão antigos, ele soubera mais tarde — não traziam qualquer maquiagem. Ali estava diante dele uma semideusa, ou talvez uma deusa amazona, de fato, entre os homens. Imortal e poderosa. Ela estivera certa, antes, ele nunca havia conhecido uma mulher como ela.

A lembrança da festa em que a encurralou (ou teria ela o encurralado?) quase trouxe outro sorriso aos seus lábios.

Voltou a si para vê-la percorrer a batcaverna com ansiedade. Todos os aparatos tecnológicos e militares que ele se apropriou das Indústrias Wayne, adaptando-os ou aperfeiçoando-os para o Batman, estavam ali, entre lembranças e memórias daqueles que se foram.

Cansado do silêncio — sempre o silêncio —, ele se acercou da bela mulher, despretensioso.

— Há alguma razão específica para essa visita?

Diana se voltou para ele com um dos seus sorrisos encantadores. Ela tinha lábios cheios e um sorriso adorável: sorria com confiança, com espontaneidade e desenvoltura. Não era uma mulher que pudesse ser domada por qualquer homem que ele conhecesse. Tinha um coração generoso, pelo que vira, mas também possuía um espírito de luta ferino.

Ela suspirou na imensidão fria e inóspita da batcaverna, embora não aparentasse estar se sentindo desconfortável ali.

— O milionário mais cobiçado de Gotham desapareceu dos holofotes de repente, logo depois da morte do Superman. Alguns cogitam que Bruce Wayne possa até ter se fartado das farras.

Diana lançou a Bruce um olhar incisivo, profundo.

— Mas nós dois sabemos que não é bem isso que aconteceu, não é mesmo? Não nos vimos desde o enterro do Clark. O que anda fazendo ultimamente, Bruce? — ela reformulou sua pergunta da forma mais agradável que conseguiu pensar: — O que me disse aquele dia no cemitério... Você falava sério?

— Eu te disse que preciso encontrar os outros como você — afirmou, e sua convicção não havia falhado em nenhum momento desde aquele dia.

— Estou tentando entender o motivo de você me dizer que nós precisaremos lutar em breve. Você sabe de algo que eu não sei?

Bruce balançou a cabeça, consternado, e tornou a esfregar as mãos no rosto.

— Não, eu não sei de nada ainda, mas eu pressinto.

— Está baseando sua busca em pressentimentos? — ela levantou uma sobrancelha, não para insultá-lo, mas para compreender suas razões.

— Tenho motivos para acreditar no que acredito — Bruce reiterou.

Diana suspirou ao término.

— Você sabe que pode contar comigo sempre que precisar.

Quando pensou que havia acabado, a voz dela o atraiu novamente:

— Bruce, tem certeza de que não está fazendo isso por algum sentimento de... culpa? — Havia relutância em sua voz ao sussurrar a última palavra.

Ele havia pensado nisso por mais uma vez, cogitado a ideia de que uma vez que o mundo perdera seu salvador, reunir uma equipe de superpoderosos seria a solução para manter a Terra a salvo de mentes malignas como as de Lex Luthor, mas não era isso, ele sabia. No fundo, ele apenas sabia.

Exausto, ele apoiou uma mão na mesa de metal que aparava alguns apetrechos nos quais ele vinha trabalhando.

— Não, eu sei o que preciso fazer — murmurou, mas não soube dizer se foi para Diana ou para si mesmo, uma reafirmação do seu dever. — Eu devo isso a ele, ao Clark. Não consegui fazer o certo enquanto ele estava entre nós, julguei-o mal como uma parte do mundo, mas... Eu estava errado, me enganei quanto a ele. Não quero cometer o mesmo erro outra vez.

Sua voz adquiriu uma nota amarga ao fim; era o seu remorso emergindo, sabia.

— Bruce, não foi sua culpa o que houve com o Clark. Ele escolheu nos salvar, salvar o mundo. Ele era o único que poderia ter detido a criatura e ele o fez. Agora, seu sacrifício comove todo o mundo e inspira bondade nos homens, eu...

Ela se interrompeu brevemente, suspirou fundo, e então mudou de assunto:

— Você não precisa deixar que esse sentimento de culpa o corroa. Lex Luthor causou a morte do Superman, a besta que ele criou causou a morte do Superman. Você fez tudo o que pôde por Clark e ele soube disso até o último momento.

— Queria ter visto sua bondade mais cedo... Tudo poderia ter sido diferente.

— Não há como saber — ela contrapôs. — Não se torture por isso.

Bruce tornou a exalar fortemente no silêncio que ia e vinha, partia e voltava. Ele afundou na cadeira e deixou a mente vagar para longe.

— Quando criei o Batman, imaginei que faria o bem para Gotham, imaginei que meus atos fariam alguma diferença no mundo. Um mundo em que pessoas não tivessem de morrer por algo sem sentido, em que criminosos ponderassem a respeito de puxar o gatilho... — A voz dele falhou, mas se recompôs rápido: — Mas eu subestimei muitas coisas ao longo de todos esses anos, inclusive a raiva que havia dentro de mim. Em algum momento, eu me perdi do meu propósito, do ideal que eu sonhei no início. Clark me fez lembrar desse sentimento... essa sensação de salvar as pessoas de mortes vazias, mortes sem sentido. Ele me redimiu — concluiu após um tempo.

Bruce ouviu os passos de Diana e em seguida sentiu a mão dela pousar, suave, no seu ombro. Apesar de ela não ter dito nada, ele concluiu que foi melhor assim. Palavras não trariam o conforto de que ele precisava.

O silêncio da batcaverna por vezes o atormentava, era como uma pressão incômoda dentro do seu crânio, impulsionando-o a vestir o capuz do Batman e a sair por Gotham à caça de criminosos.

Mas o silêncio que provinha de Diana era apenas... reconfortante.

Ela exerceu uma leve pressão no seu ombro com os dedos e então sussurrou:

— Se precisar de mim, é só chamar, você sabe. Preciso ir agora. Cuide-se, Bruce.

E então se foi, deixando para trás apenas o rastro do seu perfume suave de jasmim e os estrépitos dos seus saltos nas escadarias. Pensou ouvi-la cumprimentar Alfred no topo, o que significava que ele estivera ouvindo a conversa o tempo todo.

Mas não se preocupou com o possível interrogatório que ele faria. Erguendo os olhos até a tela do seu computador, Bruce esboçou um sorriso mínimo. Tinha trabalho a fazer ainda, Gotham teria de esperar mais um tempo para voltar a tê-lo, tanto quanto Bruce Wayne quanto como Batman.

Ele tinha feito algumas mudanças nos últimos dias, como remover as armas pesadas do Batmóvel e descartar seu marcador. Era espantoso como Clark havia resgatado o que havia de melhor nele. Talvez esse fosse mais um dos poderes incríveis do Superman: o de inspirar esperança na humanidade.

Bruce honraria esse legado, honraria a memória de Clark. Não o desapontaria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! E também espero voltar aqui muitas vezes, sou fangirl do Batman e da Wonder Woman sim! Aliás, de toda a Trindade, enfim.
...
Nos vemos nos reviews! ;)