Doze Meses escrita por Dreamy Girl


Capítulo 1
Capítulo Único




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Oi. Sou eu, de novo. Não vou te culpar outra vez por ter ido embora. Já entendi que você nunca foi obrigado a ficar, ou a querer ficar. Só quero tentar te contar de tudo que me lembro. Tudo o que eu senti desde que você foi embora. No primeiro segundo eu não consegui pensar. No segundo já havia entendido que você tinha posto um fim no que nem tinha começado ainda. No terceiro eu só comecei a chorar. E foi assim por algumas horas naquela noite. Nas primeiras 24 horas, eu também chorei cada vez que lembrava, e sua voz do lado de fora não ajudou. E então todo um filme nosso começou a passar pela minha cabeça. Nessa semana eu te evitei todo o tempo que pude, pois sabia que se encarasse seus olhos, ia voltar a chorar e eu era orgulhosa demais pra te deixar saber que tinha me magoado como ninguém o fez. Dois dias depois, - acho que num sábado - eu descobri que você estava namorando. Não me diga agora que você não estava comigo para fazer ciúme nela, ninguém se apaixona em dois dias. No fim de semana seguinte era aniversário de uma amiga da antiga cidade, e eu só consegui respirar aliviada quando me vi no meu antigo mundo. Mas ela me fez voltar a falar contigo. E isso não me ajudou, por mais que eu insistisse que sim. Mas era bom falar com você e ver o seu sorriso. Me fazia sorrir também. Lembro-me que quando disse que eu te olhava como quem queria te matar. Estava errado, eu queria matar a mim mesma. Depois do primeiro mês (que se resumiu só a chorar e lembrar de você), eu lembrei de uma frase que li numa fanfic a muito tempo: "Escrevo para aliviar a dor". E eu comecei a fazer isso. Escrevi vários textos - e cheguei a te mandar um numa forma de não morrer sufocada com minhas próprias palavras, mas você não ligou, claro. Disse "até tinha gostado", mas que por um amigo em comum nosso que sentia algo por mim, pediu para eu falar "essas coisas " contigo pessoalmente. Como se fosse fácil. Saiba que eu quero até hoje falar certas coisas cara a cara com você, mas, de fato, me falta coragem. Então, quase no terceiro mês, eu pensei em escrever uma história. Tentei juntar vários motivos por não termos dado certo, e chorava a cada capítulo. No quarto mês, todos insistiam que eu ficaria bem em breve e eu tentava acreditar. O problema é que eu não me sentia nada bem. Prometi para mim mesma que não choraria mais, e até cumpri. Não me deixava derramar lágrimas, por mais que elas teimassem em querer escorrer. Ainda não tinha terminado a história e, admito, enrolei o máximo que pude - talvez numa boba esperança de que você fosse desistir e falar que estava enganado e sentia minha falta) mas, entorno no sexto ou sétimo mês, eu percebi que você não voltaria. Então finalmente escrevi o último capítulo. E nesse dia, quebrei minha tal promessa. Me escondi num dos lugares onde nós mais ficávamos e pus tudo o que eu sentia no papel de uma forma enrolada e desorganizada, como eu estava por dentro. Deixei as várias lágrimas borrarem algumas palavras, e meu soluço enchia cada metro quadrado daquele lugar. Não me surpreendi quando você me achou naquela noite, e nos cinco segundos que trocamos olhares, te implorei para me deixar em paz. Mas, de verdade, vendo agora, percebi que me surpreendi com isso. Você nunca fazia o que eu pedia, e exatamente no dia que eu torci com todas as forças para que você me contrariasse, e ficasse, você só se foi. Sem olhar para trás nenhuma vez. Então chorei ainda mais. No próximo mês, eu entendi que seria pior viver me sufocando então comecei a tentar me reinventar. Comecei a pesquisar coisas para fazer e descobri as que eu mais amo hoje. Escrevi vários textos e não deixava que fossem sobre você - ou tentava não deixar, já que a maioria dos meus temas até hoje são você -, usava a maquiagem para esconder o quão destruída estava, tirava fotos do mar, céu e flores. Viajei com meu pai para uma casa de praia e gastei o tempo desenhando e tirando fotos para postar no tumblr. Usando uma frase feita, "Eu ficava bem, até estar sozinha", mas eu ainda não estava sozinha o tempo inteiro. No nono mês, as coisas começaram a se desmoronar de novo. O buraco que já estava quase fechado, se abriu mais uma vez. Eu perdi duas pessoas que sempre estiveram comigo, e descobri que elas eram as pessoas mais falsas que já tive o desprazer de conhecer, mas ainda assim, eu não deixei de amá-las - como podia eu? Estou na sua até hoje" -. E nesse mês eu comecei a me isolar de todos, "é mais difícil perder alguém quando não se tem ninguém". Quase não saia de casa e passava os dias lendo textos tristes e fotos depressivas que me faziam chorar quando as minhas memórias não eram o suficiente. No décimo mês, minha família começou a se apertar mais em dinheiro, e já tinha decidido que eu ia morar com meu pai. Sua irmã, que é minha amiga, começou a me chamar mais para sair, então contei a novidade. No décimo primeiro mês, eu já estava com meu pai, e quase não te via mais. Mas quando eu vi, pude jurar que um brilho de saudade passou por você, e percebi que seria difícil viver longe dos seus sorrisos e tudo mais. No décimo segundo mês, eu torci para que o tempo parasse (ou voltasse, o que sera melhor ainda) e eu nunca tivesse que viver o dia em que completava 1 ano que terminamos. Mas ele não parou. Eu tentei ficar bem aquele dia. Tentei sorrir e mostrar a alegria que eu não sentia, e a felicidade que eu não sabia o que era a muito tempo. Mas foi pior ainda chegar no dia do seu aniversário de namoro. Eu falava tanto que não ia durar, e vocês estão aí, firme e forte. E querendo ou não, eu estou feliz por você, sabia? Se a felicidade é ela, estou feliz por você. 
Acho que pus as coisas mais importantes (ou as únicas) que fiz desde aquela maldita madrugada do dia 7, A. Desde que a saudade me corrói todos os dias, por culpa sua. Espero ter sido bastante sincera em tudo. 

Eu te amo, x.
— G


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