O dia no qual eu morri, era branco.

 Pontos brancos iluminados pela luz da lua caiam silenciosamente pela noite.

 O dia em que morri, era frio.

 Eu conseguia ver minha respiração esbranquiçada sair por minha boca.

 No dia em que morri, eu corri.

 Corri, chorei,

 Me apaixonei.

 O dia que morri, eu estava ofegante.

 Comtemplei o semblante,

 Que muito conhecia.

 Eu morri para todos os meus tabus,

 A parte que eu acreditava ser morreu,

 A parte que eu achava feia,

 A parte que eu quis esconder.

 Mas renasci, numa parte que se vê linda.

 No beijo de uma menina,

 No abraço que me aninha.

 Renasci com flocos brancos e frios caindo,

 Com a noite iluminada esvaindo,

 Renasci quem sou.

 Renasci sem pudor, sem medo,

 Sem preconceito.

 Renasci no amor, sei que há dor,

 Mas não posso esconder quem sou.

 Renasci no sorriso de uma menina, que conheço há muito.

 Renasci sabendo que amo uma mulher, que sou uma mulher.

 Renasci sentindo a brisa fria.

 Renasci com seu beijo, sua fuga e sua falta.

 Percebi que não posso escolher quem amo, nem como amo.

 Assumi meu amor, assumi sem dor,

 Assumi a mim, assumi ao mundo.

 Hoje renasci, hoje sou feliz.

 Hoje sou eu, eu e você.

 Eu só quero amor, não quero dor.

 Não quero ódio.

 Não quero limites

 Quero me afogar e morrer em seus braços

 Para nunca mais esconder os meus traços.

 Quem disse que gênero define amor?

 Quem disse que só posso amar um homem?

 Quem disse que não posso sentir a pele macia de minha menina

 Que tanto ansiei

 Que tanto desejei

 E que realizei.