Capitulo 19

POV – Rachel

Levantei os pés no ultimo segundo pela quinta vez.

Me perguntei se Poseidon estava irritadinho com qualquer coisa insignificante e que provavelmente cheirava a peixe e por isso estava descontando no quatro cantos do mundo.

Sabe, devia ser bem fácil ser um deus: pensa bem, você só come aquela coisa que cura os meio sangues( não lembro o nome, mas Annabeth me disse uma vez que tinha o gosto da coisa mais maravilhosa que você já tivesse comido.), é imortal, pode ter filhos com quantas quiser e depois sumir que ninguém vai achar anormal e ainda pode causar um desastre quando está irritado.

Devia ser moleza.

Me distrai por tempo demais, e a água gelada cobriu as minhas pernas até metade do joelho. Amaldiçoei minha mente que vagava por coisas inúteis quando eu precisava estar atenta e me levantei da pedra em que eu estava sentada, examinando as ondas enormes e o tom de azul escuro.

É, era melhor eu dar o fora daqui e deixar o cara arrebentar alguma coisa em paz.

Saltei com cuidado pelas pedras até pousar na areia quente e olhei no meu relógio.

12:15

Ótimo, quase hora do almoço. Meu estomago já estava roncando e eu tinha prometido á Quiron que o ajudaria a arrumar uns cacarecos estranhos que uns campistas de Hermes tinham largado no pavilhão.

Estava indo pra lá quando eu vi.

Em um ponto á uns 50 metros da minha pedra, Annabeth mirava as ondas quebrando nas pedras com violência, mas sua cabeça não parecia estar nisso. Ela murmurava para si mesma  – acho – e se eu estava vendo bem,  silenciosas lagrimas desciam por seu rosto.

É, Quiron ia ter que arrumar aquele troço sozinho.

 Caminhei na direção dela devagar fazendo um puta barulho para que ela, que estava no mundinho particular, não morresse do coração quando me visse quase em cima dela.

Não adiantou.

Ela só me viu quando eu estava a menos de 1 metro dela e pulou para trás esfregando os punhos nas bochechas  que, como eu desconfiava, estavam molhadas.

- Annabeth, o que aconteceu ?

- Ra...Rachel? – não, o coelhinho da páscoa. – preciso que me ajude. – Ah sim, com essa eu fiquei chocada. Annabeth [i]nunca[/i] pedia ajuda para alguém, por pior que estivesse sua situação.

- A fazer o que ? – tentei ser gentil, mesmo assim.

Ela desatou a me contar uma historia louca de Percy ter sumido e de uns sonhos estranhos que ela tinha tido com um lugar escuro.

- E então? O que você acha?

- Eu não sei Anna. – O que era verdade, já eu não tinha entendido uma única palavra do que ela tinha dito. – Você, hummm, já falou com Quiron?

- Já. – ela disse em pânico ( choque numero dois : Annabeth [i]nunca[/i] se apavorava.)- Ah, o que faço ?

Embora ela obviamente não estivesse falando comigo, isso não impediu as milhares de imagens  de passar voando pelos meus olhos e  meu estomago de tremer violentamente, como sempre acontecia quando a [i]coisa[/i] estava a caminho.

Não sei por quanto tempo fiquei assim. Segundos?Minutos?Horas?Dias? Eu não saberia dizer.

Quando finalmente consegui enxergar com os meus [i]próprios[/i] olhos, Annabeth tinha uma expressão ao mesmo tempo assustada e chocada, um ultima lagrima paralisada em seu olho esquerdo.

- Annabeth? O que aconteceu?- Balancei a cabeça e reformulei a pergunta . - O que eu disse?

Ela balançou a cabeça e recitou :

‘’Na tumba do rei desaparecido deveras entrar

Para achar o que procura, um deverá abandonar

Por dias na neve, a doença deverá carregar

E  para o sucesso, a maldição deverá reatar.’’

Nenhuma de nós duas disse nada por um bom tempo.

- Talvez... Talvez...- mas nem eu sabia a que se referia a profecia. Na maior parte do tempo o futuro passava em flashes, rápido demais para as imagens serem distinguidas.

- Vamos... falar com Quiron. – disse Annabeth, meio em duvida.

Apenas assenti e acompanhei Annabeth pelo acampamento. Queria dizer alguma coisa, mas por algum motivo, minha mente ficou em branco e eu não consegui pensar em nada.

Entramos na casa grande, onde eu esperava ver Quiron e mais meia dúzia de Harpias juntando tranqueira, mas não foi o que aconteceu.

Quiron estava em sua cadeira de rodas ouvindo com uma expressão séria o que parecia ser um relatório, que  uma garota passava.

Meu coração acelerou um passo e eu senti a adrenalina no meu sangue, mas a sensação durou apenas um único segundo.

Suspirei.

Eu não conseguia me lembrar da voz dela e nem estava prestando atenção no que ela estava dizendo, mas eu podia chutar que a coisa ia ficar tensa. Percebi que eu estava certa assim que Annabth olhou irritada para a garota e soltou um :

- Ah. Você já está aqui.

Ela se virou e pude ver quem era. Era Suzannah, a garota nova.

A garota que vinha povoando os meus sonhos nas ultima noites.