Training Wheels escrita por Klara Valdez


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Hello ^^
Essa one foi inspirada na música da Melanie Martinez. Se você não conhece essa cantora, aconselho procurar sobre ela. Se você não conhece essa música, aconselho escutar. E se você não conhece essa one aconselho ler :)
E Melanie, se você estiver lendo isso Eu Te Amo, e se não estiver lendo, eu te amo msm assim *-*



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Sempre ouvi as pessoas falando "é como andar de bicicleta!". Dizem que quando a gente aprende, nunca mais esquece.
Eu adoro andar de bicicleta! Sentir o vento no meu rosto enquanto pedalo cada vez mais rápido com o meu querido pandinha de pelúcia no meu colo, um presente que Percy me deu quando fomos num parque de diversão.
Sorrio lembrando do dia.
Mas falando nele, ele não sabe andar de bicicleta. Isso me deixa um pouco triste, por ele não saber como é bom.
Viro para o outro lado da cama vendo a noite através da janela e continuo conversando comigo mesma.
Ele já tem 8 anos e não sabe andar de bicicleta e eu aprendi aos 7. Quem me ensinou foi o meu pai, foi muito divertido. Ele disse que ia soltar quando sentisse que eu estava preparada e quando eu vi, estava dando voltas e voltas pela rua na frente de casa. Sei que na hora, Percy estava na casa ao lado olhando tudo pela janela do seu quarto. Eu até o convidei pra aprender comigo, mas ele disse que faria isso com o pai dele.
Até hoje ele não sabe, o pai dele é um cara muito ocupado e mal para em casa, só para dormir. E nunca ensinou para o filho. Tia Sally já quis ajuda-lo, mas ele disse que queria com o pai.
Eu poderia ensina-lo! Poderia tentar convence-lo de que seria divertido comigo como seria com seu pai, até um pouco mais!
Eu sorri e cai no sono.
               ●●●
— Vem logo Percy! — eu corria, pegando ele pelo pulso até o quintal da minha casa — Chegamos!
Eu tinha deixado minha bicicleta vermelha bem no meio do quintal.
Me viro pra ver sua expressão, mas ele não parece feliz e sim triste.
— O que foi? — pergunto ficando de frente pra ele e aproximando um pouco meu rosto do dele.
— Porque você me trouxe aqui? Quer me mostrar o que você sabe que eu não sei? — ele olha pra bicicleta com um pouco de raiva.
Abro a boca surpresa pelo jeito grosso que ele respondeu.
— Claro que não! — fico com raiva por ele ter pensado isso de mim, mas logo me lembro porque estou aqui — Estamos aqui pra eu te ensinar uma coisa que eu sei que você não sabe.
Ele já estava começando a querer ir embora.
— Eu já disse que quero fazer isso com meu pai! Ele vai me ensinar! Ele vai!
Ele se vira para ir embora e da dois passos.
— Eu acho que é medo — digo e ele para onde estava. Se vira lentamente e me encara.
— Medo? — ele franzi a testa.
— É. Acho que você só diz que quer aprender com seu pai porque tem medo de andar de bicicleta — cruzo os braços o desafiando. Sei que eu disse que ia tentar convencer ele dizendo que seria divertido, mas Percy é um menino que se acha corajoso e não admite que o chamem de medroso. Eu posso usar isso ao meu favor.
— Eu não tenho medo de uma bicicleta! — ele afirma apontando para bicicleta vermelha.
— Então prova! Sobe nela! — eu aponto pra ela também.
Ele caminha lentamente até ela e a observa. Dou um tapinha no assento e ele se senta e apoia as mãos. Ele passa um tempo parado.
— Vamos lá Percy! Eu até coloquei as rodinhas — ele olha pra cada uma delas como se tivesse conferindo o que eu falei — agora eu vou te dar um empurrãozinho e a única coisa que você tem que fazer é empurrar isso onde seu pé está. É só pedalar.
Ele coloca os dois pés nos pedais e espera eu empurrar. Logo ele está andando em círculos e estou o seguindo com os olhos e com um sorriso enorme no rosto.
Ele parecia feliz por aprender, mas ele não estava andando direito. Quer dizer, ele já tinha pego o jeito, mas ainda estava com as rodinhas. Depois de um tempo eu o paro e falo que vou tirar as rodinhas. Ele parecia um pouco nervoso com isso, mas se tranquilizou quando eu sorri pra ele.
Decide que seria melhor num lugar reto, como a rua na frente de casa onde eu tinha aprendido.
— Pronto — digo depois de ter tirado as rodinhas - agora você precisa de equilíbrio.
— Equi.. o que? — ele pergunta confuso. Bato minha mão na testa. Ele já tem oito anos e não sabe o que significa equilíbrio.
— Tente não cair... tente ficar reto. É simples — dou um sorriso.
— Pra você é fácil falar — ele murmura, mas eu escuto.
— Vá só até o final do quarteirão e pare. Fazer a volta é um pouco mais difícil — ele assente e olha pra frente.
Eu pego na ponta do assento e começo a empurrar, como meu pai fez comigo, mas acho que Percy é um pouco mais pesado que eu. Meus braços cansam e eu solto. Percy continua pedalando, mas quando chega no final do quarteirão ele cai em vez de parar.
Corro até lá preocupada. Ele deve estava chorando ou com raiva de mim por não ter segurado mais.
Mas quando chego lá ele está sorrindo, ele está rindo. Ele se levanta com dificuldade e me abraça.
— Obrigado Annie — eu retribuo o abraço.
Nos soltamos e o seu joelho me chama atenção. Esta sangrando. Olho assustada pra ele, mas ele parece não sentir dor.
Começamos a caminhar de volta pra casa, eu levava a bicicleta e ele andava mancando apoiado em mim.
Batemos na porta da casa dele e tia Sally abriu a porta. Ela olhou para o joelho de Percy assustada, mas depois viu a bicicleta do meu lado e sorriu orgulhosa.
Não sei se orgulhosa de Percy ou de mim.
               ●●●
     12 anos depois
               ●●●
As lágrimas não paravam de escorrer pelo meu rosto.
Eu e Percy terminamos o colegial nos mudamos para um apartamento mais perto da nossa nova  faculdade a alguns anos, nós namoramos e moramos juntos agora.
Eu estava sozinha em casa quando recebi a notícia e cai de joelhos no chão.
Meu pai havia morrido.
Lembro da notícia a cada segundo e novas lágrimas caem dos meus olhos. Ele tinha uma doença grave e não sabia. A doença não mostrou sintoma algum nele e o pegou de surpresa. Tentaram levar ele para o hospital, mas ele não resistiu.
Agora estou caída no chão abraçando meus joelhos e encharcando minha calça.
Queria parar de pensar nisso, mas é impossível! Lembro dos momentos que tivemos, desde pequena ele sempre esteve lá para sorrir pra mim. Ele sempre foi meu amigo, meu herói.
Foi quem cuidou de mim, mais que a minha mãe, foi quem me ajudou a encarar o primeiro dia de aula, foi quem me ensinou a fazer a coisa certa. Foi quem me ensinou a viver. E saber que nunca mais vou velo, que nunca mais vou sentir seu abraço apertado toda vez que visito meus pais no fim de semana.Meu coração aperta e parece estar sendo esmagado aos poucos.Foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta.
Olho para a janela e vejo o céu escuro, não dá pra ver nenhum estrela, não dá pra ver meu pai. Ele sempre dizia que quando alguém morria ela virava uma estrala. Ele deve ser uma das mais brilhantes.
Quase me sufoco com meus próprios soluços e choro com tanta dor que nenhum som sai da minha garganta.
Escuto a porta da frente ser aberta com um pouco de pressa e logo sinto braços envolta de mim.
— Annie — Percy me abraça mais forte — vim correndo assim que soube.
Não queria olhar pra ele. Geralmente não gosto que as pessoas me vejam chorando, mas dessa vez queria mostrar pro mundo minha dor e quanto eu amava a pessoa que se foi. Não queria olhar pra ele porque sabia que ele também estava chorando.
Percy sempre considerou meu pai como seu segundo pai, mais ainda quando tia Sally morreu durante um assalto. Ela também deveria ser uma das estrelas mais brilhantes.
Não queria ver seus olhos que eu amo vermelhos e cheios de lágrimas, mas ele põem a mão no meu queixo e me faz olhar pra ele.
Lágrimas silenciosas escorrem pelo seu rosto e ele da um pequeno sorriso pra mim e me abraça. Eu retribuo e o aperto contra meu corpo enquanto molho seu ombro com minhas lágrimas.
Ele não fala nada, apenas me abraça e me deixa compartilhar minha dor com ele.
Depois de um tempo, minha garganta doe de tanto soluçar e meus olhos parecem estar secos e vermelhos de tanto chorar e esfrega-los.
Percy me ajuda a sentar no sofá e vai até a cozinha, depois volta com um copo d'agua na mão.
— Beba um pouco — ele me dá o copo e se ajoelha na minha frente.
— Eu... Eu não... Hum — minha voz sai rouca, bebo um gole de água e coloco o copo na mesinha de centro — Eu me sinto estranha, eu quero chorar mas não tem mais nada pelo que chorar... Quer dizer... hum — abaixo a cabeça e ele se senta do meu lado.
— Você já fez isso. Sei que dói, sei que você quer mostrar que dói, eu já passei por isso. A única coisa que você quer fazer é pensar na dor e como nada vai ser como antes, mas no fundo você sabe que tem que seguir em frente e que ele também gostaria que você fizesse isso.
Eu confirmo e coloco minha cabeça no seu colo. Ele alisa meu cabelo por um tempo e eu só vejo a imagem do meu pai na minha cabeça.
— Era para ser um dia feliz hoje — ele sussurra pra si mesmo. Olho pra ele confusa — Nós iríamos pra casa dos nossos pais depois.
Ele está olhando pro teto com um ar sonhador.
— Por que está falando isso? — eu me sento para olhar nos seus olhos.
— Nada, melhor deixar pra outro dia... — ele olha pra mim da um pequeno sorriso — você deve estar cansada, vou tomar um banho e vamos dormir — ele se levanta me dá um beijo na testa e vai pro nosso quarto.
Percy parecia um pouco decepcionado, além de triste. Sinto que ele queria fazer algo hoje comigo, mas não consigo descobrir o que.
Passo um tempo olhando para a televisão desligada vendo meu reflexo negro, pelo menos refletia bem os meus sentimentos.
Me deito no sofá para tentar relaxar, mas algo me incomoda na cabeça.
Me sento novamente e vejo, que no lugar onde Percy estava antes, tinha uma caixinha pequena e preta. Ele deve ter deixado cair do bolso do casaco dele.
O certo seria eu devolver pra ele sem abrir, mas minha curiosidade é maior e quero qualquer coisa para me distrair agora. Eu pego a caixinha.
Ela é um pouco aveludada e um pouco menor que a minha palma da mão.
Abro ela devagar e vejo um anel prata com duas pedrinhas azuladas. Ele parece ter custado um bom dinheiro.
Nesse momento vejo Percy caminhar até a cozinha apenas com uma toalha na cintura e parece não perceber o que eu tenho na mão.
Vou atrás dele. Ele abre a geladeira e pega o garrafão de água.
— Percy — chamo sua atenção, mas ele não olha pra mim.
— Sim sabidinha — ele pega um copo e começa a derramar a água.
— O que é isso? — pergunto e agora pareço chamar mais atenção.
Ele olha pra mim, depois vê a caixinha na minha mão e olha pra mim de novo.
— Como você... — ele pega da minha mão — onde achou isso? Como? — ele tenta colocar no bolso, mas parece que ele esqueceu que está de toalha.
— Eu.. Eu achei no sofá depois que você levantou — olho pra baixo. Ele parecia nervoso, sua mão estava tremendo e ele não conseguia olhar nos meus olhos.
— Não era pra você descobrir — ele sussurra e se aproxima de mim — mas a culpa é minha de ser tão idiota.. e deixar isso cair.
Olho pra ele que está sorrindo, mas ainda está nervoso. Ele alisa minha bochecha e põe sua mão com a caixinha na minha cintura.
— Queria que fosse mais especial, não queria que você lembrasse desse dia como um dia triste, mesmo ele sendo. Confesso que iria fazer isso hoje, mas não sabia se estava preparado. Então eu recebi um telefonema do meu pai e vim correndo pra cá, vi você no chão chorando e isso partiu meu coração. Não sabia o que fazer, mas lembrei de como eu me senti com a minha mãe, te dei a única coisa que queria quando ela morreu. Alguém que te entendesse e um ombro onde você pudesse chorar o quanto quiser.
Uma lágrima escorreu do meu olho e ele limpou com o polegar.
— Mas não durou muito — ele continua e sorri - você é uma mulher forte e às vezes me esqueço disso. E isso tudo me fez ver que eu não quero ficar longe de você, quero estar do seu lado quando precisar. Então... — ele olha pra baixo e olha pra mim de novo com um sorriso envergonhado e coça a nuca — Desculpe não me ajoelhar, mas quando eu fizesse isso eu planejava estar vestido.
Não consigo conter uma risada e ele logo cora, mas ri comigo do mesmo jeito.
— Annabeth Chase, quer casar comigo? — ele abre a caixinha e tira o anel sem esperar pela minha resposta.
Agora lágrimas começam a cair dos meus olhos, mas não como antes. Agora elas são de alegria, de esperança, de amor.
Sei que se meu pai estivesse aqui agora, ele olharia pra Percy com cara feia e começaria um discurso sobre como ele deveria me dar valor, que eu era sua filha preciosa e que se ele me magoasse ele seria um cara morto. Sei disso porque ele já me contou isso antes.
Sorrio com isso, mas lágrimas de saudades começam a cair junto com as outras e meus sentimentos se misturam.
Minha cabeça fica confusa demais para responder, então apenas balanço a cabeça positivamente e o abraço com força, e ele retribui.
Não sei por quanto tempo ficamos assim. Sei que depois ele pegou minha mão e colocou o anel no meu dedo.
— Não perece ter sido barato — sussurro.
— Não foi — ele diz. Olho pra ele assustada.
— Mas Percy, não podemos gastar dinheiro assim e...
— Eu sei.. Eu tive que guardar todo dinheiro que eu uso para lanche da faculdade para você não perceber, isso demorou meses.
Enxugo o resto das minhas lágrimas rindo.
— Você ficou com fome na faculdade pra comprar esse anel? - ele cora.
— É... Você falando assim até parece que eu segurei o céu ou algo assim — ele diz envergonhado.
Algo sobre o Percy: ele sempre acha que nunca faz o suficiente, principalmente quando se trata de mim. E.. particularmente eu acho isso fofinho.
Lhe dou selinho e olho nos seus olhos.
— Pra mim não é como se você tivesse segurado o céu, mas como se você tivesse tirado o peso do céu de mim — nós sorrimos um para o outro e ele me dá um beijo na testa.
— Você deve estar cansada — ele passa o braço pelos meus ombros e nos guia até a sala — e eu estou com frio.
Entramos no quarto e ele começa a se vestir para dormir. Eu tomo um banho, escovo os dentes e vou pra cama do lado dele.
— Boa noite — ele diz e pega minha mão
— Boa noite — respondo. Ele começa a fechar os olhos — Percy.
Ele olha pra mim esperando que eu falasse a razão do universo ou quem veio primeiro, o ovo ou a galinha.
— Eu amo você. Amo tudo que você faz. Amo quem você é.
Ele sorri e me beija.
— Você é a coisa que eu mais amo Annie.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei... Esse final foi muito lindo e meloso! *sorriso com cáries*
Antes de ir, deixe um comentário. Isso é bem importante pra mim, ver se você gostarou ou então receber só um Oi msm ^^
E feliz aniversario adiantado/atrasado :P ♥



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