Angel - Um amor com asas escrita por GhostMika


Capítulo 1
The Stranger




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/687680/chapter/1

Sou Liza O'stúll, nasci em uma pequena vila na Irlanda então desde então me acostumei ao campo, animais e silêncio. E assim, quando completei meus dezenove anos minha mãe quis me colocar em uma faculdade nos Estados Unidos e eu sabia que eu iria demorar para me acostumar com a agitação americana, eu tive que aceitar pois era uma única chance minha de estudar fora. Tudo foi rápido, no começo do ano seguinte consegui alugar um pequeno apartamento e enfim eu sai da minha pequena vila no campo e fui para a cidade agitada.

As aulas já haviam começado haviam menos de um mês e não acho que fui bem aceita por certas pessoas, me achavam estranha por conta do sotaque e as meninas tiravam sarro das minhas sardas nas bochechas, mas também muitos garotos iam me torrar o saco! A faculdade ficava em Phoenix, um lugar mais calmo e acabei me acostumando um pouco mais rápido do que o esperado. Todas as manhãs e tardes são as mesmas rotinas, eu acordo me arrumo, tomo café na cafeteria perto dali e vou para a faculdade, depois dos estudos volto para a casa e vou trabalhar, horas e horas se passam enfim chego em casa exausta!

Não quero falar nada da minha vida em detalhes.

                                                                                         ...

Retornei a abrir meus olhos para o céu azul e limpo enquanto o sol fresco batia em meu corpo o esquentando. Fazia algum tempo que eu estava deitada no gramado da faculdade esperando o sinal para entrar, ainda é manhãzinha e eu não havia comido nada... Ai que fome! Dei um longo suspiro ao lembrar disso, logo em seguida comecei a filosofar sobre a vida - o que eu geralmente faço quando estou moscando-, tudo o que eu pensava não era desse mundo, eu imaginava um lugar diferente... Um paraíso para os melhores seres humanos de todo o planeta, somente os bons. Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei uma multidão murmurando na entrada do prédio, levantei a cabeça cerrando meus olhos para o povo que olhava para algo, segui o olhar deles e logo me deparei com um garoto... Bem... Diferente dos demais. Alto, pele bem branca, olhos pequenos - não consegui ver a cor deles-, cabelo branco e parecia bem tímido. Eu não diria que era feio e sim, exótico.

Me levantei e fui até as pessoas, me espremi para passar por elas que me fechavam mais ainda e logo indo em direção ao anônimo sem medo do que os outros pensariam de mim. No meio do povo escutei falarem algo sobre "estranho", "exótico", "maluco" e.... "demônio". Não sei de que bocas saíram essas palavras, mas aquilo me fez pensar em como essas pessoas eram estúpidas com alguém que nem conheciam. Enquanto eu me aproximava do garoto que logo enfiava as mãos em seu jeans. Sua roupa era uma camiseta branca simples, calça preta e jaqueta preta... Parecia bem dark seu estilo. Ele olhava ao redor da cidade, não ligava para o pessoal... Claro, estava de fones. Parei próxima a ele, fiquei mais curiosa com ele quando consegui ver a cor de seus olhos, vermelhos misturado com um roxo... Era... Muito diferente, mas ao mesmo tempo eu os achei lindos, ele me repara e arregala os olhos logo tirando os fones.

—Olá. - Ele sorria.

Dei um leve sorriso e me aproximei dele um pouco tímida, nunca fui de chegar a falar com estranhos.

—Bom dia... - Respondia um pouco desconfortável com sua aparência. - É novato?

—Sim! Que bom que reparou, não sei nada de faculdades. - Ele ria, eu podia confessar que seu sorriso era lindo, dentes pequenos e brancos! - Na real, eu não sei de nada.

Dei um leve risada e nessa hora ele olhava sorrindo para trás observando a multidão, ele fecha a cara e novamente voltava com as mãos nos bolsos da calça.

—Porque eles estão te olhando? - Dizia ele ainda para a multidão que ainda estaria o olhando.

—Me... Me olhando? - Olhei para trás junto a ele. - Porque seria eu?

—Você é bonita. - Me olhava novamente sorrindo de leve.

Olhei de canto para ele muito sem graça, eu não esperava que ele fosse tão gentil a ponto de me elogiar, aquilo foi uma surpresa. Voltei a olhar para frente de uma risada abafada, o ouvi suspirar.

—Eu sei que esses olhares são para mim, mas eu não ligo... Eu acho. É a primeira vez. Só por causa da minha aparência, e sim, ela é natural.

Novamente olhei para ele que guardava os fones na jaqueta e nessa hora o sinal bate. Não sei porque, mas tinha uma coisa dentro de mim que eu precisava falar para ele. Andei junto a ele até a entrada do prédio e eu queria muito saber seu nome, então logicamente eu perguntei.

—Qual é seu nome?

—Gilbert. - Ele sorri parando no caminho. - E o seu?

—Liza O'stúll. - Sorrio de volto parando em sua frente. - Então, sua aparência é natural?

—Na verdade, mais ou menos... Um dia você entende.

Sorri e novamente começamos a andar para dentro da faculdade, ainda tínhamos alguns minutos livre antes das aulas começarem, aquilo era como um colegial mudávamos de sala em todos os sinais. Fui até meu armário e Gilbert ficou ao lado, parecia estar curioso. Olhei ao redor e todos nos olhavam, fiquei me sentindo estranha e comecei a olhar minhas roupas.

—Está bonita, não tem nada de errado com você... Relaxa. - Ele dizia observando as pessoas que o fitavam. - O negócio sou eu mesmo.

Suspirei e o fitei por algum tempo dando um leve sorriso logo pegando o ar para falar aquilo que estava preso na minha garganta.

—Você é estranho... - Falei em um tom calmo e suave, nessa hora ele olha bem... magoado. - Gostei de você, é diferente.

Voltei ao meu armário e o escutei rir abafado, ele parecia surpreso acho que não esperava isso, mas me senti bem falando aquilo. O sinal tocou segui até minha sala e quando me virei para ir, senti ele pegar meu braço - sem força-. Rapidamente olhei para ele com um pouco de medo.

—Er... Vamos nos falar... na hora da cantina? - Ele parecia nervoso eu somente sorri naturalmente.

—Claro. - Respondi, em seguida indo a minha primeira aula... Física. Argh!

                                                                                                    ...

Depois de algumas entediantes aulas tocou o sinal para a cantina, fui apressada ao corredor tentando encontrar Gilbert, mas nada. Que estranho. Fui a cantina que estava vazia ainda, bufei bem decepcionada e nessa hora senti uma mão em meu ombro, me virei esperando ser ele, mas... Não.

—Liza... - Dizia Dave, o cara idiota da escola. - A moranguinho.

Ele deu um leve risada junto ao seus capangas, eu odiava aquilo tudo! Parecia filminho de adolescente clichê!

—Estou ocupada. - Falei já irritada tentando passar pela porta, mas ele entrava em minha frente.

—Está procurando o "estranho"? - Ele perguntava sorrindo, como se alguma coisa fosse engraçada!

—Sai da frente...

—Está procurando ele? - Ele levantava a voz.

Bufei desviando o olhar e logo escutei a voz que eu queria ouvir!

—Pelo amor de Deus... Deixem ela em paz. - Gilbert aparecia atrás deles que logo se viravam.

—Olha... - Dave começava. - O demônio falando de...!

—Cala essa boca. - Gilbert levanta a voz, mas não parecia irritado. - Vem, Liza.

Eu corri até ele e me escondia atrás - aproveitar que ele era alto, né? -, eu tinha um pouco de medo de Dave, sua história na faculdade era bem conhecida como o agressor de garotas, não chegava a bater, mas a ameaçar com armas em lugares isolados, muito poucos da faculdade sabiam sobre ele e se sabia, não podia espalhar, eu era uma dessas poucas pessoas. Dave riu e passou com seus capangas lhe dando um tapa na cabeça, mas Gilbert permanecia... Calmo, que surpresa.

—Você está bem? – Ele me fitava com a mão atrás da cabeça. – Espero que ele não tenha colocado a mão em você.

—Não, não... Estou bem. – Falo baixo cruzando os braços.

Ele somente sorria de leve e se virava indo embora cabisbaixo. Fixei meu olhar nele e estranhei.

—Hey! – O chamei que logo se virava. – Aonde vai?

Gilbert se vira e indo em minha direção, então ele falava baixo.

—Não quero que se arrisque andando ao meu lado.

—Arriscar o que? – Estranhei me aproximando mais dele.

—Olha... Já vi que vai dar merda contigo se continuar a andar com um cara esquisito como eu.

—Mas...! Como você vai ficar? – Me preocupei.

—Eu...Eu acho que vou ficar bem. Não se preocupe, sempre quando precisar de minha ajuda é só gritar meu nome.

Ele sorri dando uma piscada em seguida se virando e indo embora. Ele literalmente sumiu no meio das pessoas no corredor que vinham em direção ao refeitório, somente fiquei parado enquanto esses ordinários se esbarravam em mim.

                                                                                                    ...

Finalmente deu o sinal para irmos embora, fui direto para o portão principal andando apressada até duas garotas param na minha frente com cara de nojo.

—Olá...? – Estranhei as olhando.

—Você é gótica? – Uma ruiva pergunta se aproximando com os braços cruzados.

—Er...Não, porque a pergunta?

—Porque anda com aquele esquisito? – Uma de pele mais morena perguntava ao lado da ruiva. – Ele é tão...! Estranho!

—É por isso que gosto dele. – Falei fria passando delas.

Ouvi umas delas rirem e me virei, já vi que elas queriam comprar alguma encrenca comigo.

—Prefere Aquilo do as pessoas comuns? – Dizia a ruiva com um sorriso completamente idiota no rosto.

—Sim... Pessoas comuns são extremamente idiotas e absurdamente estúpidas, como eu... Ou vocês.

Sorri de leve e sai da faculdade, ainda bem que elas não haviam indo atrás de mim, mas quando sai todo mundo começou a me olhar e parei ali mesmo assustada. Todos estavam me olhando e falando algo de mim, bem que Gilbert havia avisado.

—Liza! – Ele corria até sem sequer ligar para as pessoas ao redor. – Venha!

Ele pegou minha mão me puxando para fora do lugar, eu não sei o que era... Mas era melhor ele do que aquelas pessoas me olhando. Ele correu comigo até o centro da cidade logo entrando em um beco.

—O que foi...?! – Perguntei assustada e sem fôlego.

—Bem... Primeiro de tudo sai correndo para te tirar dali e segundo porque ninguém mais pode me ver. – Ele abria sua mochila trocando sua jaqueta por uma blusa vermelha logo colocando o capuz. – Vamos.

—Para onde?

—Vamos comer algo. – Ele sorria pegando minha mão.

Saímos de fininho do beco e fomos a uma lanchonete a alguns quarteirões dali. Eu me agarrei em seu braço preocupada com ele. Eu não queria que ele ficasse se escondido assim para sempre.

—Porque decidiu se esconder agora?

—Porque achei que as pessoas daqui não fossem ligar... Eles são diferentes do que eu pensei. – Ele dizia cabisbaixo escondendo o rosto.

—De onde você vem?

Ele suspira e olha para frente puxando a toca mais para baixo, ele se encosta em uma parede e fiquei em sua frente.

—De um lugar bem distante daqui. – Ele olhava para os lados e em seguida para mim. – Não quero falar detalhes.

Afirmei um sim com a cabeça desviando o olhar para os lado. Avistei a lanchonete e o puxei, eu estava morrendo de fome! Entramos e o ventilador logo a frente pegou Gilbert de surpresa, seu capuz quase saiu e ele rapidamente segurava! Aquilo me deu em desespero porque havia muita gente lá.

Nos sentamos no fundo da lanchonete e ele se senta de costas para o pessoal, colocava o capuz um pouco mais para trás e assim consegui ver seu rosto me olhando fixo.

—Que? – O encarei e logo olhei o ventilador. – Ok! Desculpa.

Ele não diz nada e somente olha o cardápio. Pedimos uma porção de batatas fritas e dois milkshake – que saudável-.

Ficamos um tempo sem conversar, ele somente se preocupava com as pessoas ao redor e eu fiquei assistindo a novela melosa na televisão... Não era tão chata assim. Enfim, saímos de lá e novamente ele foi em silêncio.

—Gilbert.

—Hm? – Ele me olhava despreocupado desta vez.

—O que foi? Está tão quieto agora.

—Não é nada. Só um pouco preocupado com minha aparência. Vai para casa?

—Sim... – Fico cabisbaixa parando em sua frente.

Ele sorri forçado logo me dando um beijo estalado na bochecha.

—Até logo, Liza.

Sorri sem graça, peguei um táxi e finalmente fui para casa por incrível que pareça, pensando nele. Eu estava preocupada. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel - Um amor com asas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.