Chara escrita por lauravhm


Capítulo 12
A guerra entre os humanos e monstros - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Chara estava dominado por sentimentos ruins depois de tudo que aconteceu. Depois de ler o livro sobre a história dos monstros ele tinha certeza de que os humanos eram uma espécie desprezível.



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Desprezo. Isso era tudo o que Chara sentia. Esse sentimento lhe era familiar. Ele já sentira, mas costumava ser mais fraco. Quatro anos atrás esse sentimento surgiu dentro dele quando ele presenciou aquela tragédia. Ele viu seu próprio pai esfaquear sua mãe até a morte quado tinha quatro anos de idade. Os anos vivendo no orfanato fizeram este sentimento de desprezo ficar mais forte. Jessica, sua psicóloga, era a única pessoa que conseguia amenizar esse sentimento, pois ela era a única pessoa que tinha uma influência positiva na vida dele. Os sentimentos ruins quase desapareceram por completo nos poucos meses em que viveram juntos depois que ela havia adotado-o. Mas agora que ela havia partido, esse sentimento estava livre para se alastrar por toda sua mente. Havia sangue frio escorrendo pelas veias de Chara. Logo seus sentimentos negativos solidificaram-se em uma ideologia. Essa ideologia ficara cada vez mais forte enquanto lia o livro "História dos Humanos e Monstros". 

Chara acreditava neste livro. Ele queria acreditar não importa o quão absurdo parecesse. Esse livro era a fonte perfeita para fundamentar seus sentimentos e ideologias. Se tudo nele contido fosse verdade ele teria um motivo sólido para desprezar toda a raça humana. Era mais fácil assim. Em vez de se esforçar para se recuperar dos traumas e tentar encontrar o problema dentro de si, ele poderia simplesmente culpar a tudo e todos. Seria a "prova" de que o problema estava fora dele, não dentro. Era isto no que queria crer, que o mundo inteiro era perverso.

Ano 150X

— Hoje é um dia glorioso, meu amigo! - 

— Suponho que sim, sua majestade. -

— HAHAHAHAHA para de me chamar disso, bobão! Não sou que nem meu pai! - disse o rei, lançando um olhar alegre ao seu servo. Este então decidiu lhe chamar pelo seu nome próprio.

— Tudo bem, Asgore. É força do hábito. - disse o servo. 

— Soa tão idiota. Não consigo entender porque o velho gostava de ser chamado dessa maneira. - disse Asgore. 

— Deveríamos ir para o hall. Não vamos deixar o povo esperar, não é mesmo? - o servo avisou.

— Acha que ela já está lá? E-eu to tão animado! E com medo! Aaah não sei o que sentir! - disse o rei animado.

O servo era um humano loiro de olhos azuis. Rei Asgore Dreemur, porém, não era humano. Ele era o que se chamava de "monstro". Parecia-se com uma cabra. O jovem rei tinha pelo branco com uma barbicha loira no queixo e olhos verdes vívidos. Apesar de seus chifres grandes e intimidadores ele ainda parecia ser muito simpático. Asgore era o governador de uma cidade muito alegre em que monstros e humanos habitavam. A cidade do reino vizinho era exatamente assim também. A única diferença era que o rei de lá era humano. 

Uma semana após a morte de seu pai Asgore fora coroado. Um mês após a coroação já estava acontecendo uma nova celebração, ainda mais importante que a coroação: Era o casamento de Asgore. A cidade inteira encontrava-se diante do castelo do rei aguardando a noiva. Havia uma passagem muito estreita entre a multidão onde a futura rainha passaria muito em breve. Em algum lugar dentro do castelo uma menina-cabra estava se aprontando para o casamento.

— Você deveria usar este colar! É tão lindo! - disse uma humana com cabelos castanhos escuros e pele bronzeada. Ela estava sacudindo um colar de rubis no ar.

— Não, não, não! Esse sequer combina com o vestido dela! Este aqui é branco como o vestido! - disse outra humana. Ela tinha cabelos castanho-claros presos numa trança. Ela mostrava um colar de pérolas.

— Qual desses prefere? - perguntavam para outra menina nervosa que se olhava no espelho. Ela colocou o véu na frente do rosto.

— Toriel? - as humanas perguntaram.

— Eu acho que já estou pronta. - disse a menina monstro. Suas amigas protestaram, mas ela, ansiosa, já estava correndo para fora do quarto. 

— Pera, Tori! - as meninas colocaram os colares de lado e a seguiram.

Toriel finalmente chegou. Ela estava parada diante da passagem estreita que levava a Asgore. Era difícil ver sua expressão dessa distância. Ela se viu cercada pela cidade inteira. Toda conversa animada acabara, todos os olhos a miravam. Ela parecia mais receosa que animada, contudo as suas amigas humanas estavam radiantes.

Finalmente ela deu seu primeiro passo. Ela andou lentamente pela passagem olhando em todas as direções. Superou a timidez e olhou diretamente para Asgore cuja expressão agora estava mais nítida. Ele parecia que iria desmaiar de tanta excitação. Depois de quase um minuto Toriel finalmente estava lado a lado com seu noivo. O padre humano começou seu discurso. Depois de quinze minutos Asgore começou a tremer a perna perguntando-se quando o padre finalmente terminaria de falar. Toriel permaneceu imóvel. Ela assemelhava-se a uma boneca. Depois de trinta minutos a fala finalmente terminou. Asgore lentamente levantou o véu de Toriel revelando seu rosto. Ele estava hipnotizado pelos lindos olhos vermelhos. Eles acariciaram os focinhos um no outro e de repente houve gritos ensurdecedores por toda a cidade. Asgore puxou Toriel para uma dança.

O povo continuou celebrando durante uma semana sem parar. Era um começo muito bom para Toriel como membro da família real. Nunca se sentira tão bem-vinda como agora. Ela ainda estava se adaptando, pois era a primeira em vez que estava vivendo longe de seus pais. Agora vivia com seu amigo de infância que acabara de se tornar seu esposo. 

Asgore era uma pessoa divertida e relaxada. Ele não ligava para títulos nem privilégios. Sua mãe havia partido faz tempo, seguida pelo seu pai depois de alguns anos. Asgore estaria sozinho se não fosse por Toriel. Felizmente ambos podiam cuidar um do outro agora. 

A cidade acalmou-se. O dia estava muito bonito e Asgore não esperava nem um pouco pelo que tinha por vir. Várias carruagens chegaram à sua cidade. Muitos monstros foram praticamente expulsos dessas carruagens. Depois que os monstros tinham saído, as carruagens partiram, deixando os monstros ali, paralisados e amedrontados no meio da cidade. 

— Asgore, Toriel, precisam vir agora! É urgente! - gritou o servo quando correra para dentro da sala do trono.

— O que houve? - perguntou Toriel.

No caminho o servo explicou para o casal real o que houvera. Ficaram horrorizados.

— O rei humano jamais faria algo assim! Ele era melhor amigo do meu pai! Por que ele começaria a banir os monstros de sua cidade? Não faz o menor sentido! – disse Asgore indignado.

Então o servo contou a Asgora sobre a morte do rei humano. Quem herdou o trono foi seu filho Phinneas. Asgore levou alguns segundos para processar a informação.

— MAS COMO ASSIM?! Phinneas sequer é o mais velho! – Asgore bradou.

— Bem, você sabe como humanos funcionam... –

Asgore sentiu um aperto no estômago. Toriel estava cabisbaixa com um olhar triste. Ambos conheciam Phinneas. Ele sempre fora muito arrogante e prepotente além de preconceituoso. A princesa, irmã mais velha de Phinneas, era muito mais gentil. Mas humanos tinham a lei, que Asgore achara extremamente idiota, de que só o primogênito masculino poderia herdar o trono.

Asgore e Toriel encaminharam os monstros para novos lares. Embora tivesse sido difícil achar um lar para todos aqueles monstros, no final sucederam. Eles jamais virariam as costas para pessoas que precisassem deles, pois sempre se preocuparam com o bem-estar de todos.

Passaram-se mais algumas horas quando chegaram mais carruagens à cidade de Asgore. Desta vez eram bem maiores. Das carruagens saíram vários guardas e oficiais do reino vizinho que foram bater nas portas dos lares de famílias humanas. Intrigado, Asgore foi falar com um dos oficiais.

— Que raios está acontecendo aqui? O que estão fazendo em minha cidade? Primeiro expulsam seus cidadãos monstros e agora vêm incomodar meus cidadãos humanos? – perguntou.

— Estes humanos não são mais seus cidadãos. Agora pertencem ao nosso reino. – respondeu o guarda rispidamente.

— Quê? O que isso quer dizer?! –

— Quer dizer que rei Phinneas nos deu ordens para recrutar todos os humanos e levá-los ao seu reino. Se você tentasse nos parar ele viria pessoalmente com todas as forças armadas. Você não iria quer isso, iria Asgore? Sabe o quão forte somos comparados à sua gente.

Asgore olhou para o oficial com desgosto. Infelizmente aquilo era verdade. Humanos eram muito mais poderosos que monstros. Uma alma humana valia centenas de almas de monstros. Asgore nunca se importou, mas agora, pela primeira vez, ele queria ser mais poderoso para impedir o exército de Phinneas. Sentiu-se fraco, como se tivesse falhado.  Sem esperanças observou os humanos serem levados embora.

— Você sempre será o verdadeiro rei para mim! Vida longa ao rei Asgore! – ouviu uma humana falar antes de ser empurrada em direção a carruagem.

— Obrigado. – sussurrou.


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