Momentos escrita por tsukuiyomi


Capítulo 1
Alexander, o Idiota.


Notas iniciais do capítulo

Oláááá. Tudo bem? Eu tô ótima, nossa, até hoje não perdi o ânimo após o 1x12 de Shadowhunters! Esse ânimo se converteu em inspiração e é por isso que escrevi de ontem para hoje isso aqui ^-^ .
Não tenho experiência em escrever sobre o casal, mas eu tentei porque o OTP é lindo e cheiroso! Peguem leve comigo hahaa.
Espero que gostem, boa leitura.




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Uma das piores coisas de se encarar era o olhar julgador de Isabelle.

Desde que eram crianças, era sempre fora muito persuasiva; conseguia o que queria com as palavras, com as atitudes. Fazia tudo o que achava correto parecer correto, e tudo que achava errado parecer errado. Então, o olhar claramente reprovador fazia com que Alec se sentisse a coisa mais errada do planeta.

— Eu não consigo entender você, Alec. — Pronunciou, para logo depois levar o copo de suco à boca e tomar um gole.

Estavam em um restaurante pequeno e aconchegante em Manhattan, ambos aproveitando o fim de semana para se falarem, já que com a faculdade de ambos — Direito —, Isabelle era tão ocupada quanto Alec. Era sábado, e o mais velho a tinha convidado para almoçar, já que não moravam mais juntos. Isabelle saíra da casa dos pais há cerca de um ano, e fora morar com duas colegas de faculdade — Clary e Maia. Ele próprio tinha o feito há mais tempo, dois anos, quando fora morar com o namorado Magnus.

Ah, o namorado...

— E por que não? — Ele mexeu no prato de comida sem muito interesse. Mesmo que fizesse horas desde que saíra de casa e consequentemente tomara o café da manhã, não sentia fome. Izzy não deixou de reparar o ato, e arqueou as sobrancelhas.

— Não consigo acreditar que, depois de tudo o que fez para ficar junto com ele, vai estragar tudo por um ciuminho bobo.

As palavras dela o atingiram como se ela tivesse lhe dado um tapa. Subitamente, Alec tinha dezoito anos novamente, vivendo a primeira grande paixão retribuída, passando pela aceitação a si mesmo e revelando para a família que sim, estava namorando um cara e, sim, era gay.

Quando entrara na puberdade e percebera que não sentia atração por garotas como o resto dos meninos que conhecia — como Jace —, Alec ficara apavorado. Tudo o que conseguia pensar era na família conservadora, severa e preconceituosa. Os avós ficariam chocados, os tios? Embasbacados. Não iriam aceitar que o tão correto Alec, o menino dos olhos deles, sentia atração por pessoas do mesmo sexo.

Alec cresceu se reprimindo, fingindo que se ignorasse aquela parte de si mesmo, iria simplesmente desaparecer. Ele nutria uma paixão idiota por Jace, o melhor amigo que morava com ele desde os dez anos, e tinha decidido que era melhor gostar de Jace, se focar em Jace, do que prestar atenção ao mundo exterior e achar algo — alguém —, que atrapalhasse seu esquema cuidadosamente elaborado.

Então ele conheceu Magnus.

— Você ouviu o que eu disse? Não é como se ele tivesse, sei lá, só olhado para um cara bonitão que passou na nossa frente, Iz. — Alec revirou os olhos azuis, como se quisesse evidenciar que a irmã não estava compreendendo a gravidade da situação.

— Ok, uma ex-namorada dele apareceu. — Ela concedeu, fazendo um gesto de descaso com a mão. Levou uma batata a boca e mastigou antes de continuar a falar. — E daí? Ele está com você, Alec, não com ela.

Grande coisa. Como se ele não soubesse disso. Mas era um drama maior do que esse. Izzy nunca havia visto Camille, nunca havia falado com ela. A mera presença da loira fazia com que Alec se sentisse inseguro, o jeito como olhava para Magnus... Como se soubesse muito mais coisas sobre ele que o próprio Alec, com quem Magnus dividia o teto.

— Em um belo dia, estávamos eu e Magnus voltando para casa depois de um jantar. — Relatou Alec como se narrasse uma história. A irmã sorriu de leve, apreciando o ar piadista do irmão. Alec quase nunca contava piadas. Ele retribuiu o sorriso, mesmo que inconscientemente. — De repente, somos parados por uma mulher loira e sorridente dizendo o quanto sentiu falta do meu namorado, na minha frente, e o beijando carinhosamente no rosto. Coisa para a qual ele não pareceu se importar, aliás.

— Você está sendo infantil! Era só um cumprimento!

Alec ignorou a irmã. Não se podia contar uma história sem que ela sentisse o impulso louco de interromper?

— Embora não tenha sido agradável, tudo ficou bem quando fomos embora. Até chegarmos em casa e ele me contar que ela era a bendita namorada que partiu o coração dele na adolescência. Sabe a tal Camille?

Isabelle franziu a testa. Ela detestava aquela história tanto quanto Alec. Essa tal namorada provocava ciúmes toda vez que era mencionada. Ficou um pouco mais solidária com o irmão. Magnus tinha vinte e três anos, mas uma lista de ex-amores um pouco maior do que o esperado para alguém da idade. Mas sempre houve a namorada, a pessoa. Assim como Jace foi um problema para Alec, Camille foi um problema para Magnus, mesmo que de jeitos diferentes.

E Alec era muito ciumento. Às vezes Isabelle se surpreendia com a possessividade do irmão, mas sabia que não era algo que ele pudesse controlar. Não que ela tivesse dúvidas da fidelidade de Magnus, tinha plena certeza que ele amava o Lightwood, mas, bem... Magnus era meio devasso há alguns anos, e Alec sendo tão inseguro até hoje...

— E o que aconteceu depois? — Ela estava inclinada na direção do irmão, esperando ansiosamente pelo resto dos fatos.

— Isso foi há... ­— Pensou um pouco, afastando o cabelo dos olhos com um gesto irritado. — Duas semanas. Depois disso, segunda-feira eu cheguei do trabalho e encontrei Camille lá!

Alec trabalhava até às sete da noite na segunda e na quinta, porque o chefe dele era um desgraçado que não respeitava o sentido de “meio-período” e de pessoas fazendo faculdade, o que significava que quando chegara ao apartamento dos dois, já era um pouco tarde para uma visita comum. Izzy bateu a sola da bota no chão várias vezes, nervosa. Não sabia o que pensar, ela própria era tão desconfiada quanto Alec; e um mar de possibilidades brotou em sua mente. Mas Alec não precisava que ela surtasse, precisava de conselhos. Apoiou o rosto nas mãos, tentando parecer sensata.

— E você conversou com ele?

Alec mordeu os lábios, e Isabelle já sabia a resposta. Alec era uma pessoa muito fechada e tendia a guardar o que sentia para si mesmo. Não era de seu feitio chegar e perguntar a Magnus o que acontecera. Ele simplesmente remoeria a dúvida, deixando o ciúme crescer a níveis catastróficos, até que explodisse e... Isabelle não queria pensar no que aconteceria quando isso acontecesse. 

— Na verdade, estou o evitando desde então. Não consigo nem olhar para ele sem sentir raiva, e sei que isso é horrível, mas não consigo controlar. — Ele baixou os olhos para o copo de suco que estava em suas mãos. — Saí hoje antes que ele acordasse.

Proferiu a palavra como se fosse algo imperdoável, e Isabelle sabia que para ele era. Alec gostava de preparar o café da manhã e tomá-lo com Magnus, devia ser estranho para ele não fazer isso após tanto tempo.

— Sei que vai ser difícil, mas você tem que conversar com ele, Alec. Não pode deixar as coisas como estão porque...

Mas, fosse lá qual o porquê, ele nunca descobriria. A porta do restaurante se abriu, e por ela entrou um grupo de três pessoas — Jace, Clary e Simon —. Eles se sentaram a mesa e os irmãos os cumprimentaram com entusiasmo. Isabelle deu um leve beijo no namorado. Alec sorriu para eles.

— Você está bem, Alec? — Clary perguntou, prendendo os cabelos ruivos em um coque. Quando ela começara a sair com Jace, Alec ainda achava que era apaixonado por ele, então não gostava de Clary, mas depois de um tempo perdeu a má impressão e se tornaram bons amigos.

— Parece um pouco pálido. — Jace emendou, erguendo as sobrancelhas como se perguntasse O que está escondendo de mim?

— Eu sou pálido. — Respondeu, e Jace riu. 

Alec não sabia que Isabelle os tinha convidado para almoçar também, mas era bom. Fazia tempos que não se reuniam assim.

— Onde está Magnus? — Simon perguntou, finalmente se desgrudando de Isabelle. Todos pareceram finalmente perceber que estava faltando uma pessoa, e a onda de alegria que sentiu com a chegada deles se esvaiu.

— Não sei. — Respondeu com uma voz que esperava que fosse neutra. Um segundo depois, percebeu que era verdade e sentiu o coração afundar.

***

Magnus estava possesso.

Maldito dia em que se apaixonara por Alexander Lightwood. Ele devia ser muito masoquista para amar alguém que simplesmente sumia de um dia pro outro sem nem mesmo dizer para onde ia.

A situação toda era uma droga. Alec o vinha evitando desde o começo da semana, estava estranho. Nunca parecia estar nos mesmos lugares que Magnus. O último beijo que trocaram fora... Ele nem conseguia se lembrar! E o pior era que Magnus nem sabia o que tinha feito. Ok, ele sabia que a ex-namorada estava na cidade e que ela tinha ido o visitar em um momento inoportuno..

Magnus parou onde estava subitamente, segurando a xícara de café com firmeza para não deixá-la cair enquanto um pensamento assustador passava por sua cabeça. Quando encontraram Camille há duas semanas, ele contara a Alec quem ela era, porque não tinha nada a esconder dele. O namorado aceitara até bem. Mas, desde que chegara em casa na segunda e o encontrara com Camille no apartamento...

Será que ele achava que...?

Não.

Magnus não queria pensar que Alec podia pensar num absurdo desses. Era doloroso sequer pensar que ele acreditava que Magnus o tivesse traído, ainda mais sob o teto que compartilhavam.

Mas não havia outra explicação. Enquanto Camille se despedia de Alec e Magnus na segunda com uma expressão sonsa de dever cumprido, Alec permanecera calado. Não dissera uma única palavra sobre o ocorrido, e Magnus achou que ela tinha deduzido o óbvio: Camille apareceu do nada na porta do apartamento, entrando sem ser convidada e enchendo o saco de Magnus até que ele não aguentasse mais e Alec chegasse!

Ele achava que era isso que o Lightwood pensaria, mas agora, refletindo com mais clareza, percebeu que o comportamento estranho de Alec começara a partir dali, e se amaldiçoou por ser tão burro a ponto de não ter corrigido o pensamento do namorado mais cedo.

Magnus deixou a xícara sobre a mesa, esta cheia de papéis com seus trabalhos. Ele era designer de interiores, e na última semana andava tão aéreo que deixara o trabalho acumular a ponto de ser assustador. Tentou organizar os papéis e ver por onde começar, mas desistiu quase no mesmo instante, a cabeça a mil. Será que Alec iria deixá-lo por uma coisa dessas? Sem nem mesmo ter chance de explicar? Apoiou o rosto nas mãos, suspirando. Às vezes Alec conseguia ser um idiota sem tamanho...

Ouviu a porta da sala ser aberta, e ergueu a cabeça. Alec estava chegando tarde, já deviam ser quase 22h00, passara o dia inteiro fora. Não atendera suas ligações. Ele fechou a porta com cuidado, e virou-se, arregalando os olhos ao perceber que Magnus estava ali, sentado no sofá e observando-o analiticamente. Alec vestia uma calça jeans preta e tênis da mesma cor. Usava uma blusa cinza chumbo de gola alta e um sobretudo escuro aberto.

Desde que começaram a namorar, Alec passara a se vestir melhor, como se não tivesse mais medo de chamar atenção, mas Magnus nunca conseguira fazer com que ele usasse tons mais coloridos — como um belo púrpura ou vermelho sangue; Magnus adorava, eram tão lindos! —. Alec preferia tons escuros. Magnus se acostumara com isso e percebera que combinava com ele. Era o conjunto de Alec que aprendera a amar. Parado a soleira da porta com o cabelo bagunçado por causa da ventania lá fora e os olhos azuis intensos brilhando com a luz da sala, ele era tão lindo que fazia o coração de Magnus acelerar.

Já tinha conhecido muitas pessoas, mas nenhuma delas fora capaz de fazê-lo parecer um bobo apaixonado como Alec conseguia, mesmo depois de dois anos de relacionamento.

— Onde estava? — Magnus finalmente disse, já que Alec parecia congelado no lugar. Ficou surpreso com a amargura na própria voz. Um pensamento horrível se infiltrando pela cabeça. Por que ele demorara tanto? Com quem estava?

— Eu... — Alec balançou a cabeça para clarear os pensamentos. Não esperava que fosse ter que falar com Magnus logo na entrada. Mesmo após a conversa com a irmã, não sabia se estava pronto para aquilo.

— Saiu com alguém? — Magnus desviou os olhos dele, não suportando a ideia. Meu Deus ele repetia mentalmente quando foi que me tornei um maldito ciumento?

Uma fagulha de ódio borbulhou dentro de Alec. Magnus estava tão interessado nele que nem o olhava. Sentiu vontade de esganá-lo até que prestasse atenção nele, até que percebesse o que estava errado e tirasse todas as suas dúvidas. Magnus usava uma calça jeans justa e branca, uma blusa vermelha de mangas compridas e pantufas que pareciam dois ursos, só que de um verde neon chamativo. O cabelo preto não estava arrepiado, como se ele não tivesse se dado ao trabalho de fazer o penteado habitual, e os fios lisos brilhavam, talvez com um toque de purpurina. Magnus era exagerado.

— Saí. — Respondeu, simplório, não tendo nada para acrescentar.

Magnus lhe lançou um olhar tão feio que Alec ficou assustado. Os olhos verde-âmbar estavam estreitos, aparentando decepção.

— Então é assim... Em uma semana, você decidiu que não valho mais a pena.

Alec cambaleou, surpreso. Como assim? Magnus o estava deixando confuso. Ele se encontrava com Camille e, quando Alec o evitava e passava o dia todo fora, ficava com ciúmes e já dava a entender um término!?

— Do que você está falando? É você que parece achar que não valemos mais a pena! — Alec se esforçou para controlar a voz e empregou certo sarcasmo a pergunta seguinte: — Cansou de viver com um só? Eu devia ter sabido.

Magnus ficou em silêncio por um tempo, e Alec se arrependeu momentaneamente do que disse. Quando começaram a namorar, ele sabia que Magnus era mais experiente, que tivera muitos namorados e namoradas, mas ele nunca questionou a fidelidade de Magnus, como se esse detalhe de seu passado lhe fizesse incapaz de se manter em um relacionamento sério.

— Você sabe que é o suficiente para mim, Alexander. — A voz de Magnus foi dominada por uma suavidade súbita, como se estivesse relembrando de algo e esquecesse que estavam discutindo.

— Sei? — Alec balançou a cabeça, incrédulo. — Sei que na segunda-feira, cheguei aqui e o encontrei com Camille, que por acaso é o grande amor da sua vida.

Magnus levantou da cadeira na qual estava sentado, como se tivesse se assustado com as palavras de Alec, mas não se aproximou. O jeans apertado estava baixo na cintura e foi difícil para Alec parar de olhar. Magnus não se incomodou em subi-lo. Trapaceiro, pensou Alec com amargura e raiva de si mesmo, sabe que não é justo e faz mesmo assim.

— Você não pode estar falando sério. — Exclamou Magnus, pasmo e com um leve indício de irritação na voz. — Eu nem falo mais com Camille, nem sei como ela descobriu onde eu moro! Você não pode achar que aconteceu alguma coisa!

Alec olhou para o chão, de repente se sentindo bobo. Magnus parecia tão incrédulo que ele pensasse uma coisa dessas que ele mesmo se perguntou da onde tinha tirado aquilo. Desde que começaram a namorar, Magnus nunca dera a Alec motivos para duvidar de que era fiel e agora, tendo finalmente uma conversa com ele depois de tantos dias e olhando nos olhos que tanto amava, percebeu que devia confiar em Magnus, em troca do amor que ele lhe dava, mais do que merecia.

Não conseguia olhar para cima, não conseguia olhar para Magnus, que continuava parado do mesmo lugar como se não quisesse chegar perto dele. Talvez não quisesse. Talvez tivesse percebido que alguém que sentia ciúmes de tudo — até de uma ex-namorada sumida de anos atrás — não era uma boa pessoa para ter um relacionamento. Ele ouviu a voz de Isabelle em sua cabeça “Não consigo acreditar que, depois de tudo o que fez para ficar junto com ele, vai estragar tudo por um ciuminho bobo”.

Aparentemente, ele já havia estragado.

— Magnus... — Sua voz soou fraca e ele se sentiu miserável, ergueu o olhar para o outro, mas sua visão se tornara um borrão e ele não conseguia focalizar nada.

— E... E você... — Magnus o ignorou, a voz fraca. Uma raiva óbvia estava em seu tom, como se ele quisesse pular em cima de Alec a qualquer momento e fazê-lo se arrepender. — Já saiu com outra pessoa, menos de uma semana depois. O dia inteiro... Meu Deus, Alexander...

Alec engoliu em seco, arregalando os olhos para Magnus e obrigando sua mente a focalizar a imagem. Ele estava com o braço direito apoiado na cadeira, e o outro estava puxando os cabelos, coisa que ele fazia quando ficava nervoso.

— Quê? — Sua voz saiu mais aguda do que pretendia devido ao choque. Pigarreou antes de continuar, tropeçando nas palavras. — Mas... Magnus! Eu saí com Isabelle, Jace, Clary e Simon! Eu não tive um encontro com ninguém ou coisa do tipo! Como você pode pensar uma coisa dessas? Isso seria basicamente uma...

Alec estava quase completando “traição”, mas não conseguiu. Magnus se aproximou tão rápido e o puxou tão forte pelo sobretudo que Alec quase se desequilibrou. Foi impedido de cair pelos braços de Magnus, que o envolveram com firmeza enquanto ele grudava os lábios nos dele com violência.

Alec arfou, surpreso. Definitivamente não estava esperando por aquilo. Mas era Magnus, e Magnus sempre o surpreendia. Não hesitou em esquecer que estavam discutindo há menos de dois minutos. Quem se importava?

Envolveu a nuca de Magnus com as mãos, retribuindo o beijo da forma mais intensa que podia. Estava tentando dizer SINTO MUITO, EU SOU UM IDIOTA! sem palavras, e o namorado pareceu entender. O beijo ficou mais intenso quando Magnus trouxe Alec para mais perto, ainda segurando o sobretudo entre as mãos. Magnus mordeu o lábio inferior de Alec com força ao se afastarem por causa da falta de ar, e ele suspirou de prazer antes de abrir os olhos.

Magnus sempre fora fascinado pelos olhos de Alec. Intrigava-se sobre como podiam ser tão azuis. Os encarou, e eles concordaram silenciosamente sobre não falar mais nada no momento. Sentia saudade de Alec. Saudades dos beijos de Alec. Saudades da presença de Alec. Saudades de todo o Alec. Ele estivera dolorosamente distante a semana inteira, e Magnus queria apenas tê-lo perto.

Mas para Alec, ter Magnus perto não pareceu suficiente, porque dessa vez ele que puxou-o para outro beijo, mais lento e absurdamente mais sensual. E eles perderam-se, caíram na euforia ao se concentrarem naquele momento. Eles esqueceram-se dos problemas enquanto se misturavam um ao outro, o sentimento bom de estarem juntos subjugando qualquer desconfiança ou problema. Foi como sempre fora, intenso, com troca de olhares e tanta entrega que os assustava. 

 Quando terminaram e Magnus ainda se sentia meio tonto por tudo que acontecera, ele olhou em volta por um momento. O quarto continuava arrumado, mas a cama estava muito bagunçada, assim como os cabelos do menor. Magnus nem queria imaginar como estavam os seus. Ele sorriu levemente para o outro, que o encarava ansioso. Não sabia o motivo da súbita agitação, mas Alec pareceu se acalmar quando Magnus se aproximou e deitou-se bem perto, o rosto apoiado na curva de seu pescoço, absorvendo seu cheiro.

— Achei que iríamos continuar discutindo. — Confessou Alec cuidadosamente, depois de um minuto de silêncio agradável. Magnus estava muito confortável, aconchegado no corpo quente do Lightwood. De fato, não sentia a mínima vontade de se mexer.

— Você quer discutir? — Magnus perguntou, erguendo o olhar. — Eu não quero discutir. — Terminou com sinceridade.

— É que... — Alec ficou quieto por alguns instantes, como se ponderasse o que dizer. Quando continuou, soava ligeiramente envergonhado. — Me desculpe, Magnus. Fiquei com tantos ciúmes que nem pensei em te perguntar a respeito. 

Sinceramente. Só Alexander mesmo. Magnus não estava nem aí para Camille. Quando conhecera o atual companheiro, já havia terminado com a loira há anos. Era uma paixão do passado que tinha lhe trazido mais dor do que coisas boas.

Lembrou-se de quando conheceu Alec. Em um ponto de ônibus enquanto ele corria para se proteger da chuva, os cabelos negros ainda mais escuros por causa das gotas espessas. O vira então, um mês depois, no casamento da mãe de Clary. Por um acaso, Magnus era conhecido de Luke, e Alec, da filha da noiva. Uma história muito louca se desenrolou por meses até que finalmente assumissem o namoro.

— Você é muito possessivo, Alexander! — Magnus provocou, dizendo sem palavras que não estava irritado.

— Eu sei! — Alec aparentou verdadeira culpa, como se lamentasse aquele traço da sua personalidade. Magnus? Nem um pouco. Bem, talvez quando causava problemas como aquele mal-entendido...  — É só que, depois de tudo que passamos para ficarmos juntos, qualquer ideia de perder você me assusta. Eu te amo.

Magnus apoiou o rosto no cotovelo para olhar para ele. Alec não costumava ser tão aberto assim quanto ao que sentia. Normalmente era Magnus que dizia coisas piegas que o faziam corar. Seu coração foi preenchido por uma sensação boa. 

Eles tinham passado por muita coisa. Pela insegurança de Alec, a qual Magnus curava um pouco mais a cada dia. Pela aceitação dos pais do mais novo, a qual conquistaram após algum tempo e muito esforço. Pelo preconceito, que eles sabiam que estaria presente, e que lutavam contra com seu amor. Pelos ciúmes de Alec e pelas peculiaridades de Magnus, coisas que os faziam eles mesmos e, bem, o que amavam um no outro.

Magnus sorriu. Alec piscou e retribuiu o sorriso. Magnus tinha um sorriso contagiante, que impelia as pessoas a se sentirem alegres e prontas para qualquer coisa. Ele voltou a se deitar e passou os braços em volta de Alec, o trazendo mais para perto ainda — se é que era possível.

— Você nunca vai me perder, porque eu nunca vou te deixar. — Disse suavemente, a voz repleta de convicção. O coração de Alec acelerou. Magnus se lembrou de algo que ele havia dito mais cedo. — Porque você, Alexander, é o grande amor da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro de português avisem, eu revisei algumas vezes, mas sempre posso deixar passar alguma coisa. Hm, tá.
A ideia do capítulo era uma coisa mais fofinha msm, sem nada muito complicado, apenas o ciúme irracional do Alec. O cap. ficou meio grande e, se alguém leu, por favor me diga se acha que a fic deve ter mais capítulos ou se deve encerrar por aqui mesmo :) . O que acham de me contar o que acharam em reviews? Vou adorar! Beijinhos, Sssstalker ♥ .
(editado em 08/06/16)