A Flor da Carnificina II escrita por Essa conta não existe mais


Capítulo 2
Juntando peças.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, boa noite para você que está lendo.
Boa leituraaaaaa



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Aline levantou antes que seu celular começasse a despertar, e depois de atualizar o alarme, a morena caminhou sonolenta até o banheiro. Abriu a porta de madeira e se olhou em frente ao grande espelho do banheiro de sua nova casa. Seu corpo que outrora foi magro havia ganhado massa e havia alguns pneuzinhos localizados nas laterais de sua cintura e em sua barriga.
— Aline, você pode sair logo? Tô apertada! - Gritou Joana do outro lado da porta.
— Já tô saindo. - Aline pegou rapidamente a escova e a pasta e começou a escovar os dentes, e depois de estregar as serdas em seus dentes e em sua língua, limpou o resto da espuma da pasta que ficou em sua boca e saiu apressada, para deixar sua irmã usar o banheiro.
— Obrigada. - Agradeceu Joana, entrando ligeiramente no banheiro.
A morena caminhou de volta para o quarto e escolheu uma roupa para poder ir para a escola. Sim, Aline começou a estudar e estava fazendo o 1º ano do ensino médio, mesmo tendo 28 anos, mas para ela nunca era tarde para poder estudar e seu pai e suas irmãs lhe apoiavam muito.
— Bom dia, filha. - Cumprimentou Bernardo, encostado no portal do quarto onde Aline e Joana dormiam, já que Maria havia se casado e morava com seu marido em outra casa.
— Bom dia, pai. - Respondeu Aline, dando um sorriso.
— Não vou poder te levar até a sua escola, então tem algum problema se você fosse sozinha?
— Não. - Falou Aline franzindo o cenho. Bernardo caminhou até a moça e lhe deu um beijo no topo da cabeça.

 

 

 

Inácio e Yasmim dormiam tranquilamente, quando um choro de fino e doído preencheu o corredor e ecoou no quarto do casal. Yasmim abriu os olhos devagar e respirou fundo antes de ir até o quarto da filha. Enquanto tomava coragem, Inácio que começou a escutar o choro, abriu seus olhos esverdeados e levantou depressa, indo até o quarto da menininha que chorava sem parar.
O homem pegou a garotinha que tinha cor de avelã nos braços e começou a balançar seu corpo, fazendo: Shiiii para que Clara parasse de chorar.
— Ela está com fome, com certeza. - Falou Yasmim, aparecendo por trás do marido.
— Toma mamãe. - Inácio entregou a menininha que estava cessando seu choro para a esposa, e cruzou os braços, enquanto Yasmim retirava o seio do sutiã para amamentar Clara.
— Não esquece que hoje é seu dia de dormir na sua mãe - Disse Yasmim.
— Aff - Bufou Inácio, coçando a cabeça. - Minha mãe tem que arrumar um namorado logo, isso sim. Você não acharia melhor se eu deixasse a Clarinha com ela durante alguns dias? Não tô com paciência de ficar aturando minha mãe.
— Não faz isso, Inácio. Fica com ela e leva a Clarinha junto. Eu aproveito pra chamar a Celma aqui pra fazer a faxina. Sua mãe não vai se importar se eu alugar a empregada dela por uns dias, vai?
— Se você tentar... - Inácio bufou outra vez - Eu sonhei com o Isaac de novo. Não importa quanto tempo passe, Yasmim, eu sempre vou me lembrar daquele dia, porque se eu não tivesse entrado nisso ele estaria vivo, com a gente. - Yasmim colocou Clara no berço e abraçou seu marido.
— A Aline já te perdoou. Você não precisa ficar se torturando pra sempre por causa disso, porque não foi o tiro que matou ele, e sim uma fatalidade. - Yasmim deu um beijo na bochecha do homem o qual estava abraçada.
— A doutora não tem que ir trabalhar hoje não? - Disse Inácio, dando um beijo no topo da cabeça de sua esposa. Yasmim havia se formado em direito e trabalhava em um fórum de pequenas causas.
— Já vou... - A moça negra de cabelos crespos enrolados deu um sorriso para o marido e se afastou, indo até o berço ver se sua filha dormia.
— Deixa que eu cuido dela hoje. Pode ligar pra Cleusa não vir hoje. - Sim, a ex-empregada de Denise havia se tornado babá da filha de Inácio.
— Tá bem, mas vê se não deixa de ir na sua mãe.

 

 

Ermina abriu a porta para que Fábio saísse e depois trancou-a sentando no sofá surrado, com as pernas cruzadas e a cabeça pendida para trás. Aquela proposta havia sido tentadora naquele momento o qual ela e seu marido viviam, mas a moça ainda não havia aceitado, precisava pensar melhor, mas ela tinha que levantar e ir fazer compras com o pouco dinheiro que havia restado. Ermina pôs-se de pé e ajeitou seu coque e assim que abriu a porta viu a figura franzina de cabelos encaracolados e olhos grande e vermelhos chorando encostado na parede que havia do lado da porta.
— Natan? O que você tá fazendo aqui a essa hora, meu filho? - Natan era o enteado do irmão de seu marido, mas mesmo não sendo tia legítima de Natan, Ermina e o rapaz se relacionavam muito bem.
— Tia, me ajuda! - Natan entrou eufórico na casa da tia e sentou no mesmo sofá onde a ruiva e seu ''amigo'' haviam sentando anteriormente. - Minha mãe me pôs pra fora de casa, eu não tenho pra onde ir.
— Por quê? - Ermina fechou a porta e sentou ao lado do rapaz.
— Porque eu sou gay, tia. - Natan colocou afundou o rosto entre as mãos e começou a soluçar. Ermina arregalou os olhos surpresa, e começou a esfregar as costas do rapaz.
— Natan... não chora. Você quer que eu converse com ela?
— NÃO! - Exclamou o rapaz retirando imediatamente o rosto das mãos. - Se você falar isso com mais alguém meu padrasto é capaz de me matar. Apenas minha mãe sabe disso e ela disse que se eu não desaparecesse da frente dela ela iria mandar meu padrasto me matar. Pelo amor de Deus, tia, me deixa ficar aqui.
Ermina mordeu o lábio inferior e pensou rapidamente em uma resposta. Era impossível negar casa para aquele menino, e se ela, uma ex-prostituta havia sido absolvida de seus ''pecados'' e recebida de braços abertos, por que ela não iria fazer o mesmo?
—Você pode ficar Natan, mas me diz o que eu falo pro Edmar? - O rapaz fungou e voltou a falar.
— Diz que eu não estava me dando muito bem com a minha mãe e vim pra cá. Só não me deixa voltar.

 

 

Fábio caminhava tranquilamente pelas ruas estreitas daquele bairro, quando avistou um bar que ficava em frente à uma igreja e entrou no local para se ''hidratar''.
— Bom dia, uma cerveja. - Pediu Fábio, encostado no balcão.
— Pra já. - Disse o homem baixinho e barrigudo que estava detrás do balcão.
Fábio caminhou até uma mesa e puxou seu amado maço do bolso da calça e começou a fumar como fazia de costume. Não havia ninguém naquele bar ainda, pois era cedo demais para ter clientes, porém, quando assutou-se, o homem viu duas meninas entrando no bar com um uniforme de colégio e sentando em uma mesa ao lado.
Uma das meninas tinha o cabelo tingido de azul em um corte chanel e possuía piercing de argola no nariz e no septo. A outra era extremamente magra e tinha o cabelo preto até a cintura.
As meninas olharam para o homem com alguns fios grisalhos na lateral dos cabelos negros e lisos e começaram a rir. A menina de cabelos azuis fitava compulsivamente o homem e cochichava algo para a amiga morena. Fábio fingia que não percebia, mas estava curioso para saber o que aquelas meninas estavam cochichando.
O cochicho parou quando a menina de cabelo azul levantou e caminhou devagar até o fumante, sentando ao lado dele.
— Você pode me dar um cigarro? - Pediu a menina.
— Só com identidade. - Brincou Fábio, dando uma tragada.
— Aha, que engraçadinho. Vai, não custa nada. - O homem pegou um cigarro e deu para a garota, entregando o isqueiro na mão da mesma depois.
— Você não devia estar na escola?
— Hoje tem aula de História e Matemática. - Disse a garota, revirando os olhos. - Tem uma amiga minha que é maluca com História, só ela fica pra assitir essa aula.
— Cada um com seus demônios. - A menina morena se aproximou da mesa e soltou um ''já vou indo'' e saiu correndo. - Ué, sua amiga já vai?
— Uhum, ela gosta de matemática. - A garota de cabelos azuis deu uma tragada em seu cigarro e voltou a falar. - Só ela e a Carol levam a sério dias como hoje. - Fábio sentiu um estalo e lembrou que Denise havia lhe dito que sua filha Carolina queria fazer história. Seria concidência ou era mesmo a sua Carol a amiga daquela menina.
— Perdão pela demora, é que eu esperei ficar bem geladinha pra te trazer. - Falou o mesmo homem que estava atrás do balcão.
— Sem problemas. - Fábio pegou a garrafa com a cerveja e colocou o copo de vidro que veio como tampa da cerveja. - Seu nome é?
— Filipa, e pra sua informação eu farei 18 daqui alguns meses. E você é...
— Fábio.
— Minha amiga Carol tem um pai chamado Fábio, mas ela odeia ele pra caralho! - Pronto, agora ele sabia que aquela menina era amiga da sua filha.
— Vocês estudam por aqui? - Perguntou Fábio dando um gole em sua cerveja.
— Nein. Estudamos perto da praia. Meu apartamento fica aqui perto, mas meus pais preferem que eu estude pra lá porque eles fingem ter grana. - Filipa riu. Fábio nunca se sentiu tão sortudo em toda sua vida. Encontrar aquela amiga de sua filha e era uma carona no meio do caminho. Agora só precisava organizar seu grande quebra-cabeças.
Fábio e Filipa conversaram durante toda a manhã e também beberam e fumaram bastante. Além de saber sobre a vida de sua filha, ele soube de toda a vida da menina de cabelos azuis. Soube que a menina era fã de The Smiths e tomava vodka todos os dias escondida dos pais.
— Então você trabalha como vendendor? - Disse Filipa, dando um sorriso de lado.
— Algum problema? - Questionou Fábio.
— Nenhum... mas é uma profissão tão... pequena. - Filipa riu e Fábio ficou sério.
— Por falar em trabalho, tenho que ir trabalhar. A gente marca de sair qualquer dia desses, só não me explana para as suas amigas, tá? Nossa amizade é confidêncial. Fechado? - Fábio estendeu a mão esquerda e Filipa apertou a mesma.
— Fechadíssimo.

 

 


Fábio entrou no primeiro ônibus que viu pela frente para voltar para seu apartamento e colocar no papel seu plano de sequestro e agora, plano de aproximação. Realmente, a sorte sempre lhe sorria.
O homem sentou no banco alto que ficava no fundo do ônibus e começou a fitar a paisagem do local, que ia se enfeiurando com o tempo. O coletivo estava quase vazio, só havia ele mais duas senhoras no banco da frente, então não houveram muitas paradas. Quando o ônibus parou em frente à uma escola que também era universidade, Fábio retirou os olhos da paisagem externa para olhar para a bela morena de cabelos longos e óculos de grau que entrou naquele ônibus.
Enquanto a moça retirava a carteira da mochila, ele lembrou de Isaac e viu que aquela mesma morena tinha o nariz achatado com uma curva na ponta, que era identico ao nariz de seu falecido amor. A lateral do rosto de morena possuía alguns relevos e pele mais fina e ele lembrava de alguém que tinha aquela mesma cicatriz, e sua suspeita se confirmou quando a moça rodou a roleta e se empalideceu ao vê-lo sentando no banco alto do ônibus.
Fábio acenou para Aline, que fingiu não tê-lo visto e se sentou no banco atrás do motorista.
O homem levantou de seu assento e foi até a moça, sentar atrás dela.
— Boa tarde, cunhada. 


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Notas finais do capítulo

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