Quando estou terminando de lavar a louça, ouço alguém tocar a campainha. Franzo o cenho e fecho a torneira. Vou até a porta e olho pelo olho mágico. Sorrio ao ver Kyle fazendo careta para mim do lado de fora. Destranco a porta e a abro.
–O que você está fazendo aqui? - sorrio.
–Esse apartamento é meu, lembra?
Dou uma risadinha quando ele entra e me puxa para ele colando seus lábios nos meus, sua língua começando a explorar a minha. Ouço a porta se fechando com seu pé, minhas mãos estão nos seus ombros e as suas em minha cintura.
Olho para ele dando fim ao nosso beijo e sorrio.
–Você está bem? - ele pergunta.
–Sim. - concordo com a cabeça. - E você? Porque voltou?
–Lembrei que você não tinha como voltar para Manhattan.
Arqueio as sobrancelhas.
–Eu tenho dinheiro na bolsa. Eu podia pegar um táxi ou um metrô.
–Ah nesse caso eu acho que posso voltar pro trabalho.
Estreito os olhos.
–Você saiu do trabalho só pra vir aqui para me levar no Dangerous Woman?
Ele dá de ombros.
–Digamos que eu subornei alguém pra ficar no meu lugar umas duas horinhas.
–Duas horas? Não leva tudo isso.
Ele dá de ombros.
–Eu pensei em passar um tempinho com você, antes de te levar, sabe? - seus lábios vão para o meu pescoço dando beijos molhados.
Dou uma risadinha e meu corpo se arrepia.
–Mas se você não quiser... - ele para e dá de ombros.
Olho para seu rosto e sorrio.
–Acho que você pode terminar de lavar a louça mais tarde. - digo e puxo sua boca para minha.
Ouço um grunhido sair de sua boca enquanto ele me beija. Suas mãos pegam minhas coxas e entrelaça-as em sua cintura me levando para o quarto. Meu coração está querendo sair do meu peito e minhas mãos já estão trêmulas enquanto tiro a sua camiseta preta. Sento-me na cama e ele tira a camiseta que estou vestindo. Minhas mãos voam para o botão da sua calça jeans preta e ele sorri.
***
Os dedos de Kyle estão acariciando minhas costas num ritmo lento que me faz querer dormir. Estou cansada e de olhos fechados com a cabeça em seu peito.
– Você está cansada? - ele pergunta.
–Hm.
Ouço- sorrir.
–Isso é um sim?
–Hm.
Ele dá uma risadinha baixinha.
–Você me deixa cansada. -digo sonolenta sem abrir os olhos.
–Que bom.
Olho para seu rosto e seus olhos encontram os meus. Molho os lábios antes de falar cautelosamente:
–O Matt apareceu aqui.
A expressão tranquila de Kyle se altera. Ele une as sobrancelhas e se senta na cama. Eu me sento também.
–O que ele veio fazer aqui?
–Ele disse que veio deixar a chave do apartamento. Ele deixou lá no balcão da cozinha.
Observo o rosto dele que fita o nada.
–Vocês... brigaram ou algo do tipo? - pergunto.
–Não, só falei que era pra ele não ficar vindo pra cá quando nós estivéssemos aqui.
Franzo o cenho.
–Por que? Ele falou alguma coisa pra você?
–Não. - nego com a cabeça.
Decido deixar de fora a parte em que me desculpei com ele e disse que não queria ficar entre ele e Kyle. Nem sei porque fiz aquilo.
–Ah, acho melhor eu tomar logo um banho. - digo.
Kyle assente.
–Tudo bem.
Levanto-me da cama e vou para o banheiro deixando Kyle sozinho no quarto.
***
No carro no caminho de Manhattan, estamos em silêncio no carro. Aquela história com o Matt deve estar incomodando Kyle. Sinto que tem algo nessa história que eu não sei. Talvez eu possa perguntar para Chloé na segunda-feira. O clima está típico para o outono. A ventania gelada não cessa nenhum segundo. Estou vestindo a mesma roupa que vesti no dia anterior antes de trocar de roupa para ir até a fraternidade.
–Minha banda vai tocar hoje a noite. - Kyle diz quebrando o silêncio. - Você acha que pode ir depois do seu turno?
Faço que sim.
–Onde vocês vão tocar?
–Num barzinho no Brooklyn. A Chloé vai, posso pedir pra ela te levar.
Concordo com a cabeça.
–Tudo bem. O que vocês tocam?
–Um pouco de rock. Rock/Pop pra ser mais preciso.
Sorrio.
–Você canta também? - pergunto.
Kyle olha para mim. Seu piercing preto reluzindo á claridade da luz.
–Vai ter que ir pra descobrir.