Paciente 99 escrita por Elliot White


Capítulo 11
O caminho de volta


Notas iniciais do capítulo

Não demorei muito ne? rsrs boa leitura...



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Acordo no chão do quarto 99, ainda estava escuro o que significava que não tinha ficado desacordada por muito tempo, ainda era noite. Minha cabeça doía muito, e eu estava deitava no piso frio, o que me fez demorar a levantar, ainda desnorteada e zonza, até me recompor e tentar enxergar algo naquela escuridão. A cama e os lençóis brancos ainda estavam ali, assim como a mesinha e a cadeira onde eu estava sentada. No chão, se localizavam o baú onde eu guardei as pedras, e a lanterna, jogados.

Curiosamente, as pedras não estavam mais ali. No entanto, ainda tinha o mapa. O peguei e olhei, as anotações que eu tinha feito sumiram, e as marcações dos lugares em vermelho ainda se mantiveram. Ao outro lado do papel, que estava a maior parte em branco, estava escrito em uma letra quase ilegível: “Faça o caminho de volta.

O que isso queria dizer? Eu não sei.

Ainda lembro do rosto daquele homem, e sim era do sexo masculino. Era horrível, mas eu não memorizei o seu rosto, apenas seus olhos esbugalhados e saltados, que me fitavam terrivelmente. Sei que gritei antes de desacordar, porém agora eu só lembrava de estar caída e encontrar essa mensagem.

O caminho de volta para onde? O lugar onde encontrei minha primeira joia? Se fosse, seria o consultório do terapeuta. E estava no primeiro andar, o que significava que eu teria que descer tudo outra vez. Peguei a lanterna, e por incrível que pareça ela ligou na primeira.

Não quis perder tempo, então saí do quarto 99, e rapidamente fiz o caminho de volta, percorrendo o corredor todo até chegar novamente às escadas que me trouxeram até aqui. Ao fazer isso percebi como estava escuro, muito mais do que antes, e sem a ajuda da lanterna eu provavelmente não estaria vendo nada.

Depois de descer os 3 lances de escada, em total silêncio e escuridão, cheguei até o térreo, onde consultei o mapa de novo. Não estava anotado, mas circulado em vermelho a área do consultório do terapeuta, que ficava depois do refeitório e depois do auditório. Comecei a andar, caso contrário não chegaria lá nunca. Ainda segurava o baú, vazio na outra mão.

Continuei andando. Parte de mim me dizia para voltar, entrar no meu quarto de novo e de lá não sair mais. Mas eu precisava ir até o fim. Ou terminar isso, ou fugir daqui e nunca mais voltar. Nem que minha mãe fique brava comigo.

Logo eu estava no consultório, que eu esperava estar vazio a esta hora da noite. Passei a lanterna pelo ambiente, tentando encontrar a porta. Quando a achei, estava entreaberta. O que já era muito estranho.

Prossegui, até adentrar a sala, que estava do mesmo jeito que encontrei como na primeira vez, decoração detalhada e colorida. Passei os olhos por lá e vi uma cadeira no centro, e alguém de costas sentado.

Droga, pensei. Tinha alguém lá. Por isso a porta estava destrancada. Por não querer ser pega, virei as costas em silêncio e fui me retirar de lá, torcendo para que não tivesse sido vista, mesmo com uma lanterna sendo direcionada pelo cômodo todo. Quando estava quase saindo, percebi que o doutor permanecera imóvel ainda. Devia estar dormindo.

Resolvi me aproximar dele para checar. Eu sei, era loucura. Mas foi o que eu fiz, sorrateira como um inseto. Ele não estava roncando, nem se movendo com a respiração. Tentei o chamar, e não obtive resposta.

Quando o toquei, ainda de costas na cadeira, sua cabeça pendeu para a frente. Tudo bem, se ele estivesse realmente acordado e vivo, teria reagido. A cadeira era giratória, então, a virei de frente para mim, e a surpresa foi que sua boca estava entreaberta, vazando saliva, e uma expressão repugnante se desenhava em seu rosto. Os olhos, eu virei o rosto quando vi, e normalmente teria gritado, porém não era viável. Foram removidos, e ironicamente havia duas joias nas cavidades. Muito sangue seco formava uma trilha dos vácuos até seu pescoço, e na testa, uma palavra escrita em vermelho.

Topázio. ”

Olhar para ele me causava náuseas, e desprezo. O que eu devia fazer era claro, pegar o objeto brilhante, grande e azul e dar alguma dignidade a morte do homem. E foi o que eu fiz. Guardando no baú, sujo de sangue. Espero que tenha alguma utilidade melhor. Sem as pedras, as crateras eram só carne viva, e apesar de não estar cheirando mal ainda, eu não podia continuar vendo isso. Fui embora.

Saí correndo, sem me importar muito com o barulho, afinal se ocorrera um assassinato alguém deveria ficar sabendo. O próximo local que eu deveria percorrer era o sanatório, que ficava mais afastado, e o ponto que eu mais temia assim tão tarde da noite. Minha respiração acelerada fazia ruídos junto com meus passos, a luz da lanterna se agitava a minha frente, iluminando o caminho. Eu deveria realmente estar ficando louca, por encarar esta situação sem surtar.

Sem delongas, eu acho o quarto onde o menino que descobrira que eu sou bruxa vivia, e sem surpresas, a porta estava aberta, deixando a claridade noturna invadir o cômodo. O garoto me causava medo, mas ele era perturbado, coitado; me entristecia saber que o seu destino era o mesmo que o do terapeuta: a morte.

Ele estava deitado, como se estivesse dormindo, no entanto seu corpo estava duro e imóvel na cama, um lençol branco o cobria, assim como o travesseiro escondia seu rosto. Teve a vida tirada por asfixia. O responsável desta vez foi mais criativo. Se os nomes dos lugares que eu deveria ir formavam o nome do Tag através das iniciais, só poderia ser ele o autor dos crimes. Ao descobrir o seu rosto, estava de olhos abertos, leitosos e sem vida. Tive a gentileza de fechá-los, e em seguida, a sua boca, que estava mantida aberta com a pedra estufando-a. A superfície era esférica e o outro lado, pontudo, parecia ser do mesmo tamanho que a outra joia, mas era roxa, quase rosa.

Um pouco de saliva saiu junto com o objeto, levemente molhado, que eu guardei no baú também. Na parede, que eu mirei com a lanterna, estava escrito em giz de cera:

Ametista


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Notas finais do capítulo

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