Cabelos ao vento.

Pés na areia molhada.

Pensamento em um lugar qualquer.

Quando minhas pernas sinalizaram cansaço, me permiti sentar e observar as ondas. Elas nos transmitem uma lição importante, embora quase ninguém consiga perceber. Uma hora estamos fortes, na outra estamos fracos, mas não podemos perder a vontade de recomeçar.

Não é incrível?

116 dias antes - New York, NY.

Respira.

Um. Dois. Três.

Um. Dois. Três. Respira.

Meu coração estava quase saindo pela boca, literalmente. Mal conseguia permanecer de pé quando avisei que bastava por hoje, eu estava acabada. Prometi a mim mesma que nunca iria cometer a loucura de pedir para que me ensinassem a me defender dessa maneira.

— Se seu objetivo era me deixar morta, você conseguiu, parabéns. - Falei enquanto me dirigia para o bebedouro.

— Você tem que estar preparada, sabe disso mais do que ninguém. - Fury se aproximou de mim. - Aqui está o endereço que pediu. Caso precise de algo é só me ligar, tentarei estar lá o mais rápido possível. - Entregou-me um pedaço de papel.

— Obrigada, mesmo. - Sorri fraco.

— Você sabe que sempre será a minha menina, não sabe? - Retribuiu.

— Pare de me tratar com uma criança, por favor. - Brinquei.

— Você é a filha que eu nunca tive, Felicity. Tome cuidado na viagem.

114 dias antes - ?

Acordei assustada ao sentir algo tocar o meu ombro. - Desculpe interromper, o avião já chegou ao seu destino.

Obrigada. - Recusei-me a acreditar que havia dormido por mais de 10 horas em um poltrona estupidamente apertada, com o pescoço jogado para trás e as pernas encolhidas.

Era notório a paz cidade que antes era mergulhada no caos, parecia estar tendo, finalmente, uma tranquilidade que havia sido conquistada com o seu próprio vigilante. As coisas realmente estavam diferentes.

— Primeira vez aqui? - O simpático motorista perguntou assim que estacionou.

— Vim reencontrar alguns antigos conhecidos. Como estão as coisas por aqui?

— Alguns traficantes insistem em continuar na ativa e pequenos roubos ainda acontecem, principalmente neste bairro. Tome cuidado.

— Obrigada pela informações.

Chequei pela terceira vez seguida o endereço, estranhando aquele bairro tão longe do centro luxuoso. O que ele estava fazendo aqui? Respirei fundo antes de entrar no prédio e tocar a campainha.

— Felicity? - A voz masculina despertou-me do transe.

— Preciso de sua ajuda.

— Claro, entre. - Afastou-se sedendo passagem. - O que quer?

— Eu quero você. Digo, não quero você. Definitivamente, não quero! Quero que você me ajude em uma coisinha. Não ache que... - Droga! Eu poderia pedir um favor sem fazer besteira? - Por que está rindo? Não sou nenhuma palhaça. - Ele riu descaradamente da minha cara, me deixando furiosa.

— Senti falta desse seu jeito. Como posso te ajudar? Caso me queira, também podemos resolver isso. - Deu uma piscadela.

— Caralho, você ainda é um idiota.

— E você costumava gostar... - Lancei um olhar furioso em sua direção. - Qual o assunto?

— Minha mãe morreu. - Respirei fundo e passei a observar a rua. - Damien Dark a matou e eu quero justiça.

— Saiba que poderá sempre contar com o vigilante de Gotham City. Nós sempre seremos um time.