Como Ser O Pior Aluno de Hogwarts escrita por JayM


Capítulo 8
Lição 7 – Existe outras atividades na escola




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Não demorou mais muito tempo para que os testes da equipe da Grifinória terminasse. Douglas decidira encerrar sem que o último time participasse, alegando que, com os titulares sem o batedor principal, não seria correto continuar. Uma desculpa esfarrapada, pois ele tinha medo que a vitória de alguns candidatos inspirasse os outros a fazerem um jogo mais agressivo.

Logan deu de ombros. Não tinha chance nenhuma, por mais que pensasse o quão legal seria se entrasse. Podia ouvir a torcida gritando seu nome, igual ao Emirates Stadium em dia de clássico entre Arsenal e Chelsea. Saber que batedor era uma posição pouco prestigiada, não abalava seus devaneios.

Dessa vez tivera que esperar bastante por um chuveiro livre. A animação e frustração eram o principal assunto entre os rapazes. Expectativas muito altas, todos pensavam que tinham uma chance muito boa. Por isso o escocês ficou calado, apenas esperando a sua vez de tomar banho para poder ir até a casa de Hagrid.

Era relativamente fácil de encontrar. A única cabana nos terrenos da escola, próxima aos pinheiros da Floresta Proibida. Conseguia ver a propriedade da janela do dormitório na torre da Grifinória, e foi para lá que Kendrick se dirigiu, depois de um longo período esperando por um box.

Os jardins de Hogwarts estavam cheios de alunos, apesar do adiantar da hora. Estavam aproveitando o calor que fazia naquele final de tarde para descansar do intenso dia de estudos, e mal a primeira semana havia chegado na metade.

Em meio às capas pretas e gravatas coloridas, Logan se destacava por não estar usando o uniforme habitual. Aquelas roupas o incomodavam, faziam-no se sentir mais um número do que um indivíduo, e também sentia falta de usar calça jeans e camiseta, por mais que a camiseta vermelha que vestia estivesse gasta.

Não demorou a encontrar o casebre de pedras e telhado alto do guarda-caças de Hogwarts. Era impossível não enxergar a vasta plantação, com abóboras imensas, morangos do tamanho de laranjas, pés de couves assombrosos, e mais uma infinidade de frutas e legumes que estava com preguiça de adivinhar o que eram. Saia um fumaça tímida da chaminé, sinal de Hagrid estava na residência.

Deu algumas batidas na porta de quase quatro metros de altura, já olhando para cima, prevendo a chegada do gigante.

— Oh, olá Logan. – Saudou o guarda-caças, com um cão preto assustador que batia na altura dos joelhos do dono, quase do mesmo tamanho do escocês. – Que bom que apareceu. Entre. – Convidou de forma alegre.

Tudo no interior daquela cabana fazia jus a um gigante. Móveis maiores que o normal, dispostos de uma maneira um tanto quanto desorganizada, algumas poltronas de couro, provavelmente usaram um boi inteiro apenas para fazer cada uma daquelas peças, a mesa de centro tinham duas canecas que Hagrid tratou de recolher, enquanto o cachorro se amuava perto da porta dos fundos, com ar de quem passara o dia inteiro dormindo.

— Você é igual ao seu pai, dentuço. Um tremendo preguiçoso. – O homenzarrão brigou, caminhando para a cozinha.

Tinha uma caçarola pendurada sobre o fogo, parecida com o caldeirão que tinha na sala de poções, mas um pouco mais velho. Estava com a tampa, então não dava para ver o que tinha dentro, talvez o jantar.

— Quer uma xícara de chá? – Perguntou o barbudo, sendo amigável.

— Que tal café irlandês? – Logan se sentou na poltrona mais afastada, fugindo do calor que emanava da lareira. – Eu realmente preciso de algo forte que chá.

— Não acho que deveria pedir isso, rapaz? – Repreendeu, tentado a servir o pedido do garoto. Dificilmente recebia visitas com as quais pudesse desfrutar algum tipo de álcool, apenas alunos ou ex-alunos que sempre pediam uma xícara de chá.

— Eu tenho idade pra beber, Hagrid. – Falou com um riso sarcástico no rosto. – Mostro minha identidade se quiser.

— Não precisa. – Ele correu para buscar a garrafa. As passadas rápidas e profundas do gigante faziam o assoalho de madeira tremer um pouco, mas nada que atrapalhasse o sono pesado de Dentuço em seu ninho. – Tome.

O guarda-caças serviu dois copos de um líquido dourado, que o escocês podia jurar que tinha visto a bebida deixar um rastro de chamas no vidro.

— O professor Dumbledore me deu essa garrafa de Firewhisky um pouco antes de morrer. É uma das melhores que já tomei. Prove. – Incentivou, vendo o olhar desconfiado de Kendrick. Como era álcool e precisava urgentemente de um trago para esquecer as dores que afligiam cada membro de seu corpo, ele bebeu.

Apesar da queimação, era bom. Parecia que tinha engolido uma chama viva, mas que era saborosa e com um leve amargor no final misturado com um gosto amadeirado. Com certeza a melhor coisa que bebera em anos.

— Sabe, por pouco não encontra com o Mark Faulkner por aqui. – Hagrid contou, apreciando a expressão confusa no rosto do aluno. – Que bom que vocês estão se dando bem, ele é um bom garoto, nem parece ser da Sonserina, mas é muito solitário.

Logan arqueou as sobrancelhas. Pensava que Mark devia ser um dos mais populares da casa. Ele era legal, amigável, gente boa, e era o apanhador do time de quadribol da casa, e pelo o que entendera, apanhadores eram o topo da cadeia alimentar na escola.

— Como assim, Hagrid? – Indagou curioso.

— Bom, os outros alunos da Sonserina preferem evitá-lo. - Explicou, servindo mais firewhisky para o visitante. - Não fazem nada mal com ele, porque, bem ou mal, ele foi responsável pela boa campanha do time ano passado. E o pessoal das outras casas evita porque, bem, ele é da Sonserina, e os alunos de lá não são os favoritos da escola. São metidos, arrogantes e não tem o menor senso de decência. E se me perguntar, aquele chapéu seletor fez uma grande burrada em colocar o Mark na Sonserina e o Fiennes na Grifinória. Aquele Douglas e o irmão dele não merecem carregar o escudo na Grifinória no uniforme, nem mesmo mereciam estar aqui. – Aquilo parecia enfurecer o guarda-caças. Ele apertava o copo com força, se fosse uma louça comum teria se espatifado em vários pedaços.

— Eu perguntaria o motivo de tanto ódio. – Disse Logan. – Mas eu tive a prova no trem o quando estávamos vindo para cá.

— Ele quase fez o Neville ser demitido ano passado. – Hagrid contou com um tom azedo na voz. – Tudo bem que a origem não devia importar, mas quando um trouxa, que não conhece nada do mundo da magia, tem o conselho de pais e diretor da escola na mão é sinal de que tem algo errado. - A cara de perdido do escocês indicava que ele não estava entendendo nada do que o gigante reclamava. – O pai do Fiennes é primeiro-ministro da Inglaterra. Tem acesso direto ao Rei William e a Duquesa Middleton. Então todos fazem o que ele quer porque têm medo de que ele use a influência dentro do governo e dos meios de comunicação para nos expor ao resto dos trouxas.

— E comece uma nova inquisição e caçada aos bruxos. – Completou Kendrick.

— Vamos mudar de assunto. Lembrar dessas coisas me deprime. – o guarda-caças voltou à atenção para a panela sobre o fogo.

Hagrid acabou convidando Logan para o jantar. Ele fazia um ensopado de carne com batatas e legumes que cheirava muito bem e parecia convidativo. Também era bom para passar o tempo, aprendendo mais sobre o mundo dos bruxos.

Aprendera que, por mais que tentasse, nunca conseguiria fazer o celular ou notebook funcionar dentro do terreno de Hogwarts, já que a escola era enfeitiçada para os aparelhos dos trouxas deixarem de funcionar, mas que, por sorte, em Hogsmeade, havia uma lan house com conexão boa o suficiente para satisfazer as necessidades de qualquer um.

A alternativa para enviar uma mensagem a Holly era enviar uma coruja contendo uma carta ou bilhete. As aves nunca erravam o destinatário, dizia o guarda-caças, mas o escocês lembrara que a carta dele era prova cabal de que uma coruja pode se enganar de vez em quando. Iria mandar o rascunho que escrevera na aula de história, do jeito que estava, porque estava morrendo de preguiça de passar a metade de um pergaminho a limpo para enviar. Ia aproveitar e pedir para a amiga mandar um barbeador e creme pra barbear, por que quando tocou no assunto, o homem parecia não saber o que uma navalha seria.

Ele ainda pedira um último favor ao gigante. Que levasse a amiga ao beco diagonal para lhe comprar uma vassoura. Como estava na escola, não poderia ir com ela até lá e Hagrid era o único naquele lugar em quem confiava o suficiente e poderia sair dos terrenos da escola para fazer essa pequena tarefa. Bom também é que o gigante poderia explicar melhor o mundo dos bruxos, porque Holly teria um monte perguntas, e não seria Logan quem as iria responder.

Voltou ao salão comunal assim que terminou seu prato de ensopado. Não teve problemas no retorno. Filch estava ficando velho e desde que madame Nora morrera, nunca mais conseguiu encontrar um gato que tivesse os mesmos sentidos aguçados de sua companheira. Então, era o mesmo que um convite para passear nos corredores do colégio em plena madrugada.

Ele nem sabe bem como parou na cama. Estava um pouco alto, a um ou dois drinks de estar realmente bêbado, o que era bom, quando estava nessas condições, dormia como uma pedra, nem sabia se tinha sonhado ou não. Pelo menos aquela noite teria um bom sono.

— Ele está morto? – A voz baixa, aparentemente de uma criança, acordou Logan, mas talvez tenha sido o cutucão na panturrilha direita, era difícil de saber ao certo.

— Acho que não. – Respondeu outra voz. Essa ele reconheceu,

— Me deixa dormir, Albus. – Gemeu o escocês, com a cabeça debaixo do travesseiro e coçando a parte exposta das costas.

— Mas já é de manhã. – O Potter mais novo falou, enquanto James continuava a cutucar a perna do rapaz com a ponta da varinha. – O sinal vai tocar a qualquer minuto.

Apertou os olhos com força, lutando contra a vontade de ficar deitado ali. Sua mente voltava a funcionar aos poucos. Lembrava-se de como tinha chegado a sua cama, quando pensou em que dia era. “Caraca, aula do Black”, pensou, levantando de uma vez e se trocando de forma apressada.

Pegou a mochila, e saiu correndo com toda a pressa do mundo. Nem sabia aonde seria aula, o papel anotado com horários e locais estava jogado no fundo da bolsa, provavelmente todo amassado. Era em algum no primeiro andar, faltava descobrir o número da sala.

Atropelou um grupo de garotas da Corvinal, que deveriam ser do sexto ou do sétimo ano, enquanto descias a escadas. Derrubou até os livros de uma, e teria voltado para ajudá-la, quem sabe até arranjar um encontro, entretanto, tinha que correr para não chegar atrasado a outra aula.

Quando pisou no primeiro andar e viu o vasto corredor, com portas de madeira escura, com aparência rústica e envelhecida de ambos os lados. O desespero bateu. Como encontraria a sala certa?

Teve uma idéia. Bastava olhar de uma por uma por aquela janelinha pequena no meio.

Olhou a primeira do lado direita. Vazia. A segunda. O anãozinho que conversava com Royer no jantar do começo de ano letivo, dava aula, em um traje escuro, bem comprido. O resto estava do mesmo jeito da primeira, completamente vazias e sem viva alma ali. Chegava a duvidar se era o lugar certo.

Quando abriu a última porta, Black esperava sentado em sua cadeira, com os pés apoiado no canto da mesa, e com uma revista dessas de celebridades aberta. Ele virou a cabeça, desviando os olhos da leitura e encarou o aluno.

— Me explica, como os trouxas conseguem ler isso? – Disse, parecendo não se incomodar com o atraso. – É tão monótono. As figuras ficam paradas, o texto não se mexe. Qual a graça disso?

— A informação? A notícia? – Logan respondeu com sarcasmo, deixando a bolsa no chão.

— Está atrasado, pra variar. – O professor largou a revista e a guardou dentro da gaveta. – Não pense que vou dar um desconto porque ficou bebendo até tarde com Hagrid.

O escocês abriu a boca para protestar. Como ele sabia que jantara na cabana do guarda-caças.

— Eu vi você passando pela entrada principal ontem. – Respondeu, mas sem impressionar o aluno. Devia ter usado o olho para saber o que pensava. – E fui eu quem mandou os dois Potters te acordar. Pelo seu estado, parecia que ia precisar de ajuda.

— Tá, tá. – Balançava a mão para frente e para trás, como se pedisse para que o professor não o atormentasse. – Vai me passar sermão ou vamos começar logo essa aula?

— Quanta energia. – Black riu. – Espero que se mantenha assim no final.

Kendrick sentiu um arrepio. Algo lhe dizia que aquela aula seria a mais pesada de todas.


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