Era uma tarde de inverno, o frio estava rigoroso como nunca, todos os alunos caminhavam por Hogwarts bem agasalhados. Snape estava terminando de colocar suas vestes negras para seguir ate a sala de poções. Após terminar de se vestir ele tomou o rumo dos corredores da escola, andando de forma acelerada, parecia estar atrasado, chegando ao fim do corredor, dobrou a esquerda e se deparou com Harry e Hermione que conversavam alegremente, a garota esbanjava risos e olhares de ternura, o garoto demonstrava entusiasmo na conversa. Snape continuou caminhando em direção aos dois amigos, apenas de passagem, mas não pôde deixar de ouvir partes da conversa onde Harry dizia ter conhecido uma aluna da Corvinal e que se sentia afeiçoado por ela. Snape prosseguiu com seu caminho, ate não conseguir mais ouvir a conversa, virou mais uma vez para a esquerda em outro corredor, já estava quase chegando, havia esquecido que estava com pressa, pois estava distraído pensando:

— Como a amizade de Hermione e Harry é similar a amizade que tive com Lily, quanta ternura havia no olhar de Hermione ao ver a felicidade de Harry, quantas vezes eles já foram avistados juntos por Hogwarts, sempre em companhia um do outro, sempre ajudando, apoiando e defendendo Harry. Hermione também era nascida trouxa como Lily, também tinha olhos amendoados, mesmo que não fossem verdes, eram similares ao de Lily, cabelos castanhos claros, quase ruivos como Lily.

— Lily... Sussurrou Snape.

Para o desamparado professor, essa era a explicação de Harry se sentir tão bem e protegido na companhia de Hermione, a garota se assemelhava a mãe que pouco conheceu, o ar de amizade materna que Hermione possuía tranquilizava Harry. Era notável que Harry se sentia bem junto dela, mas Snape acreditava que Harry sentia uma amizade maternal pela garota assim como ele, que tinha começado a perceber traços de Lily nas atitudes de Hermione.

Chegando a sala de poções o professor reuniu alguns livros que estavam jogados sobe a mesa, os colocou no armário, abriu uma das gavetas da mesa, retirou um pequeno embrulho e o guardou no bolso de seu paletó preto. Fechou a gaveta e a sala, e saiu sem destino pelos corredores. Quem via o professor da Sonserina impetuoso, imaginava que ele poderia estar fazendo uma ronda pelos corredores da escola, mas na verdade estava em busca de um lugar onde pudesse pensar.