De Corpo e Alma escrita por Regina Rhodes Merlyn


Capítulo 32
Fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Oiee, voltei. Jantar complicado não aquele não foi? Vamos ver como as coisas se desenrolam.
Boa leitura.
Bjinhos flores.



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"...It's not always easy And sometime

life can be deceiving;

I'll tell you one thing,

It's always better when we're together.."

Better Tgether

Jack Jonhson

Sábado a noite

Connor

Durante todo o percurso de volta para casa, Sarah permanece em silêncio, respondendo com acenos as tentativas de Claire em iniciar uma conversa. Já a conheço o suficiente para saber que está triste. Muito triste.

Deixo minha irmã em frente ao prédio onde mora, esperando que entre antes de seguir para nossa casa.  

A saída de Claire impôs o silêncio dentro do carro. Sarah continuava quieta e eu, além de respeitar sua vontade, também estava precisando de um tempo para processar a informação que sua mãe me dera: eu e o pai de Sarah seriamos iguais!  

Pretensioso,mimado e arrogante, eram, segundo ela as "qualidades" que me tornava parecido com o ex marido..."Pretensioso e arrogante,posso até ter sido, no incio de minha carreira,  e ainda hoje.As vezes", admito .." David havia me chamado atenção sobre isto uma vez, quando fui contrario a sua decisão de não operar um paciente de alto risco... Mas mimado!!"..faço uma careta relembrando minha infância e parte da adolescência.."Não. Nem mesmo enquanto minha mãe estava viva", concluo, estacionando o carro em frente de casa.

Descendo do carro, dou a volta indo me juntar a Sarah, que me esperava na calçada, colocando o braço em sua cintura, envolvendo-a,, trazendo-a para perto de mim. Entramos abraçados,seguindo assim até o apartamento. 

Lá dentro, nos separamos por um momento. Enquanto vou até a cozinha em busca de água, Sarah segue direto para o quarto. Pego uma garrafa e dois copos,levando-os comigo. Ao entrar, vejo que ela havia entrado no banheiro, deixando a porta entreaberta. Coloco a garrafa e os copos na bandeja sobre o criado mudo e vou me sentar na cama quando escuto um soluço abafado.

—Sarah? - chamo-a sem  obter resposta. Lembrando do acontecimento de dois dias atrás, sigo o rápido para onde ela está antes que se trancasse lá mais uma vez. Abro a porta e a encontro sentada sobre o vaso tampado, as mãos cobrindo o rosto--Sarah,está sentindo alguma coisa?- questiono me abaixando a sua frente, segurando suas mãos. Em resposta,ela me abraça, as lágrimas escorrendo livremente em um choro reprimido desde a hora que saímos do aparatamento de sua mãe- Tudo bem meu amor. Tudo bem- tranquilizo-a, erguendo-a,trocando de lugar com ela, fazendo-a sentar-se em meu colo- Tudo bem..- repito,afagando seus cabelos. Permanecemos assim durante um bom tempo.

Quando sinto que se acalmou, pego seu queixo com a mão,erguendo seu rosto, depositando um beijo suave em seus lábios. Um sorriso tímido ilumina seu rosto. Encosto minha testa a sua, nossos narizes se tocando em beijo de esquimó, aumentando seu riso.

—Está mais tranquila agora?- pergunto e  acena que sim- Quer te ajude a tomar um banho?- nova afirmativa e nos levantamos. Ajudo-a a se despir, me despindo em seguida. Entramos no box, abro o chuveiro e lentamente, com uma esponja, começo a ensaboar seu corpo - Espero que não se importe em usar o Meu sabonete!- brinco, fazendo -a rir- Agora está bem melhor. Nada de choro. Aqueles dois não merecem - digo,beijando a ponta de seu nariz.

Terminamos nosso banho,indo para o quarto onde visto apena o short do pijama enquanto ela poe uma camiseta longa de algodão, sem mangas. E só!

—Me comportei durante todo o banho - começo, vendo-a engatinhar sobre a cama em minha direção- Já aqui, não prometo nada! - completo no momento em estende seu corpo sobre o meu,rindo e me beijando- Ainda mais com um incentivo desses!- retribuo seu beijo,acariciando suas costas por cima da camiseta.

—Não quero que se comporte - afirma, um sorriso travesso nos lábios- Mas antes, quero te contar uma coisa-  senta-se sobre mim e ergo as pernas para que apoie suas costa.- Um dos motivos, acho que o principal na verdade, para minha mãe não ter gostado quando optei por medicina ao invés de direito e que a levou a te comparar com ele, é que meu pai é médico - revela - Cirurgião plastico. Um dos melhores do país - para, me observando, antes de continuar - Eles casaram-se muito jovens ainda. Ambos haviam acabado de  se formar, estavam iniciando suas carreiras, ele ainda um clinico geral , ela começando na firma da família...Enfim..- suspira - Pra encurtar a história, ele decidiu se especializar em cirurgia plastica tendo total apoio de minha mãe e da família. Meus avós o mandaram para as melhores escolas, os melhores cursos. Em alguns deles minha mãe o acompanhou.Em outros,preferiu ficar e investir em sua carreira também. - nova pausa - Meu pai começou a se destacar no hospital onde trabalhava, recebendo elogios  e aplausos, o que o fez ficar meio...muito convencido- corrige-se, enrugando o nariz em uma careta- Admito que , no começo, com todos os comentários, tendo conquistado a preferência do doutor Downey tão rapidamente, superando até mesmo Samantha, foi impossível não te comparar com ele- confessa,ficando vermelha diante do meu olhar de surpresa - E ainda teve Samantha..- relembra- Outra coincidência. Um dos vários casos de meu pai foi com uma colega, também cirurgiã.

—Não tive caso nenhum com a Sam- protesto.

—Eu sei.- diz, sorrindo - Mas no começo, depois ver vocês se beijando, tendo escutado ela dizer claramente o que pretendia em relação a você, e mesmo depois que começamos a sair, confesso que só me senti segura quando ela foi embora - admite,ficando ainda mais vermelha, e não contenho o riso.

—Boba! - exclamo, beijando sua mão- Como podia me envolver com alguém se um certo par de olhos castanhos, em um rosto de anjo, emoldurado por lindos cachos, já  haviam chamado minha atenção! -digo, acariciando seu rosto- Mesmo enquanto beijava Sam, pensei em você. Tanto que apareceu na minha frente! - lembro, fazendo-nos rir.

—Bom, o fato é que meu pai não foi o melhor dos maridos - continua -Como pai,nada a reclamar. Até por isso, por seu exemplo de amor a profissão, escolhi medicina. Ele tem muitos defeitos, mas como médico, sempre foi impecável. Pena não ter feito o mesmo na vida particular - reflete, triste- Por causa de sua atitude, minha mãe tornou-se uma mulher fria, distante, preocupada apenas com sua carreira, fechando-se totalmente para qualquer nova relação- deita a cabeça em minha mão,recebendo o carinho que lhe fazia.

—E pelo jeito decidiu dar uma chance justamente pra meu pai- faço uma careta ao pensar nisso- Não poderia ter feito pior escolha.- digo - Meu pai, ao contrario do seu, nunca foi um exemplo nem como pai muito menos como marido - a lembrança da noite em que minha mãe se suicidou surge em minha mente, trazendo com ela a dor de vê-la estendida no chão, sangrando - Minha mãe tinha problemas, eu sei. Eu e Claire convivemos com isso enquanto estava viva.Mas...- fecho os olhos,incapaz de segurar as lágrimas, e sinto sua mão tocando meu rosto em um carinho suave - Ela estava bem Sarah.Estava melhorando. Não tinhas crises a um bom tempo. Não estava pensando em suicídio. Até aquela maldita noite- cerro os punhos -Não consegui descobrir tudo que se passou naquele escritório aquela noite, ainda, mas vou descobrir- garanto - Vou descobrir o que se passou ali dentro que a fez abandonar Claire e a mim, e desistir da própria vida.- completo.

Sarah aproxima seu rosto do meu,colando nossas testas mais uma vez, nos acariciando mutuamente, permanecendo assim por um bom tempo, até que ela se sobressalta.

—O que foi?- pergunto, preocupando-Sarah, o que foi? - repito, a preocupação aumentando diante de sua imobilidade - Sarah!

—Mexeu!- exclama, sorrindo - Mexeu. O bebê! - coloca as duas mãos na barriga.

—Sério?! - questiono,e ela balança a cabeça afirmativamente, pegando minha mão, pondo-a sobre o ponto onde a sua estava. 

A principio não sinto nada, mas após alguns segundos, sinto um movimento discreto contra minha mão.

—Está mexendo! - comemoro, um sorriso bobo no rosto - Está mexendo,Sarah! Nosso filho !- repito, beijando-a em seguida, fazendo-a deitar-se  ao meu lado- Nosso filho! -repito, beijando sua barriga, voltando a beijar sua boca em seguida- -Eu te amo! - beijo seus olhos- Te amo! - seu nariz- Te amo!-desço para a barriga mais uma vez - E já te amo também! -distribuo vários beijos ali, fazendo-a rir- Prometo que vou ser um pai melhor do que os nossos, mais presente.

—Amo você, Connor Rhodes- me diz, segurando meu rosto entre sua mãos- Com toda força de meu coração.- confirma sua declaração com um beijo.

O dia já está amanhecendo quando finalmente adormecemos.

 

"...Yeah,we'll look at the stars when we're togetheer;

Well, It's always better when we're together..."


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Notas finais do capítulo

Bjinhos flores.



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