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Vale do Silício – Califórnia

O silêncio que se alastrava pelo ambiente era de causar agonia em ambos, por mais que ambos fossem os causadores daquele momento tenso. Por isso ele resolveu tomar a rédea da situação.

:- Nem depois de tudo você tem alguma reação. – A voz dele parece ter um efeito de eco pelo quarto de hotel, onde ele estava instalado.  – Estou cansado de absolutamente tudo.

Escutar aquilo foi como a gota d’água para naquela circunstância causar uma verdadeira enchente dentro dela. Travou os dentes um no outro, dando para si, segundos de uma tentativa de se controlar, o que foi ineficaz porque ela sentia a raiva percorrer pelas veias, ele queria então uma reação dela, pois bem, agora teria.

Com a respiração irregular ela atravessou a distância entre eles num piscar de olhos, e sem medir força, mesmo com alguns anéis de metal em alguns dedos ela deu dois tapas em cada lado do rosto dele, nem o vendo a encarar por sua vez sem reação, nem o rosto dele avermelhado, algum dos anéis cortou o lado esquerdo do rosto dele e agora tinha uma fina linha feita de sangue no rosto listo sem barba escorrendo. Nem assim se arrependeu.

:- Fuck you, Arthur! – ela disse baixo com raiva carregada e fazia com o que o seu sotaque americano ficasse evidente e esquecesse do que tinha aprendido. – Depois de tudo ainda se acha no direito de me cobrar, alguma reação? Oh please. – ela negou com a cabeça e levou uma mão aos cabelos loiros na tentativa vã de arrumá-los e não lhe atrapalhar a visão. O seu tom de ironia estava afiado naquele instante. – Esta reação esta boa o suficiente para você?

Arthur encarou Megan desacreditado não esperava uma mudança tão brusca de um segundo á outro. De alguma maneira muito errada sentiu irritação por tudo acontecer assim.

:- Você é louca! – foi o que ele disse se dando conta que sangrava.

:- Louca eu estava quando fiquei com você. Porque apesar de tudo eu fiquei literalmente cega numa mistura de paixão e carência, que me levaram a extremos, agora neste momento percebo o quanto você foi tóxico para mim. – Megan não media palavras, não tinha filtro naquele instante de falar tudo o que pensava e especialmente sentia. – O que vivemos não serviu de nada para os dois.

:- Nisso eu tenho que concordar! – ele afirmou com a cabeça e fez com seus cachos balançassem também com o ato. – Esse relacionamento só nos levou a um caminho de sofrimento.

:- Causado por ambos! – Megan concordou com os olhos grandes desacreditados no que via, aquele era o homem por quem acreditava ser apaixonada? Não podia ser. – Você me traiu.

:- Sim. Porque eu precisava ser amado. E não ser tratado como um nada como você fez.

:- Eu estava de luto. – ela passou a mão no rosto indecisa sobre bater de novo nele ou ceder à vontade insana de chorar.

:- Por muito tempo, Megan, você ficou irreconhecível. Não me deixou aproximar, só me rejeitava. Perdi demais nessa história. – ele finalmente conseguiu fazer o sangue parar de escorrer.

Megan novamente ficou em silêncio aquilo era um absurdo.

:- Escuta bem o que vou te dizer Arthur porque será a última vez que me verá pelo menos da minha parte – ela lhe apontou o dedo e agora lágrimas formaram rastros em seus olhos – eu perdi dois bebês nossos, você não sabe o que é ver sua barriga crescer chegar a plenitude e simplesmente depois nada mais que dor e vazio em vez de um baby. Estava de luto pelos abortos que sofri. E você não soube ser o homem que eu imaginava para mim. Como resposta a tudo o que passei ainda descubro ser traída? Uma vez você disse que nunca ficaria com uma “pirralha” como eu, hoje eu percebo quem foi o pirralho dessa relação. Eu não te desejo nada de bom daqui para frente. Some da minha vida. Get out!

Com essas palavras Megan pegou a sua bolsa jogada no chão em meio a discussão e se dirigiu a porta em passos largos, mas parou antes de abri-la.

:- E tem mais uma coisa. – Ela voltou a dizer numa frieza sobrenatural, Arthur só conseguiu encara-la curvado de culpa sobre as costas – Você foi um capricho meu. Neste momento me dou conta que eu nunca te amei de verdade. Foi meu premio de consolação, já que o meu coração sempre pertenceu ao Davi. Loser!

Abriu a porta do quarto de hotel e deu de cara com a mulher com poucas peças de roupa, a encarando surpresa e receosa. Ele a traiu com sua secretária do trabalho.

:- Eu lamento a sua vida a partir de agora, sabia? – a encarou de cima a baixo – Se ele fez isso comigo que sou Megan Lily Parker Marra, que dirá a você, que é uma ninguém! – Megan tinha desprezo em tudo, na voz e no olhar. Dito o seu recado então ela começou a andar pelo corredor após três passos escutou a voz feminina atrás de si.

:- Ele esta apaixonado por mim.

Megan ficou parada por segundos e não se prestou a olhar para trás para responder, disse apenas em voz alta com frieza.

:- Ele também era por mim.

E foi caminhando após colocar um ponto final naquela história conturbada que tinha vivido com Arthur. Ali naquele instante decidiu que estava na hora de mudanças, não queria mais sentir-se vazia. Não queria mais ficar ali respirar o mesmo ar que aquele homem que a derrubou no fundo do poço. Ambos moravam sozinhos nos Estados Unidos, quando ele voltasse para a casa só encontraria seus pertences jogados na sarjeta. Aquela era a primeira providência antes de tudo, agora precisava de algo a mais.

Naquela noite Megan voltou para a casa e organizou tudo, fez uma mala com algumas roupas, com toques na tela de seu iphone comprou sua passagem de primeira classe de volta a um lugar que ela se manteve afastada por muito tempo, Brasil. Lá onde morava o seu dad e irmãos. Lá onde ele morava.

Somente em pensar nele seu coração fraquejou. Sentia tanta falta, fazia tanto tempo que sequer se viam. Constatar que ainda apesar do tempo e de tudo amava Davi foi pior que descobrir da traição de Arthur. Não queria mais sofrimento para si, ninguém precisava saber dela, não queria ver ninguém conhecido, fugiria de todos, ao chegar no Brasil desapareceria.

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