The Girl in the Maze escrita por Crowley


Capítulo 2
2




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~Hinata~

Fiquei sentada naquele lugar desde o dia anterior. Vi, pelas grades acima de mim, quando o dia virou noite e a noite virou dia.

Estava com sede e fome. Chorei tanto que, ontem, sequer lembrei desses detalhes. Eu não tinha forças para levantar e seguir. Ouvi gritos a madrugada toda.

Naquela manhã escura, a chuva veio. Pelo menos uma coisa boa. Levantei e fiquei juntando água na mão para beber. Chovia forte e parecia não parar. Bebi água como se bebesse néctar dos deuses.

Naquela minha alegria momentânea, não ouvi passos que se aproximavam até ser tarde demais. Quando vi, Sasuke e Shikamaru estavam correndo com sorrisos no rosto. Quando me viram, olharam-me tão assustados quanto eu mesma.

— Hinata-san! – Acenou Shikamaru.

— O-olá, Shikamaru-san e Sasuke-san. – Falei me aproximando.

— Que bom nos encontrarmos. – Falou Shikamaru. Nós não nos falamos nunca, apenas éramos parceiros de química. Nós nos comunicávamos por meio de resolução de exercícios. Nos entendíamos sem palavras. Acho que isso fazia da gente amigos.

Quando eu olhei para Sasuke, lembrei de Naruto. Eles eram melhores amigos. Ele me encarou, como se perguntasse a si mesmo o porquê de eu o olhar. Eu não aguentei lembrar de Naruto, imaginando-o morto. Deixei as lágrimas saírem novamente, misturando-se a chuva.

Como estava sem forças física e emocional, desabei no chão. A última coisa que vi foram Sasuke e Shikamaru tentando me segurar em vão.

~Neji~

Já era domingo e não recebi sequer uma mensagem de Hinata.

Ligava para ela e sempre a mesma mensagem automática da operadora. Claro que eu liguei para o celular de Tsunade, ela era amiga da nossa família. Na verdade, eu sempre suspeitei que ela era muito amiga do meu tio Hiashi. Muito amiga!

Mas o seu celular também dava fora de área. Então, liguei para as amigas da minha prima. O que achei estranho, também. Afinal, também davam fora de área mesmo sendo de operadoras diferentes. Então liguei para o hotel.

— Olá, gostaria de falar com a aluna Hinata Hyuuga, estudante do Colégio Konohagakure. – Falei com o recepcionista do hotel onde eles se hospedariam.

— Desculpe, senhor Hyuuga, mas a escola não fez check-in neste estabelecimento. Foi remarcado para eles chegarem na segunda de manhã. – Falou o recepcionista – O motivo da mudança foi que a escola montaria acampamento numa trilha próxima.

— É verdade, eles comunicaram os responsáveis. – Falei – Obrigada. Boa tarde! – Falei desligando o telefone.

Como era domingo, não deu para ligar para a escola. Mas não ia deixar isso para o dia seguinte, quero saber se ela está bem. Arrumei uma mala e levei coisas para acampar. Vou atrás da Hinata.

Quando estava arrumando as últimas coisas, alguém bateu na minha porta.

— E aí, Neji! – Falou Lee entrando na minha casa. Bem que o senhor Hyuuga falava para mim e para Hina: “Dê dinheiro, mas não dê intimidade”. Sábias palavras.

— Fala! – Respondi – Vou sair.

— Vai pra onde com uma barraca, cara? – Perguntou mexendo nas minhas coisas.

— Vou procurar a Hina na trilha. – Falei colocando escova e pasta de dente no bolso da mochila. Tudo pronto.

— Cara, você é muito possessivo! – Falou meu amigo – Deixa a menina viver, você fica muito no pé da garota. – Continuou.

— Lee, eu sou o responsável por ela. – Falei, carregando minhas coisas e abrindo a porta, dando passagem pro recém-chegado passar e saindo logo atrás, caminhando rumo ao elevador do prédio.

— Sim, responsável. Não pai dela. – Falou – Às vezes, eu acho que você ama essa menina e não quer que ela fique com Naruto-kun.

— Pare de falar essas coisas idiotas! – Disse já irritado. Ele sempre falava isso para mim, o que é muito chato.

Acho que ele percebeu que eu já não queria conversa com ele, e descemos em silêncio. Ele me ajudou a colocar as coisas na mala.

— Eu vou com você. – Falou ele, entrando no carro comigo.

— Cara, não precisa. Não sei quando vou voltar, você vai perder aula. – Disse a ele.

— Eu vou e ponto final. – Ele disse – Só passe lá em casa pra eu fazer minha mochila e pegar uma barraca.

~Hinata~

Quando abri os olhos, notei que era noite, e que minha cabeça estava apoiada em um montinho de roupa. Sentei e vi Sasuke e Shikamaru conversando baixinho, até repararem que eu estava acordada.

— O que aconteceu? – Perguntei. Não lembrava de muita coisa, apenas daquele pesadelo.

— Você desmaiou. – Falou Sasuke.

Apenas abaixei o olhar e peguei o montinho de roupa, reparei que eram dois casacos da escola: o de Sasuke e de Shikamaru, claro. Uma vez, li uma teoria de autor desconhecido sobre o perigo. Ele disse que nós mudamos completamente em situações complicadas, dizia que poderíamos fazer qualquer coisa que, geralmente, não faríamos. Eu não estou gaguejando ao falar com um menino. Pior, eu estou falando com meninos. MeninoS! Concordo completamente com aquele autor.

— Você está melhor? – Perguntou Sasuke.

— Estou sim, Sasuke-san. Obrigada por perguntar! – Falei, fazendo uma referência respeitosa.

Shikamaru riu depois que fiz esse gesto.

— O que houve? – Perguntou Sasuke.

— Ela continua educada mesmo em um momento como esse. – Ele ainda ria – A Temari sempre fica extremamente irritada em qualquer situação difícil. Ela é muito problemática! – Ele ainda ria. Aos poucos, seu riso sumia, como se estivesse lembrando algo – A minha problemática...

Todos nós nos lembramos o que, de fato, tava ocorrendo. Algo concreto. Tinha alguém atacando e matando nossos amigos. Naruto-kun... e isso estava demais. Um olhar de melancolia estava estampado na nossa face. Tentamos desconversar, mas somente ar saía de nossa garganta. É como querer gritar e não poder. E, de fato, não podemos; qualquer barulho e nós morremos nesse jogo de terror.

— Você foi atacada alguma vez, Hinata-san? – Perguntou Sasuke.

— Sim. – Falei e mirei seus olhos – Eu estava com Naruto-kun. – Quando falei o nome do melhor amigo dele, seu olhar ficou bem focado no meu, escutando minimamente o que eu dissesse a seguir – Estávamos cansados, com sede e fome. Ele ouviu um barulho, mas eu estava cansada demais para fugir se fosse algo em vão. Ele disse que ia checar. – Falei e as lágrimas caíam já, novamente – Ele foi ver. Demorou tanto a voltar que eu pensei que não tivesse nada aonde ele foi. Mas a gente se engana para ficar um pouco feliz, né? – Falei, dando um sorriso amarelo e logo o desfazendo – Ele gritou mandando eu fugir. Comecei a correr, mas estava bem lenta. Quando virei, lá estava a coisa que mata a gente. Ele tinha sangue na faca, e uma máscara bizarra.

Eles se entreolharam, mas ficaram em silêncio. Sasuke tinha os olhos marejados, como se qualquer palavra direcionada para ele a seguir fosse ser uma faca que o cortaria por dentro e o faria sangrar o sangue que ele não tem, só para vê-lo agonizar da forma mais vil, cruel, maldosa existente. Eu respeito esse momento dele.

~Neji~

Eu e Lee chegamos um pouco tarde no local onde os alunos acampariam. Nós fomos até o chalé da guarda-florestal que controlava a entrada e saída do camping. Entramos e perguntamos qual era a localização dos alunos de Konohagakure, e o que ele me disse fez meu ser ficar irado:

— Desculpe, rapaz, mas eles não vieram. – Ele disse. Admito que meu sangue gelou ao ouvir aquilo.

Procuramos sobre notícias de acidente na estrada, mas não tinha tido nenhum pelo caminho desde a semana passada, onde um carro atropelou um coelho selvagem e derrapou um pouco. Só isso. Mais nada.

— Cara, admito que isso tá bem estranho. – Falou Lee quando entramos de novo no carro – Onde vamos passar a noite?

— Eu não sei. – Falei – Quer voltar pra cidade ou dormimos aqui essa noite? – Perguntei

— Vamos ficar essa noite aqui, é muito tarde para pegar estrada. – Ele disse e eu tive que concordar.

Ficamos, armamos nossas barracas e comemos uns pães que levamos. Ficamos conversando para nos distrair. Quero dizer: me distrair. Lee é o melhor amigo do mundo, não tenho dúvidas. Enquanto conversávamos, eu lembrei de algo que não tinha passado pela minha cabeça.

— Lee! – Eu falei alto interrompendo meu amigo.

— ...Oi? – Ele disse.

— O GPS da Hinata tem rastreador. Um tracker! – Falei.

— O que diabos é isso? – Ele perguntou com suas sobrancelhas grossas arqueadas.

— Quando fomos comprar o GPS dela, fiz questão de que ele pudesse ser rastreado. – Disse, vendo ele fazer aquela cara que ele sempre faz quando diz que eu sou muito possessivo. Antes que ele dissesse algo, continuei – Como somos só nós, tenho medo que ela se perca na floresta. Se ela se perder, pelo menos tem um rastreador. É igual aqueles de carro. – Contei.

— Cara, vou te levar num psicólogo. – Ele disse – Sério, você é muito protetor com essa menina. Você tem um rastreador para ela! – Falou de levantando e me olhando. Ficamos uns 15 segundos assim – O que você está fazendo? Levanta e vamos atrás dela!

Nem pensei duas vezes. Era tarde, mas não tinha sono. Tinha que saber se Hinata estava bem. Só assim meu ser descansaria. Fomos até o chalé do guarda-florestal e, para minha sorte, tinha internet lá. Coloquei meus dados no site da empresa de rastreamento e busquei a localização.

— Algo está errado. – Falei para Lee – A localização diz que Hinata está há mais de 4 horas daqui. – Mostrei no monitor.

— Mas não tem nada nesse lugar marcado. – Ele disse, franzindo as sobrancelhas.

— Exatamente. – Falei.

— Vamos lá pela manhã, cara. – Ele disse – Você precisa dormir, sua cara está péssima. – Lee riu – e a minha também deve estar. Vamos!

Agradecemos o guarda por usar sua internet e fomos para nossas barracas que não eram muito longe do chalé, ainda bem! Mas estávamos mesmo cansados, então o caminho de 15 minutos até lá foi bastante cansativo.

~Hinata~

Shikamaru deu a ideia de comermos as folhas da parede de arbusto que vimos. Achei estranho de início, mas era melhor que ficar de estômago vazio. Nós procuramos não fazer muito barulho, tínhamos medo de que ‘aquilo’ nos visse. Enquanto continuávamos nossa jornada pela saída, ouvimos vozes. Femininas! Era como se choramingassem algo. Nos aproximamos e, ao longe, vimos Tenten, Sakura e Ino sentadas, de cabeças baixas.

Quando nos viram, empalideceram. Ainda sentadas, se afastaram de nós e não entendemos muito bem o porquê delas nos olharem daquela forma, sendo que sempre fomos amigas. Foi durante esse pensamento que ouvi Shikamaru dizer:

— Corram!

Eu e Sasuke viramos para ver o que Shikamaru e as meninas viam atrás de nós. Foi quando vi aquela criatura com um manto preto e máscara bizarra. E aquela faca. Sem pestanejar, nós 6 corremos daquilo, vez ou outra nos virando para ver se havíamos despistado. Virávamos tantos corredores que era muito fácil se perder e voltara para onde estava.

Quando reparamos que a coisa parou de nos seguir, tomamos ar. Vi que Tenten e Ino estavam muito fracas, e Shikamaru falou para elas comerem as folhas. Sakura disse que tinha acabado de encontrar com as meninas, e disse que havia sido atacada junto com Chouji. Chouji não conseguiu correr, e ela só viu a coisa o apunhalando.

Ficamos de luto por um tempo, até nós voltarmos a andar. Andamos tristes.

— Parem! – Falou Ino olhando para o chão. Logo todos nós olhamos. Havia muito sangue espalhado no piso. Até poderia ser confundido com aquele rio de sangue do final de A Hora do Pesadelo.

— De quem será tudo isso? – Perguntou Tenten.

Nós nos olhamos, tristes e com medo de que aquilo estivesse perto de novo.

Azar o nosso.

A coisa correu em nossa direção e fomos obrigados a correr na direção contrária àquela que íamos. Sem rumo. Sem porquê. Apenas correndo para viver mais um pouco. Era tão cedo, mas já estou desistindo de continuar jogando.

Foi quando eu parei de correr, sem forças. Shikamaru, Sasuke, Ino, Tenten minha melhor amiga Sakura se voltaram para trás a tempo de me ver parando. Eles pararam. Eles morreriam comigo?

— Vão! – Gritei.

— Hinata, aquilo não nos segue mais. – Sasuke quem disse. Me virei e constatei que, realmente, não morreria ainda.

Ainda não.


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Notas finais do capítulo

Olá, você que leu até aqui. Por favor, me avisem se há alguém erro que meus olhos não captaram. Beijos, e obrigada.