Quem vai ser papai? escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 7
Inconfudível


Notas iniciais do capítulo

No mesmo dia do show...



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NARRADO POR SOPHIE

...

Finalmente estou de volta à cidade. Tive que adiantar a viagem em um dia, mas acho que não terá problema com minhas primas. Acho que vou direto para o apartamento delas. Mas, a verdade é que eu queria muito ver outra pessoa... Ai, como eu morro de saudades do Nathaniel! O último ano do colégio foi o melhor da minha vida. Nós ficamos juntos e depois dele eu nunca mais fiquei com ninguém.

Será que ele ainda pensa em mim? Será que tem namorada agora? Fico angustiada só de pensar que ele tenha me esquecido. Mas, a vida segue e eu não posso fazer nada. Tive que viajar com meus pais e acabei fazendo faculdade em outro lugar. Pena que mantive contato com ele por tão pouco tempo. Nesses últimos anos nem sei o que ele fez da vida, nem sequer se ainda mora aqui. Seria praticamente impossível encontrá-lo numa cidade tão grande.

Resolvi ir direto ao apartamento das minhas primas.

Peguei um táxi e fui até lá. Porém, ao chegar dei de cara com a porta fechada. Perguntei aos vizinhos e disseram que elas haviam saído de carro. Tentei ligar para elas, mas foi inútil, o celular estava fora de área. Fiquei imaginando o que teria acontecido, para onde teriam ido, até que encontrei a possível resposta que estava bem na frente dos meus olhos. Um outdoor ali perto anunciava o show da banda Winged Skull e como show de abertura a banda do Lysandre com o Castiel.

— Claro! Elas só podem ter ido ao show! – Conclui, já que minha prima Anne-Marie namora o Lysandre há tempos e eu sei que a Michele e o Castiel vivem se encontrando por aí.

Então, seria perda de tempo eu ficar ali esperando, elas demorariam muito a voltar.

Decidi, assim, passear pela cidade. O único incômodo era levar minhas malas junto, já que não tinha onde deixá-las. Não era muita coisa, apenas uma mala grande de rodinhas e uma mochila, mesmo assim não era muito seguro andar com tudo isso pelas ruas. Mas, eu não tinha para onde ir, e ficar sentada na porta da casa das minhas primas estava fora de cogitação.

Assim, saí andando meio sem rumo. Parei numa lanchonete e depois andei mais um pouco. Quando percebi, eu estava passando por uma rua bem familiar, pela qual eu já havia passado muitas vezes, durante os melhores anos da minha vida. Era a rua da escola Sweet Amoris.

Parei bem em frente à escola e tantas lembranças vieram a minha cabeça. Praticamente todas com o Nathaniel como protagonista. Afinal, ele era o único em que eu pensava depois de admitir que havia me apaixonado por ele.

Para não ficar só ali parada, resolvi entrar e fazer uma visita. Por que não?

Falei ao porteiro que eu era uma ex-aluna e ele me deixou entrar. A escola estava um tanto diferente da última vez que a vi. Inclusive pelo fato de ter porteiro agora. As cores eram outras, o ginásio parecia maior e a fachada estava reformada. Ao entrar vi que os corredores também estavam diferentes, embora algo parecesse ainda muito igual... A sala do grêmio. Foi ali onde tantas vezes eu vi o Nathaniel sair e suspirei por ele, calada, pois não tinha coragem de confessar meu amor, pelo menos não até o dia em que nós dois tomamos a atitude de deixar nossos sentimentos falarem mais alto e ele, enfim, me beijou pela primeira vez.

Fiquei olhando para aquela porta quando uma sensação de dejá-vu tomou conta de mim. Me arrepiei ao ver o Nathaniel saindo dali mais uma vez como antes. Ou eu havia voltado no tempo ou minha mente me pregava uma peça. Foi então que eu vi que era real quando ele olhou tão espantado quanto para mim e se aproximou...

— Sophie!

— Nathaniel!

Ele sorriu com aquele sorriso lindo que ele tem e veio ao meu encontro. Me abraçou num abraço tão apertado que eu soltei minha mala e o abracei cheia de saudade. Ainda era muito inacreditável que ele estivesse bem ali.

— Há quanto tempo! – Ele tocou meu rosto. – Senti tanta saudade.

— Eu também.

— O que você faz aqui?

— Eu que te pergunto, o que faz aqui? Eu acabei de chegar de viagem, estava passando e resolvi entrar, fazer uma visita, mas... Jamais imaginei te reencontrar logo aqui!

— Pois é, você não vai acreditar, mas... Eu estou trabalhando aqui.

— Quê! Você está trabalhando aqui?

— Estou. Estou estudando psicologia e meu estágio é aqui. Também sou professor de apoio, acredita? Além de assistente do Sr. Faraize, que agora é o diretor daqui.

— Não acredito!

— Pra mim também foi difícil de acreditar no início. Eu não me imaginava voltando para essa escola depois de acabar os estudos, mas o Sr. Faraize me chamou e me deu uma oportunidade. Ele disse que precisava de alguém de confiança para ajudar os alunos com dificuldades e assisti-lo em alguns assuntos e...

— E você era perfeito para o cargo. Adivinhei?

— Bom, foi o que ele disse. Devo admitir que eu não imaginava que a escola passaria por tantas melhorias sob o comando dele. Ele não é mais aquele professor inseguro que conhecemos.

— Ah... E a senhora Shermansky?

— Se aposentou. E já era hora, não é?

— Com certeza!... Nossa! Quanta coisa mudou...

— Verdade. Mas... – Ele pegou nas minhas mãos. – Algumas coisas permanecem as mesmas. Pelo menos é o que eu espero.

Nos olhamos por uns segundos sem dizer mais nada, quando fomos interrompidos pelo professor Faraize.

— Nathaniel, o que está fazendo?

— Ah! Senhor Faraize, veja quem veio nos visitar.

— Oh! Senhorita... – Estalou os dedos tentando lembrar meu nome. – Sophie, acertei?

Nos cumprimentamos.

— Sim, professor, ou melhor, diretor Faraize.

— O que faz por aqui? Sentiu saudade da sua antiga escola?

— Um pouco sim. Cheguei de viagem agora a pouco e como estava por perto decidi ver como tudo estava por aqui. A escola está bem diferente.

— Nem tanto. Eu só fiz umas melhorias que me pareciam necessárias. O Nathaniel, como ex-aluno e ex-representante de turma tem sido de grande ajuda para que eu saiba exatamente onde mudar as coisas.

Olhei orgulhosa para o Nathaniel.

— O Nath é mesmo valioso. Sempre soube o que fazer.

Nathaniel sorriu para mim com as bochechas levemente ruborizadas.

— É mesmo. – Concordou o Sr. Faraize. – Infelizmente não posso ficar conversando mais, tenho muita coisa para fazer. Mas, Nathaniel, mostre o restante da escola para sua colega, ela vai gostar de refazer esse passeio.

— Tenho certeza que vai. – Nathaniel estendeu a mão para mim. – Vamos?

Eu dei a mão para ele. – Vamos.

Nathaniel me levou para ver as novas instalações da escola e no final me fez esperar no pátio enquanto ele falava com o Sr. Faraize. Em seguida veio até mim com um sorriso largo.

— Adivinha! Eu falei com ele e ele me deixou ter o resto do dia de folga. Eu queria... Passar mais um tempo com você.

Aquilo fez meu coração pular de alegria.

Nós saímos. Eu contei que eu fui à casa das minhas primas, mas elas não estavam, então ele me fez um convite irrecusável...

— Quer ir para minha casa, descansar um pouco?...

Aquela ideia fez meu coração acelerar ainda mais. Obviamente, aceitei sua proposta.

...

Entramos no apartamento dele conversando alegres. Ele só havia me levado lá uma vez. Havia sido o dia e a noite mais maravilhosos da minha vida. Vendo tudo ao redor, tudo permanecia igual. Parecia que o tempo não havia passado ali dentro.

De repente, senti algo felpudo roçar em meus pés. Logo vi quem era.

— Branca! Olá, fofinha!

Nathaniel a pegou no colo.

— Está com fome, meu amor? Vou te dar seu almoço. - Foi com ela em direção a cozinha e eu o segui. Ele foi me falando enquanto colocava o pratinho com a ração da gatinha:

— Ontem essa danadinha fez uma bagunça no apartamento do vizinho brincando com o cachorro dele.

— Não acredito!...

— Você não vai acreditar quando eu disser quem é o meu novo vizinho.

— Quem é?

— O Kentin. Ele voltou à cidade e se mudou para esse prédio.

— Quer dizer que a Branca agora é amiga do... Cookie, não é?

— É sim. Você tem uma boa memória!

— Tenho. Por exemplo, seu apartamento está igualzinho ao que me lembrava. - Fiquei olhando ao redor e ele chegou perto de mim.

— Pois é... Aqui nada mudou.

— Por que você não quis?

—... Não. Eu até tentei, mas, a verdade é que não consegui mudar. – Ele se aproximou mais e olhou nos meus olhos. – E eu não estou falando só do meu apartamento.

— De quê, então?

— Do meu coração.

Aquilo me deixou sem palavras.

Ele suspirou profundamente e seriamente me perguntou: - E você... Mudou? Digo... O que sentia por mim?

— Eu...

— Você tem namorado? Está saindo com alguém?

Eu ainda estava anestesiada por tê-lo tão perto de mim de novo e ainda tão apaixonado quanto antes. As palavras simplesmente não saiam pela minha boca.

Ele virou de costas, levando uma mão ao rosto. Parecia perturbado.

— Eu sabia! Muito tempo se passou. Você... Você deve estar com alguém agora, não é? O que houve entre nós já não existe mais. Eu fui um bobo em pensar que...

— Nathaniel! – Larguei tudo e o abracei. – A-Aquele sentimento ainda existe! Ainda sinto a mesma coisa por você.

Nós ficamos de frente um para o outro e eu respirei fundo para contar-lhe o que sentia.

— Você ainda é apaixonada por mim?

—... Sou. Isso nunca mudou.

Ele sorriu. – Em mim também não.

— E... Eu acho que... Que nunca vai mudar. Por que agora eu estou mais madura e... Esse sentimento... Amadureceu comigo. E durante os últimos cinco anos, eu tentei... Eu juro que tentei te esquecer. Mas, não consegui te tirar do pensamento.

Nós dois estávamos emocionados. Ele acariciou meus cabelos e meu rosto, e sussurrou:

— Não sabe como me faz bem saber disso. – Beijou meu rosto e falou: - Eu poderia repetir suas palavras. São as mesmas minhas. Mas, agora eu não quero falar. Só quero fazer uma coisa.

— O quê?

— Isso! – Me beijou.

Foi um beijo tão intenso, tão apaixonado, que eu só podia retribuir da mesma forma.

Após o beijo sorrimos com os rostos colados. Era delicioso saber que ele ainda me amava tanto quanto eu continuei amando-o por todos esses anos. Ele, então, me fez um pedido que de jeito nenhum eu recusaria.

— Fica aqui comigo, o dia todo. Por favor.

— O dia todo aqui com você?

— Sim. Eu não vou mais trabalhar hoje, você não vai para a casa das suas primas, pronto. Ficamos aqui, só nós dois. Vamos recuperar um pouco do tempo perdido.

Aquele pedido me encheu de tanta felicidade que eu só pude responder:

— É o que eu mais quero.

...

Passamos o dia inteiro juntinhos, nos amando como nunca. Agora não mais dois adolescentes cheios do fogo da paixão, mas dois adultos com a chama mais intensa, a do amor.

...


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...