Marie

A menina correu para a sala das armaduras assim que seu pai saiu de casa. Embora ele dissesse que ela só poderia ser heroína quando terminasse a faculdade e fosse alguém na vida, tinha projetado uma armadura para Marie, no caso de haver uma emergência.

A menina sentiu-se perdida no meio de tantos projetos e armaduras prontas, mas sabia onde estava a sua. Marie pegou uma escada e subiu até a vitrine onde uma manequim feminina utilizava um cinto vermelho, feito de ferro, e duas pistolas.  

 Como havia desativado J.A.R.V.I.S, para realizar sua fuga em paz, Marie precisava se virar. Aquilo podia ser aberto com uma senha, mas a menina não sabia qual era. Provavelmente todas as senhas eram diferentes, para maximizar a segurança, mas ela tinha uma ideia de qual seria a combinação. Tocou na vitrine, e um painel cheio de números apareceu.

Era uma escolha óbvia, mas era a única coisa que Marie tinha pensado. Ao digitar sua data de aniversário, a vitrine se abriu. Marie ficou um pouco decepcionada com o pai por ter feito algo tão inseguro, mas logo colocou o cinto em seu short e guardou as pistolas no bolso do casaco.

Desativou o GPS rapidamente, e acionou o botão que fazia a janela subir. Estava colocando a primeira perna no parapeito da janela para então pular, quando a porta da sala abriu-se. Sua mãe, Pepper, entrou e correu em direção à Marie, com seus cabelos ruivos balançando ao vento.

— Que diabos você está fazendo? – gritou ela.

A menina jogou-se da janela, antes que a mão de sua mãe a alcançasse. Sua mão não conseguia acionar o cinto, graças à velocidade a qual Marie estava caindo. Daqui a uns segundos ela seria mais um cadáver, seus restos mortais presos no asfalto. 

Por sorte, a ativação automática de emergência fez com que seu corpo fosse coberto por ferro, o que foi uma sensação inédita para Marie. A armadura que a cobria era semelhante com a tradicional de seu pai, só que mais justa e feita para mulheres. 

O modo voo acionou-se, e a menina foi levada pela armadura. Marie não sabia pilotar uma roupa daquelas, seu pai só ia ensiná-la próximo verão, então foi dando piruetas e chocando-se contra alguns prédios, o que a machucaria se a armadura fosse um por cento menos resistente e protegida. 

Por um erro de controle, a menina foi jogada em um beco escuro, quicando duas vezes e chocando-se contra a parede. A armadura tornou-se novamente um cinto, e ela sentia dores nas costas. Demorou vinte minutos para recuperar-se, e foi quando ouviu sirenes da polícia. Marie levantou-se e caminhou para fora do beco, onde viu, saindo do banco, um homem armado carregando uma refém. Puxou suas pistolas, mas quando ia atirar, percebeu passos indo em direção ao beco.

Correu para onde as sombras a acobertariam. Se tivesse sorte, algum vilão rodeava o local, e ela ficaria com os créditos de ter vencido ele. Com suas pistolas em punho, viu quando alguém entrou, com a máscara do Capitão América e carregando um escudo. Não podia ser Steven, já que o escudo era totalmente azul e no centro havia uma estrela branca.

O adolescente preparava seu escudo, e Marie o observou durante alguns minutos. Quando o menino finalmente fez seu movimento, ela interceptou a arma, atirando nela. O garoto pareceu confuso, e pegou o seu escudo, protegendo-se rapidamente. 

Marie saiu das sombras com suas armas preparadas, e o menino virou-se. Quando viu seus olhos, a menina logo soube quem era. Stuart parecia ter percebido sua amiga de infância, mas para Marie eles eram mais que isso.

Quando pequenos namoraram por um curto período, até ambos serem separados devido a seus treinamentos. Embora tudo isso tinha acontecido, Marie precisava resolver o caso do assaltante, e Stuart estava atrapalhando-a. Ela atirou nele, aproveitando sua hesitação, mas o tiro ricocheteou no escudo do menino. 

Enquanto Stuart tentava entender o que estava havendo, Marie correu, ignorando-o. Quando finalmente levantou suas pistolas para matar o assaltante, o homem foi derrubado no chão, provavelmente pelo tiro de algum agente da S.H.I.E.L.D. 

Marie ficou furiosa, mas não teve muito tempo para pensar já que ouviu passos atrás de si. Olhou para trás, lembrando-se de Stuart, mas o menino estava parado. De cabelos loiros e uniforme preto e branco, Harpia caminhava até Marie.

— Fugindo de casa, hein? – disse a mulher – Sua mãe pediu para que eu a levasse de volta, já que estava fazendo meu turno.

Marie olhou para Stuart rapidamente.

— Você vem ou não? – disse ela.

O menino demorou um pouco para entender, assim como Harpia. Quando ambos entenderam, Stuart pulou nos ombros de Marie, e a armadura apareceu novamente. Harpia correu até eles, mas quando chegou perto, Marie decolou, levando Stuart em seus ombros.