No Roses escrita por AleyAutumn


Capítulo 3
3




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3

 - Qual o motivo para ter me chamado com tamanha urgência? - Marcel passou pela enorme porta da mansão - Não sabia que estava arrumando uma outra casa em Madri Niklaus, pensei que gostasse da família unida. - ironizou e o sorriso se desmanchou com cena  – Isso obviamente não saiu de você.

 - Eu o chamei para me ajudar e não para me criticar. - foi ácido e o moreno abriu um sorriso vendo o loiro sentado no sofá com os pés descansando na mesa de centro enquanto o bebê se remexia em seus braços - Um favor amigável?

 - Você tem empregados.

 - Nenhum é um vampiro velho e bem treinado a quem eu assegure a garota. - Marcel riu.

 - E sua família?

 - Eu não confio nem meus sapatos mais baratos a eles.

 - Nem as suas havaianas? - o loiro ergueu um dedo o olhando alterado

 - São para o banho.- moreno gargalhou e se aproximou olhando o bebê com curiosidade.

— Vamos esperar isso crescer pra matar ou fazer chantagem na mãe? - o loiro o olhou horrorizado.

— Marcel eu não tenho tempo pra isso.

— Tempo você tem de sobra, tanto que arrumou algo para brincar. - o moreno contestou com os olhos presos no bebê.

— Apenas não me questione, pegue. - passou a criança para ele enquanto se levantava, o moreno  segurou com assombro enquanto olhava com descrença para o loiro - Preciso sair, logo estarei de volta. O nome é Natalia, ela apenas bebe leite. Dê quando chorar e se ela não quiser... - o olhou com um enorme sorriso malicioso - Verifique a fralda dela.

Marcel fez uma careta e suspirou vendo as pequenas mãos se agarrarem a jaqueta dele, ele não tinha vocação para babá, mas não pode contestar já que Niklaus desapareceu antes mesmo que ele pudesse piscar os olhos. Se questionou do quanto disso ele teria que participar, ele simplesmente não poderia virar as costas para algo tão bizarro quanto isso. Marcel não podia negar que esperava que um dia algo assim fosse acontecer, ele só não esperava que fosse com um bebê tão jovem, ele iria mesmo criar ela?

— Tá bom. - ele se virou e apenas suspirou enquanto seguia em direção ao andar de cima - Niklaus me tirou da minha cidade para ser babá de uma criança. - resmungou baixo enquanto subia as escadas tendo o máximo de cuidado para não a despertar de seu sono, mas em nada adiantou.

— Senhor Marcel, Niklaus me colocou a sua disposição. - a empregada estava parada ao lado do berço com o olhar vidrado, o morena sabia muito bom o significado daquilo, ela era o alimento dele.

— Oh perfeito, faça com que ela durma. - esticou os braços mostrando o bebê para ela que apenas negou com a cabeça.

— Ele disse que não era minha obrigação. - Marcel suspirou sabendo que não venceria uma hipnose de Niklaus, ele sentia que estava sendo castigado por alguma coisa que fizera ao loiro.

O moreno analisou o bebê cuidadosamente e olhou ao redor notando pela primeira vez a decoração do quarto, era de um de cinza claríssimo com móveis e prateleiras brancas repletas de objetos coloridos e algumas antiguidades de prata e madeira deixando o ambiente um pouco mais sério do que deveria ser. Isso o fez negar com a cabeça e colocar o pequeno corpo no berço enquanto retirava a imensa espada da parede e algumas decorações que em nada deixaria a criança mais próxima de uma "criança comum".

— Acredito que esteja na hora do senhor trocar a fralda. - a empregada anunciou com um sorriso e ele fechou os olhos com força dando um sorriso duro.

— É claro. - o moreno a colocou no trocador e fez uma careta ao sentir o cheiro - De vampiro para babá de uma criança sequestrada por outro vampiro.

ººº

— O que você tem na cabeça para fazer isso Niklaus? - foi o que o loiro escutou assim que passou pela porta e viu o moreno com os braços cruzados de frente para a porta do hall.

— Não tenho nada meu amigo, estou apenas resolvendo um pequeno problema básico. - desconversou.

— Ligue para Rebekah. - o loiro grunhiu - Ou devolva a criança de quem você a tirou.

— Eu matei a mãe, então não dá pra voltar de onde veio e Rebekah não deve saber sobre nada do que está acontecendo aqui. - o olhou intensamente - Fui claro? Não quero que minha família se meta em assuntos que não os interessa

— A pegou por qual motivo?- os dois paralisaram enquanto se encaravam em desafio, Niklaus esperando que Marcel desistisse e Marcel esperando que ele contasse o motivo - Qual o motivo de a manter aqui? Acha que ela pode lhe dar tudo aquilo que você nunca teve um dia?

— Eu não esperei a mesma coisa de você Marcel. - o loiro resmungou baixo enquanto respirava forte - Não questione minhas atitudes. - sua voz se elevou - Você só precisa saber que ela está aqui, eu só estou pedindo um simples favor... que a proteja quando eu não puder estar por perto. Algo que eu garanto que não irá acontecer com frequência, Natalia é uma responsabilidade minha.

— Em troca de que? - o moreno estreitou os olhos.

— O que acha de respeito mútuo? Serve para você? - o silêncio reinou no local enquanto os dois ouviam os batimentos do bebê no andar de cima.

— Me ligue quando precisar. - não esperou para ver o sorriso de resposta do loiro.

ººº

— Eu preciso ir por alguns dias para não chamar a atenção de nenhum deles, ver Rebekah e me encontrar com Elijah. - o loiro passou por ele que se entretinha em mostrar um brinquedo excessivamente colorido para o bebê que estava no carrinho. - Seja discreto Marcel.

— Foi por isso que você me chamou, eu serei. - resmungou baixo - E Kol? E Finn? - os dois se encararam enquanto o loiro franzia a sobrancelha.

— Kol e Finn... talvez eu esbarre com eles por lá, algo que acho difícil. - ele se aproximou olhando o bebê e deu de ombros sem se importar em a fazer vê-lo.

— Desde quando deixou de se preocupar com eles?

— Desde que todos meus irmãos se uniram para me ver sumir de suas vidas, foi desde esse momento. - Marcel preferiu ficar em silêncio sabendo que qualquer Mikaelson sempre seria importante para Niklaus, não precisava ser um gênio para saber que ele os amava apesar da eterna e cruel briga em que viviam.

— Boa viagem. - apenas desejou saindo logo atrás do loiro enquanto empurrava o carrinho pelas ruas de Madri, o clima estava agradável para um breve passeio, era o que Marcel mais precisava nos últimos dois meses desde que a pequena criatura passou a fazer parte de sua vida.

Era um relacionamento estranho, Marcel não acreditava que poderia formar laços com ninguém depois de tantos anos, mesmo tendo sido rei por boa parte do tempo. Sua vida havia mudado drasticamente quando alguns anos atrás Niklaus tomou seu reinado de volta, Marcel se tornou um príncipe assumindo o reino quando o loiro não estava por perto e agora dezenas de anos depois esse mesmo homem o chamava para o outro lado do mundo pedindo para que ele cuidasse de uma criança que ele havia sequestrado e quase matado. Era algo de se surpreender, o moreno ainda se lembrava na raiva que sentira quando tudo fora tomado dele, a mesma raiva havia voltado para o assombrar durante algum tempo fazendo com que o desejo de ver Niklaus sem qualquer estrutura retornasse, mas ele não fora capaz disso, ele não era cruel e nem ingrato o suficiente para acabar com a vida daquele pequeno ser e de seu criador apenas por querer controle.

— Eu esperava ver você fazendo outras coisas, não isso. Desde quando sonha com a vida familiar? - o moreno parou suspirando e girando cravando os olhos em Elijah que estava parado com as mãos nos bolsos enquanto analisava a cena.

— Não estou sonhando com a vida familiar. - se mostrou despreocupado - Você sabe da minha relação com algumas bruxas, estou prestando um pequeno favor.

— Soube que Niklaus esteve aqui.

— Foi embora há dois meses atrás. - mentiu, Niklaus havia passado os dois meses de olho no pequeno bebê que havia tomado para si chamando Marcel em raras ocasiões.

— O que está procurando Marcel? - os dois se olharam em desafio - A cena que estou vendo agora me preocupa demais, acredito que está ocorrendo algum problema do qual deveríamos ser informado pois não é natural que um vampiro crie um bebê, ainda mais de uma bruxa.

— Talvez eu esteja dando um susto nela. - desconversou se mostrando impaciente a medida que uma agitação ocorria no carrinho.

— Levando o filho dela para um banho de sol? - se aproximou olhando os dois e vendo a pequena completamente coberta enxergando apenas os cabelos escuros dela - Não me parece um jeito muito esperto de se assustar alguém.

— O que você sabe sobre laços familiares? - estreitou os olhos.

— Touché. - puxou o ar com força antes de colocar as mãos dentro do casaco e olhar para o alto de um prédio - Se entrar em contato com Niklaus diga para ele que preciso o ver.

— Direi. - acenou com a cabeça e tornou a caminhar sentindo o corpo tenso enquanto fugia dos olhos desconfiados do Mikaelson.

 

— Natalia aos 1 ano e 6 meses -

— Pare de correr! - Marcel seguia a criança de um lado para o outro - Niklaus vai me atormentar se te vir com outro machucado.

Era uma noite excessivamente quente em Madri, algo não muito comum para aquela época. Marcel havia sido chamado poucos dias atrás por Niklaus para passar alguns poucos dias viajando a pequena Natalia, algo que o deixou bem irritado nos últimos dias.

— Crianças se machucam senhor. - uma empregada passou correndo por ele e o moreno logo entendeu quando viu a comitiva de empregados se dispersarem para todos os cantos possíveis, antes que pudesse se esconder o loiro já surgia gritando a plenos pulmões.

— Marcel meu amigo!- abriu os braços como se esperasse um abraço.

— Klaus eu não sou babá dessa garota, ela não para quieta um segundo. - ele apontou para a criança que surgiu correndo pelo corredor e derrubou um imenso vaso no chão enquanto os dois a olhavam vendo-a correr de um lado para o outro sem nem cambalear.

— Não caiu, sinal de que está bem alimentada. - o loiro sorriu e se agachou vendo-a parar diante dele o olhando com curiosidade - Oras, eu só sumi por 5 dias.

— Eu criei sua filha por 5 dias.

— Tomara que ela não tenha aprendido a ser mal caráter. - Klaus sorria enquanto Marcel o encarava seriamente ainda acreditando que era apenas uma brincadeira de mal gosto, por fim decidiu dar de ombros sem realmente se afetar com o "carinho paternal".

— Kaus. - Marcel riu quando ela o chamou.

— Acertou em cheio, papai Caos. - resmungou se afastando enquanto o loiro a pegava no colo - Caos foi o que minha vida se tornou nesses meses.

— Não seja dramático Marcel, se formos contar a quantidade de tempo que você passou com ela eu diria que a soma seria equivalente a pelo menos 32 dias.

— Mas eu troquei as fraldas, dei comida, levei pra correr com as outras crianças...

— A deixou cair, deixou o joelho rasgar na calçada, ela quebrou uma unha...

— Ela nem sentiu! - resmungou - Ainda não entendo o motivo de você ainda não ter a levado para Rebekah, ela iria adorar fazer esse papel. Olhe para nós discutindo como se fossemos um casal. - os dois fizeram careta - Se não o fará pelo menos contrate uma babá, uma criança humana sendo criado por vampiros nunca irá parecer um humano de verdade.

— Eu não disse que a iria integrar no mundo humano Marcel.

— Dê a ela pelo menos essa chance de fugir de você, uma hora ela vai se cansar de ficar 24 horas olhando pra sua cara e ouvindo você gritar ordens até para as paredes.

O loiro suspirou e olhou para as paredes da casa enquanto pensava no que Marcel havia dito, ele realmente precisava integrar a criança com os humanos, isso realmente a deixaria mais humana ao invés de a transformar em um protótipo de bicho selvagem criada por vampiros sanguinários com complexo de superioridade.

— Sem babá!

— Escola! - os dois a olharam vendo que ainda era nova demais para algo assim.

— Vamos ter que esperar mais alguns anos. - Marcel se jogou no sofá enquanto Natalia soltava um grito estridente e se jogava dos braços de Klaus e pulava em cima de Marcel o mordendo com força.

— Isso não deveria acontecer. - o loiro resmungou a tirando de cima dele e a pegando no colo.

— É claro que não deveria acontecer, crianças não saem mordendo pessoas por ai, você a está criando como uma selvagem.

— Olha só quem está falando, eu sumo por cinco dias e quando volto minha filha acha que pode grudar nas paredes. - Niklaus começou a gritar sozinho jogando toda a culpa do péssimo comportamento da filha no pobre vampiro que estava completamente alheio encarando a pequena criança sorridente e brincalhona que se entretinha em tentar desaparecer dos olhos dele.

Definitivamente, a criação de um monstro— pensou enquanto continuava ignorando o loiro e formulava um plano para se ver longe dos terríveis gritos ensurdecedores dos dois Mikaelson.

ººº

Natalia o olhava como se o repreendesse por ter desaparecido por tanto tempo sem se quer ter usado o telefone para dizer um simples "olá", pelo menos foi isso que Niklaus imaginou quando e encontrou devidamente vestida com seu pijama mais fresco, os cabelos penteados caindo em grossos cachos e uma expressão nada agradável enquanto segurava um leão de pelúcia comprado pelo próprio Marcel que nesse exato momento embarcava de volta para Nova Orleans.

— Ainda não consegue formular frases grandes, não é querida? - ele olhou para a criança excessivamente quieta o olhando com cautela, não era nem de longe o comportamento comum de uma criança - Eu voltei.

— Só nós – a criança apontou para os dois e ele riu.

— Está incomodada por Marcel vir aqui? Ele não te diverte? - ela negou com a cabeça e para ele bastou apenas poucos segundos para perceber do que se tratava - Marcel está protegendo você, eu não saio para ele tomar meu lugar. Ele nunca o tomará de mim, ninguém nunca fará isso. - ela o olhava como se o entendesse, mas ele sabia que isso não funcionava de uma forma tão simples em sua cabeça - É por pouco tempo. - ele sorriu.

Nos últimos meses Niklaus simplesmente havia desaparecido dos olhos de seus irmãos, sem nunca informar onde estava e com quem estava, ele simplesmente aparecia ficando por alguns poucos dias e logo retornava para sua casa em Madri. Isso fora o suficiente para despertar a curiosidade em seus irmãos e isso o fez sempre voltar até eles com mais frequência, antes que eles decidissem procurar pelo motivo de seu desaparecimento inexplicável e seu comportamento estranho em relação a família.

O loiro havia realmente deixado os irmãos de lado e agora construía sua própria família onde acreditava que apenas pai e filha poderiam ser base um do outro, onde seu sofrimento anterior seria esquecido devido as tantas traições de sua família, a falta de afetividade, respeito  e companheirismo. Ele estava decidido a criar uma nova vida onde ainda seria o terrível Niklaus Mikaelson, e o amado "papai Mikaelson". Ele reconstruiria sua vida e não deixaria que ninguém jamais interferisse nisso, usaria o possível e impossível para garantir que a vitória fosse plenamente sua.

Ele é um rei, e um rei nunca dobra os joelhos.


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