Happy Birthday for Me escrita por Envy


Capítulo 1
Dia 25 de Março




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/687174/chapter/1

Mal havia dado 0h daquele dia e Minos estava em sua cama imperial, feita do mais puro mogno, entalhado de um jeito que deixava muito mais nobre que parecia ser; isto sem contar com os lençóis, de seda chinesa, além de cobertas de lã e pele tratada de animais dos Alpes. O nórdico estava em sua casa numa região ao norte da Noruega, o frio do inverno ainda castigava o lugar, mas a primavera dava as primeiras pinceladas, sempre quando iniciava a tarde. Ele não estava só, ele estava na presença de seu amado, a qual, há poucas horas, havia tido uma breve relação sórdida e completamente quente.

Ele estava adormecido, nu, seus longos cabelos alvos, alguns fios colados em sua pele por causa das gotas de suor, pareciam se misturar juntamente aos longos fios turquesa de seu amado santo. Seu sono era pesado, ele estava largado, apenas pouco daquela coberta tão magnífica cobria seu delgado corpo, esta questão fora percebido por Albafica, que, no meio da madrugada, olhou para aquele importante juiz, tocando nos finos lábios quase translúcidos.

— Está dormindo como uma pedra, como sempre. – Pensou.

Albafica levantou da cama, bem devagar, eram quase umas 5 horas da manhã, daqui há minutos, o sol estaria despontando para um novo dia. Ele correu em direção a cozinha, uma cozinha rústica, bem típica de uma casa de montanha, com uma enorme bancada de madeira tosca e forno a lenha. O santo dourado apanhou algumas panelas, algo que poderia fazer um bolo. Claro, havia passado no armazém na tarde passada, para poder fazer um bolo digno a um homem que vive da mais rica das riquezas.

Na pequena surdina, na cozinha mediana, a luz das velas de cera, o belo rapaz fazia todos os aparatos para o amado dorminhoco aniversariante do dia. Ele sujava um pouco com a massa mole e adocicada. Já se passava das 6 da manhã e no horizonte, o sol surgia tímido, de uma manha fria de primavera e aquele rapaz conseguia tirar o bolo daquele forno que ficava aceso praticamente todas as horas do dia, seja para aquecer a casa e a água, seja para cozer mais rápido a comida. Contente, esperou que aquela massa tão bem cheirosa ficasse o máximo possível fria, para pode colocar o recheio que fez rápido na panela, enquanto o bolo crescia, além de colocar a cobertura colorida, com inscrições em grego de “Feliz Aniversário Minos”.

Sua obra prima estava praticamente pronta. Os primeiros raios de sol da manhã já ecoava naquele lugar e tudo estava limpo e organizado, o bolo, belamente pronto, como suas terríveis rosas. Com a missão feita, o belo rapaz consegue se limpar, retirar alguns vestígios do “crime” praticado e colocado uma blusa de seu amado. Este estava prestes a acordar, Albafica sabia que Minos acordava cedo, quase junto com o sol e deitou-se ao lado de seu nórdico, esperando que este acordasse.

— Com o bolo pronto, poderei antes do almoço, dar-lhe o parabéns! Ele só não pode ir para a cozinha... Além do mais, dificilmente ele vai à cozinha! – Pensou, enquanto se aconchegava na cama macia de bons lençóis.

Não demorou muito e aquele homem delgado abriu os olhos púrpuros claros, sempre sem sorrisos, mantendo um ar sério. Levantou primeiramente o corpo, ficando sentado ao colchão. Albafica olhava aquilo escondido, observando cada centímetro do corpo do amado. Após estar sentado, Minos levantou e, mesmo nu, ficara de braços abertos, esperando que seus empregados viessem e colassem o robe que possui. Foi então que ele percebeu, mesmo em pleno frio da manhã, que ele estava em sua casa de “férias” e não sua imponente mansão.

— Eu sempre esqueço... Terei que fazer sozinho... Como se isso fosse problemas! – Disse sorridente, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Pegou a seu robe, vestindo e caminhando na direção de seu lavabo. Era um local praticamente moderno para época. Tinha um sistema de saneamento, muito similar aos banheiros gregos, onde ele fazia suas necessidades e depois, ao ir lavar o seu rosto na pequena cuba de porcelana, fazia tudo como se fosse um imponente rei. Secou seu rosto na felpuda toalha e pegou a escova para pentear os longos e alvos cabelos. Ele andava em direção ao seu quarto para ver a bela rosa de seu jardim, deposta no colchão de sua cama. Aquele sorriso sádico misturado à paixão, era tudo o que o nórdico dava. Obviamente, Albafica notou e levantou o corpo, como se tivesse acordando naquele momento.

— Oh, minha alva rosa, acordei de seu sono de heróis?

— Não Minos, eu estava apenas esperando que saísse do lavabo! – Disse com um doce sorriso nos lábios. Percebeu que o nórdico lhe olhava fixamente. – Aconteceu algo? Olhas para mim com preocupação...

— Tu... Estás tão... Cansado! – Chegou próximo ao amado, tocando seu rosto. – Tu... Não dormiste bem?

— Ah! Hmm... Sim! Tive um pouco de pesadelos!

— Ah! Pensei que houvesse machucado esta minha alva rosa, a qual amo tanto!

Minos não era apenas um amante de Albafica, mas sim algo como um dono, um dono que se preocupa com o seu mais precioso objeto, chegando a por num pedestal. O nórdico viu o rosto cansado do belo rapaz e se preocupou imediatamente. Já o santo dourado, para disfarçar o que fez, disse que não teve uma boa noite de sono, por causa de pesadelos noturnos. Ele sorria para o amado, que acreditava em suas palavras.

— Não, não me machucou! Pode ficar tranquilo!

— Ah que bom! Apesar do dia de hoje, você descansa e eu vou fazer um café reforçado para você! Deixe que Minos de Grifo, a estrela celeste da nobreza vai fazer seu café hoje!

— Ah, sim, tudo bem amor! Pode faz... – Albafica estava tão feliz, que não havia se tocado que Minos iria para cozinha e o outro já estava indo para o local, quando se tocou do mísero detalhe. – Errr... Minos... É que... O café...

— O que foi, minha alva rosa? Não quer o café?

— Querer eu quero, mas...

— Então! Estou indo fazer! Com tudo aquilo que você gosta!

— Não! Minos... A cozinha...

                Minos deu um beijo de “despedida” em seu amado e foi sorridente para o local que queria ir. Albafica entrou quase em pânico, sem saber ao certo como reagir àquilo. Ao levantar, o belo rapaz se enrolou nas cobertas e quase levou um tombo, caindo ao chão. Se desvencilhava daquela “armadilha”, quando conseguiu saiu, correu para a cozinha, Minos poderia estar próximo ao lugar.

Mesmo sendo atrapalhado, Albafica conseguiu, correndo, chegar próximo a Minos. Não seria uma tarefa difícil, já que o nórdico estava caminhando devagar até seu destino, nas rústicas escadas de madeira daquele chalé a beira de um imenso lado, ao meio da paisagem invernal. O nobre juiz percebeu que algo vinha como uma flecha, pois seus brancos cabelos flutuavam em meio àquela rajada de vento completamente estranha.

— Por Hades, que janela está aberta?

Ele procurava por algo que pudesse transpassar essa ideia de “janela aberta” e chegou a olhar varias vezes para a parede daquele local. Já o pisciano, percebeu que havia passado por seu amado juiz e quase vai de encontro a uma parede, porém consegue voltar, sem nada lhe acontecer. Albafica parecia em tensão, nervoso, afagava um pouco e não era apenas da corrida. Minos olhou aquilo confuso, sem entender direito o que estava acontecendo.

— Ah, Minos... Não é necessário, verdade! Deixe que eu faço isso! Não vou demorar muito, sentai na mesa de jantar, que eu estarei trazendo teu desjejum!

O santo deu as costas, agradecendo pelo espectro não ter chegado sequer à porta da cozinha, mas ouviu ser chamado.

— Alva Rosa... – Então este se virou para o amado. – Você esta muito cansado! Não é a mim que tem que se preocupar, mas sim consigo mesmo!

Minos foi chegando muito próximo àquele belo rapaz, este salivava com a aproximação que era feita. Então seus corpos foram colados, praticamente, e o coração do jovem palpitava forte. Os olhos púrpuros claros pareciam mais brilhantes, ao encarar os seus azuis. O rosto ganhava uma vermelhidão abrupta, tingindo de rosa, a pele clara deste.

— Minos....

Aquele homem de longas melenas alvas sabia conduzir o rapaz, levando este a se perder em pensamentos. Parecia que ele conseguia ouvir as batidas aceleradas do coração de seu amado e induzia para que pulasse para fora do peito. Com isso, ele deu um beijo casto nos finos e delicados lábios, fazendo com que tudo estremecesse, deixando as pernas do santo de Athena praticamente bambas.

Albafica estava dominado! Minos sabia como mexer com aquele que amava! Olhos pequenos e nublados, rosto avermelhado, boca semiaberta e o corpo mole... Esta era a deixa em saber que seus objetivos foram concretizados... Deixar o outro “caidinho” por si. O sorriso sádico transpassava na boca também linear do nórdico, a qual timidamente os brancos dentes surgiam. Percebendo tal coisa, ele puxou o rapaz para o lado e seguiu para seu destino.

— Vou indo para a cozinha, ok, minha alva rosa?

— Sim, amado Minos... – Albafica estava tão apaixonado, que não percebeu o que estava acontecendo. – Pode ir para a cozinha.... – Após percebeu. – Cozinha? Minos não!

Ao “acordar” de seu delírio, aquele santo correu na direção do cômodo, mas era tarde demais, Minos abria a porta de madeira, que dava para tal cômodo. Os pisares fortes e desesperados de Albafica, fizeram que o nórdico olhasse assustado, ao invés dele deixar o amado passar, ele o parou, segurando em seus ombros.

— Aconteceu alguma coisa, minha alva rosa? Parece que você não quer que eu entre aí! Se for por cozinhar, não se preocupe, eu posso ter vários servos, mas sei me virar!

O belo jovem não sabia como reagir, ficou sem palavras, ainda mais que percebeu ser parado pelo homem que ama. Procurou um jeito de disfarçar tudo, sem deixar muito visível o que realmente acontecia.

— Não! Não estou com essa ideia! Eu me lembro do achocolatado que me fizeste, além daqueles bolinhos saborosos!

— Então é o que? – Praticamente esbravejou.

— Err... – Ele estava pensativo demais o juiz começava a desconfiar. – Ela está suja! Sim! Muito suja! Nossa, demais! E não convém um homem tão nobre quanto tu, limpares uma reles cozinha!

Olhares se cruzavam. Minos detinha aquele olhar sublime, como se gostasse de ver aquele à sua fronte; já o santo... Albafica torcia para que ele acreditasse em suas palavras e se afastasse da cozinha, até a hora do almoço, chegava a sorrir, colocando uma esperança em si mesmo. Percebeu que suas mãos foram pegues pelo amado e segurava-as sublime.

— Eu lhe entendi! – Albafica suspirou aliviado. – Mas eu também não deixarei que estrague suas macias e delicadas mãos nesta cozinha! Porém... – Ao citar o porém, o santo arregalou um pouco os olhos. – Eu não me incomodo! Você já fez muito hoje! Sente e descanse!

Aquele juiz estava determinado! Queria realmente fazer o que estava afim! Ele colocou o santo de lado e escancarou a porta. Percebeu que esta não estava suja, pelo contrário, bem limpa. No desespero, para que Minos não entendesse o que estava acontecendo, Albafica correu na direção da bancada, onde estava o bolo como um foguete.

— Mas... Mas... – Gaguejava o nórdico, que tomou um susto ao ver o amado praticamente na sua frente. – Como assim?

— Sim... Eu menti! Eu limpei toda a cozinha e... Não quero que tu se sujes e a suje! Tu vás fazer uma bagunça!

Albafica tentava proteger o bolo da visão de seu amado juiz e ao mesmo tempo, convencê-lo de sair dali. Já o espectro, ele percebeu que havia algo de errado e não era apenas nas palavras daquele que amava.

— Minha Alva rosa... Está escondendo algo de mim?

Albafica engoliu a seco, corando.

— Eu? Não!

— Como não? Você está tenso, quase tremendo, como não estar escondendo? Diga logo, o que tem!

Minos forçava aquele corpo tão franzino quanto o seu daquele local. Ele tentava ficar, mas o outro não deixava! Entre gritos de não, Albafica na frente daquele doce que construiu com tanto “amor”, até que, sem querer, ele escorregou daquela bancada, fazendo escorregar junto o pano que estava no bolo. O ato fez com que o objeto escorregasse junto e viesse para beirada do balcão.

— Ai... Ai... Olha o que fizeste... – O santo estava um pouco desnorteado pelo o que aconteceu, levantou sem saber que o bolo estava ali, próximo dele e sua cabeça bateu no tabuleiro, fazendo com que o doce virasse, caindo na bancada. – Por Athena! O bolo!

— Ele estava escrito... “Feliz Aniversário, Minos”? – O belo rapaz estava em choque, enquanto o outro ficava a tocá-lo. Ao ouvir aquelas palavras, o pisciano apenas confirmou com a cabeça, ainda pasmo. – Não precisa ficar triste... Este bolo ainda delicioso!

— Mas Minos, ele não é mais o mesmo e... O que vás fazer?

Albafica encontrou-se desta vez atônito, sem saber como reagir àquilo, viu o amado juiz seguir para o bolo e colocar a mão naquele doce, como uma criança a um pote. Pegou aquele lasco e comeu, se sujando. Aquilo foi “absurdo” aos olhos turquesa do santo. Tentou impedir.

— Minos, o que fazes? O bolo... Ele... Está arruinado!

— Você que pensas! Está maravilhoso... prove!

O nórdico tirou outro pedaço e esfregou repentinamente no belo rosto. Aquele ato fez Minos rir e Albafica se irritar. Com isso, um ficou passando bolo no rosto do outro, até que eles se embolaram ao chão. Ao se verem sujos, juntamente com a cozinha, começaram a rir, como dois loucos. Os púrpuros se encontraram com aquelas turquesas tão inocentes. O belo rapaz percebeu e envergonhou-se.

— Feliz Aniversário, Minos...

Aquele homem de pele e madeixas alvas apenas sorriu com aquelas palavras, encostando seus lábios aos delicados e róseos lábios daquele rapaz, sussurrando um “obrigado” antes de findar o ato. E ali ficaram, aproveitando o bolo que agora estava junto ao chão e sobre os corpos dos dois amantes.

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!