Fui á mesa com homens mais velhos, os valores das apostas eram maiores.

—Já consegui juntar dez mil com a ajuda do Luan, preciso ganhar mais cinco hoje. – sussurrei no ouvido da Shelby.

—Entendi.

—Cavalheiros? – sorri para os homens – estão prontos?

—Eu que te pergunto isso minha dama. – um deles disse.

—Então vamos começar.

Empenhei-me ao máximo no jogo, lembrando-se de todas as jogadas do meu pai e pondo em pratica minhas estratégias. Shelby me ajudava em algumas rodadas.

Já havia conseguido dois mil e quinhentos. Tinha muito para jogar até conseguir os cinco.

—Você é boa. – um barbudo sorriu.

—Esta na hora do plano b. – Shelby sussurrou pra mim.

—Tínhamos um plano?

—Aposte tudo que você tem.

—O que? Esta maluca?

—Você tem que correr esse risco pra conseguir logo os cinco mil.

Suspirei.

Apostar tudo que eu tinha era loucura, mas assim eles também apostariam um valor alto e isso facilitaria, se eu conseguisse ganhar.

—Aposto tudo que eu tenho na próxima rodada. – finalmente falei.

—E quanto você tem? – um homem de terno cinza perguntou.

—Dez mil.

—Uau! – ele riu – ok, aposto o mesmo valor.

Se eu ganhasse facilitaria muito minha vida, além de ganhar o suficiente para pagar a divida do meu pai, ainda me sobraria dinheiro para cuidar do meu bebê.

—Feito. – dei um sorriso provocante.

Estava ótima no jogo, tudo estava correndo como eu havia planejado.

—Malu? – uma voz masculina me chamou e não era estranha.

—Estou ocupada. – falei sorrindo para os homens. – seja la quem for, conversamos depois.

—Malu... – Shelby disse lentamente.

Suspirei olhando para lado e me assustei quando me deparei com o babaca do meu ex-namorado.

—O que foi? – perguntei.

Ele pegou meu braço e me puxou para fora da mesa. Quem ele estava pensando que era? Ele não tinha mais nenhum direito sobre mim.

—Me solta! – soltei-me.

—O que pensa que esta fazendo?

—Eu que te pergunto isso. – Jace se aproximou de mim e eu o afastei.

—Olha. – ele passou a mão nos cabelos. – sou gerente daqui agora.

—E dai?

—Não posso permitir que pessoas com menos de vinte anos joguem, e você tem dezenove, certo?

—Você não vai querer me expulsar.

—Eu tenho que fazer isso.

—É só um ano de diferença.

—Isso não impede que eu seja demitido.

—Por favor, tenho que fazer isso, tenho que pagar a divida do meu pai.

—Sinto muito Malu.

—Você continua sendo o mesmo idiota.

—Não sou mais daquele jeito.

Não conseguia acreditar que ele havia mudado. O garoto que pegava todas as mulheres mesmo estando comigo, que era obsessivo, queria mandar em mim e fazia ameaças caso eu resolvesse terminar com ele. Jace sim era um babaca!

—Eu preciso jogar.

—Você tem que parar de fazer o que seu pai quer Malu! – ele ergueu o tom de voz.

—Malu? Agora estou recordando – um dos homens da mesa falou. – você é a filha daquele imbecil que já nos roubou?

Ah droga! Agora sim tinha ferrado tudo.

—Acho melhor sairmos daqui. – Shelby foi até mim.

—Estamos no meio de um jogo, vamos até o final e agir como pessoas civilizadas. – tentei manter o controle.

—Sinto muito minha jovem. – o homem falou – não vamos jogar mais com você, pode pegar seu dinheiro e sair desta mesa. Não jogamos com filhos de trapaceiros.

—Mas...

—Malu, você sabe como esses homens são. – Jace continuou. A voz dele estava me irritando. – é melhor sair daqui.

—Você sempre estraga tudo!

—Se está falando isso pelo passado, eu sinto muito. Saiba que eu me arrependo de tudo até hoje e ainda te amo.

—Ah! – comecei a rir. – só cale a boca!

—Você não pode continuar jogando princesa.

Shelby pegou o dinheiro. Ela estava um pouco assustada, eu sabia que se não saísse logo, iria ter uma confusão.

Fiz sinal pra que ela fosse à frente.

—Você continua linda. – Jace disse – que tal sairmos?

—Você só pode estar brincando.

Ele havia estragado todos os meus planos para ganhar o dinheiro que precisava. Eu nunca havia sentido tanta raiva. Eu estava encrencada e tudo por culpa daquele idiota!

Meus olhos se encheram de lagrimas, mas eram lagrimas de ódio.

 Virei às costas, pronta para sair dali.

—Malu, espera amor! – Jace gritou.

Por que ele estava me chamando de amor?

—Me deixa! – falei.

—Por favor.

O ignorei.

Estava na saída até ele me puxar pelo braço.

—Você precisa me escutar. – Jace disse.

—Não me importo com o que você vá falar! Porque não vai mudar nada! Esquece de mim, porque eu já te esqueci.

—Me perdoa por tudo que fiz no passado.

—Eu não tenho mais rancor, eu te perdoo. Mas isso não significa que eu queira te ver outra vez.

—E se tentássemos de novo?

—Você esta perdendo seu tempo, não quero ter mais nada com você!

Ele me puxou para mais perto. Eu estava me esforçando para se soltar, mas o vestido apertado e o salto estavam atrapalhando.

—Solta ela! – Shelby gritou.

—Tira a droga das mãos de cima da minha garota! – ouvi a voz do Luan.

Luan me puxou e empurrou Jace. Enquanto ele o socava acabei caindo direto para o chão.

Quando fui me levantar senti uma dor na barriga, eu sabia que não era normal, pois estava gravida!

Shelby me ajudou, mas eu tinha dificuldade para me mexer, meu estomago estava revirando e doendo.

—Luan para de socar esse idiota e me ajuda aqui! – Shelby gritou.

—O que ela tem? – Daniel perguntou.

—Temos que leva-la para o hospital!

—Malu? – Luan foi até mim. – o que você esta sentindo?

—Dor... – murmurei.

—Calma meu amor, calma.

Luan se desesperou mais que todos nós. Se ele soubesse o que havia dentro de mim.

Pegamos um táxi, eu estava prestes a chorar de preocupação. A dor estava diminuindo, mas eu não sabia o que estava acontecendo com o bebê, eu não podia o perder, eu já o amava mais que minha própria vida.

Quando chegamos, Luan me pegou no colo e andou apressadamente.

—Ela precisa de um médico! – ele disse a enfermeira.

—O que ela esta sentindo? – a enfermeira perguntou.

—Eu não sei, leva ela para um médico logo!

—Dor. – falei. – na barriga, eu estou... – não podia falar, mas o que eu faria?

—Você esta gravida? – ela perguntou.

O medo tomou conta de mim, vi os olhos de Luan se esbugalharem esperando por uma resposta.

Fiquei sem reação. Com certeza a enfermeira já sabia que a resposta era sim.

Ela pediu uma cadeira de rodas e Luan me pôs nela.

—Moço, você precisa aguardar aqui. – ela disse a ele.

—De jeito nenhum! Eu vou junto.

—Luan. – peguei sua mão. – já estou melhorando, me espera aqui.

Eu não sabia exatamente o que estava rolando entre nós, estávamos tão próximos, era como se nem tivéssemos terminado. Mas naquele momento eu só precisava pensar no meu bebê e ouvir que ele estava bem.

—Tudo bem mamãe. – o doutor disse durante á ultrassom. – já pode relaxar, seu bebê esta bem.

—Mas e aquela dor?

—Você se agitou muito, não foi?

—Sim. – suspirei.

—Você tem que se cuidar, não pode se estressar e nem ficar se agitando. – ele sorriu – vou aplicar uma injeção que vai acalmar você e seu bebê.

—Já da pra ver ele?

—Não. Ele esta bem pequeno ainda. Mas você pode ouvir o coração dele.

—Posso? – era tudo que eu mais queria.

—Sim. – ele aplicou a injeção e a tirou em dois segundos. – vamos ouvir o coraçãozinho do seu bebê.

Ouvir aquele tum, tum, tum” foi a melhor sensação do mundo. Nunca achei que me sentiria daquele jeito. Era como me desligar de tudo e estar no mundo apenas do meu bebê.

—É incrível. – meus olhos se encheram de lagrimas.

O que eu mais desejava era que Luan vivenciasse aquilo comigo, queria que ele estivesse do meu lado.

—É incrível mesmo. – ouvi uma voz baixa e então percebi que era de Luan.

Meu coração disparou, eu não sabia o que fazer.

—Desculpa. – a enfermeira entrou. – não consegui impedi-lo. 

—Pode deixar. – suspirei. Não tinha mais o que fazer, ele já sabia. – vem mais perto Luan.

Ele veio e pegou minha mão. Seus olhos verdes estavam brilhando e cheios de lagrimas.

—Acho que vou chorar. – ele sorriu. – esse filho, é meu, não é anjo?

—É sim. – nunca o tinha visto tão emocionado.

Em parte, era um alivio Luan saber da verdade. Por outro lado, ele se sentiria preso a mim de alguma forma, e isso era o que estava tentando evitar.

Ainda teria que dar um jeito de me resolver com meu pai e o Julian Young, teria que pensar muito bem no que fazer.

Minha vida não podia ficar mais louca!