Um terrorista levemente negativo escrita por Doctor Seimei


Capítulo 1
Um terrorista levemente negativo (capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Uma pequena homenagem a um mangá que tanto gostei de ler, espero que gostem!



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— Urie, eu já te disse o quanto eu te odeio? – perguntou-me uma voz feminina.

— Pelo menos quatro vez só hoje, Ami-chan... – respondi.

— Calma, calma Ami-chan, não é se estressando que vamos sair daqui mais rápido, na verdade está até confortável, acho que vou tirar um cochilo... – Calmamente disse meu amigo.

— Cala a boca Akira, eu vou seriamente dar um golpe tão forte em suas partes frágeis se você cochilar que jamais conseguirá dormir novamente pensando na dor! – continuou irritadamente Ami-chan. – Além disso, você não é um “abnormal”? Não há nada que possa fazer para nos tirar daqui?

“Quanta violência...”, pensamos Akira e eu.

— Ami-chan, você sabe muito bem que não é assim que minha habilidade não serve pra essas situações, então não posso fazer muita coisa, não é você que tem treinamento militar e tudo mais?

— É, mas você está me vendo com alguma faca aqui, gênio? – Queixou-se irritada mais uma vez – Se eu tivesse algum objeto cortante talvez eu conseguisse...

— Bem, eu tenho um ideia... – comentei.

— Cala a boca Urie, foram suas ideias que nos meteram aqui, e por causa delas eu estou presa em uma corda, de cabeça para baixo, acima de ferro fundido a mais de 1600 ºC e colada com dois pervertidos, sendo um deles um sonâmbulo pervertido e o outro um babaca imprestável!

  Falando nisso, acho que eu tinha esquecido de mencionar que estávamos amarrados de cabeça para baixo acima de ferro fundido, bem, agora já foi.

— Aaaah, os seios da Yobuko-san realmente são os melhores... – comentou Akira enquanto cochilava. Ele estava babando, que nojento.

— Urie, lembra-se quando eu disse que eu te odiava?

— Sim?

— Retiro o que eu disse, eu odeio vocês dois...

  E então saímos da corda sãos e salvos.

  Ok, ok, talvez essa não tenha sido a melhor forma de começar a história, mas qual é, me dá um desconto, é minha primeira vez, eu to nervoso...

  Ceeeeerto, quer saber? Esqueçam tudo isso que contei até agora, tudinho, eu pensei que começar com uma situação de conflito talvez fosse melhor, mas eu tive uma ideia bem melhor, vou começar do começo, que tal? Ótimo, assim será!

  Pois bem, vocês já devem conhecer a “USA”, não é? A “Unzen Security Agency” foi fundada pelo nosso líder Unzen Myouri enquanto ele ainda estava no colégio! Incrível né? Eu sei, acho que algo desse nível não é impossível quando se é um “abnormal”.

  Esta agência, apesar de ser inicialmente uma agência de segurança privada, ganhou tanto destaque que faz parte até mesmo da força de defesa nacional!

  A maior parte dos jovens participantes do “comitê de morais públicas” da academia Hakoniwa, ao se formarem, busca ingressar neste local para servirem ao princípio básico no qual todos acreditamos, a justiça!

  E é aí que nós entramos! Os mais novos integrantes da USA, Furuichi Urie (eu!), Sanada Ami e Masahiro Akira. Talvez esse seja o momento para apresentação dos personagens? Hm, como fazer isso sem tornar o desenvolvimento chato, ok, vamos resumir:

  Começando pelo Akira, meu amigo de infância, sua mentalidade é “abnormal”, ele tem uma skill bem interessante que o permite fazer muitas coisas sobre-humanas enquanto dorme, vocês vão entender o que eu quero dizer mais pra frente. Enquanto não está dormindo ele luta com um “kyoketsu shoge”, é tipo uma faca com duas lâminas mais ou menos 90º uma da outra e presas em uma corda para ataques à distância, eu não sei explicar bem, pra isso vocês tem o google!

  Ele tem cabelos curtos de coloração castanho-escuro e seus olhos estão sempre fechados, mesmo quando acordado, não me pergunte como ele não esbarra nas paredes, isso eu também não sei.

  Depois disso temos a Ami-chan, sua mentalidade é “special”, suas notas sempre foram excelentes e ela é uma “mestra boxeadora”, por assim dizer. Ela luta sanda (ou boxe chinês), savate (ou boxe francês), muay thay (ou boxe tailandês) e o boxe tradicional, isso sem contar os treinos de sambo, silat e krav maga, os quais foram ensinados por seu pai militar. Basicamente ela é uma maquina de matar humana, luta usando socos ingleses acoplados com lâminas na parte de baixo.

  Ela tem longos cabelos ruivos e arruma seus cabelos em uma espécie de “rabos de cavalo duplos”, um em cada lado da cabeça. É esse mesmo o nome? Ah, tanto faz, não entendo disso. Seus olhos alternam entre azul e vermelho dependendo do humor. Ah, isso me lembra, entre nosso colegas seu apelido era “a maior tsundere da academia hakoniwa”, acredite, não era exagero.

  Por fim tem eu, um simples normal de cabelos negros e desgrenhados que sonha em ser protagonista de uma historia, aquele que luta pela ordem e pela justiça, aquele que sempre vence o inimigo no final, aquele que consegue tudo com trabalho duro, aquele que pega todas as garotas! (opcional, mas seria bom)

  Hã, esqueçam essa ultima parte...

  Chega de introduções, hora de a história começar de verdade!

  Bem, a verdade é que fiz toda essa introdução maneira, mas nós meio que somos nada além de novatos na agência...

  A base da cadeia alimentar...

  Os bostas...

  Aqueles que tem de limpar os banheiros...

  Ok, nem tanto, temos funcionários para isso.

  O que importa é, nós ainda não tínhamos realizado nada de extraordinário para sermos reconhecidos lá dentro em meio a tantos mitos, tais como Onigase Harigane, que prendeu mais de quinhentos arruaceiros sozinha com suas algemas, Unzen Myouga, a irmã mais velha do chefe que demoliu o quartel general de um grupo mafioso usando suas bolas de ferro, simplesmente acabando com as atividades desses yakuza.

  Isso sem falar do “big boss”, Unzen Myouri. Se eu tivesse que falar cada feito que ele fez desde que construiu esta empresa eu terminaria este relato sem nem contar a nossa história!

  Acho que terei de escolher um, vejamos, bem, teve aquela vez em que ele foi desafiado pelos “aprendizes da infelicidade”, um grupo terrorista de negativos que planeja trazer a infelicidade ao Japão (até hoje eles são nossos maiores adversários, apesar de já termos obtido sucesso em subjuga-los na maioria das vezes).

  Basicamente ele teria de comparecer sozinho e desarmado até um galpão nos arredores da cidade ou eles sabotariam uma de nossas usinas de energia nuclear, causando um verdadeiro desastre. Ele compareceu sem medo e, apesar de cercado por mais de vinte negativos com habilidades distintas lidou com todos eles sem retirar as mãos do bolso e ainda tomou a liberdade de acabar com o plano de sabotagem deles. E esse seria um de seus feitos mais simples.

  É, eu acabei enrolando demais sem perceber, foi sem querer! 

  Nossa vez!

  Fomos chamados para a sala do chefe com urgência, parecia ser algo bem urgente e por algum motivo ele requisitou que fôssemos exatamente nós três a comparecer.

  Corremos apressadamente, concordamos que não seria legal deixar alguém que já foi conhecido como “criança demoníaca” esperar demais.

  Seu escritório estava aberto e ele estava de costas para nós, esperamos na entrada até que ele nos mandou entrar.

— Ei, estão fazendo o que parados aí? Entrem logo, não temos tempo a perder!

— S-sim senhor! – respondemos em uníssono.

— Como vocês devem saber, vocês não são nada além de recém chegados, os herbívoros, os mais inúteis...

  O peso na consciência só aumentava a cada palavra.

— Mas não é como se vocês tivessem culpa, ainda não tiveram a oportunidade de mostrar serviço, e estou disposto a dar essa oportunidade à vocês! – continuou virando-se em nossa direção e sorrindo sinistramente, como normalmente faz. – Recebemos a alguns minutos esse estranho áudio, acompanhado de uma figura, provavelmente o símbolo do terrorista em questão. Vou mostra-lo a vocês.

  Dizendo isso uma tela enorme baixou atrás de sua mesa, nela estava projetada um símbolo. Um hexágono branco em um fundo preto, um sorriso negro e “talvez” um único olho vermelho, era estranha, não parecia significar nada, mas ao mesmo tempo algo não me cheirava bem ali...

— Agora, o áudio. – Continuou o senhor Unzen.

  “Alô, alô, estão me ouvindo? Se esse microfone não estiver funcionando eu vou ter de dar uma liçãozinha no cara que o vendeu para mim! Mas vamos supor que ele esteja funcionando. Vamos ao que importa, eu sou um ninguém, só um terrorista com uma visão levemente negativa sobre o mundo, e o que eu quero? Quero que os outros entendam um pouco sobre como eu me sinto!

  Então né, antes de realizar meu objetivo eu queria mostrar como vocês positivos não valem de nada, não passam de uns imprestáveis que vivem à base de placebos em uma realidade falsa!

  Então eu gostaria que vocês tentassem vir me prender, estou na prefeitura de Nara, será que vocês são capazes de me encontrar? Ok, por hoje é só, tchau!”

— Esse cara me deixa incrivelmente puto – comentou o chefe ao cruzar os braços, virando-se novamente para o telão. – Espero que não seja nada de grave, estou mandando vocês três para investigar, já arranjamos passagens de avião para vocês, vocês tem duas horas para chegar ao aeroporto, boa missão, e lembrem-se: nós somos a justiça, e mão podemos permitir que arruaceiros fracos como esses possam ter sucesso no nosso turno!

— Sim senhor! – respondemos.

— OK, agora se mandem, tenho mais o que resolver...

“Falando assim logo depois de nos passar a missão, será que ele se importa?”, pensamos.

  E assim nos mandaram para o aeroporto, deveríamos sair de Tokyo para Nara, pelo horário chegaríamos ainda esta tarde, mais do que tempo o suficiente para terminarmos a missão!

— Andem logo, vocês são lentos demais! – reclamou energeticamente Ami-chan andando à nossa frente, no saguão do aeroporto, parando subitamente pouco antes da entrada para a sala de embarque.

— O que houve, Ami-chan? – perguntei sem ligar muito.

— Urie... – ela virou-se para mim chorosa.

  Achou que eu estava brincando quando disse que ela era a maior tsundere do nosso colégio?

  Certo, talvez tsundere não seja o melhor termo. Ami tem uma espécie de transtorno bipolar extremo, no qual diferentes situações podem mudar o modo de agir dela de “Ami irritada” para “Ami amorzinho” ou vide e versa, sendo que no primeiro seus olhos exibem uma coloração vermelha e na outra são azuis.

  Sendo sincero, eu gosto mais quando ela é boazinha comigo.

  Falando nisso, foi bem estranho o dia no qual Akira e eu conhecemos a Ami, no primeiro ano do ensino médio, mas isso é história pra outro dia.

— O que foi, Ami-chan? – perguntei enquanto suspirava.

— E-e-e-eu... – ela parecia corada, cara, isso é muito fofo – Isso é vergonhoso, mas eu tenho medo de andar de avião...

  Por essa eu não esperava, a grande lutadora filha de militar com medo de andar de avião...

  E assim continuamos. Sentamos os três juntos, Akira colocou uma máscara sobre os olhos e adormeceu na mesma hora, Ami passou o voo inteiro se tremendo e eu fiquei ali, no meio dos dois por um boooom tempo tendo de aturar os roncos profundos desse idiota e aguentar a dor de meu braço quase ser quebrado pela Ami cada vez que ela ouvia o menor barulho.

  Esse foi definitivamente o pior voo da minha vida...

  Assim chegamos em Nara, tudo tranquilo, tudo ótimo. Foi a hora de por a skill do Akira em ação, “Orpheus” permite que ele possa fazer coisas sobre-humanas enquanto dorme.

  Ele entrou no seu terceiro modo, o “modo sonâmbulo”, no qual ele tem uma intuição fora do normal, isso em contar seus sentidos apurados em mais de mil vezes. Tínhamos de encontrar um negativo que estivesse escondido mais ou menos no centro da cidade, esses foram os detalhes que nos passaram, essa parte foi fácil, segundo ele só havia uma pessoa com uma presença “ruim” nessa área, então simplesmente seguíamos nosso amigo enquanto ele andava dormindo para o paradeiro do terrorista.

  Agora vem a parte chata.

  Era um prédio abandonado, acordamos Akira e começamos a discutir uma estratégia.

— Tenho uma ideia! – afirmei – Ele é só um, pelo que Akira pôde detectar ele está sozinho! Ou seja, ele não está com mais ninguém!

— Isso foi muito redundante, Urie... – comentou Akira.

— Tanto faz, o que importa é, nós três somos bem fortes, devemos tentar cobrir as possíveis saídas dele e aos poucos fechar o cerco nele! O que acham?

— É, pode dar certo...

— Então vamos!

  Caaaaara, foi uma péssima idéia.

  Conforme fomos nos aproximando do centro, fomos sentindo um mal estar cada vez maior, depois uma leve dor de cabeça, tontura, medo, dor física.

  Chegou um ponto no qual não fomos capazes de aguentar, e o que foi que aconteceu? É isso aí, fomos capturados...

  Ah, daqui voltamos lá pro começo, mas não se preocupe, não vou repetir o que já contei.

  Bem, estávamos lá presos na corda quando acordamos. Deitado em um sofá e lendo um exemplar da “jump”, quando percebeu que acordamos.

— Oh, vocês acordaram! O que há com essas caras? Parece até que viram “rainbow jakka jan” versão de dez horas cinco vezes seguidas!

“Mas que diabos é isso?”, pensei.

— Prazer em conhece-los, podem me chamar de Rokkaku! Já leram a jump dessa semana? Acho que Zombie Gun está particularmente fantástico! – continuou o negativo.

— Eu particularmente prefiro “A tottaly wrong love comedy!”, a nova obra da Aoki Ko, o cenário de comédia romântica e o toque de ecchi que ela dá ao mangá, apesar de clichê, é bem inspirador. – respondeu Akira.

— Hm, é um bom argumento, mas algumas cenas estão muito forçadas e acho que ele vai acabar indo para o lado dos haréns...

— Ei! Parem de agir feito amiguinhos! Não estamos aqui para isso! – Gritou Ami.

  Que ótimo, “Ami irritada” está de volta...

— É verdade! Nesse caso acho que terei de ir direto ao assunto... – respondeu calmamente enquanto caminhava para a frente, possibilitando uma visão melhor de sua aparência.

  O garoto que não deveria ter mais de 16 anos tinha cabelos verdes e grandes, com uma espécie de “franja lateral” caindo pelo lado esquerdo. Tem nome específico isso? Sei la...

  Vestia um uniforme escolar todo preto e amarrotado e possuía uma feição estranha...

  Sim, o mais sinistro era a expressão em seu rosto. Ele demonstrava um largo sorriso, como o da imagem enviada, e seu olho esquerdo aparentava ser cego. Era desconcertante olhar para ele.

— Como todo bom vilão clichê, eu irei contar meu plano a vocês! – continuou – Sabe o que falta nas outras pessoas? Bem, ao menos na grande maioria delas? Empatia!

— Foda-se, quando eu sair daqui eu vou te encher tanto de porrada que eu vou virar permanentemente esse seu sorrisinho escroto de cabeça pra baixo! – Gritou Ami, machucando meus ouvidos.

  Mas que droga, como ela consegue gritar tão alto?

— Viu? É disso que estou falando! Então, eu tenho uma skill a qual carinhosamente chamo de “feels link”, é bem simples, eu simplesmente libero tudo o que estou sentindo para as pessoas ao meu redor, uma pena que só tenho pensamentos “negativos”, não é?

— E-então, tudo aquilo que sentimos mais cedo...

— Sim! É assim que me sinto o tempo todo! E o que eu quero é nada mais nada menos do que fazer o mundo inteiro sentir o que sinto! Lindo, não acham? Se bem que ela não tem tanto efeito nos minus, ao menos na parte das emoções, apesar de que eu posso faze-los sentir multas dores!

— E pra quê você nos disse seu objetivo e sua localização? O que espera conseguir ao nos chamar aqui? – perguntei.

— Porque todo vilão precisa de um herói para enfrentar! Vocês nunca leram a jump? Seria entediante demais conseguir meu objetivo sem ninguém para me impedir! – alegremente entoou – Ah, e só pra avisar, isso aí embaixo de vocês é ferro fundido! Bem, eu vou para a minha sala de transmissões, assim posso mandar os sinais de meu cérebro para todos do mundo de maneira bem fácil, afinal, quem não está na internet hoje em dia? Tentem me impedir se puderem!

  E assim saiu da sala rindo.

  E assim começou a primeira cena desta história, vamos adiantar um pouco, cerca de meia hora.

  Eu juro que Ami-chan me xingou de tantas formas diferentes nesse meio tempo que daria para montar um dicionário!

  Passada essa meia hora de roncos e xingamentos, tivemos um momento bem tenso, a corda começou a se partir.

  E quando eu digo isso eu não me refiro à parte que nos impedia de movermos, eu to falando da parte que estava presa ao teto!

  Mas aí foi minha chance de brilhar!

— Galera, eu tive uma ideia!

— Ah, nem vem com essa Urie! – reclamou a ruiva.

— Peraí, agora é uma boa idéia, é sério! – tentei argumentar – Olha só, a corda está se partindo, se começarmos a balançar de um lado para o outro podemos evitar de cair no ferro!

— E se errarmos o tempo e cairmos bem onde ele quer?

— Bem, não temos nada a perder... – afirmou Akira, enquanto acordava.

— Muito bem, - concordou Ami – mas se a gente morrer, eu juro que te mato!

  “Hã?”, pensei naquela hora.

  E começamos a por minha idéia em prática, balançamos a corda de um lado, para outro, de um lado, para outro, de um lado, para outro, de um lado...

  E ela se partiu, começamos a cair, gritamos e...

  Seguros!

— Hahaha, você grita que nem uma menininha Urie! – Riu Akira tirando sarro de mim.

— Cala a boca! Pensei que íamos morrer! Agora precisamos arrumar uma forma de sair... - Antes que pudesse terminar a frase já estávamos soltos, Ami-chan havia cortado a corda. -... Daqui.

— Achei esse pedaço de vidro no chão, peguei com a boca e cortei, simples. – disse com uma expressão séria e fazendo o sinal de vitória com a mão.

— Oooook, vamos nessa, temos um terrorista para impedir! Onde estão nossas armas?

— Bem aqui, esse cara não bate bem da cabeça, tá facilitando demais...

— Ou ele é um amador... – continuei enquanto pegava minha arma, uma alabarda!

  Cara, deixe-me falar um pouco sobre as alabardas, elas são simplesmente fodas!

  Você pode fazer ataques perfurantes, cortantes, golpes curtos, longos e ainda tem uma distância segura do inimigo, é a arma perfeita!

  Não foi difícil encontra-lo, tinha uma placa na porta...

  Entramos e o confrontamos de frente.

— Então vocês vieram? Que ótimo! Hora de mostrar se valem de alguma coisa! – exclamou com a nossa entrada.

  Era uma sala enorme e levemente destruída, com um enorme computador nos fundos, provavelmente o qual ele usará para transferir seu poder.

— E então, o que será que vocês vão fazer? Será que vão tentar atacar meu computador primeiro?

  Antes que ele se tocasse eu arremessei com toda a minha força a minha alabarda em sua direção. Ele desviou, mas seu computador não teve tanta sorte!

  Calmamente, ele virou sua cabeça para ver o estrago. Aquele computador não rodaria nem tetris mais. Seu sorriso rapidamente desapareceu, deixando seu rosto sem expressão alguma.

 - Isso não é legal... – comentou.

  Ele começou, então, a sorrir freneticamente. Fazendo com que começássemos a receber seus sentimentos.

  Se ficássemos nisso tempo demais seria nosso fim, então partimos para o ataque!

  Ami-chan foi na frente, desferindo uma sequência impressionante de golpes. Jab, direto, cruzado, cotovelada, pontapé, liverpunch, joelhada e, ao perceber que ela estava facilmente se cansando, já que o oponente estava facilmente desviando de seus ataques, tentou realizar uma derrubada, porém, seu corpo falhou no meio do golpe.

  Ela desmaiou e, sem perder nenhum segundo, o terrorista começou a pisotea-la.

— Seu maldito! – irritei-me – EU VOU ACABAR COM...

  Antes que eu pudesse ir para cima, Akira pôs a mão no meu ombro. Quando olhei em sua direção ele dormia profundamente, de seu nariz saía uma bolha e ele babava, isso só podia significar uma coisa. O primeiro modo, o “modo do sono bêbado”.

  Ele, então, partiu para cima do inimigo enquanto arremessava e controlava seu kyoketsu shoge pela corda. Seus movimentos eram desajeitados mas perigosos, o inimigo estava começando a fica acuado. Ele era como os grandes mestres do punho bêbado, interferir em sua luta agora seria letal, mas eu tinha de fazer algo.

  Sem perder tempo, e com a cabeça mais fria, fui por fora da área da luta, recuperei minha alabarda e carreguei Ami-chan para uma zona segura. Mal a coloquei em segurança quando percebi que Akira também tinha sido derrotado. Ele já se cansa facilmente nesse modo, contra uma peculiaridade dessas foi ainda pior...

  Agora é hora de o protagonista meter a porrada no vilão.

— Eles eram até fortes, mas eu não sinto nada de especial vindo de você, será que você vai conseguir fazer algo? – debochou Rokkaku.

  Sorri levemente.

— Ei, terrorista amador, você conhece bem as classificações de mentalidade né?

— Acho que hoje em dia é difícil alguém não conhecer!

— Pois e se eu lhe dissesse que existe uma classificação “extra”, algo que, independente de como seja sua mentalidade, você pode ser?

— Seria com isso que você me derrotaria?

— Seria com isso que eu te derrotaria!

— E porque você vai me explicar? – ele começou a ficar irritado.

— Pelo mesmo motivo que você usou para nos explicar seu plano, para esfregar na sua cara que nem tudo funciona do seu jeito! – exclamei com confiança. – Essa classificação extra chama-se “mode”, e ela é nada mais nada menos que a possibilidade de existência de protagonismo em um ser. O primeiro caso datado disso foi ninguém menos que Kurokami Medaka, acho que você já sabe quem ela é. Claro, ela tinha um protagonismo absurdamente grande, mas algumas pessoas também apresentam sua própria dose de protagonismo, expressas em diversas formas, e agora eu apresento a minha!

— E porque só usar agora? Depois de seus amigos terem sido derrotados?

— Pois eu só consigo usar meu mode em situações de grande perigo! Aqui vou eu! “Ultimate Pinch Hero mode!!!”

  Nesse modo meus cabelos ficam espetados e dourados, eu fico muito maneiro, pareço um super saiyajin!

— Nesse caso, eu serei um vilão que corresponde ao nível do herói! Usarei a minha potência máxima! “FEELS LINK”!!!

  Foi uma luta dificílima, quanto mais eu lutava, mais me cansava, mais dor sentia, mais tristeza, mais arrependimento, vergonha, mas apesar de tudo isso eu aguentei.

  Já ele, parece que quanto mais ele tentava me forçar seus sentimentos, pior ele ficava, ele não usava arma alguma e eu estava lutando com minha melhor arma.

  Um corte, ele desviou, girei rapidamente a alabarda e fui rápido demais para ele, com a ponta de trás da arma quebrei seu braço direito. Um corte horizontal no seu tronco, uma batida com a lateral da lâmina em sua cabeça. Ele não resistiria mais nenhum ataque.

  Foi quando vi desespero em seus olhos. Ele havia falhado, e algo me dizia que não tinha sido uma das primeiras vezes. Quando me aproximei para prende-lo desliguei meu modo especial, ele se aproveitou desta chance e focalizou em mim seu poder.

  Eu juro que nunca me senti tão mal na minha vida, era como se eu tivesse virado temporariamente um negativo. Ele fugiu e só consegui persegui-lo meio minuto depois.

  Finalmente o encontrei, estava dentro de um quarto, mas como aparentemente havia alguém com ele decidi esconder-me atrás da parede e ouvir a conversa.

— Sabe, - disse a outra voz – normalmente eu não me importaria com o que os outros fazem, mas acontece que sua skill me afetou um pouco e eu não gostei disso...

— Eu não ligo, esse era meu objetivo! – disse sentindo dor enquanto ria nervosamente – Todos devem compreender como nós minus nos sentimos, todos devem se tornar negativos, assim todos seremos iguais e ninguém será melhor do que ninguém!

— Entendo, acho que eu já tive um objetivo semelhante, mas isso foi a um boooom tempo e a habilidade que me permitia rebaixar todos ao meu nível está bem enfraquecida...

— Que pena, bem, seja lá quem você for, deixe-me torna-lo a pessoa mais miserável da terra!

  Um silêncio incômodo se fez na sala, sendo seguido pelo som de algo sendo grudado na parede e os gritos do terrorista.

— “Que pena” digo eu! Sinto muito mas você não pode tornar a pessoa mais miserável do mundo na pessoa mais miserável do mundo, isso seria muito idiota! – disse calmamente a voz misteriosa.

  Nosso adversário grunhiu de dor.

  No instante seguinte algo como um parafuso enorme atravessou a parede, bem ao lado de minha cabeça. Cara, se eu estivesse mais para a direita eu tava ferrado!

  Enfim.

— Cale a boca, você é irritante, acho que seria melhor eu eliminar essa sua habilidade irritante. Eu posso regenerar meus ferimentos mas eu ainda sinto dor.

— E-e-eliminar minha habilidade? I-i-i-isso é possível?

  O negativo que a pouco havia nos enfrentado com um sorriso no rosto passou a desesperar-se, quem quer que seja essa outra pessoa é alguém bem assustador...

— Ei ei, não me olhe assim, afinal, “isso não é minha culpa”, a culpa é sua por ter me irritado enquanto eu estava sentado na praça próxima comendo meu almoço! Tem noção do quanto é desagradável estar comendo um belo conjunto de takoyakis e de repente passar a sentir dor sem motivo? Mas você não me engana, eu conseguia sentir, isso era o poder de um negativo, eu só precisava te achar!

— Não, não pode ser, essa sua forma de falar, essa forma de agir, “apagar as coisas”, você não pode ser a nossa lendária inspiração...

  “THE FOOL’S FICTION”, entoou o homem misterioso.

  Ouvi um estalar de dedos, mas nada parecia ter acontecido.

— Vamos, por que não tenta usar sua “skill agora”? – perguntou dessa vez com um tom de voz sinistro. – Isso mesmo, você não consegue!

— C-como isso é possível – Rokkaku aparentava estar chorando. – Você aparenta minha idade, mas você deveria ter cerca de vinte e oito anos!

— Eu diria vinte e sete! Não sei, parei de contar faz um tempo... – ponderou – Deixe-me lhe contar uma história, faz um tempinho que não falo com alguém, contar para você não fará mal!

  “Sabe, digamos que um certo garoto azarado e perdedor se apaixonasse pela mais bela e mais poderosa de todas! Ele não tinha certeza se realmente a amava ou somente sua aparência, então ele arrancou o seu rosto, e continuou a amando! Era verdadeiro!

  Uma pena que essa mesma pessoa era tão odiada quanto amada no coração do pobre rapaz, ele queria derrota-la, ele tinha seus próprios motivos que o levava a isso, não cabe a você saber quais...”

— Do que você está falando?

— Cale a boca e escute! – Exclamou enfiando mais um parafuso na parede – Não seja mal educado!

  “Muitas coisas aconteceram, o garoto conseguiu arrumar coragem para vencer uma protagonista, mas perdeu, o garoto decidiu vencer com todas as suas forças, mas não conseguiu, porém, no fim de tudo, ela ainda acreditava nele, acreditava que ele podia ser a esperança daqueles que não tinham esperança.

  Acreditava que ele era tão negativo, que outras pessoas negativas poderiam ser positivas perto dele.

  E ela se foi

  Meus antigos colegas celebraram antes de ontem um aniversário de morte dela. Dez anos. Faz dez anos que não nos vemos...

  Mas sei que, assim como eu não perdi, eles também não perderam as esperanças!

  Quando completei vinte anos minha habilidade evoluiu, o antigo “all fiction” tornou-se “the fool’s fiction”, toda a existência do universo está nas palmas das minhas mãos, caso eu queira ele pode deixar de existir.

  Juntamente com a evolução de minha habilidade veio o sentido da minha existência. Estava um pouco diferente, mas eu sabia que era ela, eu a vi passeando no parque com seus pais, uma criança tão inocente, mas tão esperta, não devia ter mais de três anos e não foi preciso mais do que um segundo para saber quem ela era.

  A observei por uns dias.

  Ela renasceu em uma boa família de classe média, era alegre, curiosa e surpreendentemente ela já demonstrava interesse na jump! Acho que nunca se é velho, ou novo, demais para a jump afinal!

  Decidi então que meu poder novo teria dois usos, o primeiro seria o de finalmente derrota-la, não importa se ela crescer e obtiver quadrilhões ou quinquilhões de skills, assim eu seria um adversário à sua altura.

  Mas de nada adianta ela crescer e tiver tudo isso se eu não puder vencê-la sem estar no mesmo nível dela. Então eu simplesmente apaguei da existência o meu envelhecimento, para que assim eu possa espera-la. Só mais dezessete anos, mas eu irei espera-la.”

— Essa é minha história, o que achou?

— Isso é loucura... – respondeu.

  “Concordo com você...”, pensei.

 - Agora, sinto muito mas não posso deixar que saibam da minha existência, não por enquanto, então terei de mexer um pouco com as suas memórias, mas não sem antes te machucar um pouco!

— Urieeee, onde você está??!!! – Gritou aos choros minha querida amiga tsundere.

— Droga, eles estão vindo. Não terei tempo para isso, terei de me contentar com apagar sua memória, eles cuidam de você. Mas por favor, você é um minus, não deixe de sorrir! Infelizmente não pude fazer o que queria com você, creio que isso seja mais uma derrota...

“THE FOOL’S FICTION!”

  No instante em que ele disse isso arrombei a porta, ele já não estava mais lá e o terrorista estava inconsciente, preso à parede por diversos pregos.

— Droga Urie, assim você me deixa preocupada! – chorou Ami-chan me abraçando, apesar dos machucados ela tinha bastante força.

— E aqui está o nosso cara! – exclamou Akira. – Vamos logo leva-lo sob custódia e ir pra casa, eu to morrendo de sono! – disse enquanto bocejava.

— Está tudo bem galera, vamos prender esse cara e ir logo para casa? – disse sorrindo.

  Eu lembro-me até hoje desse dia, foi o dia no qual retornamos para a agência após uma grande e importante missão, a primeira de muitas de nossas conquistas que contribuíram para que nos tornássemos alguns dos maiores nomes dos justiceiros do Japão contemporâneo.

  Passaram-se dez anos e eu nunca me esqueço do dia em que soube da existência de Kumagawa Misogi, o maior perdedor de todos.


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Notas finais do capítulo

Sei qeu estou a zilhares de anos luz de distância da habilidade do mestre NisiOisiN, mas espero ter criado uma fic prazerosa de ler!



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