Equinócio escrita por Mrs Fox


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, olha mais uma one sendo postada.

Essa é especial, pois é o meu presente para uma pessoa. Graziela, Grazi, minha amiga, minha prima e também minha leitora, que ontem fez 15 anos! Sabe aquilo que eu te falei sobre que depois dos 15 quando você menos espera piscou o olho e já tá com 18? Pois é, agora você vai sentir isso na pele, também vai sentir o peso da vida adulta chegando, e te conhecendo como conheço vai querer sair correndo e fugindo dela como eu. Mas não vai dar (mas se caso der me conte o segredo que vou fazer o mesmo), então eu desejo que você viva, aproveite tudo que a Vida oferece, tenha suas experiências, cresça, e continue cantando Hakuna Matata comigo pelo metrô. kkkkkk Aproveite que essa história foi especialmente planejada pra você.

E CACETE, OLHA COMO TU TÁ GRANDE MENINA, EU TE PEGAVA NO COLO! HAHAHAHAHA

Agradeço a Pan Alban, essa linda que betou a one e me fez morrer de vergonha, e depois de alívio, e de vergonha de novo. kkkkkkkkkkk

Boa leitura!



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No ínicio tudo eram forças, não havia cor, nem luz, nem escuridão. O Universo era formado unicamente pela essência do Tempo, poderoso, onipresente e indimensionável. Uma consciência regente do tudo e do nada, primordial, essencial e sábio. Entretanto, mesmo que acostumado com sua situação, um dia se cansou, o deus tão sábio era igualmente tão só, nada o entretinha, e a melancolia o abateu, ao ponto que nem sua perfeita memória fora capaz de saber a quanto tempo estava naquela situação, não havia fórmula para calculá-lo, nem medida para nomeá-lo, foi quando uma ideia o acometeu. De uma parte de sua essência tirou a criatividade, e então criou-se a Vida.

 

O Tempo a declarou uma pequena criatura inconstante, hora energética, hora calada, e sua aparência acompanhava suas mudanças, dalí surgiram as cores, umas escuras como o vazio que antes o preenchia, outras tão claras como a plenitude que possui sobre si próprio, mas todas brilhantes. Era uma criatura de jeito efêmero com inteligência suficiente para querer que suas ideias se perpetuassem e fora essa energia que criara todas as coisa, dos astros e estrelas que brilhavam no céus, as flores e rios que tomavam a terra, dos pequenos aos grandes seres que nadavam e andavam, a vida e os meios de mantê-la.

 

Foi observando a criação da Vida que o Tempo enxergou com claridade a harmonia dos opostos da pequena, no seu jeito e em suas criações, encantou-se com a beleza do que cobria a terra, os mistérios vindo das águas, a liberdade que tomava os ares. As cores que antes só faziam sentido na Vida agora estavam na sua obra carregando a mesma coerência, e o brilho do universo encantou sua existência antes tediosa e vazia. Querendo agradecer a Vida por tudo que ela havia dado a sí, resolveu lhe presentear, desceu até um dos campos verdes a vendo observar suas criações, e tocando-lhe no ombro falou:

 

— Quero presentear-lhe, como forma de retribuir tudo o que tem feito por mim, permito que pegue uma pequena parte de minha essência para usar no que quiser em teus feitos.

 

Naquele instante os olhos fitaram-lhe em contemplação, e como o seu criador sentia a expectativa que crescia dentro da Vida, calma ela pegou duas minúsculas partes de si, uma do lado direito, e outra no esquerdo. Silenciosa sentou-se sobre a grama e as mãos ábeis trabalharam em moldar o que havia pego, curioso com o que seria feito a acompanhou. Nada disse para atrapalhar, apenas olhava tudo ao seu redor, passando a mão nas folhas e sentido o cheiro que vinha de algumas plantas, entretendo-se com o passear de alguns animais. Por fim, quando viu o trabalho concluído, encarou curioso as duas bolas de tamanhos diferentes que estavam em cada mão de sua pequena companheira.

 

— Com a parte que peguei do seu lado direito fiz o Sol, grande, quente, e luminoso. Servirá para aquecer minhas criações, guiar seus caminhos e clarear tudo aquilo que precisarem realizar. Com a parte do lado esquerdo faço a Lua, não tão brilhante quanto o Sol, nem tão grande ou quente, mas essencial para determinar o descanso, trará a calma, e o mistério de desvendar caminhos.

 

Orgulhoso, o Tempo admirou mais uma vez a inteligência da Vida, soprou ambas esferas e assim o Sol e a Lua subiram aos céus.

 

— Sol e Lua. Luz e Escuridão.  Assim declaro o surgimento do Dia e da Noite. Da hora, do minuto e do segundo.

 

E com aquela pequena parte de seu criador, a Vida pode admirar a evolução que o Tempo fazia no Universo, a alegria do nascimento, as peculiaridades do crescimento e a morte, quando em fim chegava a hora de tomar-lhes de volta a vida que tinha abençoado. Porém, dedicada como era, gostava de zelar por tudo que tinha feito. Cada ser era importante para sí, mas era uma tarefa demasiadamente grande e trabalhosa, e com o passar dos milhões de horas de existência suas forças foram se consumindo, e isto se refletia nas suas criações, a fascinante evolução que os efeitos da essência de seu criador no Universo dificultava sua tarefa. Foi quando em desespero chegou ao Tempo, fitou os cabelos prateados que mostravam o passar das eras, a época primordial que antecedia sua própria gênese, e clamou:

 

— Kakashi, não posso mais suportar, desde que teu poder tocou o meu não consigo zelá-los, o tempo passa depressa para eles, as mudanças são rápidas, e mesmo sendo sua própria criadora sinto-me enfadada.

 

Sentado em sua cadeira, viu quando ela desabou em sua frente. Antes uma menina, Vida se tornara uma formosa mulher, suas cores antes tão vivas em outros tempos agora estavam apagadas, a face tão forte cansada. Sabia a tempos das dores que a acometiam, sua íris escarlate, o olho que tudo via e tudo memorizava, observava cada passo e o desenvolvimento do sofrimento da mulher que era sua companhia. Calmo, levantou de sua cadeira, suas vestes se arrastavam pelo piso com leveza, dando a impressão que flutuavam, puxou Vida pelos ombros, surpreso em ver lágrimas escorrendo pelas bochechas aredondadas pela primeira vez.

 

— Shizune…

 

Os dedos longos passaram sobre seu rosto parando o trajeto que escorria dos teus olhos, aproveitando o toque carinhoso e acolhedor fechou os olhos, arfando de leve. Sentiu os dedos deslizarem por toda lateral de seu corpo até encaixarem-se em suas mãos, e mesmo quando foi puxada de leve para andar, não ousou abrir os olhos. Seus passos ecoavam no mesmo ritmo do seu guia pelos corredores. Quando finalmente pararam ouviu uma porta se fechar, mas só levantou suas pálpebras quando sentiu uma lufada de ar próxima da sua boca. Encarou o olhar heterocromático focado em sua boca, o coração palpitou mais forte do que todas vezes que imaginou-se o beijando, e mesmo que sua garganta estivesse tão seca que a sufocasse, decida, o beijou. O que não esperava era a intensidade que ele retribuiria, como se esperasse por isso a tanto tempo quanto ela.

 

— Torne-se minha.

Naquela noite seus anseios foram cessados e finalmente se tornaram um, duzentos e setenta dias depois Vida entrou em trabalho de parto, fora difícil, sozinha sofreu durante todo um dia. O primeiro filho a nascer fora um garoto, a pele clara como a neve que caia na madrugada e os cabelos tão negros como a noite, e foi nomeado de Sasuke. Quando os primeiros raios de sol tocaram o chão derretendo a neve e revelando o perfume das flores, o segundo bebê nasceu, uma garotinha de cabelos róseos claros, Sakura. Quando o sol atingiu o ponto máximo nos céus o choro escandaloso do terceiro filho soou pelos corredores, os cabelos tão louros quanto o sol, e a pele dourada pareciam brilhar em Naruto. No fim da tarde, quando o crepúsculo se fez presente e o azul deu espaço para o laranja e vermelho, trazendo os ventos frios da noite trouxeram a pequena criatura de cabelos vermelhos, Karin.

 

— Sasuke, Sakura, Naruto e Karin. Inverno, Primavera, Verão e Outono. Nossos filhos, frutos de nosso amor, serão eles que quando mais velhos irão lhe auxiliar a cuidar de cada criatura ou planta.

 

Encantada com a graça de seus filhos, Vida esqueceu de sua grande criação, não que os amasse menos que em outro momento, porém ao saber que aqueles eram fruto de seu amor, a plenitude de sua criatividade, não lhe houve outra escolha além de dedicar-se totalmente as pequenas crianças. Mas o olho sábio do Tempo via o efeito que aquilo trouxera a todo trabalho de seu amor, Vida brilhava mais do que nunca, porém as criações estavam instáveis, viviam muito ou logo morriam, não possuíam o brilho, a beleza ou o fervor, e logo caíram em desgraça, foi quando resolveu intervir. Depois de uma longa conversa Tempo e Vida, Kakashi e Kurenai tiraram partes de sua essência, para que estes pudessem dar independência para a criação e assim nada se perdesse. Do peito da Vida, tirou-se a parte a qual ela moldou a Emoção, dando-lhe o nome de Ino, os olhos azuis de tom frio contrastavam com o longo louro extravagante. Da nunca do Tempo fez-se a Razão, a pele branca emoldurada de fios negros eram o perfeito julgamento, sendo agraciado por uma doce sorriso de compreensão. E assim eles saíram pelo mundo, sobrando doses de seu próprio poder em todas criaturas, trazendo então o equilíbrio.

 

Aqueles foram tempos de alegria, as quatro crianças enchiam os corredores de risos e graça, cada um com suas peculiaridades, o pequeno Sasuke era quieto, tão silencioso que poderia passar despercebido, Sakura parecia reluzir em diversos tons, os olhos e os cabelos traziam toda beleza e calma, já Naruto era o oposto do irmão, energético, sempre chamava a atenção por onde estava, carregando calor para todos; e por fim a intempestiva Karin, trazia o conforto do descanso e a incerteza da surpresa.

 

E conforme cresciam a relação entre dois em especial se destacaram, Sasuke e Sakura eram unidos de tal forma que sentiam a presença um do outro, e nem mesmo nos momentos em que Vida ensinavam-lhe como cuidar de cada parte da criação se afastavam. A delicadeza e gentileza da menina eram extremamente atrativas sobre os olhos de Sasuke, a forma como se movia era leve e graciosa, deixando-o totalmente confortável em estar perto. Ás vezes, ao longe a observava correr pelos campos floridos, com vestes alaranjas brilhando por entre as cores das pequenas plantas que tanto amava. E ainda que achasse estar suficiente escondido por entre os galhos das árvores secas, Sakura o notava, gostava do jeito soturno e do frescor que Sasuke trazia, ele não a recriminava por correr como sua irmã Karin, nem zombava-lhe dos cabelos roséos como Naruto.

 

Um dia cansada de vê-lo somente a encarar de longe andou até sua frente, a figura distante encolheu-se aproximação repentina, entretanto não recuou quando os brilhantes olhos verdes brilharam dentro dos seus, mostrando grande ternura. Quando Sakura entendeu-lhe a mão, viu de sua palma brotar uma pequena flor de narciso branco, admirado com aquele gesto pousou as mãos por cima da dela, fazendo uma pequena bola de gelo para preservar a flor, encantando a pequena garota com o efeito, antes de ser puxado para correr junto da irmã.

 

Os milhares de dias passavam e o Tempo observava o amadurecimento de suas crianças, agora jovem adultos assumiram seus destinos ao lado de Vida para proteger a criação, Emoção e Razão viviam em constantes viagens pelas terras, águas e mares, cuidando do delicado equilíbrio de suas interações. Inverno e Primavera tinham tornado-se quase que um só, as noites Sasuke saia para tomar contas de suas obrigações assim como Vida ensinara, e pela manhã ao retornar sempre encontrava Sakura o esperando no campo florido onde tudo começara. Ela era pra si a paisagem mais bonita e única que poderia se existir, sempre com os vestidos flutuantes em sua volta, de cores vivas e calmas, os longos fios róseos que sempre balançavam com preguiça junto de borboletas que alí faziam pousada, a mesma ternura nos verdes, e o sorriso inebriante nos lábios pequenos e corados, a fragrância doce e leve que o fazia andar por entre as flores nos períodos de descanso.

 

E conforme ele se aproximava o coração sempre aquecia, ele poderia ser o Inverno, mas sua frieza lhe dava conforto, os olhos negros que sempre comparavam aos céus numa noite de luar era tão cheios de mistérios e segurança que só sabia venerar. O silêncio da neve que vinha o acompanhando nas madrugadas eram a paz que encontrava para entender suas próprias emoções, ainda que esses perdessem qualquer rumo quando companhava o puxar de lábios que ele sempre lhe dava. E não importava se Sasuke sempre estivesse em negro, sua força era algo o fazia reluzir aos seus olhos.

 

Então ele se curvava, estendendo a palma da mão, e ela aceitava devolvendo a reverência, para repetirem o ritual que faziam todas manhãs, dançavam enquanto Sakura assumia seu posto, girando com graça por entre o campo, trazendo as flores escondidas pela neve de volta para a superfície, alguns animais observavam de longe, enquanto sentiam a energia do calor da Primavera reverberar por toda criação, alegre e pleno, até que tudo se tornasse seu domínio. Certas vezes, o Inverno fazia nevar sobre eles de propósito, só para o momento de contado de seus corpos se perpetuassem, ela adorava e ria, sendo girada nos ares conforme ele a erguia, as plantas tinham seu perfume acentuado com seu riso, ele embriagava-se com a visão do que tinha entre seus braços, ela relaxava na leveza que ele possuía quando com ela.

 

Sempre tão entregue a estes momentos que nunca notaram a presença de Karin ao longe os vigiando, Sasuke nunca dançara consigo, sacrificou horas de descanso unicamente para acompanhá-la em sua tarefa com a criação, ou envolveu suas folhas secas em cristais de gelo como sempre fazia com as malditas flores de Sakura. E foi daí que o Outono descobriu o ciúme e isso a corroeu e envenenou, seguia-os por toda parte à distância, aproveitou-se da amizade que o Verão parecia manter com a Primavera para envenenar o irmão mais velho todas vez que esse chegava na hora para substituí-la, todavia nada surgia efeito. Em uma das visitas de Sai e Ino, recebeu conselhos de ambos que ainda a distância sentiam a desestabilidade fora do comum que enfrentava, e ignorou com fervor.

 

Até que certo dia, via quando a dança não terminou com mais um narciso sendo trocado por outra flor cercada de gelo, mas pelos lábios do Inverno sobre os da Primavera, amarga correu de volta para sua morada, e mudando de estratégia, resolveu atiçar vontades no Verão, elogiou Sakura, enalteceu suas qualidades, venerou a beleza. A cada dia que se passava via os olhos azuis ainda mais encantados para a figura graciosa, ao mesmo passo que os toques do casal aumentavam, agora não só ele sacrificava parte do descanso pra acompanhá-la, como ela fazia o mesmo por ele, algumas vezes desaparecendo no início da noite e só retornando para o lar quando Naruto tinha de atuar.

 

Foi numa noite que não se aguentou de curiosidade que resolveu seguir Sakura, ela vestia um grosso casaco feito de flores que a protegia do frio noturno, andando confiante por entre as árvores secas, até chegar a uma clareira, a única que não parecia ter sido tocada pela neve imaculada que a circulava como se fosse um santuário. Do outro lado viu Sasuke se aproximar, largando suas próprias vestes pesadas pelos chão enquanto caminhava para a figura parado no centro até estar totalmente nú, levou as mãos a boca, abafando o grito que veio de sua garganta quando viu as flores do casaco caírem voando em diversas direções, revelando as formas do corpo feminino que faziam os olhos negros brilharem. Lágrimas grossas corriam por seu rosto enquanto olhava os amantes tocarem-se com amor e desejo, por vezes repetidas durante a noite, debaixo da luz prateada da Lua.

 

Tomada pelo ira, Outono quando amanheceu, armou um encontro entre Primavera e Verão, esta quando foi atender o pedido de ajuda foi agarrada com força pelo irmão, que feliz com a suposta carta de amor que tinha recebido de Sakura ao acordar, estava radiante por ter seus sentimentos correspondidos. E graças a ruiva, que deixaram apenas um pequeno bilhete forjando um falso encontro no mesmo lugar, Sasuke presenciara a cena, naquele instante um tom rubro acometeu suas íris vermelhas, e ela temeu ao ver tal poder do pai despertar no irmão, porém diferente do esperado ele somente se virou em saiu andando em silêncio. Segundos depois um tapa fora desferido no rosto sempre de sorriso largo e os cabelos rosas voaram indo correndo para outra direção, enquanto Naruto caia ajoelhado no chão.

 

— E-eu não compreendo. A carta dizia que ela me amava.

 

Satisfeita com o ocorrido, voltou-se para seu quarto, sorriu abertamente enquanto viu as folhas caírem, clamando pela hora que o Sol se deitaria e a Lua trouxesse Sasuke, porém mesmo horas depois que a noite chegou ele não voltou. Nem no dia seguinte, ou no outro, por outro lado um frio terrível parecia ser propagar por todas direções, tão cortante e sofrido que parecia querer congelar a própria existência. Primavera estava desolada, não via seu amado e quanto mais o tempo se passava a dor somente aumentava, não comia nem bebia, e passava longos períodos longe de casa o procurando. Preocupado com o desaparecimento, Verão se pôs a procurá-lo, porém o que sentiram foram longas tempestades, tão violentas que todos se perguntavam se eram mesmo reais. Quando viu seu filho retornar completamente ferido, Vida caiu em prantos, chorou por dias e não teve força de curar Verão, que caiu na inconsciência horas depois, perguntando para Karin porque seu irmão o chamara de traidor.

 

Logo chegaram Emoção e Razão com notícias preocupantes, toda criação afundava-se no gelo, animais e plantas morriam sem permissão de Shizune, o frio cortava qualquer existência como uma faca de dor, descumprindo com suas funções, nem mesmo Primavera era capaz de pará-lo, a ligação que os unia a fazia sentir o tormento que ele passava tornando o seu próprio, a levando junto ao gélido que tornou-se suas existências.

Furioso com a situação que se encontrava, Tempo chamou as duas filhas em sua presença, com toda sua sabedoria sabia que de nada adiantaria ter tentado para sua caçula no começo, mas tudo tinha se tornado insustentável, seu filho mais velho vagando sem rumo trazendo um inverno rigoroso que destruía seu objeto de amor primordial, o outro desacordado e duas mulheres inconsoláveis. Obrigada pelo pai, Karin contou o que tinha feito e chorando arrependida caiu aos chãos, implorando o perdão de Sakura. Mas assim como Sasuke, esta não reagiu, andando em silêncio até a porta que dava saída ao lugar.

 

— Sakura, minha doce Primavera, sei o que pretende fazer, porém saiba que não poderá contar com a minha ajuda, Sasuke despertou o Sharingan, e tem o usado para bloquear minha visão sobre seus passos.

— Eu tenho que encontrá-lo, meu pai, é a única forma disto parar.

 

E então a flor do senhor do Tempo e de tudo que existia partiu, pediu orientação às flores, aos animais e todas as criaturas que encontrava cruzando seu caminho em busca de qualquer luz que pudesse indicar aonde ele andava, sussurrou palavras ao vento para que chegassem ao seu ouvido, explicou tantas vezes o que ocorrera, mas não mais do que ás vezes que repetiu que o amava. Orava ao Sol e a Lua para que iluminassem seu caminho, por vezes tentou usar a ligação que os unia como um só, entretanto de nada adiantara, e por fim resolveu dançar, lembrando-se dos dias de alegrias que já tiveram sido abençoados. Pouco comia e bebia, dormia o suficiente para se manter disposta pra mais horas de procura e dança, o cabelo brilhante agora chegava num tom próximo do cinza, o verde estava opaco e os lábios sempre roxos, nem seus casacos de flores conseguiam mais a proteger do frio, a fazendo tremer em tempestades de neve, ou atravessando montanhas.

 

Passara mais de mil dias o procurando, ao ponto que sua mente e corpo não suportavam tanto sofrimento, não haviam mais as formas volumosas que antes ele tocara com tanto ardor ou carinho, sua pele era quase transparente de tão fina, e sabendo que sua existência cairia na inércia jogou-se sobre a neve. Quase sem forças resolveu tomar uma última tentativa, despiu-se para entrega-se por completo, e julgando ser sua última vez, dançou para Sasuke. Cada passo clamava por sua volta, cada gesto mostrava seu amor, e cada lágrima a dor que sentia. Colocou todas suas forças no que fazia, e o frio cortante parecia queimar sua pele, porém era o dono daquele poder que um dia havia enchido de amor, calor e esperança. O frio castigava seu corpo de temperaturas mornas e sensíveis, todavia o frio era uma parte muito grande daquele que a fazia amar mais que si própria.

 

E naquele momento, nem mesmo o poder do Sharingan foi capaz de sobrepor o amor de Sakura, que de tão intenso e forte fez Sasuke sentar-se atordoado no chão, recebendo todas as mensagens segredadas aos ventos por Sakura. A íris tonou-se rubra e a visão que teve o fez correr como nunca, atravessando vales e depressões, até chegar ao corpo roxo caído na neve. Pela primeira vez desde que nascera, o Inverno chorou lágrimas quentes abraçadas ao corpo da mulher inconsciente, e em um grito rouco e grave toda aquela era gelada sumiu. Arrancou os grossos casacos do corpo, sua roupas, até poder trazê-la para perto de si e se enrolarem nas mantras, debaixo do primeiro raio de Sol que atravessava as nuvens desde a doença de Naruto, nunca desejara tanto ter um corpo quente para aquecê-la, temia pelo fim que tomariam, até que um broto de narciso nasceu em sua frente, e ele se encheu de esperança.

 

Segurou-a firme em seus braços e andou por dias até o campo florido que os pertencia, sendo agraciado no caminho por sinais de melhora, o rosa mais uma vez tomando os fios, o fim do roxo por seu corpo, e a volta de seu peso normal. Ao finalmente chegar em seu destino, a deitou por entre as flores, velando seu sono por dia e noite, esperando ansiosamente pelo dia em que ela iria despertar. Até que no final do décimo sétimo dia o verde brilhante que tanto invadia sua mente voltou-lhe a fitá-lo, não conteve-se de alegria, beijando cada pequeno espaço do pequeno rosto, pedidos mudos de perdão que prontamente foram aceitos, ainda mais quando seus lábios viajaram por todo o corpo alheio, e sendo prontamente agraciado por toques carregados de saudade em toda extensão de sua nudez.

 

Naquele dia o verão voltou a brilhar no meio dia, e uma brisa fraca de outono os envolveu, mas sabendo que aquilo poderia ter consequências resolveram voltar somente um mês do despertar da Primavera. E quando finalmente o ocorreu, os braços carinhosos e vivazes de Vida foram os primeiros a os receber, Naruto manteve-se quieto, demonstrando vergonha por tudo que acontecera, Karin chorou, jogando-lhe em seus pés implorando o perdão, por sua inveja, ira e ganância, porém a palavra de nenhum sobre o assunto pode-se ouvir. Seus temores estavam focados no homem de cabelos prateado e expressão cansada colocado ao lado da mulher que lhes dera a vida.

 

— Dado tudo o que aconteceu não posso não tomar uma atitude, vocês se demonstraram incontroláveis quando juntos por isso irei separá-los. Cada um se tornará responsável por uma estação, e a governará durante o período de tempo equivalente a todos estipulado por mim, num eterno ciclo sem fim de substituição, de acordo com suas ordens de nascimento. Assim vocês se tornaram as quatro estações, e com o fim de cada ciclo, marcará o fim de um ano.

 

Mesmo prevendo o que os esperaria, Inverno e o Primavera sofreram, uma dor tão latente que Kakashi sentiu, e incapaz de ignorá-la trocou um rápido olhar para com a esposa, os presenteando silenciosamente com o Solstício e o Equinócio. O primeiro fora uma oportunidade para que um dia as feridas causadas pudessem serem curadas. O segundo como o único dia do ano em que os dois amantes seriam capazes de se tocarem.

 

E por assim seguiu sendo feito durante o milênios, a cada inverno Sasuke usava dos seus ventos para mandar todo seu amor para sua amada, retribuindo todas palavras sussurradas que uma dia ela lhe enviou. E a cada início de primavera Sakura cortava os longos cabelos róseos pelo ombro, espalhando-os por terras prósperas, criando assim uma árvores que brotava flores no mesmo tom dos seus fios. E quando a delicadas pétalas se desprendem dos galhos, voando em direção a outra metade de sua criadora, levando o doce aroma que ele tanto apreciava, anunciavam que chegara o tempo dos dois eternos amantes entregarem-se um ao outro ao outro mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado. Primeira vez que escreve nesse estilo mitológico, e tive que praticamente criar uma, e apesar dos trancos foi divertido de escrever.

BEIJÃO!



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